Se eu fosse você evitava…

Por Sandro Gomes*


orações subordinadas

Nessa edição vamos trazer mais alguns casos de expressões que, apesar de utilizadas de modo geral, contrariam a chamada norma culta da língua. Isso porque são usos que incorrem em redundância, ou seja, fazem referência a algo que já aparece ou que soa muito óbvio, sendo portanto interessante não empregar naquelas ocasiões em que uma versão mais elaborada da língua seja requisitada. Vamos ver? 

Erário público

Derivada do termo latino erarium, que faz referência ao tesouro público, a primeira palavra seria suficiente para expressar a ideia, não sendo necessário empregar o adjetivo “público”. Assim, estamos diante de uma redundância. Vamos ver um exemplo. 

O acusado responde por danos ao erário público. 

Bastaria dizer: 

O acusado responde por danos ao erário. 

Consenso geral

Esse parece bem claro. A palavra “consenso” já faz referência a algo que é de concordância de todos, logo o adjetivo “geral” é dispensável. Veja. 

No caso em tela não houve consenso geral. 

O mais correto seria dizer: 

No caso em tela não houve consenso. 

Experiência anterior

Essa é bastante usada, mas quem a utiliza provavelmente não reflete sobre ela. Afinal, qualquer experiência que venha a ser exigida será necessariamente anterior ao momento em que se fala. Ou será que é possível ter uma “experiência posterior”? 

Então, em relação a uma oração como: 

O emprego não requer experiência anterior. 

Seria mais lógico optar por: 

O emprego não requer experiência. 

Criar novos

Agora estamos diante de uma redundância mais sutil, mas de fato tem-se da mesma forma a repetição de ideias. Nesse caso, a questão é que a noção de criar subentende o estabelecimento de algo novo, caso contrário estaríamos diante de uma reedição ou de uma repetição, jamais de uma criação. Observemos um exemplo. 

Constantemente criam-se novas vagas para estudantes. 

Estaremos mais próximos do uso culto da língua portuguesa, se dissermos: 

Constantemente criam-se vagas para estudantes. 

Amigos, é claro que estamos diante de usos bastante comuns, de forma que não constituem exatamente um emprego errado do idioma. Por isso alguns autores nomeiam essa prática de “pleonasmo vicioso”, por entenderem que se trata mais de um hábito linguístico – embora indesejável – do que propriamente de uma afronta à forma mais aperfeiçoada do português. Mas fica a reflexão, pois em provas, concursos e trabalhos acadêmicos tais questões podem ser solicitadas. Até a próxima, pessoal! 


*Sandro Gomes é graduado em língua portuguesa, literaturas brasileira, portuguesa e africana de língua portuguesa, redator e revisor da Revista Appai Educar, escritor e Mestre em Literatura Brasileira pela Uerj. 


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