Como migrar da Educação 2.0 para a Educação 3.0


A resposta vem direto do campo de estudo das inovações. O termo “inovar” vem do latim *“innovo, are” e significa “mudar para melhor; introduzir novidades em; inventar”. Esse campo é bastante estudado por diferentes autores, porém há certa unanimidade quanto aos tipos de inovação.Doutor Nepomuceno, que tem sido o autor base dos textos sobre Educação 3.0, destaca o que dizem os estudiosos da inovação para que possamos ter respostas e algumas pistas de como resolver nosso problema de migração da Educação 2.0 para a 3.0. Vamos conhecê-las.

Existem três tipos de graus da inovação: incremental, radical e disruptivo. Vamos entender cada um deles para ver em qual estaria a nossa resposta e que caminhos (metodologia) seguir.

A INOVAÇÃO INCREMENTAL é aquela que trabalha aperfeiçoando, acrescentando pequenas mudanças ou mesmo simplificando e melhorando de forma geral o que já existe, sem que sejam alteradas as funções básicas do serviço ou produto. Um exemplo claro de inovação incremental são as versões do Windows que vão surgindo ao longo do tempo. Por exemplo, se você (assim como eu) já tem mais de duas dezenas de anos de vida então certamente já usou os Windows 95, 98, 2000, XP… e por aí a fora. Esse sistema operacional foi passando por incrementações, mas continuou sendo um software com as mesmas funções básicas que vão sendo atualizadas para gerar as novas versões.

Já quando a INOVAÇÃO é RADICAL, ocorre a inserção de novos atributos ao processo ou ao produto, acrescentando novidades ou funções antes inexistentes. Nesse caso, são mudanças mais consistentes do que as da inovação incremental. O professor Nepomuceno cita o exemplo da entrega de pizza sendo feita por drones, e não mais pelos motoboys, como um exemplo claro de inovação radical.

E, por fim, o tipo que muito nos interessa, a INOVAÇÃO DISRUPTIVA, que surpreende com a mudança total e cria um produto ou serviço completamente novo, que chega a causar espanto. Nesse caso não há inovação de continuidade, e sim uma verdadeira revolução, por isso essa também é chamada de inovação revolucionária. Em geral são introduções altamente criativas que, além de práticas, são também economicamente muito atrativas.

Um exemplo desse tipo de inovação foi realizado pela Apple. Quando entrou no mercado de telefonia, a empresa tinha duas fortes concorrentes: BlackBerry (telefonia corporativa) e Nokia (telefonia para uso pessoal), mas essas duas gigantes nem se preocuparam, pois estavam bem estabelecidas. Poucos anos depois, porém, com a mudança disruptiva dos aparelhos da Apple, com a junção telefonia e multimídia, touch screen(tela sensível ao toque) etc., a empresa dominou o mercado, e as concorrentes se tornaram praticamente irrelevantes, a ponto de a Apple alcançar 90% do lucro desse mercado em pouquíssimo tempo.

Todo esse cenário foi apresentado para que pudéssemos compreender que uma inovação disruptiva é a que conseguirá dar conta da migração da Educação 2.0 para a 3.0.

E como isso se dará? Que metodologia pode ser aplicada?

O estudioso do tema, doutor Nepomuceno, aponta como PASSO 1 a criação de laboratórios fora do ambiente comum escolar, que não poderiam mesmo ser desenvolvidos dentro do atual modelo, pois nesse caso a disruptura não aconteceria. O que poderia haver seria uma mudança incremental ou radical, mas esse tipo de transformação não dá conta do nosso problema demográfico. Por isso mesmo, o primeiro passo se dá com a criação de espaços fora do lugar-comum para se experimentar uma cultura nova e completamente diferente.

Nepô alerta que esses laboratórios não devem ser massivos, e sim pequenos inicialmente, e então ir crescendo paulatinamente. Após solidificado esse modelo, poderá crescer em número de participantes, para ser possível chegar ao atendimento de milhões e bilhões no mundo, afinal é essa a nossa realidade demográfica.

O PASSO 2 se refere a quem vai viver a experiência no laboratório da Educação 3.0. Os participantes desse processo precisam passar por capacitações que lhes proporcionem interiorizar que estão numa nova civilização, vivendo um modelo de educação completamente novo, e que o atual não faz mais parte, é preciso deixá-lo completamente, desapegar. Não tem como repetir o modelo antigo nesse novo.

Como PASSO 3, temos a criação de uma plataforma digital para a aprendizagem participativa que permita a interatividade e troca entre participantes. Quer dizer que as pessoas que interagem aprendem com as experiências umas das outras. A ênfase é dada à resolução de problemas e é via plataforma, é clicando, usando todas as ferramentas que o virtual e o digital nos permitem para que a aprendizagem aconteça da forma mais rápida possível, para um grande número de pessoas e com a máxima qualidade em recursos para possíveis soluções. É preciso lembrar que a plataforma digital bem utilizada consegue resolver o problema de escala que temos hoje. É preciso oferecer oportunidades de qualidade para a quantidade, conforme bem pontua Ronaldo Mota, pós-doutor que se dedica ao estudo da Gestão da Inovação e Aprendizagem Independente.

E, para fecharmos o texto, destaco a fala do doutor Carlos Nepomuceno, que traz um recado aos educadores: “A Educação 2.0 está em fase terminal, não porque não tenha sido fundamental para a sociedade. Ela foi importantíssima para a humanidade até este momento. Mas temos hoje dois problemas que nos levaram a pensar a Educação 3.0. O primeiro deles é o aumento demográfico, que pede um novo modelo de educação que dê conta desse crescimento populacional com qualidade. No outro, nós não tínhamos ferramentas, mas hoje dispomos das plataformas digitais para realizar esse processo de oportunizar escola de qualidade para quantidades”.

Todas essas mudanças que a revolução civilizacional está trazendo não são fáceis, por isso mesmo você, professor, assim como eu, temos o direito de achar que essas ideias são muito complexas, porque de fato são, porém a realidade está posta, e você pode buscar saber mais sobre o tema lendo cada um dos textos que publicamos nesta série, pois são complementares e o ajudarão a compreender o todo.

Vamos juntos experimentar essa Educação 3.0, pois se há alguém que entende e gosta de boas rotas de aprendizado esse alguém é você, professor!

 


Por Andréa Schoch | Mestre em educação, especializada em formação de professores e consultora Appai por meio da EAD.


Deixar comentário

Podemos ajudar?