Saúde mental dos educadores: a importância de cuidar de quem educa e reduzir afastamentos e seus impactos no ambiente escolar

Por Fernando Gabas*


Segundo uma pesquisa realizada pela Futuro Docência, que consultou mais de seis mil educadores de todo o país, 75,5% dos entrevistados informaram que o principal motivo para a desistência da carreira de professor são as questões psicológicas. O cenário exige amparo das instituições de ensino, já que o bem-estar dos profissionais de educação reflete não somente na qualidade da formação, mas também na vida pessoal dos educadores. Segundo a pesquisa, o suporte psicológico na maioria dos casos não é oferecido pelas escolas, cenário que deixa o profissional desamparado quando os primeiros problemas se manifestam. 

“As instituições precisam trabalhar a capacitação dos próprios educadores e desenvolver uma cultura dentro de suas organizações que permite espaço para os colaboradores expressarem suas dores emocionais com uma escuta empática e compassiva. A pressão da vida escolar é muito grande, além do trabalho que vai além da carga horária, já que é comum o envolvimento emocional dos professores com os alunos, que também passam por problemas”, alerta Fernando Gabas, CEO da Academia Soul, especialista em programas estruturados de educação socioemocional. 

Uma pesquisa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) ouviu mais de 100 mil professores de todo o mundo. Dentre os brasileiros, 12,5% afirmaram ser vítimas de agressões verbais ou não verbais ou intimidação por alunos ao menos uma vez na semana. 

A Academia Soul oferece programas de educação socioemocional de alunos e tem trabalhado nos últimos anos com a capacitação de professores para a melhor administração da vida profissional e para o desenvolvimento da escola como um todo. O objetivo é a criação de uma nova cultura nas instituições em que valores como empatia, equilíbrio emocional e bem-estar sejam tratados com o mesmo peso que os aspectos acadêmicos. “O triste crescimento da violência nas escolas tem preocupado muito o setor educacional. O Brasil é líder nos rankings de agressões contra quem ensina, mas pouco se vê como iniciativa a elaboração de programas que coloquem em pauta a segurança dos profissionais”, conta Gabas. 

Dentre os caminhos para o acolhimento dos profissionais de educação está o incentivo ao autocuidado e à capacitação para que eles tenham todas as condições de experienciar um grande bem-estar no ambiente de trabalho e em suas vidas pessoais. Para Gabas, os educadores devem ter ao seu alcance um corpo de trabalho acessível que lhes ofereça aconselhamentos psicológicos e opções favoráveis de prestação e serviço.    

A sociedade também tem papel central no cuidado da saúde emocional dos educadores.  Esses profissionais exercem papel fundamental na formação das gerações futuras ao transmitir conhecimentos, habilidades e valores essenciais que irão moldar a sociedade nos próximos anos. “Os professores e colaboradores do ambiente escolar merecem o mesmo grau de cuidado e empatia que os alunos, e isso deve ser cobrado das escolas por nós como cidadãos. Dessa maneira, não só o desempenho profissional do educador vai melhorar, mas também a sua vida pessoal. Como resultado, o ambiente escolar se torna um local mais acolhedor para todos”, finaliza Fernando. 


* Fernando Gabas é CEO da Academia Soul e especialista em programas estruturados de educação socioemocional. 


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