A Arte na prevenção de conflitos

Estadual República Italiana trabalha projeto inspirador no combate ao bullying, visando a construção de ambientes escolares inclusivos


O Colégio Estadual República Italiana, localizado em Porto Real, estado do Rio de Janeiro, tem se tornado um exemplo a ser seguido no combate ao bullying. Com uma abordagem abrangente e engajada, a escola tem demonstrado que é possível criar um ambiente escolar mais saudável e positivo, onde todos os alunos se sintam seguros e respeitados. Um dos pilares desse ambiente favorável, têm sido os projetos desenvolvidos no colégio. Um deles, o projeto Bullyng, elaborado a partir da orientação da coordenação da escola, serve como inspiração para outras unidades, mostrando que a união de esforços pode fazer a diferença na construção de um futuro melhor para as crianças e jovens, em um momento em que o mundo tem se deparado com tanta violência dentro dos muros escolares. 

Abraçar uma causa é tão bom para quem faz, quanto para quem recebe. Assim, a professora Monica Aparecida Fazolato Vieira iniciou a execução do projeto com as turmas 1.001, 1.003, 2.001 e 2.002, nas quais leciona. Depois de abraçar o tema proposto pela coordenação, a próxima etapa foi pensar numa metodologia que estivesse mais próxima daquilo que os alunos gostam de fazer. “Então comecei a trabalhar com eles uma paródia, onde tinham que desenvolver uma música falando sobre o bullying, mas que não falasse a favor dessa prática, muito pelo contrário”, explica a professora Monica.  

A ideia, segundo a docente, era na verdade desafiante, pois os estudantes teriam que sair do lugar-comum em que o bullying tem sido vivenciado, sobretudo nas escolas, e criar uma política prática antibullyng, sem ofensas, sem maus-tratos verbais e físicos e sobretudo de respeito à diversidade e às diferenças, usando como base a música e a sonoridade como um todo.  

 

Um sentimento de baixa estima e vergonha 

Segundo especialistas, uma das consequências ocultas do bullying é gerar no jovem a vergonha, o medo de se expor, de ser julgado ou “zoado” pelos colegas.  Esse sentimento negativo foi um dos maiores entraves na execução do projeto, relata a docente. “Na hora deles se apresentarem, ficavam com vergonha de cantar.  Então dei a oportunidade de fazerem um áudio. Eles podiam realizar dentro de uma sala, só a equipe, não precisava mostrar pra mim lá na sala. Aí, ficaram um pouco mais à vontade, conseguiram entregar”, afirma a professora. 

Em relação à resposta na prática, Monica pontua que os resultados do projeto têm sido bastantes promissores. Desde a implementação da atividade, o República Italiana registrou uma redução significativa nos casos de bullying. Além disso, a comunidade escolar tem percebido um clima mais harmonioso e acolhedor, com alunos mais engajados e dispostos a se ajudar mutuamente. “A gente percebe que, depois da aplicação do projeto, eles ficam um pouco mais carinhosos uns com os outros, mais respeitosos, essa é a palavra”, adverte. 

Mesmo alcançando êxito entre os alunos, na aplicação e resultado do projeto, a professora ressalta que esse deve ser um trabalho constante, diário, não pode ser algo isolado, efêmero. “Como são jovens, são adolescentes, e estão na fase de brincar, de brincadeiras, precisamos sempre lembrar e conversar sobre a importância do respeito ao outro. E isso tem funcionado muito aqui, pelo menos eu não tenho visto muitos problemas com os meus alunos, nas minhas aulas em relação a bullying. Pois estou sempre dialogando com eles”, destaca. 

 

 E o que fazer quando o bullying acontece fora dos muros escolares?

Segundo Monica, quando isso ocorre fora das escolas já fica um pouco mais difícil, até pelo fato de receberem alunos com vários tipos de problemas diferentes. “Assim como há os que sofrem bullying dentro de casa também, pelos próprios irmãos, pela própria família, pelos amigos que moram no entorno de casa, enfim, e a gente vai tentando ajudar e orientar da melhor maneira. Dentro das nossas possibilidades, pois nós professores acabamos indiretamente a exercer um pouco de outros papéis, como mãe, amiga, irmã, psicólogo etc. Mas tudo isso sem esquecer que somos educadores. Sabemos que não vamos conseguir ajudar a todos. Todavia, um ou outro que a gente consegue amparar já é uma vitória, nos faz sentir mais confiantes de que vale a pena dividir saberes”, afirma otimista.

 

Um bate-papo é essencial para tudo na vida

Ao ser questionada sobre sua opinião no que diz respeito a reforçar a importância do ambiente escolar na prevenção de conflitos e valorizar a escola como espaço coletivo para aprender a conviver, a docente pontuou que a conversa é ponto de partida para tudo. Sobretudo na gestão dos conflitos! “Pois quando a gente não conversa, não se consegue resolver as coisas. E eu acho que falar, ter e manter um diálogo é a base para reduzir qualquer conflito, seja dentro ou fora das escolas”, argumenta Monica. 

A arte de conscientizar

Na luta contra o bullying, a arte desempenha um papel fundamental na conscientização e diminuição dessa prática de violência física ou psicológica entre os alunos. “A expressão artística proporciona um canal de comunicação mais acessível para aqueles que sofrem as agressões compartilharem seus sentimentos e experiências”, ressalta a professora de Artes. “Seja por meio de desenhos, encenações ou conversas, a arte tem ajudado os alunos a externalizar suas emoções e se expressarem de maneira mais fácil. Essa forma de expressão artística tem sido uma poderosa aliada no combate ao bullying, permitindo que os estudantes encontrem uma maneira segura de se expressar”, afirma. 

Mais que promover um ambiente harmonioso e pacífico entre os alunos, de acordo com a equipe pedagógica, o projeto de combate ao bullying desenvolvido na escola tem ensinado os educandos a escolher suas palavras cuidadosamente ao dialogar com seus colegas, deixando para trás brincadeiras ofensivas que poderiam causar danos psicológicos. Segundo os professores, essa mudança de atitude tem contribuído para a criação de um ambiente escolar mais prazeroso e harmonioso, onde os alunos se apoiam mutuamente. “Quando identificam algo errado, eles se unem para ajudar um amigo ou até mesmo um professor que esteja precisando de suporte. Essa solidariedade tem fortalecido os laços dentro da escola e tem sido fundamental para o sucesso do projeto contra o bullying”, comemora a docente. 


Por Antônia Lúcia 

Colégio Estadual República Italiana
Av. D. Pedro II, 753 – Centro – Porto Real/RJ
CEP: 27570-000
Fone: (24) 3353-1808
E-mail para contato: cerepublicaitaliana@educacao.rj.gov.br  
*Monica Aparecida Fazolato Vieira é formada em Arte, leciona em Projeto de Pesquisa, Pipe e artes na Estadual República Italiana. 


Deixar comentário

Podemos ajudar?