A arte na construção de narrativas

Com materiais simples, como papelão e barbante, alunos constroem estações interativas de vivências cotidianas


Definir o conceito de artes visuais é transitar entre as muitas cores, formas, linguagens e narrativas que se anelam às mais variadas configurações de expressões visuais e suas manifestações. Conhecida por fortalecer os processos de ensino-aprendizagem através de atividades práticas que interagem com os conteúdos teóricos da disciplina, a equipe de professores de artes visuais da Escola Técnica Adolpho Bloch, formada por Analucia Oliveira, de Turismo e Publicidade; Cláudia Duche, de Produção Audiovisual; e Geórgia Firpo, de Eventos, juntamente com seus alunos, mostraram através de uma aula expositiva o quanto é possível estabelecer comunicação entre o cotidiano do corpo e o contexto social.

“O corpo em que habito não se encaixa em qualquer lugar”. Até chegar a essa afirmativa, professores e alunos passaram por várias etapas, entre elas vencer o período crítico da pandemia, bem como as adaptações para as questões trabalhadas nas aulas remotas. A flexibilidade na aquisição e troca dos saberes foi uma grande aliada nessa construção, revelam os professores pontuando que, mesmo fora do horário de suas aulas, os alunos tinham a liberdade de postar trabalhos e debater questões surgidas a partir da visualização e reflexão sobre suas produções, levando surpreendentemente a uma aprendizagem mais rica e constante.

De acordo com a equipe de docentes, essa interatividade abriu uma maior conexão, sobretudo quando uma aluna postou no Tik Tok um vídeo em que uma artista performava tentando encaixar seu corpo em diferentes estruturas e levou para a sala de aula. Essa exibição despertou olhares e opiniões entre os demais estudantes e acabou levando a nossa equipe de discentes a pensar e repensar aquela narrativa. E ali se iniciava, segundo a professora Analucia Oliveira, um processo criativo acerca da associação entre artes visuais e os cânones de representações, regras, padrões de beleza etc.

As narrativas corporais desafiam a linguagem verbal atraves de sua excelência expressiva e suas manifestações visuais

 

“Após bate-papos e conversas acerca do que tinham vivenciado no vídeo, foi planejada então uma aula vivencial, programada para ser desenvolvida nos tão esperados encontros presenciais”, revela a professora Cláudia Duche, afirmando que “é na vivência que a arte se torna experiência que atravessa o sujeito, um território de passagem para aquilo que afeta e provocará afetações”.

No auditório da escola, local escolhido para a realização da aula vivencial, foram montadas três estações, nas quais os alunos eram convidados a interagir com cada uma delas. Na primeira, uma teia de barbantes, além de moldes recortados em papelão e estruturas tridimensionais, deveria ser “vestida” pelos participantes tirando-os de sua área de conforto. “Logo de início, os alunos deveriam sair de suas posturas comuns de elegância – torcendo, pulando, abaixando, levantando as pernas –, para atravessarem o caminho-teia feito pelo cruzamento dos barbantes”, pontua a professora Geórgia Firpo.

Já em um segundo momento, o desafio era pisar e ficar plainado em uma forma bastante pequena feita de papelão fixada no chão. Neste espaço reduzido os alunos deveriam se movimentar, dançar, trocar de área com o colega, não sendo possível pisar fora do espaço delimitado. E, por último, eles deveriam encontrar uma maneira de vestir, encaixar chapas de papelão com formas vazadas ao corpo.

De acordo com a equipe de professores de Artes Visuais, as várias formações que a escola oferece, tais como Turismo e Publicidade, tornam necessário refletir sobre o multiculturalismo contemporâneo e, a partir dessa reflexão, produzir narrativas e propostas inclusivas. Em Produção Audiovisual e Eventos reflexionar sobre padrões estéticos e de mídia, o conceito do “ter para ser”, “do ser para se encaixar”. “O participar de uma experiência exclusiva fará com que nossos futuros profissionais e agentes de transformação social repensem e criem novos valores”, esclarecem as professoras.

Ao final da apresentação, a vivência realizada entre os alunos da Adolpho Bloch mostrou de forma prática o quanto é possível atravessar barreiras, seja com materiais simples, como barbantes-linhas, formas delimitadas e placas de papelão ou no cotidiano da vida real. “Mais do que contorno da forma, a mesma torna-se figura modelada ou metáfora para narrativas expressivas. O desconforto dos moldes levou do riso à reflexão incontida evidenciando que o corpo em que habito não se encaixa em qualquer lugar!”, conclui a professora Analucia Oliveira.


Por Antônia Lúcia
Escola Técnica Estadual Adolpho Bloch – Eteab/Faetec
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Professoras idealizadores:
Analucia Oliveira – Turismo e Publicidade
Cláudia Duche – Produção Audiovisual
Geórgia Firpo – Eventos

 


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