O combinado não sai caro! A comunicação com a criança


Orientações para quem educa e para quem ensina…

Certamente você já ouviu por aí o provérbio que denomina este texto. O famoso ditado popular faz todo sentido e resume bem o assunto de hoje: como os adultos podem introduzir e comunicar acontecimentos futuros para as crianças.

 

Quem ama comunica com antecedência

Pare e pense. Se, como pais, dizemos que amamos nossos filhos, o respeito e a consideração devotados a eles, obviamente, farão parte dessa relação de amor. E, como manifestação prática desse respeito, entra em jogo uma definição cuidadosamente batizada de “Orientação antecipatória” ou “Preparação para acontecimentos futuros”.1

 

Simples assim…

Se algo vai acontecer na vida de uma criança, quer seja uma vacina que precise tomar ou mesmo a ausência de um dos pais por conta de uma viagem, é saudável e bom para o desenvolvimento emocional que ela seja comunicada com antecedência sobre isso. Essa “preparação” faz toda a diferença e a ajuda a enfrentar melhor qualquer situação, além de fazê-la sentir-se mais segura e confiante.

Um exemplo prático

Stéphanie tinha aproximadamente 4 anos quando brincava de boneca com a mãe, que lhe disse que precisaria fazer uma viagem a trabalho (era a sua primeira ausência por um período mais longo) e que demoraria um pouco para voltar, mas que ela ficaria com o pai e com a Rosa (a ajudante da mãe). A mamãe ligaria todos os dias para falar com eles e desejar boa noite. Quando a data da viagem chegou, Stéphanie despediu-se da mãe, com os olhos brilhantes, afinal era a primeira vez que ficariam algum tempo distantes, mas não houve choros e nem crises de ansiedade, e a pequena ainda disse ao pai: “Antes de dormir, a mamãe vai ligar.”.

 

A forma como você comunica à criança sobre algo faz toda a diferença

A maneira como você vai informar à criança sobre o que acontecerá também deve ser feita com certa sabedoria, mas não precisa ser complicada. A mãe de Stéphanie se dirigiu à filha utilizando como recurso uma boneca, e no diálogo comum, próprio das brincadeiras, fez do brinquedo a protagonista e narradora do fato que precisava comunicar à menina.

É justamente por meio do brincar que uma criança pequena elabora os fatos de sua vida. Na maioria do tempo, elas se divertem e trazem para o diálogo da brincadeira realidades vividas em casa e até mesmo na escola. Naquele exato momento, estão elaborando e internalizando, num tempo que é fundamental e preciso.

Mais um exemplo

Carla, uma menininha de 3 anos e filha única, é afilhada de Maria (25 anos). Toda vez que Maria ia à casa de Carla para visitá-la, as duas brincavam de forma muito divertida e carinhosa. Naturalmente, a criança se sentia muito triste quando a madrinha anunciava que precisava ir embora e imediatamente se levantava para sair. Carla, em geral, chorava, e os pais precisavam ficar explicando que a madrinha tinha compromissos, por isso iria embora. Só assim, e depois de um longo tempo, a pequena parava de chorar. A situação era desgastante para todos, até que um dia Maria teve uma ideia. Quando estava aproximadamente na metade do tempo da brincadeira, avisou: “Carla, daqui a pouco, logo, logo, vou precisar voltar para casa. E você pode continuar brincando. Outro dia eu volto e brincamos um pouco mais, combinado? Pela primeira vez, a despedida foi tranquila, provando que “o combinado não sai caro”, muito pelo contrário, só faz bem!

1 MALDONADO, Maria Tereza. Comunicação entre Pais e Filhos: a linguagem do sentir. São Paulo: Saraiva, 2002.

Por Andréa Schoch | Mestre em educação, especializada em formação de professores e consultora Appai por meio da EAD.


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