A escola dos nativos digitais – Dicas práticas aos professores


Reflita e responda: A escola de hoje, de outubro de 2016, pode ser considerada nativa digital?
 
Para responder “de pronto” a essa pergunta, talvez você hesite, o que é muito natural considerando as diferentes possibilidades de análise. Mas, pense comigo… Se os alunos que estão na escola atualmente são os Nativos Digitais, e se a sociedade em que vivemos faz uso desenfreado das tecnologias digitais (realidade sem volta), então podemos responder afirmativamente que a escola de hoje é nativa digital. Mesmo que as políticas públicas para educação não consigam dar vazão, efetivamente, às demandas de infraestrutura para a Era Digital, o fato é que as tecnologias existem dentro das escolas, mesmo que seja no interior das mochilas dos alunos, ali escondidas, no formato de smartphones. Portanto, se entendemos que a escola é, em sua essência, representada pelos próprios alunos que a compõem, então temos sim uma escola nativa digital.
E é nesse contexto que eu apresento sugestões aos professores (em especial aos imigrantes digitais) de como encarar a Era Digital.
O que está ao nosso alcance mudar?
 
  1. O ESPAÇO DE APRENDIZAGEM – É saudável sair daquele espaço fechado da sala de aula e procurar uma diversidade de lugares e processos de aprendizagem individualizados e em grupo. Assim, a paisagem, o retrato da sala de aula não será mais o de 30 ou 45 alunos sentados, mas quatro a cinco num lado atuando em grupo, do outro lado outros cinco trabalhando individualmente, outros em outros espaços, de maneira que a escola se torne um local de enorme diversidade de lugares e processos de aprendizagem. Desta forma, o dia a dia do estudante não será mais feito de “aulas dadas” e sim de um conjunto de atividades significativas (em grupo, pesquisa, individual), muito mais rico e atrativo do que de lições estruturadas como vemos ainda hoje.
 
  1. O PAPEL DO DOCENTE – Está constatado que durante muitas décadas o acesso ao conhecimento foi feito por meio do professor. Ele transmitia. Na era Digital isso muda, pois os alunos chegam direto às informações, por meio da internet. Portanto, agora o papel do professor não será mais transmitir conhecimentos e sim atuar como um organizador da informação, que ajudará os alunos a construir a sua própria compreensão, para darem sentido a esse conhecimento.
(Se você ainda “dá aulas”, está perdendo o trem da história…)
Caberá ao professor dessa Era conduzir os alunos aos caminhos da pesquisa, dar orientação clara, promover trabalhos em grupo. Dessa forma, ele vai organizando, dando sentido às atividades, e não mais sendo ele o transmissor da própria informação. Sua função agora é disponibilizar as formas de acesso ao conhecimento e não mais “dar conteúdo”.
 
  1. A FORMA DE RELACIONAMENTO COM OS ALUNOS – Na pedagogia essa mudança se dá de um modo vertical e unilateral (de um professor para um grupo de alunos ensinados simultaneamente, tratando todos da mesma maneira) em direção a uma pedagogia da valorização das relações, não só entre professores e alunos, mas com todas as ligações que existem no espaço da sala de aula: entre alunos, alunos e professores, entre diversos tipos de alunos, entre diversos grupos, uma pedagogia da cooperação. Nóvoa, renomado estudioso da educação, ressalta que os alunos aprendem mais uns com os outros do que com professores (ele cita a experiência da escola de medicina de Harvard). Essa é a base da pedagogia da Era Digital.
E, para finalizar, a mensagem é pra você, professor. Toda mudança em educação requer que deixemos a nossa zona de conforto, mas o resultado nos traz crescimento e realizações. Experimente pequenas mudanças a cada dia, ciente de que: “É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal forma que, num dado momento, a tua fala seja a tua prática”. Paulo Freire.

 

Um abraço e até a próxima semana!
 

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