De olho na edtech!

Saiba por que o docente deve estar atento a essa área da aprendizagem que busca permanentemente inovações e soluções educacionais


Nossa atualidade está em constante transformação em diversas áreas, que vão da profissional, pessoal e, sobretudo, educacional. E isso se deve ao fator tecnológico. Sem sombra de dúvidas, a pandemia do novo coronavírus, que ainda enfrentamos, fortaleceu o ambiente digital, tornando-o um forte elemento do nosso dia a dia. Nesse aspecto, aplicativos, ferramentas e soluções digitais compõem nosso vocabulário diário em todas as esferas sociais. Por isso, é preciso dar importância da presença do professor quando o assunto é tecnologia e educação. Afinal, a edtech se instalou de uma forma irreversível, na qual impreterivelmente o educador deve estar alinhado a essa nova forma de aprendizagem para que se possa evoluir com qualidade o ensino da nova geração de alunos, daqui para frente.

Não muito tempo atrás, em uma escola tradicional, o celular, por exemplo, era o grande vilão da sala de aula. Hoje, pelo contrário, os smartphones e tablets são grandes aliados no processo de aprendizagem. Desse modo, olhando para a nossa realidade, um retrato de nossa era é o cruzamento entre tecnologia e educação. Nesta, sobretudo pela intensificação desses recursos digitais, uma nova aliada deu as caras com o objetivo de empreender na área. As chamadas startups aproveitaram o espaço para criar e distribuir ferramentas educacionais, alterando o campo metodológico e pedagógico. Isso porque, inevitavelmente, o on-line passou, forçosamente, a fazer parte das rotas docente e discente.

Foi a partir daí que surgiu, então, o termo edtech, que consiste basicamente em inovações e soluções educacionais propostas por startups para as instituições de ensino.
Inglês: education + technology = Edtech

 

Mas afinal, o que são, exatamente, as edtechs?

As edtechs são soluções que alinham tecnologia junto ao itinerário dos stakeholders da educação, que são os professores, alunos, administradores. Isso pode variar de um aplicativo simples para o estudante do Ensino Infantil aprender a ler até um sistema complexo de gestão de dados para administrar instituições escolares.

A realidade é que a sociedade possui uma necessidade cada vez maior em aprender, porém existem lacunas em relação ao número de educadores disponíveis e também uma desvalorização da profissão, com a digitalização podendo contribuir para preencher esse vão e, claro, também auxiliar os professores a lecionar de forma mais impactante.

 

E o que são as startups?

Startup é uma empresa que nasce a partir de um modelo de negócio ágil e enxuto, capaz de gerar valor para seu cliente resolvendo um problema concreto, do mundo real. Oferece uma solução escalável para o mercado e, por isso, usa a tecnologia como ferramenta central. Elas não são necessariamente instituições que fazem uso de tecnologia de comunicação ou informação, as TICs, mas cabe ressaltar aqui que o uso delas está intimamente relacionado aos critérios de escalabilidade e replicabilidade exigidos para o enquadramento no conceito.

De acordo com o Sebrae, a startup pode ser definida como “um grupo de pessoas à procura de um modelo de negócios repetível e escalável, trabalhando em condições de extrema incerteza”. Ou seja, nem toda startup é uma edtech.

Um exemplo legal é ficar de olho em outras corporações do gênero tais quais: Fintech: startups de tecnologia que oferecem serviços e produtos financeiros inovadores e menos burocráticos e custosos. É o exemplo da brasileira Nubank;

Healthtech ou Medtech: são startups que utilizam a tecnologia para desenvolver soluções no setor de saúde e bem-estar. São exemplos de empresas dessa área a Gympass e a Zenklub;

Foodtech: são as startups de tecnologia do setor alimentício, que visam otimizar toda a cadeia produtiva dos alimentos. Uma das mais conhecidas no setor é o Ifood;

Proptech ou Imobtech: são aquelas focadas no setor imobiliário, que criam produtos e serviços que visam desburocratizar e facilitar o processo de compra, venda e aluguel de imóveis. Alguns exemplos da área são as empresas Quinto Andar e a Loft.

Outros segmentos de startups tech:

HRtech ou RHtech: startups de tecnologia do setor de recursos humanos;

Agrotech ou Agtech: empresas de tecnologia do setor de agronegócio;

Sporttech: aquelas que atuam no setor de esportes;

Fashiontech: startups de tecnologia do setor de moda, entre muitas outras.

Startup à empresa
Edtech à segmento

 

Como as edtechs funcionam?

As edtechs atuam criando alternativas para tornar o processo de aprendizagem mais eficiente, rápido e prazeroso. Essas startups investem em desenvolvimento de software sob demanda, plataformas on-line, ferramentas de gamificação, simuladores de realidade virtual e aplicativos, entre outras tecnologias. Já na sala de aula, elas funcionam como parceiras dos docentes, que são abastecidos com ferramentas para tornar os conteúdos mais dinâmicos e atraentes para os estudantes.

Um exemplo de inovação de recursos didáticos é o uso de tecnologias como Realidade Virtual e Realidade Aumentada. A partir delas, é possível viajar para qualquer lugar do mundo estando dentro da sala, sem a contribuição de simuladores externos que reproduzem processos científicos.

Agora, se colocamos essas referências na educação técnica, teremos exemplos mais nítidos no nosso dia a dia, como as ofertas de cursos on-line, nos quais é possível aprender diversas técnicas sem qualquer distinção comparadamente aos presenciais. Nas universidades, a utilização da tecnologia educacional ajuda a ampliar a quantidade e qualidade do conhecimento a ser absorvido. Além disso, permite maior flexibilidade de horários para alunos que combinam estudos e trabalho na sua rotina. E essas são vantagens reais já vivenciadas por muitos de nós.

Com a contribuição enérgica da cultura startup, as soluções inovadoras das edtechs fogem do convencional e ajudam a renovar o interesse pelo aprendizado. Sem falar na possibilidade de individualização do ensino, com plataformas que se adaptam ao conhecimento que o usuário já tem sobre determinado assunto.

E claro, os alunos não são os únicos beneficiados. Docentes e outros profissionais da área educacional encontram nas edtechs a possibilidade de fazer cursos e trocar experiências, facilitando o processo de formação contínua, como é o caso do Benefício Educação Continuada oferecido pelo Appai.

 

A tecnologia em sala de aula

Um dos maiores desafios encontrados na aplicação da tecnologia na educação, de acordo com uma pesquisa divulgada pelo “Todos pela Educação”, tem sido a incerteza que os docentes, ou até mesmos os gestores de uma instituição, experimentam quanto à inclusão de uma tecnologia. Para isso é importante entender que ela não é usada para substituir a sala de aula, mas sim para auxiliar em seu processo de aprendizagem.

A pesquisa mostra que 55% dos professores do ensino público utilizam alguma ferramenta digital em sala. Os resultados também demonstram que os docentes estão dispostos a usar tecnologia digital em sala e que, existindo ferramentas relevantes para o desenvolvimento dos trabalhos, com as condições adequadas de uso, haverá sempre um enorme potencial pedagógico para se atingir com o uso dos recursos tecnológicos, principalmente porque:

• As edtechs buscam transformar a educação, tornando-a mais acessível, interativa e facilitada.

• As dificuldades dos alunos podem ser contornadas através de tecnologias especializadas.

• A gamificação pode ser uma ótima forma de tornar os alunos mais participativos e interessados.

• As soluções digitais são capazes de ajudar não somente os alunos, mas também os professores.

Apesar disso, nesse gráfico abaixo, com informações levantadas pelo Educação para Todos, ainda persistem barreiras significativas para o uso de tecnologia por parte da maioria dos professores. Sobretudo, o mesmo gráfico pode abrir alguns caminhos para se pensar sobre as edtechs

Sem sombra de dúvidas, essas respostas dizem muito sobre o­ futuro de se lidar com a aprendizagem. O mercado das edtechs ainda promoverá diversas mudanças no setor educacional e, claro, aumentará as vantagens que elas já trazem para as instituições, principalmente por corroborar na otimização do tempo e do custo investido com a gestão e aplicação do conteúdo.

Cerca de 85% dos alunos inscritos regularmente em ensino e aprendizagem são do setor público. Por conta do baixo investimento governamental em soluções digitais destinadas à educação, muitas startups não conseguem vender seus produtos ou prestar seus serviços a essas escolas.

Em contrapartida, o conceito é tão promissor que gigantes como a Microsoft e a Google não param de investir nele. O relatório “EdTech x Global” mostra que as edtechs voltadas tanto para a educação básica quanto ao treinamento corporativo crescem 17% ao ano em nível mundial.

De acordo com o documento, o movimento é ainda mais promissor no contexto da pandemia de Covid-19, pois houve uma mudança brusca na forma como a tecnologia é utilizada para acelerar o ensino a distância. Atualmente, os serviços mais cotados pelas escolas no Brasil são os AVAs (ambientes virtuais de aprendizagem), como Google Classroom, Moodle e Blackboard. Além deles, há diversas startups na área educacional que desenvolvem trabalhos de excelência e já são reconhecidas internacionalmente. Você vai saber mais sobre elas ao final dessa matéria.

Leia também:
• Sua sala de aula agora pode ser Google
• Aprenda a usar as ferramentas Google para professores

Ouça o podcast:
• Google Sala de Aula

 

Transformação digital

Bem, agora que já demos um passinho à frente, conseguindo perceber a amplitude desse campo, fica claro que esse estudo se concentra no aprimoramento do processo de ensino e aprendizagem, por ser adequado particularmente à educação. A tecnologia atua como catalisador e ferramenta para promover todas essas melhorias de forma sistêmica, conferindo eficácia à prática atual.

Como aponta Felipe Mandawalli, CEO e cofundador da Metzer, no site da ACATE em agosto de 2020, “a educação foi o segmento da economia que mais sofreu aceleração da transformação digital com a pandemia. As instituições de ensino absorveram mais tecnologia nos últimos quatro meses do que nos últimos 20 anos”.

Já André Alves, cofundador e CEO da Shapp, revela ainda à Revista Educação que, no Brasil, “a demanda por aplicativos de educação cresceu cerca de 130% somente em março” do ano passado, quando começaram a valer as medidas de restrição às aulas presenciais.

 

O objetivo da edtech é melhorar a educação

Por ensinar com tecnologia, a edtech tem as mídias como suas principais ferramentas, sejam elas de vídeos, áudios, imagens, textos ou animações que visam cooperar no aprendizado em suas muitas modalidades. A tecnologia da aprendizagem vem vencendo barreiras antigas firmadas em sala de aula, sendo uma delas a timidez ou vergonha do aluno em dizer, no momento da explicação, que não entendeu.

Luana Santana, estudante do Ensino Médio no Colégio Estadual Julia Kubitschek, no centro do Rio, diz que se sente mais à vontade na hora de tirar suas dúvidas. “Na sala de aula presencial eu sempre ficava receosa. Pensava que poderia estar fazendo alguma pergunta boba, ou que seria zoada, aí acabava guardando pra mim. No Classroom (plataforma utilizada pela Seeduc do Rio) eu vou logo perguntando sem medo de nada. E sinto que meus colegas acabam interagindo mais em cima dos questionamentos dos outros alunos, coisa que não acontecia antes”, relata a jovem.

Já Lídia Martins, estudante do último ano do Ensino Médio do Colégio Estadual José Leite Lopes (Oi Futuro – Nave), conta que tem obtido ajuda de edtech para aprimorar seus conhecimentos acerca da escrita. “Eu utilizo a ‘Árvore’, uma plataforma de leitura onde há temáticas específicas para textos dissertativos, que são a minha maior preocupação em relação ao Enem. E segundo feedback da minha professora de redação, minha prática tem melhorado muito. Isso me deixa mais animada e esperançosa”, revela a estudante que quer cursar biomedicina.

 

Edetch na prática: qualquer forma de ensino ou aprendizagem que faça uso de tecnologia

Se na sua sala de aula ou em casa você faz uso da tecnologia, seja para a entrega on-line de uma tarefa escolar ou na utilização de aplicativos de aprendizagem móvel informal, gamificação, tablets, as telas de projeção interativa e quadros brancos ou técnicas de realidade virtual, enfim, qualquer forma de ensino-aprendizagem que faça uso da tecnologia é edtech na prática.

Os vídeos e outros materiais interativos, por exemplo, são grandes aliados, pois, diferente dos livros, não menos importantes, aumentam a oportunidade de aprendizagem através das trocas coletivas e divertidas, levando o aluno a falar sobre aquele tema sem aquela impressão de que era o único que não havia entendido e por isso não levantou a mão.

Outro ganho do ensino com tecnologias é o simples fato de as crianças ainda bem pequenas já terem contato com essas ferramentas, muitas vezes bem antes de estarem matriculadas em uma unidade escolar. As muitas plataformas colaborativas de educação tecnológica ofertam aos pequenos aplicativos atraentes com música, muita interação e videogames educacionais que estimulam nas crianças não só a curiosidade, mas também colaboram com o desenvolvimento cognitivo. Esse despertamento acaba auxiliando os pequenos quando entram nas escolas.

Para Margareth Borges, diretora da Escola Cantinho Feliz, em Gravataí/RS, que atende crianças de 2 a 6 anos, essa geração já vem preparada para a tecnologia. “É incrível a habilidade que os pequenos têm com a internet. Eles sabem tudo e gostam de nos ensinar. Quando passamos para as aulas on-line fiquei preocupada, imaginei que seria difícil pra eles, mas me surpreendi. Tiraram de letra, claro, com a ajuda dos pais, que é fundamental. Hoje voltamos de forma híbrida e já consigo imaginá-los lidando muito bem com a tecnologia mais pra frente. Acho que vão tirar bom proveito para os estudos. Esse é nosso objetivo também como educadores infantis”, ratifica a diretora.

Já os alunos do Ensino Médio da Nave, do Rio de Janeiro, sabem que a integração tecnológica é premissa da instituição. Tanto que, no seu currículo, oferta uma disciplina denominada Oficinas Integradas, um espaço que tem como finalidade reunir pessoas e saberes dos cursos de Multimídia e Programação de Jogos para o desenvolvimento de projetos. A criação de espaços e tempo no currículo, para que professores planejem e apliquem projetos que articulem diferentes componentes curriculares, estimula a organização do trabalho em times, une estudantes com perfis e responsabilidades diferentes, tornando as atividades mais diversas, completas e significativas.

E essa estrutura é nítida quando se fala em ganhos na aprendizagem. Isso porque na 9ª edição do BIG – Brazil’s Independent Games Festival 2021 –, a instituição teve a oportunidade de mediar os painéis “Aprendizado por Meio de Jogos” e “eSports: Educação e Participação Juvenil” com professores e estudantes. O case de ensino acabou gerando pauta para um dos principais festivais da área.

Para o professor de Desenvolvimento de Games no AfroGames, Luca Alves, estudar numa escola que lhe deu acesso à tecnologia foi um divisor de águas. “Agora, imagina você, no primeiro ano do seu Ensino Médio, escolhendo uma eletiva chamada ‘Jogos para Mudar o Mundo’ e aprendendo sobre como recriar antigas mecânicas de jogos analógicos dentro de uma temática social”, conta Luca, que foi estudante da Nave e hoje leciona sobre games.

 

Edtech é muito caro?

Quando falamos sobre tecnologia educacional, um dos primeiros questionamentos que surgem é o seu preço. De acordo com Vinícius Motta, especialista em TI, uma solução em tecnologia pode sair mais em conta do que uma tradicional, como é o caso dos livros, simplesmente por conta do baixo custo que a virtualização proporciona. “A tecnologia consegue entregar um conteúdo mais personalizado e acessível, já que o preço é menor comparado com os métodos tradicionais. Com tecnologias de inteligência artificial, por exemplo, conseguimos baixar o custo dos feedbacks e permitir que todo aluno tenha a atenção pedagógica que merece”, ratifica o especialista, considerando naturalmente que o estudante disponha de notebook, smartphone ou tablet em casa.

Já para Analice Maranhão, também especialista em tecnologia da informação, algumas ações demandam investimento inicial mais alto, “mas que no tempo se mostra diluído por apresentar menos problemas com gestão de pessoas, uso de insumos etc.”, analisa. Ela afirma ainda que é imprescindível ter clareza das expectativas, ou seja, saber o porquê de adquirir uma solução de edtech, se ela resolve um problema real e quais as vantagens que sua organização ou seus alunos terão frente à novidade.

Por sua vez, Vinícius diz que as principais desvantagens de se aprender por meio das edtechs são os “desafios de motivação”. Ele explica que isso acontece porque a maioria dos softwares 100% on-line suscitam dificuldades com retenção e engajamento dos alunos, já que para a grande maioria das pessoas é difícil estudar sozinho em casa. “Quando se tem em mente aprender através de smartphone, e até mesmo por WhatsApp, como já vem acontecendo, chega a aparecer um estranhamento em relação ao que esperar. A tecnologia avança a passos muito largos, mas hoje tudo é possível com uma boa metodologia”, sugere.

 

Edtech está alinhada à BNCC

Ao utilizar uma tecnologia, o aluno passa a ser o criador de sua própria aprendizagem, sendo o papel do professor o de mediador no processo ensino-aprendizagem, como sugere o novo Ensino Médio especificado na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Para o professor de história Denis Gerson, “isso gera um impacto enorme nas escolas de formato tradicional de ensino, pois cada vez mais o estudante quer ser o protagonista do seu aprendizado. Quando ele interage com o computador, é possível adequar as matérias de acordo com as suas necessidades pessoais. Por exemplo: alunos com deficiência cognitiva podem realizar exercícios diferentes daqueles dos seus colegas, entretanto dentro do mesmo tópico e obtendo o mesmo resultado dos demais”, analisa o docente.

Nesse sentido, destacam-se três características em que as edtechs são baseadas para aprimorar a relação ensino-aprendizagem:

• Acessibilidade: permitem um acesso mais amplo por meio do uso de tecnologias.
• Engajamento: uso de práticas inovadoras para tornar o processo de aprendizagem mais empolgante.
• Personalização: oferece uma experiência customizada para cada aluno.

Para Denis, essa é também uma ferramenta para os estudantes considerados tímidos conseguirem interagir por meio da tecnologia. “Isso pode motivá-los por se sentirem parte ativa e importante do processo de aprendizagem. Cada geração tem características próprias e estamos alfabetizando alunos que já nasceram com a tecnologia na palma das suas mãos”, exemplifica.

Um levantamento da Fundação Getulio Vargas, realizado com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), revela que 40,3% dos estudantes deixam o Ensino Médio por falta de interesse. Portanto, o desafio em trazer o conteúdo das aulas para próximo da realidade do aluno passa justamente pela abordagem de novas tecnologias.

 

Por onde estão as edtechs?

Desde o início do isolamento social, em março de 2020 no Brasil, algumas mudanças significativas ocorreram nas startups, mais especificamente nas edtechs. Segundo Analice Maranhão, elas foram obrigadas a criar soluções, de uma hora para outra, para suprir as necessidades de escolas (públicas e particulares), universidades e empresas que foram forçadas a funcionar remotamente durante a pandemia.

Segundo levantamento da Associação Brasileira de Startups (ABS), em parceria com o Centro de Inovação para a Educação Brasileira (Cieb), o segmento de educação lidera, em quantidade, o número de startups do país, que chega a 566 edtechs. O mesmo relatório indica que no ano anterior existiam 449 ativas no Brasil. E elas representam hoje o maior segmento entre empresas do gênero no Brasil (17,3%), de acordo com o Mapeamento de Comunidades 2020.

 

O que as edtechs criam?

• Objeto digital de aprendizagem (ODA)
O ODA visa contribuir para a prática pedagógica dentro e fora de sala de aula, a fim de incrementar o processo de aprendizagem. Pode estar contido em diferentes ferramentas e plataformas.

• Jogos Educativos
Software lúdico desenvolvido ou utilizado com finalidade pedagógica intencional, que expanda conceitos e/ou reforce o desenvolvimento do aluno. Pode estar contido em diferentes ferramentas e plataformas.

• Curso on-line
Um encadeamento sequencial de objetos de aprendizagem, em ambiente virtual, que permite realizar formação completa e avaliação do aprendizado de um tema específico, de forma autoinstrucional. Pode estar contido em diferentes ferramentas e plataformas.

• Ferramenta de apoio à gestão pedagógica
Tecnologia que apoia um ou alguns processos pedagógicos específicos da escola ou da rede de ensino. Pode ser parte ou funcionar integrada a uma plataforma ou sistema de gestão.

• Ferramenta de avaliação do estudante
Tecnologia que permite a criação, atribuição e acompanhamento de atividades para a avaliação de alunos. São ferramentas independentes de área do conhecimento, que permitem aos professores visualizar o entendimento do estudante sobre um tema. Pode ser parte ou funcionar integrada a plataformas.

• Ferramenta de tutoria
Tecnologia que possibilita que professores e/ou tutores interajam com alunos, a distância e em tempo real, para ofertar-lhes reforço escolar.

• Sistema de gestão educacional (SIG / SIS)
Sistema que tem o propósito de realizar gestão dos processos e dados pedagógicos, financeiros e/ou administrativos dentro de uma instituição de ensino ou em uma rede de escolas.

• Ambiente virtual de aprendizagem (AVA)
Plataforma de ensino e aprendizagem on-line que permite a criação de ambientes para o ensino a distância (e-learning), ensino híbrido ou ensino semipresencial, incluindo a gestão de conteúdo, atividades e avaliação.

• Plataforma educacional
Plataforma com proposta pedagógica que apoia o professor no processo de ensino, ao apresentar conteúdos e avaliações de forma sequencial pré-estruturada.

• Plataforma de oferta de conteúdo on-line
Plataforma que expõe cursos, jogos e/ou ODAs para venda individual, acesso sob modelo de assinatura ou acesso livre, que permitam o aprendizado autônomo do aluno. Diferencia-se de um repositório por permitir o acesso ao conteúdo apenas dentro do ambiente da plataforma.

 

Quais são as tendências a partir de agora?

De acordo com o Ministério da Educação (MEC) em estudo levantado sobre tecnologia educacional, existem setores que vêm se destacando nessa área e que, muito provavelmente, vão dominar as redes de ensino pública e privada.

• Aprendizagem imersiva: o principal objetivo desse método de aprendizagem é colocar o estudante no centro do ensino e isso ocorre pelo que chamamos de imersão. Isso acontece em razão de estímulos visuais, sonoros e até táteis. Geralmente, as atividades ocorrem através de ferramentas multimídias, como jogos, aplicativos, softwares, acessórios de realidade virtual etc. Uma dessas funcionalidades, que já está sendo bastante utilizada, é a realidade aumentada. Nela, o ambiente físico é transportado para o ambiente virtual.

Um artigo publicado pelo Journal of Science Education and Technology mostra que o uso da robótica em sala de aula melhora o processo de aprendizagem dos alunos em matérias como matemática e engenharia.

• Gamificação: consiste em utilizar jogos para o processo de aprendizagem. Ela funciona para despertar o interesse e a participação dos estudantes, além de desenvolver a criatividade e autonomia entre eles. Um jogo virtual que é muito utilizado na sala de aula, atualmente, é o Minecraft, de construção com blocos. Mesmo não sendo um produto especificamente educativo, ele consegue ajudar no desenvolvimento criativo e espacial dos alunos.

Conheça também o “Mattics

• E-learning: esse método consiste na aprendizagem eletrônica, ou seja, é uma estratégia de ensino que tem a internet como principal ferramenta para seu funcionamento. Ele possui ambientes virtuais de aprendizagem que são usados para a comunicação, distribuição de materiais e conteúdos on-line.

O ponto principal de uma plataforma E-learning é a possibilidade de que seja feita a interação entre o aluno e o professor totalmente a distância. Caso existam aulas presenciais, é chamado de blended learning, ou seja, a junção dos dois métodos de ensino.

 

Democratização da educação

Aplicar a tecnologia digital para fornecer uma nova forma de arquitetura de aprendizagem tem sido outra vantagem dessa nova era em que se pode ensinar de qualquer lugar, seja na modalidade on-line ou presencial, reafirmando que aprender a aprender e a ensinar tornou-se algo mais dinâmico e envolvente com o apoio da tecnologia.

A democratização da educação, isto é, o acesso a todos independente da esfera socioeconômica, na prática ainda não está bem estabelecida, sobretudo nas nações em desenvolvimento como o Brasil. Todavia, a mudança da arquitetura tradicional da educação já é notória com a presença das variáveis metodológicas ativas.

 

Conheça algumas edtechs brasileiras:

• Elefante Letrado: consiste em um aplicativo voltado para a educação básica que disponibiliza uma biblioteca enorme de livros digitais para crianças. O principal propósito é ser uma plataforma que incentiva e fomenta o gosto pela leitura. Ele já está disponível em diversas escolas e atualmente firmou parceria com a Prefeitura Municipal de Porto Alegre.
Conheça

• Me Salva: para quem está estudando para prestar algum vestibular, precisa de acompanhamento extra ou simplesmente está buscando novos aprendizados, essa startup é ideal. Ela começou como um simples canal no Youtube, com vídeos explicativos sobre diversos conteúdos. Hoje, devido ao seu sucesso, possui uma plataforma própria com seus materiais de ensino de várias áreas de conhecimento.
Conheça

• Happy Code: referência global no ensino de programação, maker e robótica. Sua fundação ocorreu em 2015, a partir da necessidade do ensino de ciências da computação para crianças e adolescentes. A metodologia de ensino é baseada no desenvolvimento de habilidades do século XXI, trabalhando disciplinas fundamentais na formação de pessoas mais capacitadas para lidar com os novos desafios da era digital. Os cursos de programação, maker e robótica introduzem os alunos em um ambiente inovador. Por meio do aprendizado baseado em projetos, seu conteúdo estimula competências como raciocínio, criatividade, pensamento crítico, resolução de problemas, comunicação e colaboração.
Conheça

• Diário Escola: com esse app agenda você envia recados, marca eventos e acompanha a rotina das crianças registrada pelas professoras. Dá para enviar anexos, imagens, vídeos e emojis, marcar reunião com os pais e saber quem virá, criar enquetes e pedidos de autorização, personalizar os itens da rotina por turma e série, para deixar igualzinho à agenda que você usa hoje em sua escola. E também permite criar grupos de comunicação e mandar mensagens internas para os profissionais da escola.
Conheça

• Duolingo: é baseado em uma metodologia cientificamente comprovada que promove retenção em longo prazo, com um currículo alinhado a um padrão internacional. Adota uma abordagem funcional, focando no que as pessoas realmente querem fazer com um idioma. As lições se concentram em objetivos da vida real, por exemplo, fazer pedidos em um restaurante. Os estudantes desenvolvem o vocabulário e a gramática necessários para atingir esses objetivos através de práticas variadas de leitura, escrita, escuta e fala.
Conheça


Por Richard Günter e Antônia Lúcia
Fontes
dos gráficos e índices: AB Startups | Todos pela Educação
Fontes: University of San Diego | Negócios SC | Oi Futuro | Canal Tech | Globo Educação


Podemos ajudar?