Operação carne fraca

Professora usa o factual para ensinar sobre nutrientes


A inspiração é algo inesgotável, que o diga a professora Mytse Andréa Sales de Melo Nogueira que idealizou o projeto: Operação carne forte: estudo dos nutrientes a partir da carne, junto aos alunos do 8o ano da Escola Municipal Prof. Joaquim de Freitas, em Queimados, a partir da repercussão de uma operação investigativa deflagrada pela Polícia Federal.

O grande impacto midiático da Operação Carne Fraca, que atuou na denúncia de comercialização de carne adulterada e estragada – bem como no uso de produtos químicos, como a vitamina C, para mascarar aspecto ruim dos produtos –, despertou o olhar da professora de Ciências e Biologia que enxergou no caso um excelente gancho para trazer mais sentido para as aulas de sua disciplina.

Reunida com a turma, Mytse pediu aos alunos que acompanhas- sem mais de perto os noticiários, e a partir dali transformou a sala de aula em um mini laboratório. Coube aos estudantes pesquisar e investigar supostas adulterações de alimentos, como salsichas e presuntos, através de experimentos que identificavam a presença dos nutrientes – amido, vitamina C, proteínas, entre outros.

Para que tudo saísse da forma esperada, a professora conta que, além da busca por mais informações acerca do assunto, os alunos abriram espaços de debate sobre todas as questões envolvidas na ação.

O que resultou em um dossiê, ou melhor, uma exposição para a escola com toda a sequência didática aprendida, conta a docente.

Dessa forma, todos os alunos puderam observar todos os grupos de nutrientes, sempre com a mesma dinâmica, uma vez que os experimentos foram realizados num “laboratório” improvisado na sala. “Por exemplo, numa aula utilizei a reportagem que falava sobre o uso de vitamina C para mascarar a carne estragada. Então usei como ponto de partida e sondagem os conhecimentos prévios dos alunos e eles fizeram a identificação da vitamina C em diversos alimentos”, explica a Mytse.

 

Experiência criativa

Ao falar sobre como uma experiência criativa pode impactar positivamente o desenvolvimento dos alunos, a professora de Ciências afirma que, ao substituir as aulas tradicionais sobre nutrientes por uma sequência de temática instigante, de grande repercussão nas redes sociais e telejornais, e, sobretudo, algo relacionado ao cotidiano deles, facilitou a apropriação dos conteúdos curriculares.

“A meu ver, o principal resultado do projeto foi trazer sentido para

o conteúdo das aulas de Ciências, tornando-as atrativas e interessantes para os alunos”, afirma a docente relembrando que houve outros ganhos, como, por exemplo, a oportunidade de tornar a sala de aula um espaço de reflexão, de discussão ética, de destacar o valor ativo da sociedade com conteúdos relevantes também dos pontos de vista social e científico.

Um outro ponto estudado pelos alunos foi a importância das embalagens utilizadas nos produtos

 

Uma nova leitura

Considerando a BNCC, o projeto também trabalhou competência como a leitura a partir da sequência temática instigante colocada para os estudantes. De acordo com a professora, o fato de usar um factual de grande repercussão em todas as mídias sociais como inspiração permitiu aos alunos a aproximação com a linguagem mais irônica dos memes, tão presente no

dia a dia dos jovens. “Apesar de não ser um projeto de estímulo à leitura, acredito que ele possa incentivar, a partir da curiosidade dos muitos textos que usamos nas aulas, o campo jornalístico-midiático. Além dos textos não escritos que são as imagens estáticas dos memes.

 

Etapa de avaliação

A etapa avaliativa é sempre um fator inquietante para os estudantes. Ciente disso, a professora lançou mão do método colaborativo. “Avaliei os alunos em cada etapa da sequência através de sua participação colaborativa nos grupos, produção individual, avaliação escrita bimestral e na elaboração do material da exposição”, destaca a educadora que, a partir de janeiro desse ano, assumiu a Subsecretaria de Assuntos Pedagógicos da Semed Queimados.

Além das aulas teóricas, a experimentação foi um dos momentos mais envolventes para as turmas

 

Prêmios conquistados pelo Projeto

2020 – 2º lugar no Prêmio Professor Transformador 2020

2017 – 1º lugar no Estado do Rio de Janeiro no Prêmio Professores do Brasil

2017 – 3º lugar no I Prêmio Nacional de Ensino de Bio- química e Biologia Molecular Bayardo Baptista Torres-SBBq (projeto: Investigação na sala de aula: uma proposta contextualizada para o ensi- no de Ciências/Bioquímica por meio da perícia criminal).

2015 – 3º lugar no II Prêmio de Educação Científica BG Brasil (Shell). (projeto: Investigação na sala de aula: uma proposta contextualizada para o ensino de Ciências por meio da perícia criminal).

 

Conheça também outros projetos premiados

2019 – Prêmio Paulo Freire, Alerj (projeto: É vacinal influencer que se fala, né?)

2018 – Finalista do Prêmio Educador Nota 10 (projeto: “Bloco de Obsidiana: apren- dendo sobre rochas e minerais com um jogo de construção virtual (Mine- craft)”).

2016 – 1º lugar no Concurso Profo Alberto Pirro, da Prefeitura Municipal de Quei- mados (projeto: Colcha de retalho: se- xualidade na adolescência).


Por Antônia Lúcia
Escola Municipal Prof. Joaquim de Freitas
Diretor atual: Prof. Mario Júnior
Rua Isaias Antonio, 98 – Vila São João – Queimados/RJ
CEP: 26365-000
Tel.: (21) 3778-7367


Podemos ajudar?