Ludicidade Científica

Criatividade como aliada no ensino das Ciências e desenvolvimento do pensamento crítico


O Colégio Estadual Elvídio Costa, em São Fidélis, é um exemplo de como a criatividade pode ser uma grande aliada para o aprendizado dos educandos, independente da disciplina. Com a implementação do Novo Ensino Médio em 2022, os alunos da 1ª série passaram a contar com a eletiva em Ciências da Natureza “Ludicidade Científica”, em sua grade curricular.  

Sob a orientação da professora Janaína de Souza Moreira do Amaral, surgia então o projeto Ludicidade Científica, que, de acordo com a docente, tinha por ideia central a criação de jogos com os alunos. Mas, ao longo do ano de 2022, explica Janaina, foram feitas adaptações que se aproximavam mais dos interesses dos estudantes. “Além da construção de jogos pelos alunos, fomos trabalhando os conceitos de Química, Física e Biologia através da gamificação on-line com jogos virtuais, com a apresentação de experimentos e práticas criadas por eles”, o que segundo a professora promoveu o protagonismo dos estudantes. 

Abrir caminho para que os estudantes tenham a oportunidade de assumir um papel ativo em sua própria aprendizagem, favorecendo o desenvolvimento de habilidades como autonomia, responsabilidade e senso crítico, é consenso entre a equipe pedagógica. “A criatividade e o protagonismo são muito importantes para que os alunos se interessem pelos conhecimentos científicos, para que seja superado o preconceito de que a Ciência é complicada, difícil e distante da vida deles. Ao buscar sempre matérias de fácil acesso, oportunizamos e viabilizamos aprendizagem de conceitos sem a obrigatoriedade de um laboratório. Assim, o pensamento crítico é desenvolvido através de suas próprias construções, discussões em grupo e práticas executadas”, assegura a professora Janaína. 

A prática leva à perfeição

Para garantir o sucesso do projeto com suas quatro turmas do 1º ano do Ensino Médio, que totalizavam entre 30 e 35 alunos cada, Janaína sabia que era crucial chegar a um consenso sobre os interesses dos estudantes. Para isso, ela optou por utilizar um questionário diagnóstico distribuído entre os educandos, com o objetivo de entender tanto os interesses presentes quanto os futuros de cada turma. Com essa abordagem, conseguiu obter um panorama completo das preferências dos alunos, possibilitando que o projeto fosse planejado de forma mais adequada às necessidades e expectativas das turmas.  

Na prática, a fim de otimizar todo o tempo de aula, a professora seleciona um tema e prepara uma fundamentação teórica rápida, que pode ser impressa ou através de vídeos, de no máximo 15 minutos, e logo em seguida são propostas as atividades lúdicas do dia. “Que podem ser um jogo criado por eles, um criado por mim e apresentado por eles, um game como por exemplo o kahoot, um experimento prático com materiais de fácil acesso ou um modelo científico”, ilustra a docente. 

 Ao falar sobre os primeiros resultados, a professora Janaína faz questão de lembrar o que já foi construído pelos educandos, que constituem experimentos incríveis, como, por exemplo, Quebra-cabeça da tabela periódica; Trilha de grandezas físicas; Bingo de química; Modelos de células; Quiz de química e biologia com o Kahoot; Práticas de atrito mecânico; Experimentos sobre Leis de Newton, sobre tensão superficial da água; Materiais condutores e isolantes elétricos; Jogo sobre corpo humano; Práticas sobre densidade e muitos outros temas inerentes à Química, Física e Biologia.  

Despertar o desenvolvimento intelectual

A disciplina que une Química, Física e Biologia tem alcançado seus objetivos de principalmente mostrar que a ciência pode ser divertida e que os conhecimentos podem ser adquiridos de forma criativa e prazerosa, destaca Janaína, sem esquecer que cabe a eles (alunos) se interessarem e ao professor orientar para que a motivação seja garantida e direcionada aos conhecimentos empíricos e teóricos. 

A diretora-geral Penha de Fátima Pereira Zaidan partilha e reforça a mesma visão, destacando que esse projeto é extremamente importante porque leva o estudante a experimentar, vivenciar e construir o conhecimento. “O protagonismo dos alunos é evidenciado através da prática com projetos. Além de gerar neles um sentimento de pertencimento junto ao seu grupo e escola”, pontua a diretora que não poupa elogios ao corpo docente do Elvídio Costa, não somente quanto à escolha da eletiva, bem como a aprovação da mesma. “Essa eletiva é muito procurada pelos alunos na hora da escolha; soma-se a isso a atuação maravilhosa da professora Janaína Moreira, que é muito dedicada à profissão, resultando em aulas incríveis, cheias de criatividade e lúdicas, que encantam os estudantes“, enaltece a diretora Penha de Fátima.  

Para a aluna Stephany Aparecida Castro Pacheco Gomes da Costa, a eletiva Ludicidade Científica, através dos experimentos realizados pela professora Janaína, aprimorou seus conhecimentos, sobretudo a forma dinâmica como os conteúdos são aplicados. “E não há nada melhor do que aprender nos divertindo, afinal tudo fica mais leve”, acrescenta a aluna. 

Contribuição do ensino criativo

É patente que o pensamento crítico é um processo mental que envolve análise, avaliação e interpretação cuidadosa de informações para chegar a uma conclusão fundamentada e objetiva. É uma habilidade que envolve questionar suposições, identificar argumentos falaciosos, avaliar evidências e considerar múltiplas perspectivas antes de formar uma opinião ou tomar uma decisão. 

 Larissa Alvarenga Cortes, aluna da turma 1.001, destaca que a eletiva não só a ajudou na aprendizagem de outras matérias, mas também reforçou a integração entre as turmas. Segundo ela, o contato com alunos de outras turmas tem gerado uma corrente de ajuda mútua. “Todo mundo em comunhão, uns auxiliando os outros, sempre tentando dar nosso melhor”, afirma. 

Trata-se de uma habilidade valiosa em muitas áreas da vida, incluindo educação, negócios, ciência, política e vida pessoal. Não só por poder ajudar a evitar erros de julgamento, tomar decisões melhores e resolver problemas de maneira mais eficaz. Além disso, o pensamento crítico pode ajudar a desenvolver uma compreensão mais profunda de um tópico ou problema e levar a novas ideias e descobertas. E dentro desse arcabouço entra o uso prático desse processo na vivência didático-pedagógica do educando.  

Ensino-aprendizagem criativo promove a resolução de problemas

Segundo especialistas, o encaminhamento da abordagem contínua ao uso do ensino-aprendizagem criativo promove a resolução de problemas, a criatividade, a inovação e a colaboração por meio de projetos e atividades que estimulam o pensamento crítico e a expressão pessoal. Até porque essa metodologia busca engajar os alunos em um processo de aprendizagem significativo, no qual eles possam aplicar conceitos teóricos em situações práticas e desenvolver habilidades socioemocionais, como a empatia, a comunicação e a liderança. 

Dentro desse contexto, o exemplo do Colégio Estadual Elvídio Costa mostrou na prática como a criatividade e a inovação podem ser grandes aliadas para a melhoria da qualidade do ensino. Ao compartilhar projetos e ações realizadas em suas escolas, os professores podem inspirar e motivar outros colegas a buscar soluções criativas e eficazes para tornar o aprendizado mais interessante e atrativo para os alunos, ajustando as práticas pedagógicas às realidades de suas unidades escolares. 

A diretora-geral finaliza afirmando que a ciência transforma o mundo, e que a eletiva Ludicidade Científica é um passo para o futuro. “Acredito no potencial dos nossos alunos, haja vista que os grandes cientistas do futuro serão formados agora”, frisa Penha de Fátima Pereira Zaidan.  


Por Antônia Lúcia 

Colégio Estadual Elvídio Costa 

Rua São Sebastião, nº179 – Bairro Ipuca – São Fidélis/RJ 

Diretora-geral: Penha de Fátima Pereira Zaidan   

Professora do Projeto: Janaína de Souza Moreira do Amaral, graduada em Química, especialista em Educação Ambiental e Mestra em Ensino de Física. 


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