Mais um pouco da riqueza expressiva do nosso idioma

Por Sandro Gomes*


Vamos dar continuidade ao estudo de algumas figuras de linguagem. Lembrando que o que está em cena é a expressividade para falar e escrever que esses usos na língua portuguesa nos propiciam. Então, vamos lá

 

Figuras de pensamento

– Personificação ou Prosopopeia: ocorre quando atribuímos a seres inanimados qualidades próprias dos animados. Exemplo:

O mar me olhava como a revelar-me o futuro.

 

– Ironia: esse recurso abundantemente empregado na fala diária consiste em usar um termo oposto ao que se quer dizer. Normalmente esse uso traz uma conotação sarcástica ou humorística. Observe:

O grande mestre das letras mal sabia conjugar verbos corretamente.

Em alguns casos, essa figura vem representada entre aspas, que indicam o uso irônico do termo. Veja:

O “doutor” que você tanto elogiava era na verdade um farsante.

 

– Clímax: é o uso ascendente ou descendente de termos no sentido de atingir um ponto culminante. Veja esse belo trecho do grande Gonzaguinha:

“Quero sentir a dor dessa manhã nascendo, rompendo, rasgando, tomando meu corpo e então…”.

 

Figuras de palavras

– Catacrese: nesse caso tomamos por empréstimo um termo na ausência de outro específico. Exemplo:

O braço da guitarra tinha rachado com o movimento brusco.

 

– Perífrase ou Antonomásia: nessa expressão substituímos um termo conhecido por outro que mantém características do primeiro, que tornam fácil a identificação. Veja:

O atleta do século (Pelé) não ficou de fora do evento.

 

– Sinestesia: é um recurso que consiste em usar, na mesma expressão, sensações percebidas por diferentes órgãos. Exemplos:

Uma melodia dourada tocou-me na alma.

O doce perfume da menina ficou marcado na memória.

Essas são apenas algumas dessas figuras de linguagem que usamos cotidianamente. Há outras mais conhecidas e que já abordamos outras vezes nessa coluna. São os casos da metáfora, metonímia, hipérbole etc. que são mais requisitados nas salas de aula. Aqui optamos por aquelas menos conhecidas, mas nem por isso menos usadas, para conferir mais diversidade ao estudo do tema. Em outras oportunidades voltaremos a esse interessante assunto para apresentar outras figuras, bem como outros usos linguísticos que empregamos em nosso dia a dia para comunicar nosso pensamento. Até a próxima!


*Graduado em Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa, Revisor da Revista Appai Educar, Colunista da Appai, Escritor e Mestre em Literatura Brasileira.


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