REVISTA APPAI EDUCAR - EDIÇÃO 156

Ano26–156-2024-CIRCULAÇÃO DIRIGIDA – DISTRIBUIÇÃOGRATUITA Comogamificarcompoucosrecursos?Comotornareseprocesoinclusivo? Comoadaptarjogostradicionaisnesemartecnológico?Esaseoutrasperguntas vocêconferenesamatériaexclusiva!

Revista Appai Educar Conselho Editorial Julio Cesar da Costa Ednaldo Carvalho Silva Andréa Schoch Jornalista Editora Antônia Lúcia Figueiredo (M.T. RJ 22685JP) Assistentes de Editorial Jéssica Almeida Designer Yasmin Gundim Revisão Sandro Gomes Colaboração Luiz André Ferreira Professores, enviemseus projetos para a redação da Revista Appai Educar: End.: Rua Senador Dantas, 117/229 2º andar – Centro – Rio de Janeiro/RJ. CEP: 20031-911 E-mail: jornaleducar@appai.org.br redacao@appai.org.br www.appai.org.br EXPE DIEN TE

Revista Appai Educar LÍNGUA PORTUGUESA POR SANDRO GOMES* USO DA CRASE EM PRONOMES O emprego da crase é um dos assuntos que mais apresenta aspectos diferenciados em nossa língua. Quando a questão é apreciada pelo ponto de vista específico dos pronomes, fica ainda mais variada. A solução pra dominar esse tema não é outra senão estudar. Assim, essa matéria visa facilitar a sua compreensão, permitindo que você saiba utilizar a crase nesses casos. Crase antes de pronome de tratamento Esse está entre os casos mais simples, pois a crase não é usada antes de pronomes de tratamento, a não ser numa única exceção, que é o pronome senhora e sua variante senhorita. Assim: Agradecemos a Vossa Santidade pela oração. A carta foi entregue à senhora ontem. Craseantesdepronomedemonstrativo Nesse caso também temos uma exceção. A crase só é empregada

Revista Appai Educar antes dos demonstrativos aquele, aquela ou aquilo. Dessa forma: Nada a dizer a esta pessoa. Faço referência àquilo que entendemos como ciência. Crase antes de pronome indefinido Nesse caso, a maioria dos pronomes não admite preposição, o que inviabiliza a presença da crase. Isso acontece tanto no caso de pronomes indefinidos substantivos quanto adjetivos. Observe. Nãoassisti anenhum discursoontem. O documento está disponível a qualquer entidade. Há porém exceções no caso de alguns poucos pronomes indefinidos com os quais se pode usar artigo. Veja. Agradeci à outra atendente. Ele mentiu à própria esposa. Crase antes de pronomes pessoais A crase nunca deve ser usada em pronomes pessoais, seja do caso reto ou do oblíquo. E isso por um motivo muito simples: Esse tipo de pronome não admite artigo, logo jamais haverá a contração da preposição “a” com o artigo “a”. Assim: Solicitei a ela que aguardasse. Avisei a ti quanto ao problema. Crase antes de possessivos No caso de pronomes possessivos o uso da crase é facultativo. Dessemodo: Não me dirigi a sua esposa. Devolvi o dinheiro a nossa poupança. Uma exceção é no caso dos chamados pronomes possessivos substantivos, ou seja, aquele que não acompanha um substantivo. Veja o exemplo. Não presto contas a sua diretoria, mas à minha. Crase antes de pronome relativo A crase não vai ser empregada antes dos relativos que, quem, cujo (e suas variantes de gênero e número), porém o relativo qual poderá receber crase. Acompanhe os exemplos. É a pessoa a quem me referi. Aspessoas àsquais medirijojáchegaram. Amigos, sobre esse assunto é isso. Vale estudar pra dominar essa questão e não ter dúvida com relação aos pronomes. Até a próxima, pessoal. *Sandro Gomes é graduado em Língua Portuguesa, Literaturas brasileira, portuguesa e africana de língua portuguesa, redator e revisor da Revista Appai Educar, escritor e Mestre emLitera tura Brasileira pela Uerj.

Revista Appai Educar UMA RECEITA PARA QUEM FICA SENTADO POR MUITO TEMPO: CAMINHAR CINCO MINUTOS A CADA MEIA HORA OPINIÃO POR RUBENS DE FRAGA JÚNIOR Evidências crescentes sugerem que ficar sentado por muito tempo – um elemento básico da vida moderna – é perigoso para sua saúde, mesmo que você se exercite regularmente. Com base nessas descobertas, os médicos aconselham todos os adultos a se sentaremmenos e se movimentaremmais. Com que frequência precisamos nos levantar de nossas cadeiras? E por quanto tempo? Poucos estudos compararam várias opções para chegar à resposta que a maioria dos trabalhadores em escritórios deseja: qual é a menor quantidade de atividade necessária para neutralizar o impacto na saúde de um dia de trabalho sentado?

Revista Appai Educar Agora, um estudo realizado por fisiologistas do exercício da Universidade de Columbia tem uma resposta: apenas cinco minutos de caminhada a cada meia hora durante períodos prolongados sentado podem compensar alguns dos efeitos mais prejudiciais. O estudo, conduzido por Keith Diaz, Ph.D., professor associado de Medicina Comportamental na Columbia University Vagelos College of Physicians and Surgeons, foi publicado on- -line em Medicine & Science in Sports & Exercise , o jornal do American College of Sports Medicine. Ao contrário de outros estudos que testam uma ou duas opções de atividade, o estudo de Diaz empregou cinco “Snacks” ou “lanches” de exercícios diferentes: umminuto de caminhada a cada 30 minutos sentado, umminuto após 60 minutos; cinco minutos a cada 30; cinco minutos a cada 60; e nada de caminhada. “Se não tivéssemos comparado várias opções e variado a frequência e a duração do exercício, só poderíamos fornecer às pessoas nossas melhores suposições sobre a rotina ideal”, diz Diaz. Cada um dos 11 adultos que participaram do estudo veio ao laboratório de Diaz, onde sentaram-se em uma cadeira ergonômica por oito horas, levantando-se apenas para o “snack” de exercício prescrito de caminhada na esteira ou uma pausa para ir ao banheiro. Os pesquisadores ficaram de olho em cada participante para garantir que eles não se exercitariam demais ou de menos e mediram periodicamente a pressão arterial e o açúcar no sangue dos participantes (indicadores-chave da saúde cardio-

Revista Appai Educar vascular). Os participantes foram autorizados a trabalhar em um laptop, ler e usar seus telefones durante as sessões e receberam refeições padronizadas. A quantidade ideal de movimento, descobriram os pesquisadores, era de cinco minutos de caminhada a cada 30 minutos. Esta foi a única quantidade que reduziu significativamente o açúcar no sangue e a pressão arterial. Além disso, esse regime de caminhada teve um efeito dramático em como os participantes responderam a grandes refeições, reduzindo os picos de açúcar no sangue em 58% em comparação com ficar sentado o dia todo. Fazer uma pausa para caminhar a cada 30 minutos por umminuto também forneceu benefícios modestos para os níveis de açúcar no sangue ao longo do dia, enquanto caminhar a cada 60 minutos (por umminuto ou cinco minutos) não trouxe nenhum benefício. Todas as quantidades de caminhada reduziram significativamente a pressão arterial em 4 a 5 mmHg em comparação com ficar sentado o dia todo. “Esta é uma redução considerável, comparável à redução que você esperaria de se exercitar diariamente por seis meses”, afirma Diaz. Os pesquisadores também mediramperiodicamente os níveis de humor, fadiga e desempenho cognitivo dos participantes durante o teste. Todos os regimes de caminhada, exceto caminhar um minuto a cada hora, levaram a reduções consideráveis na fadiga emelhorias significativas no humor. Nenhumdos regimes de caminhada influenciou a cognição.

Revista Appai Educar “Os efeitos no humor e na fadiga são importantes”, comenta Diaz. “As pessoas tendema repetir comportamentos que as fazem se sentir beme que são agradáveis.” Os pesquisadores da Columbia estão atualmente testando 25 doses diferentes de caminhada emresultados de saúde e testando uma variedademaior de pessoas: os participantes do estudo atual tinham40, 50 e 60 anos, e amaioria não tinha diabetes ou pressão alta. “O que sabemos agora é que, para uma saúde ideal, você precisa se movimentar regularmente no trabalho, além de uma rotina diária de exercícios”, pontua Diaz. “Embora isso possa parecer impraticável, nossas descobertas mostram que, mesmo pequenas caminhadas durante o dia de trabalho, podem reduzir significativamente o risco de doenças cardíacas e outras enfermidades crônicas”. O estudo é intitulado “Quebrar a postura sentada prolongada para melhorar o risco cardiometabólico: análise de dose-resposta de um estudo randomizado cruzado”. Os outros colaboradores são Andrea T. Duran (Columbia), Ciaran P. Friel (Feinstein Institutes of Medical Research, Northwell Health), Maria A. Serafini (Columbia), Ipek Ensari (Columbia) e Ying Kuen Cheung (Columbia). Fonte: Breaking Up Prolonged Sitting to Improve Cardiometabolic Risk: Dose-Response Analysis of a Randomized Cross-Over Trial. Link. *Rubens de Fraga Júnior Professor de Gerontologia da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (Fempar) e médico especialista em Geriatria e Gerontologia pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG).

Revista Appai Educar POESIA ANÔNIMA Projeto escolar está incentivando os alunos a se expressarem livremente através da poesia e despertando reflexões em toda a comunidade escolar PRODUÇÃO TEXTUAL POR JÉSSICA ALMEIDA

Revista Appai Educar Os jovens passam por diversas mudanças e descobertas, e essas transformações muitas das vezes interferemna dificuldade emexpressar os seus sentimentos em público. Foi pensando nesses desafios que o Centro Educacional Hemã desenvolveu o projeto Poesia Anônima, como uma possibilidade para que os alunos pudessemexternalizar sem medo e sem ressentimentos as emoções, sentimentos, afetos e sonhos, já que a condição de anonimato evitava que ficassemexpostos, dando voz ao eu lírico de forma livre e permitindo a produção de textos emdiversas temáticas semapresentar a identidade no sentido nominal.

Revista Appai Educar Tudo começou nas aulas de Língua Portuguesa das turmas de 6º e 7º ano do Ensino Fundamental, após ser notada uma dificuldade dos alunos emmanifestar os desejos e expressar sentimentos através da palavra verbal ou escrita. Dessa forma, o projeto nasceu com o propósito de despertar os mais diversos sentimentos e a sensibilidade dos estudantes, tendo como objetivo transformar a realidade, transmitir valores, autonomia, despertar beleza, padrões estéticos, aprimorar emoções, sensibilidade, aguçar sensações e ampliar percepções. Para a realização do trabalho, foi pedido que cada aluno escrevesse uma poesia sobre um tema livre, permitindo inclusive a licença poética como maior forma de atingir os objetivos de expressão. “Em seguida, as poesias nos foram entregues e em nosso fazer pedagógico as orientações foram dadas de forma individualizada, sendo alguns escritos submetidos ao processo de reescrita, para que os estudantes refizessem as devidas correções: gramaticais, de estrutura, coesão, coerência, dentre outras. A ideia é que assim houvesse ummelhor encadeamento de ideias e aprimoramento das poesias”, explica a professora e coordenadora Carla Anarelle do Nascimento.

Revista Appai Educar Após as devidas correções, as poesias foram digitadas e encaminhadas para impressão em papel A3. Em seguida foram expostas no muro externo da escola, explorando as áreas coletivas como forma de propagação da leitura, da arte e da valorização do trabalho pedagógico. A coordenadora ressalta que muitos dos alunos leem as poesias do muro-painel e acabam revelando para os colegas qual é o texto da sua autoria, bem como tentam identificar as criações uns dos outros. “É ummomento mágico de trocas de sentimentos, de cada um se sentir empoderado, por seu reconhecimento de valor autoral e, ao mesmo tempo, de promover, através da poesia, visões de vida, mensagens de positividade para todos os alunos, professores, funcionários, pais e pessoas da comunidade que passam em frente à escola”, pontua Carla.

Revista Appai Educar Um dos ganhadores do projeto desse ano, Isaac de Lima Arantes, conta que a sua inspiração veio de depoimentos de pessoas e do que ele via ao redor sobre a vida. “Algumas coisas boas, outras ruins... e assim comecei a refletir. No momento em que escrevi a poesia, mudei a minha forma de ver a vida e passei a superar os problemas mais facilmente. Foi uma surpresa saber que eu havia ganho, pois existiam outros textos e temas muito bons. Fiquei feliz em saber que serviu de reflexão para as pessoas que pararam para ler”, afirma o aluno do 7º ano. De acordo com Carla, após a exposição das poesias anônimas, a escola ganhou uma grande visibilidade, aguçando os olhares apaixonados pelas escritas e provocando algumas reflexões. “A identificação foi tanta que muitas pessoas, além de lerem, também tiravam fotos e postavam em redes sociais ou mandavam para amigos e familiares como forma de presentear com palavras a quem é lembrado”, explica. A escola também teve a presença de um grande escritor local, Sr. Gila, que automaticamente se identificou com o projeto e presenteou os alunos poetas com os seus livros.

Revista Appai Educar Fotos cedidas pela escola e banco de imagens do Pexels e Freepik. A professora conta ainda que, embora não seja umprojeto novo na escola, pela primeira vez tomou a proporção de ser exposto ao público externo. “Sempre acreditei na poesia como meio de comunicação e compartilhamento de emoções, mas não imaginei que seria tão impactante na vida das pessoas. Uma atividade queme deixou bastante emocionada e reflexiva ao perceber quantos sentimentos foram tocados demaneira única e profunda como poder das palavras. Muito bom ter a chance de assistir de perto a capacidade dos alunos em produzir poesias e afirmar suas autonomias. Mesmo após a retirada do projeto, as pessoas continuamperguntando quando terá novamente, pois todos ficaramencantados como que foi apresentado. É gratificante demais saber que, mesmo na correria do dia a dia, tiraramesse tempinho para contemplar as poesias”, finaliza Carla.

Revista Appai Educar TECNOLOGIA BASEADA EM JOGOS DIGITAIS Como gamificar compoucos recursos? Como tornar esse processo inclusivo? Como adaptar jogos tradicionais nessemar tecnológico? Essas e outras perguntas você confere nessamatéria exclusiva! MATÉRIA DE CAPA POR ANTÔNIA FIGUEIREDO E JÉSSICA ALMEIDA

Revista Appai Educar Normalmente quando tratamos de um tema, o mais comum é começar explicando qual o seu significado. Mas, quando falamos de inovação, de criatividade, o céu é o limite. Ao perguntar ao docente Thiago do Carmo Lopes – licenciado emmatemática, mas atuando como Professor Articulador do Colaboratorio do GET Pablo Picasso, localizado na Zona Oeste – o que é gamificação, a resposta foi primeiramente desmitificar um entendimento errôneo acerca do tema. De acordo com ele, não se trata do uso de jogos considerados clássicos, ou mesmo o de alguns contemporâneos, em sala de aula, como bem destacam vários autores.

Revista Appai Educar “Gamificação é uma estratégia de promoção ativa de aprendizagem a partir do design de experiências digitais e mecânicas de jogos para motivar e engajar os estudantes, ou seja, é a utilização desses elementos lúdicos, sistema de pontuação, ranking, premiações, fases, evolução progressiva de dificuldades, de desafios, com intencionalidade pedagógica. Hoje, em alguns contextos, a gamificação se torna uma ferramenta poderosa porque pode proporcionar ao estudante um ambiente motivador, que desperte nele engajamento, reflexão, aprofundamento de conceitos, generalizações de modelos escaláveis, colaboratividade, resiliência, entre tantas outras habilidades e competências importantes para o século XXI”, esclarece Thiago Carmo Lopes. Por que ela é importante? Muitos ainda se perguntam por qual motivo a gamificação na educação é importante? Isso porque, mesmo no século XXI, muitas escolas, por várias razões, que vão desde infraestrutura até falta de investimento público ou até mesmo formação continuada dos professores, ainda não fazem uso dessa metodologia de adotar conceitos de jogos dentro do processo de aprendizagem com a amplitude e aprofundamento que esses recursos têm a oferecer. Segundo o professor Thiago, a gamificação permite acessarmos, principalmente, estudantes que se sentem desmotivados com o modelo tradicional de ensino, que tende a se

Revista Appai Educar caracterizar como uma abordagem excessivamente centrada no docente, onde ele é a única fonte do saber e todos recebem, de maneira transmissiva e apática, os conceitos de determinado campo do saber. “No sentido contrário a essa prática está a gamificação, isto é, ela pretende dar ao estudante agência e protagonismo na construção de seu saber, valorizando, inclusive, seus conhecimentos anteriores. A gamificação, nesse sentido, atrai o estudante com os elementos dos jogos e permite que ele, agora motivado por tudo o que aparece nas competições (pontuação, gradação de desafios/dificuldade, rankings etc.), construa um conhecimento a partir de sua interação com a disputa”, garante. E nesse cenário, segundo o professor, estão contidas regras e complexidades variáveis, inclusive de conceitos, com o mundo e com os colegas, uma vez que emmuitos casos os jogos necessitam de equipes de participantes.

Revista Appai Educar Desafios encontrados pelos professores ao tentar implementar a gamificação com recursos limitados O professor de Física e Educação Tecnológica no Colégio Teresiano, Thiago Tavares, afirma que, de uma forma generalizada, existe a dificuldade central para o acesso livre à grande rede. “Em ummundo dito conectado, é preciso repensar o acesso democrático a uma internet segura e eficiente em qualquer realidade na educação. Também é urgente oferecer nas escolas o apoio não só material, mas de capacitação profissional. Pois emmuitas situações já ocorre o fato de educadores se adequarem a trabalhar de uma maneira analógica e acimentada devido às condições materiais frequentes”, destaca.

Revista Appai Educar Como adaptar jogos tradicionais nesse mar tecnológico? O educador Thiago Tavares pontua que o jogo, antes de uma abordagem didática, possui uma função social. Necessariamente é preciso compreender a importância daquelas brincadeiras em cada contexto, antes de assumir que elas necessitam de alguma mudança. “Diversos jogos e brincadeiras nascem e se reinventam no meio digital, então basta às vezes apenas perguntar aos estudantes o que eles têm a dizer sobre isso. O tradicional “stop” hoje já é reconhecido como “Gartic” e possui infinitas variações. Se o docente adota a tarefa de construir a releitura de um jogo, é preciso que nesse processo estejam incluídos aqueles que mais fazem uso deles: os próprios estudantes”, explica.

Revista Appai Educar Garantindo que a gamificação seja usada de maneira equitativa e inclusiva em sala de aula Para Thiago Tavares, primeiro é necessário começar da reflexão sobre o espaço escolar em suas mais variadas dimensões: onde minha escola fica, qual a realidade material dos estudantes, quais as questões urgentes, quais os casos de vulnerabilidade social, qual o padrão de consumo de internet (ou se ele não existe) e o que mais for importante analisar. “Tendo esses dados em mãos, é possível construir uma proposta que consiga englobar a todos. Um exemplo talvez seja o estudo da linguagem estética das redes, consequências do engajamento em torno de padrões de consumo e o estímulo de novas formas de comunicação e criatividade, amparadas em um comportamento crítico e ético”, exemplifica. Escolas ou professores que têm tido sucesso na implementação da tecnologia empreendedora em ambientes de recursos limitados A tecnologia empreendedora muitas vezes é vista apenas no prisma da robótica e automação. Mas existe uma via de trabalho, que hoje representa uma parte muito considerável do próprio mercado de consumo, que é a produção de conteúdo digital. Tavares destaca que qualquer pessoa, portando um celular, é capaz de criar comunidades em torno de seu conteúdo digital, mudando o paradigma de que apenas agências de publicidade conseguem atingir as emoções de um público consumidor. “No Colégio Teresiano, como objetivo do projeto político-pedagógico orientado a projetos sociais, há a necessidade de construir perfis digitais nas mais variadas redes (Instagram, TikTok) para atrair engajamento para as causas sociais defendidas durante a construção de seu projeto de vida. Para isso, não foi necessário (como instrumento) nada mais que o próprio celular dos estudantes”, afirma.

Revista Appai Educar Os benefícios e a ludicidade Quando tratamos de gamificação, sobretudo em sala de aula, um dos pontos centrais certamente recai no eixo benefício. Entretanto, um outro ponto que inquieta os docentes é saber o limite, ou seja, a fronteira entre benefícios e diversão. O professor Thiago Lopes ressalta que a aprendizagem requer esforço, e que isso é um dado da realidade, algo irrefutável. Como diz o professor Clovis de Barros Filho: “melhorar nossa capacidade intelectiva requer tanto esforço quanto criar músculos, nadar travessias, correr maratonas”. Entretanto, ainda segundo Thiago, esse esforço cognitivo é mais palatável aos estudantes, quando temos abordagens que dialoguem com as coisas que os interessam.

Revista Appai Educar “Há autores que chamam isso de ‘diversão dura’. Jogos, normalmente, são categorizados pelos estudantes como momentos prazerosos. Dessa forma, as atividades, com intencionalidade pedagógica, que são gamificadas, quando presentes em sala de aula, motivam e atraem os discentes. Fazendo com que o estudante encontre prazer e diversão aliado ao desenvolvimento intelectivo e ao avanço de habilidades necessárias”, esclarece Thiago. Dentro ainda dessa narrativa, um outro ponto de muita dúvida para os professores talvez seja como, de que forma, ou qual seria o melhor formato, para a incorporação de elementos de jogos em sua metodologia de ensino sem a necessidade de recursos tecnológicos tão avançados? É importante que partamos do princípio de que, mesmo em tempo de grandes avanços tecnológicos, uma caneta, um lápis, uma folha de papel podem sair do lugar-comum e ser sim transformados em algo inovador, criativo e surpreendente. É o que mostra Thiago, ao apresentar o jogo “Trilha dos Restos”, construído com seus alunos do GET Pablo Picasso e apresentado na Bienal do Livro, e um outro, “Aprendendo a coletar”, produzido por ele e pelos estudantes. “Esse produto nasce de uma demanda dos próprios alunos. Eles observaram que muitas pessoas no entorno deles e no caminho que eles fazem para vir para a escola descartam resíduos sólidos de maneira irresponsável. Assim, propuseram que criássemos uma competição, onde as pessoas depositassem corretamente os resíduos nas suas respectivas lixeiras. Dado o nosso contexto, desenvolvemos o jogo utilizando a plataforma on-line “Scratch” (https://scratch.mit.edu/ projects/880989256), enfatizando que ambos os jogos apontam para princípios importantes”, atesta.

Revista Appai Educar Como funciona cada jogo? Lopes explica a transformação da escola municipal no GET Pablo Picasso com a construção do laboratório maker, com ummodelo inovador que leva seus 240 alunos do Ensino Fundamental I a pensarem em propostas inovadoras e soluções criativas, com um trabalho interdisciplinar. Segundo Thiago, “a intenção dos jogos criados não é tão somente premiar aquele que consegue cumprir todas as etapas apresentadas pelos games, mas sobretudo levar os alunos a perceber a intencionalidade pedagógica, o protagonismo de cada um, intensificar a colaboração, a depuração dos possíveis problemas e exibição dos projetos”, afiança o professor. Ele destaca que a ideia central é levar o aluno, jogador, a descartar corretamente os resíduos nas respectivas lixeiras, antes que o cronômetro atinja a marca “100”. São três níveis ao todo, explica ele, frisando que a cada um deles o grau de dificuldade é incrementado com a aceleração na marcação do tempo, à medida que o usuário vai avançando nas fases. “Assim, podemos observar do relato acima os seguintes elementos do jogo: pontuação, gradação da dificuldade, cronômetro, história condutora, por exemplo”, enumera o docente.

Revista Appai Educar Já o jogo “Trilha dos Restos”, por exemplo, foi criado a fim de permitir que estudantes da educação básica, que já tenham tido contato com as noções envolvendo as quatro operações, construam e/ou solidifiquem os conceitos relacionados à operação de divisão. Nesse caso, é facilmente observável a gradação da dificuldade à medida que se avança pelo tabuleiro e pelas possibilidades contidas no dado lançado, a necessidade de planejamento e antecipação de movimentos a serem realizados quando se está numa determinada casa perto da vitória, entre outros elementos. Para o professor, partir de jogos que dialoguem com a realidade dos estudantes, promover gradação de dificuldade e de desafios, incentivar os estudantes a não desistirem diante das possíveis derrotas/obstáculos, fomentar atuação colaborativa na resolução de problemas, são princípios importantes da gamificação, que podem ser implementados sem a necessidade de um aparato tecnológico de ponta. Mas ressalta que alguns princípios chave, independente das condições favoráveis de mais ou menos recursos, não podem ser desconsiderados ao se projetar jogos ou atividades. São eles “a intencionalidade pedagógica, protagonismo do aluno, diversão dura, colaboração, depuração dos possíveis problemas e exibição dos projetos”, atesta Thiago.

Revista Appai Educar Criatividade como um elemento central na gamificação da educação Se tem algo muito buscado nos tempos atuais é a criatividade. Essa capacidade humana, extremamente valorizada, desempenha um papel fundamental na gamificação da educação, pois ela pode tornar o processo de ensino-aprendizagemmais envolvente e estimulante para os alunos. Um dos exemplos, segundo Thiago Lopes, é a Construção de Jogos. Na opinião do professor, deve-se permitir que o estudante crie seu próprio jogo, desde a história condutora, os personagens que comporão aquele game, as regras para premiar, punir, as gradações de dificuldades, ou seja, todos os elementos envolvidos, já que são ferramentas que estão fundamentalmente associadas à capacidade criativa do discente.

Revista Appai Educar “Envolver os alunos na criação de seus próprios jogos educacionais é uma abordagem altamente criativa. Isso pode incluir o uso de ferramentas simples de criação ou programação para construir jogos que abordem tópicos específicos do currículo”, observa o docente, lembrando que é muito importante que sejam colocados para as turmas objetivos claros acerca do que se quer criar. Dentro desse contexto, Thiago pontuou alguns objetivos que, para ele, precisam constar na programação didático-pedagógica para nortear a criação dos estudantes. Vejamos:

Revista Appai Educar • Defina um objetivo claro, dê clareza à intencionalidade pedagógica. Que habilidade, competência quero que meu aluno tenha. O que espero que ele aprenda com o desenvolvimento desse jogo? • Produza com os estudantes uma história incrível: todo jogo tem que ter uma história motivante de fundo. • Deixe que os estudantes estabeleçam as decisões dentro do jogo. • Aponte caminhos e possibilidades, caso não surjamnaturalmente, mas provoque o poder de proposição deles. • Promova a colaboração. • Encoraje os alunos a expor suas ideias e projetos. • Crie oportunidades para os alunos compartilharem seus jogos com os colegas e celebre suas realizações. Isso pode aumentar a motivação para ser criativo. • Vamos jogar? • Numbox à parte coloque como funciona o jogo on-line “Aprendendo a coletar”, que foi desenvolvido como uso da plataforma Scratch (https://scratch. mit.edu) de programação emblocos. • “Aprendendo a coletar” é composto de três fases e, à medida que o usuário conseguir descartar corretamente os resíduos sólidos nas respectivas lixeiras, antes que o cronômetro atinja o marco 100, ele avança para a próxima fase. • O usuário começa o jogo com duas chances de errar, que aqui expressamos como “vidas”, e o cronômetro zerado. Porém, a dificuldade é progressiva e se expressa principalmente pela quantidade de resíduos que, a cada avanço de nível, aumentam em quantidade.

Revista Appai Educar • Um outro incremento de dificuldade é a velocidade com que o cronômetro avança. Na fase 2, o cronômetro já tem um pequeno incremento em relação à fase 1 e o mesmo acontece com a fase 3, onde o impulso da velocidade é bemmais significativo, se comparado à fase 1. • Na primeira fase, o usuário deverá clicar no resíduo que deseja descartar e, usando as teclas do teclado, movimentar os resíduos até a lixeira de sua preferência obedecendo, obviamente, os tipos de lixo estipulados para cada lixeira (vermelho para plásticos, amarelo para metais, verde para vidros e azul para papéis). • Na segunda e na terceira fases, o usuário poderá usar o mouse para arrastar os resíduos até as lixeiras. • Caso conclua com sucesso as três fases, será exibida a mensagem: “Parabéns, carioca! Tu é brabo!”. Caso não consiga cumprir as tarefas dentro do tempo, será exibida a mensagem “Game Over”.

Revista Appai Educar Ginásio Educacional Tecnológico Pablo Picasso Rua Arari, s/nº – Padre Miguel – Rio de Janeiro/RJ CEP: 21870-000 Tel.: (21) 3335-2602 E-mail: emppicasso@rioeduca.net Colégio de Aplicação Teresiano - PUC Rio RuaMarquês de São Vicente, 331 – Gávea – Rio de Janeiro/RJ CEP: 22451-041 Tel.: (21) 3206-2800 *Thiago do Carmo Lopes é licenciado em Matemática pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e está na rede municipal de educação da Cidade do Rio de Janeiro desde 2012, quando atuava como secretário escolar. Em agosto de 2021, foi convocado para assumir o cargo de Professor de Ensino Fundamental – Anos Iniciais, da Rede Municipal de Educação da Cidade do Rio de Janeiro e atua, desde então, no Ginásio Educacional Tecnológico Pablo Picasso, na Oitava CRE. É Professor Articulador do Colaboratorio e atende todas as 239 crianças da escola, promovendo uma aprendizagem interdisciplinar mediada por vários tipos de tecnologia (de máquina de costura à modelagem e impressão 3D), com abordagem Steam, viabilizando uma aprendizagem “Hands-on” (mão na massa). Fotos: GET Pablo Picasso Banco de imagens gratuito do Freepik

Revista Appai Educar EDUCAÇÃO FINANCEIRA COMO FERRAMENTA DE EMPODERAMENTO Projeto transforma aprendizado lúdico em conquistas financeiras sólidas EDUCAÇÃO FINANCEIRA POR ANTÔNIA FIGUEIREDO

Revista Appai Educar A educação financeira é um dos pilares para a formação de cidadãos responsáveis e capazes de tomar decisões conscientes em um mundo cada vez mais guiado pelo dinheiro. Com o intuito de preparar as novas gerações para enfrentar os desafios financeiros, o projeto Dinheiro do conhecimento, idealizado pela Professora Carla Alves do Nascimento, na Escola Municipal Luiz Leite de Brito, em Seropédica, Rio de Janeiro, tem respondido com bons rendimentos.

Revista Appai Educar O projeto, que busca ensinar a importância do planejamento financeiro de maneira lúdica e interativa, tem como objetivo geral contribuir para a autoestima, o autoconhecimento e o raciocínio lógico dos estudantes do 4º ano da Escola Luiz Leite de Brito, desenvolvendo habilidades criativas e autônomas através de diferentes meios, entre eles a “feira bazar” com intuito de valorizar todo o ambiente escolar. Durante as aulas semanais de matemática, os estudantes têm o compromisso de realizar as contagens dos valores aquiridos a partir das demandas já preestabelecidas pelas turmas (veja tabela abaixo). “Cabe ressaltar que o dinheiro é uma representação emminiatura da moeda brasileira que tem o carimbo da professora em todas as notas, que precisam ser cuidadas e organizadas ao longo de todo o projeto por cada aluno”, pontua a docente, destacando que os valores definidos pelos grupos podem ser mudados de acordo com a dinâmica e interesse das turmas. ATIVIDADE VALOR POR ATIVIDADE Tarefa de casa R$5,00 Presença e participação das aulas R$5,00 Kit higiene (escova, pasta, toalhinha) R$5,00 por item Livros e cadernos nos dias corretos R$5,00 Projeto “Desafio Dado é Desafio Cumprido!” Varia de R$2,00 a R$10,00 Comportamento diário R$10,00 Organização da sala de aula no final das aulas R$10,00 Ditado temático R$10,00

Revista Appai Educar Da teoria à prática De acordo com a professora Carla, em sala de aula o projeto Dinheiro do conhecimento surge como uma resposta ao Programa Educação Financeira nas Escolas, lançado pelo Governo Federal em parceria com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em 2018. “A iniciativa visa enriquecer a experiência educacional dos alunos, promovendo o desenvolvimento de suas habilidades financeiras e estimulando a responsabilidade pessoal desde cedo”, explica Carla Nascimento. Enfrentando desafios na educação matemática Segundo a professora, a proposta prática tem como foco central o ensino do raciocínio lógico-matemático, visto que o entendimento de conceitos básicos de economia e finanças está intrinsecamente ligado à matemática. Conforme estabelecido na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), esse estudo é essencial no Ensino Fundamental, mas isso não elimina os desafios. E um dos obstáculos enfrentados no ensino dessa disciplina é a resistência dos alunos devido à percepção de que a matéria se baseia apenas na memorização.

Revista Appai Educar No entanto, “o projeto Dinheiro do conhecimento busca mudar essa perspectiva ao envolver os estudantes no processo de aprendizado, incentivando a autonomia e o comprometimento com o desenvolvimento de suas habilidades”, relata a docente acrescentando que, além das dificuldades na disciplina de matemática, muitos alunos carecem de uma rotina de estudos adequada e apresentam falhas no aprendizado e no raciocínio lógico-matemático. “Dessa forma o projeto também se propõe a preencher essas lacunas, capacitando os jovens a serem mais responsáveis por seu próprio conhecimento”, frisa validando que a gamificação torna a matemática mais acessível e envolvente para os alunos, mudando a percepção negativa que muitos têm da disciplina. Isso resulta emmaior participação, melhor compreensão dos conteúdos e fortalecimento das relações interpessoais entre os estudantes.

Revista Appai Educar Gamificação como estratégia pedagógica Por essas e outras barreiras comuns à disciplina de exatas, a gamificação das aulas de matemática tem se revelado uma estratégia pedagógica eficaz. É o que observa a equipe pedagógica, ao afirmar que o game transforma a percepção da matemática como uma disciplina intimidante em uma experiência envolvente para os alunos. A professora Carla Alves do Nascimento concorda, destacando que o projeto é uma oportunidade de desmistificar a matemática e torná-la acessível aos educandos. “O sucesso da iniciativa se traduz em estudantes mais confiantes e preparados para enfrentar os contratempos financeiros na realidade”.

Revista Appai Educar O projeto, que é incorporado às aulas de matemática, envolve atividades semanais nas quais os alunos precisam cumprir tarefas preestabelecidas, cada uma com um valor específico em “Dinheiro do conhecimento”. Essa moeda fictícia, carimbada pela professora, é utilizada pelos estudantes para realizar compras em uma “feira/bazar” organizada semestralmente. Segundo as turmas, a feira é abastecida principalmente com brinquedos e jogos doados pelos próprios alunos, o que os incentiva a passar adiante o que já não é mais utilizado. Essa dinâmica ensina aos estudantes a importância de compartilhar e a noção de que economizar pode levar a compras mais significativas no futuro. Os rendimentos do projeto não poderiam ser melhores.

Revista Appai Educar Escola Municipal Luiz Leite de Brito Estrada da Fonte Limpa, s/nº – Santa Sofia – Seropédica/RJ. CEP: 23895-530 E-mail: emluizleitedebrito@educa.seropedica.rj.gov.br Professora Carla Alves do Nascimento Desenvolvimento e resultados Ao falar como os educandos vivenciam essa realidade financeira e empreendedora, Carla destaca que o projeto tem revelado surpresas positivas, como alunos que assumem responsabilidades financeiras em casa e se mostrammais comprometidos com suas tarefas escolares. Essas experiências proporcionam aprendizados valiosos para toda a vida. É o que conta a aluna Nicolly Vitória, que fez questão de enfatizar o valor de se preocupar com os outros, enquanto o colega Ítalo Júnio destaca a importância de compartilhamento e o jovem Clayton, a responsabilidade e motivação adquiridas durante a realização das tarefas escolares. Conclusão O projeto Dinheiro do conhecimento é um exemplo inspirador de como a educação financeira pode ser transformada em uma experiência pedagógica enriquecedora e envolvente. Ao ensinar conceitos financeiros de forma lúdica e interativa, a atividade preparou os alunos para tomar decisões conscientes e responsáveis em ummundo cada vez mais complexo. Além disso, a gamificação das aulas de matemática demonstra como estratégias pedagógicas inovadoras podem revolucionar a percepção dos estudantes em relação a disciplinas tradicionalmente temidas. O “Dinheiro do conhecimento” não apenas enriquece o aprendizado dos alunos, como também os empodera para a vida.

Revista Appai Educar UM FUTURO MAIS VERDE E SAUDÁVEL Escola promove mostra de conscientização sobre sustentabilidade e alimentação FEIRA DE CIÊNCIAS - SUSTENTABILIDADE POR ANTÔNIA FIGUEIREDO

Revista Appai Educar Quando o assunto é buscar qualidade de vida, o mundo agradece o empenho de todos. E no Colégio Estadual Coronel Sérgio José do Amaral, localizado em Suruí, Magé, tradicionalmente essa constância se repete a cada ano. Alunos, professores, funcionários e pais participaram ativamente, no mês de setembro, do consagrado projeto Feira de Ciências - Sustentabilidade, realizado entre as turmas do Ensino Médio. Coordenado pela diretora Jacqueline Motta, também professora de Biologia, o diretor adjunto Luiz Cláudio Lopes e demais professores, junto com a docente Valéria Alves dos Santos de Andrade e os quase 300 alunos, o projeto foi uma criativa mostra de conscientização sobre sustentabilidade e escolhas alimentares sustentáveis através de várias exposições dos conhecimentos adquiridos em sala de aula e durante pesquisas no percurso da feira. O evento, que conta com a participação ativa do corpo docente da escola, foi um grande sucesso com os participantes demonstrando entusiasmo e determinação em promover uma ampla discussão e reflexão sobre um futuro mais verde e saudável para todos.

Revista Appai Educar Recepção positiva dos alunos Recebido de forma muita calorosa pelos alunos, o projeto Feira de Ciências – Sustentabilidade envolve diretamente todos os professores do Coronel Sérgio, que atuam antes e durante o evento como monitores das turmas. “Desde o início, os estudantes demonstraram entusiasmo e ansiedade, embora também tenham enfrentado alguns medos e inseguranças naturais. No entanto, à medida que o evento se aproximava, os receios foram sendo superados, e os discentes concluíram que haviam ultrapassado as expectativas”, destaca Valéria. Para a aluna Kassiane, da turma 2.001 Inova, “foi um período de portas abertas que nos deu a oportunidade de ensinar e aprender com nossos colegas”. Já para o aluno Ramon, da mesma classe, o período foi de mudanças e realização.

Revista Appai Educar Um dos pilares da tradicional Feira de Ciências do Colégio Estadual Coronel Sérgio José do Amaral é incentivar os alunos a explorarem questões ambientais graves, desenvolver habilidades de pesquisa, pensamento crítico e resolução de problemas, além de promover a conscientização sobre a importância da sustentabilidade em suas vidas e na sociedade como um todo. Segundo a equipe pedagógica, existe um esforço coletivo entre a comunidade escolar, a fim de que, na medida do possível, as apresentações reflitam um compromisso com a proteção do meio ambiente e a promoção de práticas sustentáveis. “O nosso intuito é conscientizar os participantes sobre os conceitos de sustentabilidade e transformar maus hábitos alimentares em práticas mais saudáveis, tornando-as amigas do meio ambiente”, enfatiza a professora Valéria, destacando que a escola acredita que tem o poder de formar, transformar e difundir conhecimentos não apenas entre os alunos, mas também envolvendo os funcionários e pais, contribuindo assim para a comunidade e a sociedade como um todo.

Revista Appai Educar Impacto da educação ambiental sustentável A educação ambiental sustentável ganhou um espaço significativo na Coronel Sérgio José do Amaral, tanto dentro quanto fora da sala de aula. Disciplinas como “Mãos à Horta” e “Práticas Sustentáveis” envolveram os alunos desde a criação de uma horta na escola até atividades de compostagem. Segundo a direção, além de já terem colhido verduras e legumes da própria escola, os educandos também já participam de oficinas sobre plantas medicinais e manejo da terra, aprendendo a criar composteiras usando garrafas pet na disciplina de Educação Ambiental, com a professora Cleyde, como uma alternativa sustentável. Além disso, acrescenta Valéria, a conscientização sobre alimentos orgânicos e a importância de enriquecer o solo de forma natural têm sido questões abordadas em diversas atividades, despertando e motivando os discentes. Com isso, afirma a professora, “toda essa prática na Educação Ambiental enriquece ainda mais as apresentações, que abordam a importância da conscientização sobre a sustentabilidade”.

Revista Appai Educar Redução do desperdício de alimentos Na busca por práticas sustentáveis, o colégio vem demonstrando um compromisso sólido em relação à redução do desperdício de alimentos em seu refeitório. Embora não se trate de um problema significativo devido à alta qualidade da merenda escolar, a escola adotou práticas inteligentes, como a oferta de repetições após todos os alunos terem se alimentado, conforme menciona a professora. Dentro dessa esfera de educação sustentável, um aspecto que ainda está sendo trabalhado é o destino das cascas e talos de verduras, que são agora destinados à horta da escola. “Especialmente esses resíduos, que são oferecidos aos alunos, precisam ser separados das demais partes de vegetais para serem adequadamente compostados. Essa questão foi discutida com ênfase durante a feira de conscientização, sendo destacada a importância da gestão responsável de resíduos orgânicos”, além do uso consciente dos recursos naturais. Inclusive, vale destacar o trabalho com visão empreendedora da turma 2.001, que teve o professor Alfredo como moni-

Revista Appai Educar tor sobre o manejo da água na escola, e que encantou os visitantes e avaliadores. A aluna Thayssa, da turma 2.001 Inova, lembra com satisfação do período de muito esforço, porém de muito aprendizado em diversas áreas. “Despertou nosso lado criativo e artístico, conhecimento e trabalho em grupo”. Também a turma 3.001 não poupou esforços em carregar grama sintética que havia sido descartada na vizinhança para ornamentação da sala e criação do cenário (orgânicos, transgênicos e agrotóxicos), uma abordagem belíssima sob monitoria da professora Cleyde. “Toda conquista só é possível quando o esforço e empenho são mútuos e, por mais que surjam adversidades, sempre serão superadas”, afirma. A turma de 1° ano, sob a mentoria da professora Nilcilene, mostrou que o audiovisual é um grande aliado educacional, substituindo cartazes por projeções nos chromerbooks. “Tudo isso reforça a certeza de que existe esperança para o nosso planeta”, pontua a docente. Trabalhos sustentáveis Durante a feira foi possível ver, em cada estande, a criatividade dos alunos ao apresentaremmaquetes, modelos ou protótipos de dispositivos que demonstravamdesde a importância de fontes de energias renováveis – como funcioname de quemodo podemcontribuir para a redução das emissões de carbono – até outros trabalhos quemostravamna práticamaneiras simples e eficientes de reduzir o desperdício, reutilizar materiais e reciclar comeficiência. A questão da conservação da água também se fez presente, comexplicações que favorecem a captura, purificação e reutilização de forma sustentável.

Revista Appai Educar Como forma de incentivar as iniciativas foi criado um júri de avaliadores externos, composto por Rosiane Maria da Silva, da Prefeitura do Rio de Janeiro; Hemerson Gomes, Coordenador da Unifeso Magé; Renan, Bacharel e Licenciado em Geografia; e Mirelle Nóbrega, formanda em Licenciatura em Física pelo Cefet, além dos diretores que também participaram da avaliação. Os três trabalhos que na opinião deles mais se destacaram em suas contribuições sustentáveis tiveram como vencedores as turmas 2.001, com a primeira colocação, seguida da 3.001 e da 2.003, que conquistaram os 2º e 3º lugares respectivamente. Como premiação haverá um passeio para conhecer o campus da UFRRJ em Seropédica na Semana de Ciências e Tecnologia, além de medalhas simbólicas de honra ao mérito aos 1°, 2° e 3° lugares. O evento de conscientização sobre sustentabilidade e alimentação do Colégio Estadual Coronel Sérgio José do Amaral não apenas demonstrou o compromisso da escola com um futuro mais verde e saudável, mas também inspirou estudantes, funcionários e pais a fazerem escolhas mais conscientes em relação ao meio ambiente e à alimentação. “Com o sucesso desse evento, a escola continua sua missão de educar e transformar não apenas seus alunos, mas também toda a comunidade em direção a um futuro mais sustentável”, garante a professora Valéria Alves. Colégio Estadual Coronel Sérgio José do Amaral Rua João Félix do Bonfim, s/nº – Centro – Suruí – Magé/RJ CEP: 25922-860 Professora: Valéria Alves dos Santos de Andrade Mídias sociais: informa.coronel2003

Revista Appai Educar NA ESCOLA Gêneromusical faz sucesso entre os alunos e oferece inúmeros benefícios para uma aprendizagemmais participativa TEMA TRANSVERSAL POR JÉSSICA ALMEIDA

Revista Appai Educar ualquer tipo de expressão cultural nas escolas tem inúmeras vantagens e contribuições para o desenvolvimento educacional e cultural dos estudantes. A professora Maria Antonia Vieira, da rede municipal de Duque de Caxias, escolheu o hip-hop para trabalhar nas instituições em que leciona. Isso porque o ritmo faz parte do projeto pedagógico desenvolvido anualmente em escolas públicas do Rio de Janeiro, onde são apresentados os pilares dessa expressão cultural, questionamentos e reflexões. Q

Revista Appai Educar O intuito do projeto é a valorização do aluno como indivíduo agente no lugar onde vive, onde ele se percebe como cidadão e se conscientiza da importância da cultura local e das suas raízes como modo de transformação da sociedade em que vive e da realidade em que está inserido. A educadora conta que percebeu um aumento da autoestima individual e do senso de grupo, além do estímulo à voz ativa de cada um deles, seja através da escrita, dança, poesia, grafite ou música.

Revista Appai Educar A educadora afirma também que, desde a primeira edição do projeto, todas as séries do Ensino Fundamental I participaram das oficinas e em 2023 estenderam também para as turmas do 6º ao 9º ano. Nas edições anteriores diversas atividades foram desenvolvidas, entre elas debates, apresentações, exposição de trabalhos, poesias, oficina de passinho e batalha de MCs. Para esse ano, a promessa é a de maior edição, pois envolverá os ensinos fundamentais I e II em uma manhã de ocupação de todo o espaço da Unidade Escolar, com oficinas de grafite, desenho, break, slam de poesia e na tradicional batalha de conhecimento. Além disso, os alunos fizeram poesia, música, métrica e desenho, que serão expostos na escola. De acordo com a professora, o tema abordado nos grafites será a importância da coleta seletiva e do descarte correto do lixo, que ficarão registrados nos muros da escola localizada em frente a uma praça onde a comunidade despeja bastante lixo. Além desse tema, também será feita uma referência à cultura indígena, pois algumas turmas visitaram a Aldeia Maracanã e os estudantes relataram as suas experiências aos que não foram.

Revista Appai Educar O hip-hop faz sucesso entre a garotada! Como falamos anteriormente, expressões artísticas são muito bem-vindas nas escolas. O hip-hop, por exemplo, oferece inúmeros benefícios. Confira alguns deles: Expressão cultural: esse estilo inclui elementos como o rap, o breakdance e o grafite. Ao estar presente na escola, os alunos têm a oportunidade de explorar e entender uma forma de expressão que é central para muitas comunidades urbanas. Inclusão e diversidade: o hip-hop tem raízes profundas em comunidades e pode servir como uma ferramenta para promover a inclusão e celebrar a diversidade.

Revista Appai Educar Fotos: bancode imagens gratuitas do Freepik. Engajamento dos alunos: a música e a cultura do hip-hop fazem sucesso entre os jovens. Ao incorporar esses elementos em sala de aula, os educadores podem despertar o interesse dos alunos, tornando o aprendizado mais envolvente. Desenvolvimento de habilidades artísticas: o hip-hop abrange diversas formas de expressão artística, como a escrita de letras de rap, a dança do breakdance e a criação de música como DJ. Isso pode proporcionar aos alunos a oportunidade de desenvolver habilidades artísticas e criativas. Compreensão histórica e social: o hip-hop tem uma história rica ligada a realidades sociais. Incorporar o tema na escola pode oferecer uma plataforma para discutir questões históricas relevantes, promovendo a compreensão crítica dos alunos sobre o mundo ao seu redor. Desenvolvimento de habilidades de comunicação: a prática do rap e da escrita de letras no hip-hop pode melhorar as habilidades de comunicação dos alunos, incentivando a expressão clara e persuasiva de ideias. Autoexpressãoeautoestima: o hip-hop é muitas vezes uma forma poderosa de autoexpressão. Ao incentivar os alunos a explorarem as suas próprias vozes e narrativas, as escolas podem contribuir para o desenvolvimento da autoestima e confiança dos alunos. Conexão com as artes e a música: o hip-hop é uma forma de arte contemporânea que está diretamente ligada à música. Introduzir na escola pode ajudar a manter os currículos relevantes e atualizados, conectando os alunos com formas de expressão artística modernas.

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