Escola e aprendizagem em tempos de pandemia: uma experiência que transforma

Maria Nágila Mendes Coelho


Vivemos, no século XX, grandes transformações sociais, educacionais, culturais. A humanidade sofreu com duas grandes Guerras Mundiais, que dizimaram milhares de vidas. Hoje, no entanto, vivenciamos uma revolução a nível mundial que transformou toda a rotina do planeta, causada por algo invisível aos olhos, um vírus, e que questiona todas as esferas sociais, inclusive a medicina, a economia, a ciência e a própria educação.

No âmbito do sistema educacional, a pandemia chegou para questionar “verdades” e revelar momentos de incertezas, proporcionar certa angústia e desorientação, mas também para mostrar o quão dinâmica é a estrutura da educação, pois proporcionou aos educadores desbravar novos cenários e buscar estratégias diferentes para se chegar ao aluno além da sala de aula física, procurando uma adequação ao “novo normal”. Para tanto, foi preciso, enquanto educadores, reinventar e reconstruir nossa prática, ressignificando nosso fazer pedagógico onde pudemos reforçar que é a interação afetiva, construída entre escola, alunos e familiares, a base para o desenvolvimento cognitivo, afetivo e social neste momento de distanciamento físico.

A escola não é apenas aquele lugar no qual as pessoas interagem com os conhecimentos orientados nos livros didáticos e paradidáticos, dominados pelos professores. Ela se configura como um microcosmo no qual se encontra sintetizada a sociedade que é exterior às paredes das escolas. Ela vem ganhando cada vez mais responsabilidade social, e por isso sendo constantemente alvo de muitas cobranças, sendo que muitas vezes é difícil desenhar a linha limítrofe entre o conteúdo curricular e o trabalho social a ser desenvolvido com a finalidade de educar para a vida em sociedade ou de educar para a cidadania.

Como agentes do processo educativo, destacamos gestores, professores, alunos, funcionários e pais com apoio da Secretaria de Educação do Estado do Ceará – SEDUC, e CREDE 6, sempre presente, apoiando e orientando os trabalhos da escola, entre outras parcerias na realização de atividades extras, sempre via plataforma digital, através de videoconferências, fortalecendo a prática do  diálogo, oportunizando momentos de acolhida, troca de experiências, partilha de inquietações, informações, entre outros.

A contemporaneidade nos traz o grande desafio de compreender, senão decifrar, as concepções várias que envolvem o sistema educacional no contexto sócio-cultural da atualidade, uma vez que as mudanças impostas pelo processo do ensino remoto nos apresentam dúvidas, desafios e expectativas. Desse modo, as concepções educacionais precisam se configurar a partir do momento histórico-cultural nas quais se encontram.

É nesta realidade mosaica que nossa escola vem sendo construída, num processo de ressignificação, experimentações, acertos e erros, procurando adaptar-se à função social da escola, a de formar cidadãos que aprendam a pensar a arte, a política, o altruísmo, enfim, seres protagonistas de suas histórias. Acreditamos na importância do processo ensino-aprendizagem para a formação de cidadãos conscientes de seu papel social. Nessa perspectiva, planejamos com cuidado nossas práticas pedagógicas, evitando, assim, atividades feitas a esmo. Temos uma proposta educacional com grandes chances de sucesso, e para buscar manter nosso trabalho com a mesma credibilidade e aceitação desenvolvemos nossas atividades na modalidade de educação remota. O acompanhamento dos professores passou a ser feito através de webconferência e redes sociais, onde foram orientados ao uso das novas ferramentas tecnológicas e quanto ao cumprimento da carga horária semanal.

A escola mantém diálogo constante com toda a comunidade escolar (professores, alunos, pais, funcionários), estabelecendo sempre um clima de parceria, respeito, ética, transparência e produtividade. Para tanto, não poderíamos deixar de citar a necessidade real de promover a capacitação em serviço, o que fez toda diferença, onde os pares se ajudam constantemente, acreditando que cada um tem algo a contribuir, mesmo diante das dificuldades tecnológicas.

Com o isolamento social imposto pela pandemia, as reuniões de pais e mestres deixaram de acontecer presencialmente e passaram a ser realizadas por webconferências aproximando as famílias das práticas pedagógicas além de fortalecerem apoio no acompanhamento das atividades domiciliares.

Quanto à gestão pedagógica, tem-se uma proposta orientada, construída e redimensionada a partir dos anseios da comunidade escolar, dos resultados obtidos a cada etapa do processo, sendo estas norteadas pela participação dos alunos nas aulas, de forma que adotamos uma postura comprometida sobretudo, com os aspectos: educação para equidade, acesso/permanência/sucesso do aluno nas aulas remotas e a qualidade do ensino ofertada, como elementos possibilitadores da prática de cidadania.

Somos conscientes de que o papel da escola, especialmente no contexto do ensino remoto, não se configura na mera transmissão de conteúdos; hoje, exige-se que se desenvolva nos alunos valores voltados à proatividade, resiliência e capacidade de organização. Mergulhar nessas questões das práticas pedagógicas, como vimos, arquiteta-se sob bases tradicionais e, ao mesmo tempo, da fluidez questionadora do mundo pós-moderno. Para tanto, exige-se um permanente debruçar-se sob as diversas possibilidades que as tecnologias, como as mídias sociais, podem trazer para o fortalecimento do processo ensino-aprendizagem na realidade pedagógica a qual estamos inseridos, buscando minimizar os impactos cognitivos e sociais.


Maria Nágila Mendes Coelho é Mestre em Ciências da Educação, Especialista em Gestão Escolar, diretora da EEM Professor Arruda, Sobral-Ce. E-mail:marianagilarodrigues@hotmail.com


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