REVISTA APPAI EDUCAR - EDIÇÃO 145

Revista Appai Educar

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Revista Appai Educar LÍNGUA PORTUGUESA POR SANDRO GOMES COMO ANDA A SUA PRONÚNCIA? A ortoepiaéapartedagramáticaque seocupada maneira corretadepronunciar os vários grupos fônicos. Aqui vamos abordar alguns usos de ortoepia tidos como incorretos, o que alguns autores chamam de cacoepia. EMISSÃO DE FONEMAS Vamo trabalhá minha gente. Aqui reproduzimosnaescritaoquedefatoéexpressonessa fala hipotética. Vemos o “s” não ser pronunciado (vamo em vez de vamos), a mesma coisa acontecendo com o “r” que marca a forma infinitiva (trabalhá em vez de trabalhar). Uma variante dessa cacoepia acontece através de certos usos equivocados da língua, comonos casos emque não são respeitadas algumas regras de concordância nominal. Veja. Pessoas cansada demais pra ir à escola.

Revista Appai Educar PRONÚNCIA EQUIVOCADA DE TIMBRE Ocorre principalmente em palavras não acentuadas, quando não há indicação clara do timbre a ser adotado. Veja exemplos. Eu fecho (fêcho e não fécho) a porta na hora de dormir. Essa figura já está obsoleta (obsoléta e não obsoleta). Algumas palavras e sua pronúncia correta de timbre: Aberto: grelha, sesta, cervo, coleta. Fechado: festejo, caminhonete, bocejo, almejo. Uma variação desse erro quanto ao timbre é o chamado plural metafônico, quandoo falantenãorespeitao timbre da palavra no plural quando é diferente do vocábulo no singular. Veja. reforço(ô) / reforços(ó) poço(ô) / poços(ó) ACRÉSCIMO DE FONEMAS Vejamos alguns casos. Inserçãode somvocálicoemfonemas mudos: O pneu (peneu) desprendeudo carro. *Sandro Gomes é graduado em Língua Portuguesa, Literaturas brasileira, portuguesa e africanas de língua portuguesa, redator e revisor da Revista Appai Educar, escritor e Mestre em Literatura Brasileira pela Uerj. Inserçãodevogal formandoditongo: Trabalha lá há doze (douze) anos. Inserção de fonema nasal: Um mendigo (mendingo) viviapelos arredores. Trocas de fonemas São tendências a mudanças fonéticas, quase sempre em função de uma maior facilidadenapronúncia. Acompanhe. Adoro essas épocas de folia. (emgeral pronuncia-se fulia) Refaz o cabeçalho todo dia. (pra muitos, cabeçário) Em breve veremos alguns outros casosdeortoepia.Atéapróxima,pessoal!

Revista Appai Educar MANGÁ EM SALA DE AULA GEOGRAFIA POR JÉSSICA ALMEIDA Com direito a caracterização, professor escolhe o universo dos mangás para trabalhar temas da disciplina com os seus alunos

Revista Appai Educar É isso mesmo que você leu no título: personagem de mangá invade a sala de aula! Claro que tudo isso não passou de uma brincadeira e uma forma lúdica que o professor de geografia, Leandro Silvio, encontrou para ensinar alguns conteúdos para os seus alunos. O educador explica que o One Piece é um dos mangás shonens mais importantes da história da indústria e que em 2021 alcançou a marca de mil capítulos e episódios, por isso a escolha da temática. Leandro conta que os mangá shonen são quadrinhos japoneses comercializados para o público adolescente. E que a série One Piece foi criada por Eiichiro Oda e narra a história de um garoto com poderes fantásticos que deseja se tornar o rei dos piratas. “A obra mostra várias homenagens a eventos navais históricos, como a batalha de Water Loo e a de Trafalgar, que acabam dando nome a alguns personagens e a figuras históricas, geralmente piratas. Com esta aventura inúmeros temas podem ser trabalhados em sala de aula e foi exatamente o que eu fiz”, afirma o professor.

Revista Appai Educar O educador levou a temática para as duas escolas em que trabalha, o Colégio Estadual Abdias Nascimento, localizado em Mesquita, e o Centro Educacional Valverde, em Nova Iguaçu. Com as turmas de sétimo e nono anos, Leandro abordou a cartografia, aproveitando todo o cenário náutico e os personagens navegadores da série, além das ilhas com realidades climáticas diversas por onde os protagonistas da série passam. “As ilhas, além de climas e biomas distintos, também apresentam culturas de lugares diferentes do mundo real, como a Ilha de Wano, que apresenta os aspectos culturais do Japão Feudal e ajudou na apresentação do continente asiático, onde me vesti como o espadachim Zoro, um dos protagonistas, com as roupas de samurai. Isso porque todos os personagens, geralmente, se vestem de acordo com a cultura da ilha em que estão”, explica Leandro. O professor Leandro Silvio escolheu um personagem da série One Piece para trabalhar conteúdos da disciplina com os seus alunos

Revista Appai Educar Foto cedida pelo professor. Já no sétimo ano, os alunos fizeram bússolas caseiras, aprenderam sobre as coordenadas geográficas, jogaram batalha naval, estudaram sobre fenômenos atmosféricos, desenharam a rosa dos ventos e as bandeiras piratas. Além de viverem uma aventura no trabalho passado. “Promovi uma atividade na forma de uma avaliação onde os alunos respondiam questões para avançar na história que estava sendo contada, onde eles mesmos eram aventureiros que se encontraram com a tripulação dos piratas do chapéu de palha, os protagonistas de One Piece”, pontua o docente. Leandro garante que o envolvimento dos alunos foi fantástico! “Quando produzimos algo assim, que foge da rotina, a interação e o aproveitamento são sempre maiores. A atenção é mais intensa e consequentemente o aprendizado também. E como boa parte da sala conhece a animação, o entendimento de situações apresentadas levou ao maior interesse sobre o que estavam aprendendo. E quem não conhecia e foi apresentado à história do anime/mangá interessou-se em conhecer e entender como as coisas que estavam aprendendo aconteciam ali”, finaliza.

Revista Appai Educar INTERDISCIPLINAR POR RICHARD GÜNTER SESSÃO DAS QUINZE Projeto pedagógico queridinho de alunos de Duque de Caxias completa oito anos de atividade com a presença do cantor Marcelo Jeneci Imagem por Freepik

Revista Appai Educar Desde 2014, o Colégio Estadual Padre Anchieta, em Duque de Caxias, realiza projeto de pesquisacomosalunos de uma forma bastante engajada com as artes e com a curiosidade da galerinha. Após entender que essa é a metodologia didática que mais atrai os jovens, o diretor da unidade escolar, Renan de Oliveira Costa, propôs explorar a popularidade, tendo como eixo temático a vida e a obra de artistas, principalmente do universo musical. A ideia chamou atenção dos professores e acabou se tornando uma das atividades mais empolgantes e favoritas dos alunos. Neste ano, contou coma presença do cantor Marcelo Jeneci. Com a aceitação em alta, o colégio lançou-se também ao propósito de ousar na execução do projeto SessãodasQuinze, apresentandoabertamente, não somente para os alunos, mas para convidados da comunidade escolar, tudo que se descobriu durante a aplicação da metodologia. Para se ter ideia da grandeza do projeto, o primeiro passo dado para a realização há 8 anos, nomeado primeiramente como O Cepa canta Gonzaguinha, contou com a presença do filho, Daniel Gonzaga, e de outros familiares do artista abordado. Em 2018, já batizado como nome atual, a Sessão das Quinze apresentou a vida e a obra de Belchior, sendo contadas e cantadas pela voz de Daíra, cantora que tem um disco em homenagem ao cantor.

Revista Appai Educar No ano seguinte, a carreira artística da cantora Joanna foi homenageada, e ela esteve presente na culminância para prestigiar a atividade. Em 2021, de forma remota, a obra do sanfoneiro Dominguinhos foi trabalhada e a apresentação contou com a participação de Liv Moraes, filha do músico. E neste ano o cantor e compositor Marcelo Jeneci foi recebido para mais uma edição do projeto. De acordo com a direção escolar, a atividade, que é realizada de forma interdisciplinar, envolvendo 24 turmas das disciplinas de artes, educaçãofísica, línguaportuguesa,história, geografia, filosofia e sociologia, tem por objetivo despertar nos alunos a paixão pela arte, o reconhecimento do valor e importância do artista, sua história de vida e superação de limites, bem como estimular a reflexão e o entendimento da sua obra.

Revista Appai Educar Renan de Oliveira acrescenta que a atividade desperta a criatividade e o senso crítico por meio da análise das canções,promoveaintegraçãoentreos diferentes saberes, vivência com estudodas letras, a relaçãocoma literatura, desenvolveo trabalhoemequipe eamplia a visão demundo artístico-cultural com a participação do artista convidado. “A obra de Marcelo Jeneci conversa comasnecessidadesquesubmergiram no contexto da pandemia, tornando-se um caminho para a reflexão sobre sentimentos e emoções”, ressaltou Renan sobre a metodologia. A realização do projeto se deu nas seguintes etapas: 1) Conviteàequipedocenteeàsturmas; 2) Pesquisa biográfica do artista; 3) Seleção das canções; 4) Interpretação das letras e apresentação das melodias; 5) Definição e elaboração das apresentações: entrevistas, apresentação das músicas, dança, elaboração e declamação de poesias, pinturas inspiradas na obra do autor; 6) Ensaio das apresentações; e 7) Culminância.

Revista Appai Educar A apresentação do projeto foi dividida em três blocos. A primeira mostrou a performance dos alunos, junto a suas professoras orientadoras, sobre a pesquisa da vida de Marcelo Jeneci. Vídeos e músicas que tinham foco na interpretação das letras exaltaram as memórias, como a primeira sanfona que recebeu de Dominguinhos. O bloco foi encerrado com a presença da sanfoneira Ceiça Moreno, ex-participante do programa The Voice +, versão emque somente são aceitos artistas acima de 60 anos. Nesta parte, ainda foi possível apreciar exposição de quadros a óleo que tinham como tema a tradução visual da poesia de Marcelo Jeneci, pintados pelos alunos. O cantor mostrou-se emocionado, tanto pelas atuações dos estudantes quanto pela pesquisa que estes fizeram também sobre sua vida, mostrando uma cena teatral em que quase teve seu teclado furtado, mas foi salvo pelas notas musicais da canção “Detalhes”, de Roberto Carlos.

Revista Appai Educar Asegundapartedapesquisa-showfoi voltada para as influências que o artista recebeu emsua vida coma apresentação do coral com membros de estudantes do 3º turno. Eles cantaram músicas de Alceu Valença e “Felicidade”, de Marcelo Jeneci e Chico César. Já na terceira e última parte a cereja do bolo foi um “Encontro com Marcelo Jeneci” em que o artista foi entrevistado pelos alunos, que também recitaram poesias, cantaram várias músicas, com o evento se encerrando com belas interpretações.

Revista Appai Educar Para a professora Solange Leiros, “a Sessão das Quinze vem crescendo e a tendência é desenvolver-se ainda mais. Tudo isso sóaconteceporque temos uma equipe maravilhosa. Todos contribuíram para que esse evento fosse o sucesso que foi. Sinto-me orgulhosa de fazer parte dessa família!”, enalteceu. A professora Simone Porfíriacomplementoudizendoqueoevento foimemorável. “Parabéns aos envolvidos. Como é bom poder tornar reais os nossos sonhos!”. O animador cultural André Silva ratificouque osmomentos apresentados pelos estudantes elevaram a alma através da arte. “Foi de arrepiar. Ver nossos alunos interagindo com os dois artistas convidados e a intensidade da interação faz qualquer educador se emocionar. Tenho certeza de que nossos alunos se lembrarão da tarde de ontempara sempre!”, validou. O evento contou com a participação da Regional Metropolitana V, Secretaria de Educação e a atuação dos Agentes de Acompanhamento da Gestão Escolar (Aage).

Revista Appai Educar LEIA TAMBÉM: • Sessão das Quinze: Joanna – a música como instrumento de pesquisa. • Sessão das Quinze: Belchior – despertando criatividade e senso crítico dos alunos. Colégio Estadual Padre Anchieta Av. Trinta e Um de Março, s/nº – Parque Paulista – Duque de Caxias/RJ CEP: 25261-000 Tel.: (21) 3666-1278 E-mail: cepadreanchieta@hotmail.com Fotos cedidas pela escola

Revista Appai Educar ENSINO E APRENDIZAGEM COOPERATIVA MATÉRIA DE CAPA POR ANTÔNIA FIGUEIREDO, JÉSSICA ALMEIDA E RICHARD GÜNTER Totalmente versátil, a temática “Copa do Mundo” abraça as matérias de forma interdisciplinar e se torna grande aliada nos projetos pedagógicos. Veja como professores a estão utilizando e inspire-se para sua aula!

Revista Appai Educar No Brasil, a paixão pelo futebol vai além das quatro linhas, dos milhares de torcedores acompanhando as transmissões nos estádios, na TV, no rádio ou pela internet. Como diria o cronista NelsonRodrigues, é“Apátriadechuteiras”. E em tempos de Copa do Mundo todo esse patriotismo ganha reforço do marketing de conteúdo com o frisson causado pelo vai e vem das trocas e o preenchimento das páginas dos álbuns de figurinhas e toda sorte de suvenir que faz alusão ao evento. Que vão desde o lançamento da camisa oficial da seleção àquela pequena bandeirinha que flamula na mão das crianças. Este ano 32 seleções, incluído o Brasil, farão acontecer esse grande show no Catar, no período de 20 de novembro a 18 de dezembro de 2022, num total de 64 partidas disputadas em 28 dias. Toda essa motivação só reforça a importância

Revista Appai Educar desse temamundial emtodasasáreas do conhecimento. Então por que não abordar em sala de aula temas ligados a Artes, Educação Física, Matemática, Educação Infantil, línguas Inglesa e Portuguesa, Geografia, Ciências, Física, entre outros, de acordo com a faixa etária e a série de cada aluno de forma interdisciplinar? Nessa edição a Revista Appai Educar vai ajudar você, professor, a realizar essas e outras jogadas no campo dos saberes. Escola cria o seu próprio álbum de figurinhas

Revista Appai Educar Inspirada pela Copa do Mundo, os alunos do Colégio Estadual Cívico- -Militar Subtenente Cláudio Hentzy Ferreira, localizado em Santo Antônio de Pádua, elaborou um álbum de figurinhasdainstituição,comosalunos que são atletas amadores de diversas modalidades esportivas. Idealizador do projeto, o professor de Educação Física Zecrildo Ibraim conta que sempre foi um apaixonado por colecionar cards de futebol. Aliado a esse hobby de coleção de cromos da copa, veio a ideia de usar as figurinhas não apenas como algo para entretenimento e integração, mas sobretudo como um viés de incentivo às práticas esportivas aos adolescentes e jovens da escola. O próximo passo era contextualizar a temática junto aos alunos, a fim de que não houvesse apenas a adesão, mas, acima de tudo, o entendimento da importância do projeto na complementação da aquisição do conhecimento.

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Revista Appai Educar De acordo comoprofessor Ibraim, o alto custo dos pacotinhos de figurinhas a princípio poderia ser um entrave no desenrolar da proposta. Foi então que o docente teve a ideia de usar os Projeto interdisciplinar próprios alunos como personagens. “Alémdeser totalmente ilustradopelos estudantes da unidade, o nosso álbum tem um design único e autêntico para cada figurinha”, destaca o professor. A ocasião não poderia ser mais apropriada, relembra o idealizador do projeto. “Estávamos em meio aos Jogos Estudantis de Santo Antônio de Pádua (Jesap), então por que não usar os nossosprópriosalunos-atletas de todasasmodalidadesque disputavam a competição?”. Ideia amadurecida, faltava agora definir os ilustradores. A partir daí o que era umprojeto apenas de Educação Física tornou-se interdisciplinar. Poisoprofessorcontoucom a ajuda de alguns alunos que sempre demonstraram habilidades para ilustração e desenho nas aulas de Artes e os convidou para serem os “artistas” oficiais do projeto. Uma das ilustradoras, a aluna Giovana Pimentel, disse ter ficado muito honrada com o convite e de cara já disse sim. “Eu achei incrível participar e fiquei bastante orgulhosa de mim e de meus colegas”, afirma a jovem desenhista do álbum.

Revista Appai Educar BOM DESEMPENHO VALE CROMOS PERSONALIZADOS O álbum do Colégio, assim como o oficial da Copa do Mundo, começa com um breve histórico da escola e depois as páginas são divididas pelas modalidades esportivas, como queimada masculino / feminino, vôlei masculino / feminino e futsal masculino. Com a total participação e envolvimento de todos os alunos da escola, a equipe pedagógica precisou criar uma regra para a distribuição das figurinhas. Segundo a direção, os alunosganhamospacotesmedianteo desempenhoescolar. Emcadaaula,os professoreslevamumaquantidadeeos alunos recebem após o cumprimento de tarefas pedagógicas. Além dos cromos dourados, uma das figuras mais difíceis é a do professor Zecrildo Ibraim, mas já houve três alunos que conseguiram completar suas edições.

Revista Appai Educar personalizando Um álbum de bons resultados pedagógicos Para a direção do Colégio Estadual Cívico-Militar Subtenente Cláudio Hentzy Ferreira, oempenhodos alunos em completarem o álbummostra também o bom resultado pedagógico que o projeto vem tendo entre os educandos. Mas nem tudo é só seriedade! Na hora do intervalo a brincadeira mais esperada pelos alunos é o jogo recreativodo bafo, conhecido também como bafo-bafo. Muito comumentre os colecionadores de figurinhas, que, a cada batida com as mãos, têm a chance de virar e ganhar aquele tão desejado exemplar faltante.

Revista Appai Educar Geografia de boas ideias Um outro bom exemplo de como o tema perpassa pelasdisciplinasnos foidadopeloprofessordeGeografia RobsonPaulinodaSilva. Odocentedestacaque também há muito conteúdo a ser desenvolvido em sala de aula, como por exemplo preparar uma feira cultural com toda a escola, de forma interdisciplinar, utilizando-sedo tema Copa do Mundo. “Pedir, por exemplo, que cada turma discorra sobre os hábitos, costumes, a cultura e o lazer, as comidas típicas, músicas mais comuns, bem como a economia daquele determinado país, e tudo isso ser apresentado em um evento cultural como resultado de uma grande pesquisa”, esclarece o docente. Um outro ponto bastante interessante na disciplina de Geografia é o estudo dos significados e cores das bandeiras. Com relação à do Brasil, lembra o professor, o verde remete às matas, já o amarelo ao ouro, às riquezas. O branco, a paz, o espírito pacífico; o azul representa o céu, e por fim as estrelas que fazemmenção aos estados da federação. “A criação de gráfico falando sobre os últimos vencedores das copas, quem temmaior número de vitórias, quemmais chegou às finais, quais os continentes que já tiveram finalistas, quantidade de edições da copa por continente, enfim, são subtemas que funcionammuito entre os alunos, além de envolver também a disciplina de Matemática”, frisa Robson.

Revista Appai Educar Música na Copa é parte do show Sempre presente na vida das pessoas, a música é um repertório de aprendizagens. Que o diga o professor Leonardo, de Geografia, que usa essa arte em sala de aula como metodologia de aprendizagem para falardevários temasentreseusalunos. Chamado carinhosamente MC Fessor por seus alunos, e com mais de 1,50 mil seguidores, o docente compôs a canção e trabalhou o tema Copa do Mundo no Catar em ritmo de música em sala de aula. De acordo com o MC Fessor, os benefícios que amúsica traz vãomuito além da integração e da felicidade, pois, segundo o dito popular, quem canta seus males espanta. E não apenas espanta, mas ajuda a ativar o cérebro, facilitando o processo de aprendizagem, potencializando a memória, desenvolvendo a atenção e criandoumambienteemquesobretudo os jovens se familiarizam através da música e de seus variados ritmos. Conheça a letra damúsica criada peloMC Fessor inspirado no tema Copa doMundo.

Revista Appai Educar Copa do mundo em sala de aula: infinitas possibilidades! A Copa do Mundo é um dos maiores eventos esportivos do planeta e o futebol desempenha um enorme papel cultural noBrasil. AhistoriadoraeprofessoradeSociologiae Filosofia Alice dos Reis explica que esse esporte faz parte de alguns dosmomentosmais importantes da história, como a trégua de Natal da Primeira Guerra Mundial, onde os lados inimigos deixaramas desavenças de lado para acompanhar uma partida. Nos dias atuais, a Copa do Mundo veio como forma de unir pessoas de todas as idades, dentro e fora das escolas, resgatando alguns laços que estavam apagados.

Revista Appai Educar A historiadora exemplifica essa questão com a troca de figurinhas, a emoção em conseguir aquelas lendáriaseacompetiçãosaudávelpara ver quemcompleta o álbumprimeiro. “Esses momentos despertam uma sensação de bem-estar que eu, como professora, estou amando acompanhar. Sem contar que várias escolas estão montando álbuns com os próprios alunos como jogadores, e todos se engajam nas atividades que valem exemplares para atingir o intento”, pontua Alice. Para ela, o jeito mais clássico de trabalhar o tema em sala de aula é abordando o histórico dos países na Copa do Mundo, que consiste em um trabalho de pesquisa sobre a trajetória dos locais participantes em outras ediçõesdacompetição. Alémde dadosdaCopa, ondeosalunosacabam descobrindo outras informações sobre momentos históricos importantes que se fundem com a data das edições do mundial. Uma atividade que pode ser aplicada de forma interdisciplinar é a “Feira de Países da Copa”. As turmas são divididas em grupos que realizam um grande evento cultural apresentando os principais aspectos de cada país, como danças, comidas, história, cultura, folclore e idioma. “Toda a escola pode participar, e assim abranger todas as nações participantes. A atividade pode ser aberta à comunidade escolar, para que pais e familiares possam prestigiar”, sugere Alice. Conteúdo da disciplina e BNCC A pedagoga Tatiana Barradas ressalta que o tema “Copa do Mundo” pode ser um excelente recurso pedagógico e uma oportunidade de propor experiências de aprendizagem mais significativas. “São infinitas possibilidades em todas as disciplinas do currículo comum. Oprofessor sóprecisa alinhar a sua intencionalidade pedagógica para abordar o tema emcada segmento/ano escolar organizando em cada proposta uma competência e/ou habilidade a ser desenvolvida”, explica.

Revista Appai Educar Para isso, a pedagoga sugere começar fazendo um levantamento das possibilidades de temas relacionados ao Mundial e correlacionar com os conteúdos já previstos na disciplina. Depois disso consultar a BNCC, destacando as habilidades conforme o segmento/ano escolar. E, por fim, definir o cronogramade execuçãoe adivulgaçãodos critérios avaliativos. Paraoeducador queatuaemdiversas turmas dediferentes segmentos/anos, Tatiana sugeredividir os gruposobedecendo asorientaçõesprevistasnaBNCC,quepropõemapresentações utilizandodiferenteslinguagens–verbal(oralouvisual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. O que levar na mala? A pedagoga sugere uma atividade para desafiar os alunos a montarem uma mala para viajar ao Catar, país sede da Copa do Mundo de 2022. Nessa situação o estudante é convidado a pesquisar o que necessita levar nessa bagagem e buscar informações sobreoprocessode solicitação de passaporte, como os custos burocráticos e agendamentos, como funciona o pedido de visto, no consulado, alémdos valores dos trâmites e possíveis entraves. A pedagoga ressalta que o professor deve orientar o aluno a pensar nos aspectos culturais que também levará nessa viagem.

Revista Appai Educar “Assimeles poderão analisar e criar um desenho do perfil cultural do brasileiro, comumente associado a festas, à musicalidade, e a importância das torcidas e das comemorações no Brasil. Umaoportunidadeparatrazer exemplos de países como o Japão, que a cada término de partida nas Olimpíadas recolhia todoo lixoqueestava presente na arquibancada independente se eram deles ou não”, destaca Tatiana. Os alunos devem ser instigados a pensar sobre as legislações locais: o que é proibidoeoqueépermitidono país sede. Uma oportunidade para abordar as leis que inibemo consumode bebidas alcoólicas, fotografar ou filmar em espaços públicos, demonstração de afeto em público etc. Os estudantes também podem pesquisar os preços dos ingressos para assistir o evento, assim como o valor das estadias e transportes públicos para chegar nos estádios. Nessa pesquisa é possível orientálosquantoàescolhaassertiva das fontes de busca, bem como a conversão da moeda local para o real. Ao final das pesquisas, o professor deve orientar os alunosaapresentaremtodoo conteúdo e pesquisa para as demais turmas, incentivando sempre a criatividade e o compartilhamento de informações e dados assim como o respeito a cada abordagem cultural. “Nesse caso eles são orientados a materializaramaladeviagem com todas as pesquisas e informações relevantes para atenderodesafiocolocadona situação de aprendizagem”, afirma Tatiana.

Revista Appai Educar Localização dos países, diversidade cultural e muito mais! Para a professora de línguas Portuguesa e Inglesa Sandra Siliprandi, o interesse dos alunos pela Copa Mundo é um facilitador para que os professores possam trabalhar em conjunto. “Todas as disciplinas podem abordar o tema. Além da prática do esporte,hámuitosaprendizados envolvidos.Podemosfalarsobre a localização geográfica dos países que estão participando, idiomas falados em cada lugar, diversidade cultural, a história da própria Copa do Mundo, número de gols, saldo de faltas, porcentagens, placares e distânciadeumpaísparaoutro, por exemplo”, sugere Sandra. Durante as aulas de Inglês, a educadora levou um álbum de figurinhas da Copa do Mundo e deixou que os alunos observassem todos os países participantes. A partir daí pediu para que eles averiguassem quais deles tinham o inglês como primeira ou segunda língua oficial. Depois da pesquisa, a turma foi dividida em grupos e cada um ficou responsável por confeccionar a bandeira de uma nação selecionada, pesquisar a razão de ser do idioma oficial e apresentar para a turma o trabalho localizando o seu país no mapa projetado no quadro. Segundo a docente, durante a pesquisa alguns alunos ficaram admirados ao descobrir que o inglês não é falado apenas na Inglaterra e nos Estados Unidos. Países como Gana, Austrália, Canadá e até a Nigéria e a Jamaica, que não foramclassificados,possuem esse idioma como oficial. Sandra conta que, ao final do trabalho, os estudantes compreenderam o valor de aprender o idioma. “Alguns me procuraram para dizer que gostariam de aprender mais e se interessaram em fazer um curso de inglês. Ver osalunosquerendoprogredir é revigorante”, afirma.

Revista Appai Educar Decorando o ambiente escolar E por falar em inspirar os alunos, a professora de Artes Thaís Barbosa acredita que a Copa do Mundo pode ser um ótimo momento para trabalhar o lado criativo das turmas, solicitando que elas enfeitassem a escola, a sala de aula e até a casa dos estudantes. No 6º ano, por exemplo, ela sugere um quebra-cabeça com a bandeira do Brasil. “Num primeiro momento apresentar esse símbolo, explicar sobre o significado das cores e das estrelas, depois exibir o quebra -cabeça, que eles têm que montar corretamente”, explica. Com as turmas do 8º ano, a professora sugere uma roda de conversa sobre a localização do Brasil no mapa e a realização de uma caricatura de cada aluno com a roupa da seleção. Já com o 2º ano do Ensino Médio, a sugestão de Thaís é realizar uma pesquisa sobre a localidade, bandeira, idioma e cultura das naçõesparticipantes. Alémdeumdebatesobreostimesdogrupo G (Brasil, Sérvia, Camarões eSuíça). Após issopode ser realizado umquiz e atividades envolvendo danças típicas dos países. Releitura de obras de arte e desenhos Seguindo esse conceito de estudar a cultura dos países, o professor de Artes Geilson Almeida sugere trabalhar conteúdos mais artísticos com os estudantes, como as releituras com obras de RomeroBrito dentro dos efeitos cromáticos das bandeiras mundiais. Ou então abordar as pinturas de telas e reprodução da obra “Futebol em

Revista Appai Educar Brodósqui”, de Cândido Portinari. Nessa atividade, o aluno pode conhecer a representação artística do que ele percebe em seu país. Já o professor de Artes Visuais e História Eduardo Madeiro sugere usar a perspectiva do aluno para criar uma arte de um jogador da seleção brasileira. O primeiro passo é buscar uma boa pose de umatleta de futebol, que servirá de referência para a execução do desenho. Depois disso pesquisar algumas características pessoais para introduzir na produção da obra e construir um esboço do corpocomproporções(formaharmônica)quefiquembem distribuídas na folha A4. O aluno também pode pintar o desenho e criar um cenário. A química por trás da Copa Desde a tecnologia de fabricação da bola até a cobertura de estádios, a Química é essencial para que tudo funcione bem. E a motivação para a realizaçãodesteprojeto no Colégio Estadual Raymundo Correa, em Queimados/RJ, foi o grande entusiasmo dos alunos pelo futebol. Ao notarem interesse pelo assunto, os professores do Ensino Médio propuseram oprojetoAquímicaportrás da Copa, que reuniu 139 alunosdos três anos finais. A metodologia abordou conceitos da Química, utilizando a Copa como tema gerador de conhecimento. Essa estratégia permitiu chamar a atenção dos alunos e incitar a curiosidade deles sobreainfluênciadadisciplinanoevento a ser realizado no Catar.

Revista Appai Educar Cada ano trouxe um contexto diferenciado que complementou as outras séries. Por exemplo: o 1º ano trabalhou a tabela periódica e suas propriedades e os elementos químicos e suas utilidades; o 2º ano abordou soluções e concentrações; já o 3º ano ficou comcompostos orgânicos, estrutura das moléculas e identificação de funções orgânicas. O projeto foi muito bem aceito pelos alunos, qu e participaram e aprenderam maisdeQuímicacomumtema gerador, compreendendo como a disciplina tem importância para a sociedade e em grandes eventos como o Mundial. De acordo com os professores Thais Dionísio, Felipe da Silva e Dillyane Petizero, a avaliação foi realizada de maneira qualitativa durante os momentos de orientação das pesquisas e por meio da apresentação dos trabalhos, pelo domínio de conteúdo e exposição do tema. Os alunos do 1º ano, que estavam começando a aprender sobre tabela periódica no bimestre, puderam se familiarizar mais rapidamente, conhecendo os símbolos dos elementos, suas propriedades, sua localização e suas utilidades no dia a dia. “A turma1.004pôdeaprender não só os conhecimentos químicos, mas também um pouco da cultura de alguns países participantes da Copa por meio da pesquisa realizada”, disse Thais. As turmas de 2º ano, que ficaram com a parte dos exames realizados pelos atletas, compreenderam a importânciadadisciplinapara agarantiadeumapartidajusta esaudável entreos jogadores, podendo desvendar se o atleta consumiu alguma substância proibida ou ilegal, como narcótico, esteroides anabolizantes, estimulantes ou diuréticos para melhorar seu desempenho ou mesmo se fez o uso de drogas ilícitas durante os jogos.

Revista Appai Educar Já o terceiro ano abordou os aspectos químicos das sensações, pesquisando substâncias neurotransmissoras que têmtotal influência sobre nossasansiedades,medos, alegriasetc. eatésobre materiais como o náilon, composto utilizado na confecção da rede do gol. Gol de Placa O futebol pode ser uma ferramenta parapromover as competênciasgerais previstas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), no que diz respeito à Educação Física. De acordo com Verônica Fonseca, coordenadora pedagógica do Impulsiona, é possível colocar em prática um projeto sobre a Copa do Mundo 2022 que seja divertido,educativoequeestimule,por meio do esporte, o desenvolvimento integral dos alunos. “O objetivo é ir além das quatro linhas e fortalecer o desenvolvimento físico, social, emocional e cognitivo das crianças e adolescentes utilizando a competição como base”, explica Verônica. O projeto Gol de Placa, por exemplo, é um jogo de tabuleiro para alunos do Fundamental II e Ensino Médio. “Ele pode ser impresso em folhas A4 colorido ou preto e branco, em qualquer impressora. É muito fácil e divertido de jogar! Seus alunos vão tentar adivinhar cartas relacionadas à Copa do Mundo e avançar casas até marcar um golaço”, explica Verônica.

Revista Appai Educar O material pode ser adquirido gratuitamente através de login no site do Impulsiona. Conheça: Copa doMundo | Impulsiona. Geometria da seleção e dos monumentos catarenses COPA DO MUNDO NA SUA ESCOLA! Ao observar o modelo e a dinâmica dos jogos, é possível tomar como base o desempenho da seleção do Brasil aplicando o estudo de estatísticaou,ainda,observar a presença de aspectos da geometria na construção dos estádios, aliado às peculiaridades culturais do país sede da competição.

Revista Appai Educar A professora de Matemática do Ensino Fundamental II e colunistadaNova Escola Rosiane Prates diz que o esquema tático é uma das atividades que mais se adequam à Copa do Mundo. “Umapráticaquepodeusaro Mundial como gancho é a de utilizar a malha quadriculada em tamanho que desejar (1x1 ou 2x2...) e, a partir daí, apresentar o esquema tático da seleção brasileira para a competição e fazer o aluno identificar os pontos conforme orientado para, depois, reconhecer possíveis figuras geométricas e suas características”, explica Rosiane. Conforme a imagem do campo de futebol, os atletas sãoajustadosdeacordocom a escolhado técnico. Oex-futebolista brasileiro que atuava como volante, Tite, agora técnico da seleção brasileira, costuma organizar os jogadores dessa forma em campo. De acordo com Rosiane, a partir dessa análise, é possível desafiar a turma.

Revista Appai Educar “Por exemplo, o ponto 1B na malha quadriculada representa o jogador Alex Telles, enquanto o ponto 1H representa o atleta Vinícius Junior. Já o ponto no centro das demarcações entre 4H e 4I representa o atacante Richarlison. Encontrar os jogadores conforme as coordenadas pode servir de desafio para a turma”, ratifica a professora. Outra sugestão é evidenciarospadrõesgeométricos por meio da arquitetura das sedes da competição e o contexto cultural da história do Catar, já que cada estádio temumformatoarquitetônico exclusivo. “O projeto do Al Bayt, que será palco para o jogo de abertura da Copa entre Catar e Equador, tem inspiração nas tendas nômades e seu design externo possui padrão geométrico característico da cultura local. Por isso, uma alternativa é desenvolver atividade a partir desse aspecto, considerando a técnica Girih, presente nas ornamentações islâmicas, que consiste em desenhos geométricos formados geralmente por estrelas e polígonos”, exemplifica a professora de Matemática. O termoGirih significa “nó” empersa e refere-se a um conjunto de 5 peças que podemser combinadas de diferentesmaneiras para gerar padrões geométricos geralmente observados nas construções da arquitetura islâmica

Revista Appai Educar Bandeiras em branco Se há uma coisa que os pequenos adoram fazer é deixar a critividade fluir com lápis, canetinhas e giz de cera. Colorir é um ótimo exercício para estimular a coordenação motora, o reconhecimento de cores e a criatividade. As crianças mais novas podem usar giz de cera grosso para treinar a preensão oumergulhar os dedinhos na tinta para usá-los como pincel. As mais velhas podem usar lápis de cor e canetinhas. Para a pedagoga Alinne Paz, de Porto Alegre, ao envolver a Copa do Mundo nesse tipo de atividade, o professor pode mostrar alguns símbolos dos países participantes dos jogos e explorar o assunto coma turma. “Essa é tambémuma oportunidade para contar algumas curiosidades sobre as outras nações. Depois, pode pedir para cada aluno reproduzir a bandeira de que mais gostou”, sugere Alinne. De acordo com a pedagoga, a atividade vai ao encontro da BNCC, da qual a habilidade EI03TS02 consiste em expressar-se livremente por meio de desenho, pintura, colagem, dobradura e escultura, criando produções bi e tridimensionais. “Aosalunosmais íntimosda informática, uma ideiabem divertida é pintar de forma digital através do site Colorir Online, onde as bandeiras de todos os países do mundo estão disponíveis numa plataforma superintuitiva”, recomenda a pedagoga Alinne. Conheça o site Colorir-Online!

Revista Appai Educar Contatos Alice dos Reis: alicereisdavid@outlook.com /@euprofealice Eduardo Madeiro: eduardomadeiro7@gmail.com /@edumadeiro Geilson Almeida: gealmeida14@yahoo.com.br Leonardo Freitas: youtube.com/channel/UCOEj4YqzPC0qKhedq8B2sw Robson Paulino: instagram.com/c.e.republica Sandra Siliprandi: sandrasiliprandi@hotmail.com Tatiana Barradas: @professoratatianabarradas Thais Barbosa: saladearterj@gmail.com / @saladeartes Colégio Estadual Cívico-Militar Subtenente Cláudio Hentzy Ferreira Santo Antônio de Pádua, RJ CEP: 28470-000 Rede Social: facebook.com/CESubtenentePMClaudioHentzyFerreira Fotos cedidas pelos professores e banco de imagens gratuitas do Freepik.

Revista Appai Educar GEOGRAFIA / EMPREENDEDORISMO POR ANTÔNIA LÚCIA BROTOU RESPEITO NO JARDIM

Revista Appai Educar Desde a criação do universo uma das coisas que sempre chamou a atenção do homem é a beleza da natureza e sua capacidade de transmitir paz, harmonia e restabelecer essa conexão entre ele e o ecossistema. No Colégio Estadual República Italiana, localizado em Porto Real, região Sul Fluminense do RJ, o professor de empreendedorismo e geografia Robson Paulino da Silva trabalhou com a natureza e desenvolveu o projeto Nosso Jardim com 8 turmas do Ensino Médio integral, cerca 230 alunos, cujo objetivo era transformar a permanência deles com um aproveitamento do tempo diferenciado, mais leve e aconchegante.

Revista Appai Educar Jardins nos terrários do colégio A proposta, de acordo com o professor idealizador, era trabalhar de forma correlata o conteúdo nas disciplinas que leciona. Para tanto, explica Robson, “no caso da Geografia observamos a questão da agricultura, o manejo do solo, o cuidado com as plantas, coma rega e a quantidade de sol, além do respeito com os horizontes do solo”, destaca. Já no campo do empreendedorismo, o foco foi no trabalho em equipe, na divisão de tarefas e no planejamento. O discente frisa que a todo tempo era explicado aos alunos que aqueleprojeto, aaçãoali realizadaestava muito além de criar um canteiro ou lançar sementes. “Não fomos somente plantando as mudas. Fizemos um estudo paisagístico de semeadura daquilo que faríamos e colocaríamos na escola”, pontua o professor.

Revista Appai Educar REGANDO CONVERSAS, ANTES DAS SEMENTES Um dos momentos do projeto que muitochamouaatençãodoprofessore tambémdos alunos foi aetapade conversação e debates sobre os objetivos da atividade. A ideia era que todos entendessemaimportânciadecadafase, desde o que é um sistema de plantio, as preparações do solo, as práticas de manejo, até temas que antecederam a efetivação prática do projeto. “Discutimos também, por exemplo, que este pode ser um campo de trabalho, um viés empreendedor, uma vez que a agricultura tem demonstrado cada dia mais a sua relevância como ativo para uma vidamais longa e saudável”, ressalta Robson. A valorização do espaço plantado como uma ponte de conexão, aproximação e equilíbrio entre os alunos e natureza ocorreu desde as aulas teóricas, culminando na criação de um espaçodeprática, explicaoprofessor. “Dentrodo jardimtemosumasalanatural. Assim a chamamos por ser um local onde podemos ter intervenções mais próximas à natureza”, afirma. Essa aproximação com a terra foi sentida e apreciada também pelos alunos. Segundo eles, o contato com o ecossistema deixa o ar mais leve e impacta positivamente na aprendizagem. “Além de nos propiciar a ter mais concentração, o projeto ajuda a gente quando estamos ansiosos com algo, especialmente no ambiente escolar que costuma ser mais tenso devido a provas, trabalhos e a rotina”, relata Lorrayne Rodrigues, da 3.001, acrescentando que esse projeto deu luz à escola.

Revista Appai Educar “É maravilhoso ver que todos os alunos se juntaram para participar destemomentoúnicoemarcante. Vocêpercebe que o resultado foi algo grandioso e muito mais que apenas um jardim, sobretudo quando se vê o cuidado diário que todos os alunos têm com as plantas, a dedicação, o carinho e o amor de todo mundo com a natureza. Foi o que mostrou que o jardim tem um significado muito importante para toda aescola”, enalteceLorrayne.

Revista Appai Educar AMBIENTE HARMONIOSO Dentre os muitos aspectos positivos identificadosna realizaçãoe idealização do projeto Nosso Jardim, Robson faz questão de frisar a busca cada vez maior pela paz e amizade entre a comunidade escolar. “Umdos nossos objetivos era criar também um ambiente mais harmonioso para nossos estudantes que passamo dia todo na unidade. Queríamos um local ainda melhor, que deixasse nossos alunos felizes e participando de tudo”, revela o discente. O envolvimento e a integração ativa dos alunos foram um dos fatores decisivos no sucesso do projeto. “Para mim foi muito gratificante ter um contato e uma atividade assimna escola, algo em que a gente realmente é diferente e interessante, e poder ver a evolução de cada plantação do jardim foi muito bom! Na minha opinião foi uma excelente iniciativa do professor Robson de iniciar esse projeto. Poder participar desde o início doprocessodesde colocar a terra, começar a molhar as plantas e ver cada uma delas evoluindo e crescendo foi incrível. Sem contar que deixou a escola muito mais bonita e viva”, enaltece Amanda Lopes Otaviano, da turma 1.001. UM CUIDAR COLETIVO

Revista Appai Educar Para o professor de Geografia, essa verticalidade entre a natureza, solo, vegetação e o homem ameniza vários impactos negativos, não só na vida dos alunos, como também na sociedade, ajudando-nos a conservar e expandir o nosso equilíbrio interior e a nossa saúde emocional. “Todos os alunos participaram ativamente, e até hoje, meses depois, continuama cuidar do jardim. E não houve sequer um caso de vandalismo com nossas plantas, muito pelo contrário, é motivo de orgulho entre os estudantes ver as mais de 300

Revista Appai Educar mudas crescendo e florescendo no ambiente escolar. E saber que isso só foi possível porque eles alunos acreditaram, entenderam e acolheram os exemplares de azaleia, dólar, véu, perpétua, entre outras. Essas plantas ficam espalhadas pela unidade escolar tornandoolugarmaisharmônico, leve, tranquilo e bonito”, comemora o professor Robson, feliz com os objetivos alcançados até o momento. BROTOU NO JARDIM “O mais gratificante foi ver a interação de todos os alunos. Não importando o ano de escolaridade. Parceria, respeito e trabalho. Todos comas mãos na terra, pegando carrinho de pedreiro, pá, baldeeoutras ferramentas com que nunca tiveram contato, no sol, ralaram e absolutamente todos com o sorriso no rosto. E depois, claro, mil e uma postagens nas redes sociais dizendo que a escola hoje foi zero defeitos. Isso não tempreço”, reconhece e valoriza o professor Robson com um largo sorriso no rosto. Colégio Estadual República Italiana Av. Dom Pedro II, 3.353 – Centro – Porto Real/RJ CEP: 27570-000 Tel.: (24) 3353-1808 Fotos: cedidas pela escola Rede Social: instagram.com/c.e.republica

Revista Appai Educar ENTREVISTA POR ANTÔNIA LÚCIA SOFT E HARD SKILLS Habilidades e competências não são assuntos ou temas novos para a sociedade. Entretanto, é bemcomumde tempos em tempos algumas palavras e seus significados ganharem mais projeção, a fim de explicar ou esclarecer, ainda mais, parte ou um todo de um mote ou tópico com o intuito de tornar-se muito popular entre as grandes massas. De acordo com a BNCC a definição de competência é “a mobilizaçãodeconhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas cognitivas e socioemocionais), atituSaiba diferenciar as competências e habilidades técnicas das socioemocionais des e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho. E para ampliar essa contribuição acerca dessa diferenciação entre as competências e habilidades técnicas e as socioemocionais, a Revista Appai Educar convidou Gabriel Alves, CEO da Rede Decisão, para falar sobre essa temática.

Revista Appai Educar RAE – O que são as soft skills, tipos principais e como desenvolver? Gabriel Alves – São habilidades socioemocionais que estão relacionadas ao comportamento e à inteligência emocional de cada indivíduo. Essas competências ajudam no convívio social porque aumentam a capacidade de lidar bem com as emoções, em momentos críticos ou naqueles em que se encontra sob pressão. No trabalho, são importantes para evitar atritos, por exemplo, entre um líder e o liderado. Mas em outras esferas da vida também são fundamentais para manter a harmonia entre pares. Algumas dessas habilidades são comunicação, gestão de tempo e de recursos, autonomia para fazer escolhas mais assertivas, trabalhar bememequipe, ter autoconfiança, mas, ao mesmo tempo, receber bem as críticas.

Revista Appai Educar RAE – Na escola quais são as soft skills e hard skills necessárias para manter um ambiente escolar mais harmônico entre os atores? Gabriel Alves – É importante definir as diferenças entre hard e soft skills. A primeira integra competências e habilidades técnicas que são adquiridas por meio de formação, cursos, certificados. São exemplos delas: fluência e compreensão de idiomas estrangeiros, técnicas de escrita e redação, apresentação de seminários, gestão de projetos, entre outros. Já as soft skills, como explicado acima, são questões mais subjetivas e talvez atémais difíceis de seremavaliadas. Por isso, émuitoimportantetermosorespaldo da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), para que essas competências estejam, obrigatoriamente, na grade curricular. Na escola, elas são aplicadas de forma transversal e multidisciplinar, ou seja, estão presentes em todas as matérias e vão sendo desenvolvidasgradualmenteacada nova etapa do ensino. RAE – Por que só agora no Brasil estão se falando acerca dessas competências? Gabriel Alves – Acredito que já exista esse movimento há alguns anos. A própria BNCC, que foi homologada em 2018, já levaessas competênciasem consideraçãoerecomendaque a escola adapte seu currículo para aplicar e desenvolver as habilidades dentro de diversas disciplinas. Mas o maior interesse no tema pode estar relacionado ao fato de que o mercado de trabalho exige, cada vez mais, que os candidatos tenham essas competências, por ser fundamental ao indivíduo do século XXI e que convive em ummundo globalizado, permeado pela tecnologia.

Revista Appai Educar RAE –Qual adiferençado soft e do hard skill para as competências cognitivas? Gabriel Alves – Softs skills, comomencionadoacima, são competências socioemocionais e, portanto, estão mais ligadas à inteligência emocional e a como o indivíduo se comporta em sociedade. Exemplos dessas habilidades são: criatividade, agir bem sob pressão, ter autocontrole e autoconfiança, trabalhar bem em equipe, respeitar as diferenças e fazer uma boa gestão de recursos e tempo. As hard skills são habilidades conquistadas por meio de cursos e formação em geral, como,porexemplo,aprendera falar inglês ou espanhol, assim como dominar recursos do Excel, ou qualquer outro programa/software. Ou seja, podem ser facilmente observadas por meio de avaliações e provas. Existem alguns exemplos de competências cognitivas, como habilidades motoras e executivas, memorização, atenção e concentração, percepção.Todaselasformamum conjunto de habilidades que são absorvidas em graus diferentes à medida que o indivíduo cresce ou se desenvolve, e que são muito importantes paraqueeleaprendaepassea assimilar as informações, não apenas memorizá-las. Professor, esperamos que as explicações acima tenham cooperado para melhorar e aperfeiçoar ainda mais sua práxis pedagógica junto a seus alunos.

Revista Appai Educar UM MUNDO MELHOR EDUCAÇÃO INFANTIL POR JÉSSICA ALMEIDA Alunos aprendem sobre as questões ambientais e os valores sociais através de uma série de TV

Revista Appai Educar O lúdiconaaprendizagem é capaz de desenvolver habilidades importantes, como atenção, memória e até a imaginação. O cérebro humano se desenvolve por estímulos recebidos nos primeiros sete anos de vida. Por isso a importância de incentivar todos os aspectos: cognitivo, motor e afetivo. E foi exatamente isso que o Espaço de Desenvolvimento Infantil Rocha Pombo, localizado na Zona Norte do Rio de Janeiro, fez com as turmas do maternal II e a Pré-escola I e II. A diretora Elaine Thomaz explica que escolheram a série de TV “O Show da Luna” para trabalhar o projeto anual da escola, principalmente por tratar das questões ambientais e de valores sociais extremamente urgentes para a sobrevivência e para a qualidade da vida global, destacando os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pela ONU. “A escolha da série não foi por acaso. Percebemos que os nossos alunos apresentavam grande interesse pelos episódios e que a animação brasileira também havia sido eleita pela ONU como a série televisiva que leva às crianças a mensagemde alcançar umfuturomelhor emais sustentável para todos”, garante Elaine.

Revista Appai Educar A diretora ressalta que o projeto trouxe a possibilidade de pensar em práticas e pequenas atitudes que podem ser adotadas para mudar o resultado, e que pouco alteram a rotina do cidadão, mas que impactam o meio ambiente. “A ideia foi promover uma reflexão acerca de nossos valores, concepções, práticas e atitudes, de forma lúdica e investigadora, de modo a ressignificar a natureza e o papel socioeducativo, cultural, político e ambiental da escola e da família”, explica Elaine. Seguindo nessa direção, a equipe da unidade escolar procurou dar protagonismo ao educando, valorizando a escuta através de seus interesses, a curiosidade, a construção do conhecimento coletivo, do imaginar, descobrir, explorar e experimentar como o mundo funciona. “Realizamos toda a ambientação do espaço com salas temáticas, blusa personalizada e lembrancinhas confeccionadas pelos alunos.Todaadecoraçãodaescolaseguiu a temática estabelecida”, contamElaine e a diretora adjunta Priscilla Giorgio, idealizadoras da atividade.

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