Atividade humana e a natureza

Muitos acidentes causados por esse convívio forçado e pelo avanço da atividade humana no habitat natural dos animais


O avanço da atividade humana no habitat natural dos animais faz com que, a cada dia, eles percam mais terreno em função do aumento do perímetro urbano. Com isso, além da diminuição e até extinção de espécies, muitos problemas são registrados em razão desse convívio forçado. De acordo com dados de 2021 do Ministério da Saúde, houve 31 mil acidentes somente com picadas de serpentes no Brasil, resultando em 121 mortes naquele ano. O ofidismo, nome científico dado a picadas de cobras venenosas, vem crescendo no mundo, e não está restrito a áreas de florestas mais densas como a Amazônia, o Pantanal e do que restou da Mata Atlântica. 

Os registros detalham que envenenamentos por picada de jararacas são responsáveis por 70% dos acidentes; por cascavéis, em 9%; com as surucucus, em 1,5%; e com as corais verdadeiras cerca de 1% dos registros. O Brasil é uma das referências na produção de soros hiperimunes equinos há mais de cem anos. Somente o Instituto Butantan, em São Paulo, salva mais de 30 mil pessoas por ano no país que sofreram picadas de serpentes. 

No Rio de Janeiro, o Instituto Vital Brazil (IVB) inaugurou o maior centro de herpetologia e pesquisa da América Latina. O novo serpentário, construído em Xerém, na Baixada Fluminense, tem capacidade para abrigar cerca de 500 espécimes. “O serpentário tem tudo para ser uma unidade de referência internacional na criação e manutenção de serpentes neotropicais. Ele potencializa a nossa capacidade de realizar pesquisas, divulgação científica e promover ações de ensino na área de herpetologia”, garante o diretor-presidente do IVB, Alexandre Chieppe. 

O setor de pesquisa do Instituto mantém um dos mais atuantes programas de preservação e de estudo da biodiversidade brasileira. “Com a expertise e tradição no desenvolvimento de produtos e serviços de saúde humana e veterinária, o Instituto Vital Brazil pretende, por meio do centro, investir ainda mais no desenvolvimento de novos medicamentos e no aprimoramento da criação e manutenção de serpentes neotropicais”, explica Luis Eduardo Cunha, diretor-científico do Instituto. 

 

Mito: não precisa capturar animal que picou

Desmentindo uma falsa premissa popular, o IVB esclarece que não é preciso capturar ou fotografar animais em caso de picadas. Pelo contrário, as pessoas devem ficar longe! O Instituto fluminense alerta para que a população não tenha contato físico com as serpentes. A orientação é que, ao avistá-las, deve-se entrar em contato com os órgãos responsáveis para realizar a captura segura e adequada. 

As equipes médicas dos polos de atendimento espalhados por todo o país estão capacitadas a administrar a soroterapia adequada de acordo com os sintomas e com o relato apresentado pelo paciente. Apenas este ano, 590 serpentes já foram resgatadas pelos órgãos responsáveis e encaminhadas ao Vital Brazil mantido pelo estado do Rio de Janeiro. Todos os animais, ao chegar, recebem os cuidados veterinários necessários e são colocados em quarentena na sede em Niterói.  

Confira os polos de atendimento do Estado do Rio de Janeiro pelo link: 

www.vitalbrazil.rj.gov.br/polos/polo-acidentes-set.pdf  

 

Telefones de emergência: 

– Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) – (21) 2582-7234 

– Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro – 193 


*Luiz André Ferreira é Professor e Mestre em Projetos Socioambientais.

Obs.: Toda a informação contida no artigo é de responsabilidade do autor. 


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