Salvando vidas dentro e fora da sala de aula

Projeto de capacitação em primeiros socorros nas escolas


Criada para estabelecer diretrizes de mais segurança à comunidade escolar nas instituições de ensino das redes pública e privada de educação infantil e básica, a Lei Lucas (13.722), sancionada em outubro de 2018, estabelece a obrigatoriedade de capacitação em noções de primeiros socorros para professores e funcionários de escolas, visando garantir que a unidade educacional esteja preparada para atendimentos dessa natureza, até que a assistência médica especializada chegue ao local.  

Além do cumprimento da lei, é primordial que haja uma ampla disseminação acerca da importância da conscientização sobre medidas de segurança nas escolas, com treinamento em primeiros socorros e técnicas de ressuscitação cardiopulmonar (RCP), bem como a disponibilidade de kits para atendimentos preliminares, que são essenciais para salvar vidas.

 

Conhecimento que salva vidas

Com o intuito de disseminar esses e outros conhecimentos, e contribuir para salvar vidas e minimizar lesões e mortes decorrentes de paradas cardiorrespiratórias (PCR) súbitas, a professora Grazyelle Ferreira de Souza, que é enfermeira emergencista, idealizou, no primeiro semestre de 2022, o projeto Mãos que salvam vidas.  Segundo a educadora, a atividade visa capacitar a população em geral, incluindo adultos, idosos, adolescentes e crianças em idade escolar, interessados em aprender sobre suporte básico de vida e primeiros socorros.  

“Ele tem por objetivo geral realizar atividades educativas para adultos e crianças, com o envolvimento dos discentes dos cursos de saúde do Centro Universitário Newton Paiva, para que a população esteja apta e preparada para realizar ações de primeiros socorros e suporte básico de vida”, afirma a professora Grazyelle, pontuando que as instituições de ensino, como universidades, escolas e demais ambientes educacionais, são os locais onde o projeto vem sendo realizado. 

O mãos que salvam vidas oferece esse treinamento para diferentes faixas etárias. No Centro Universitário Newton Paiva, localizado em Belo Horizonte, por exemplo, por se tratar de um projeto multiprofissional e interdisciplinar, alunos de todos os cursos do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde podem estar envolvidos nas ações, desde que aprovados em processo seletivo que ocorre no início de cada semestre. Já nas escolas públicas e privadas, as atividades ocorrem com turmas de alunos a partir de 9 anos até os do Ensino Médio. 

 

Escola também e lugar de aprender a salvar vidas

No Newton Paiva, já no primeiro ano do Mãos que salvam vidas mais de 500 pessoas, entre estudantes, professores, profissionais da área da engenharia civil e acadêmicos da instituição, foram capacitadas. Segunda a equipe do projeto, os extensionistas levaram o relato de uma das experiências vivenciadas durante as atividades do projeto para o 3º congresso de Inovação, Ensino, Pesquisa e Extensão da Newton e foram premiados com o 1º lugar dentre os trabalhos da área da saúde.  

Só no primeiro semestre deste ano, o número de capacitados já passou de 800 pessoas. O premiado trabalho desenvolvido pelos extensionistas do projeto tem sido um divisor de águas na vida de vários estudantes. Ludmila Marques Cerbino, aluna do 8° período do curso de Enfermagem da Newton e extensionista do Mãos que salvam vidas, destaca que através do projeto pôde aprender a fundo sobre vários conteúdos e inclusive descobrir paixões por áreas de atuação de que não imaginava gostar. “Sinto maior facilidade em compreender informações de várias disciplinas ao associá-las com trabalhos produzidos no projeto, como ações de capacitação, estudos e pesquisas”, garante a aluna.   

Já Ingrid de Paula Rodrigues, outra aluna participante, ressalta a responsabilidade como replicador do conhecimento e destaca quão maravilhoso é o projeto. “Posso dizer que foi uma das melhores escolhas que poderia fazer durante a minha graduação, pois a maneira como temos que conduzir as atividades aumentou muito meu repertório em vários sentidos. Também me tornou uma pessoa mais crítica, além de ter me possibilitado aprender o que só seria possível nos períodos mais avançados e principalmente como trabalhar em equipe”, atesta. 

 

Como o projeto acontece na prática

Segundo a equipe do projeto, inicialmente os participantes são capacitados de forma teórica e prática pela coordenadora, quanto às temáticas de ações de primeiros socorros e Suporte Básico de Vida (SBV). Após alinhamento com os extensionistas, empresas, instituições e escolas de Belo Horizonte e região são contatadas para participar do programa. A equipe explica que também podem surgir demandas espontâneas desses locais, solicitando as atividades.  

Depois do primeiro contato, as instituições recebem informações e orientações sobre como funciona a dinâmica do programa, com todos os objetivos e técnicas a serem desenvolvidas, seguido de um levantamento dos locais, bem como o reconhecimento do perfil de cada envolvido para que seja estabelecida a melhor metodologia a ser aplicada. Após a elaboração do plano com as devidas definições de cada ação, os extensionistas colocam em prática as atividades do cronograma buscando a melhor prática, “sempre com muito comprometimento nas mãos que salvam vidas”, finaliza a professora Grazyelle Ferreira de Souza. 


Por Antônia Figueiredo 

Fonte: Professora Grazyelle Ferreira de Souza, idealizadora do projeto, enfermeira graduada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 2017; Especialista em urgência e emergência pelo Programa de Residência Multiprofissional do Hospital João XXIII – FHEMIG (2019); Mestre em Cuidar em Saúde e Enfermagem pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) (2022); docente do curso de enfermagem do Centro Universitário Newton Paiva BH/MG. Membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas de Enfermagem em Urgência e Emergência (Nepeu/CNPq). Possui experiência na assistência, gestão e ensino em Urgência, Emergência e Terapia Intensiva. Instagram: @maosquesalvamvidas_


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