REVISTA APPAI EDUCAR - EDIÇÃO 154

ESTUDOCONSTANTEÉASOLUÇÃO? Ano26–154-2023-CIRCULAÇÃO DIRIGIDA – DISTRIBUIÇÃOGRATUITA Atravésdasperspectivasdeeducadores,vamosconhecersuasexperiências evaliosos insights paraumcaminhopromisordosistemaeducacional

Conselho Editorial Julio Cesar da Costa Ednaldo Carvalho Silva Andréa Schoch Jornalista Editora Antônia Lúcia Figueiredo (M.T. RJ 22685JP) Assistente de Editorial Jéssica Almeida Designers Luiz Cláudio de Oliveira Yasmin Gundim Revisão Sandro Gomes Professores, enviemseus projetos para a redação da Revista Appai Educar: End.: Rua Senador Dantas, 117/229 2º andar – Centro – Rio de Janeiro/RJ. CEP: 20031-911 E-mail: jornaleducar@appai.org.br redacao@appai.org.br www.appai.org.br EXPE DIEN TE

LÍNGUA PORTUGUESA POR SANDRO GOMES* CONHECENDO MELHOR AS SUBORDINADAS ADJETIVAS As orações subordinadas adjetivas são aquelas que exercem, dentro de um determinado período, funções de restringir ou explicar algum termo. Pra começar a nossa reflexão, é interessante entendermos um pouco da natureza desse tipo de oração. Vamos partir de um exemplo. As pessoas que lutam atingem seus objetivos. Primeiramente vamos considerar que a parte destacada em negrito, que é a adjetiva, tem seu sentido atrelado a uma outra oração (As pessoas (...) atingem seus objetivos), sendo por isso chama-

da de subordinada. Repare que essa oração poderia ser substituída por um substantivo com função de adjetivo. Assim poderíamos reescrever o nosso exemplo de outra forma: As pessoas lutadoras (que lutam) atingem seus objetivos. Depois de refletir sobre a natureza desse tipo de oração, cabem duas observações. — Do ponto de vista morfológico, a oração subordinada adjetiva exerce a função de um adjetivo. — Do ponto de vista sintático, a oração subordinada adjetiva realiza a função de um adjunto adnominal. EXPLICATIVAS OU RESTRITIVAS Asorações subordinadas adjetivaspodemser classificadas emdois tipos, deacordo coma funçãoexercidadentro deumdeterminadoperíodo. Vejaoexemploabaixo. Os alunos que participaram da feira de ciências ganharam pontos extras. Nesse período, a oração destacada realiza a função de restringir uma informação. Não são quaisquer alunos que ganharampontos, mas apenas os que participaram da feira de ciências. Assim, estamos diante de uma subordinada adjetiva restritiva. Vamos a outro caso.

Os atletas, que sempre estão dispostos, se adaptaram bem. Agora a oração destacada informa sobre uma característica dos atletas, a de estarem sempre dispostos, realizando assim uma função explicativa. Importante reparar também que, de ummodo geral, esse tipo de oração aparece entre vírgulas dentro do período. Vamos acompanhar um outro exemplo? Naquele dia Josué viajou com sua mala – que comprou em Paris. Aqui temos exemplo de uma variante das adjetivas explicativas, através do uso do travessão. Note que a parte em negrito oferece uma explicação sobre um determinado termo da oração e, apesar de estar separada pela pontuação, mantém a sua subordinação a uma oração principal.

Observe que no segundo exemplo foi empregada a forma nominal de um infinitivo (aprender) e, apesar do padrão de construção frasal bem diferente, o papel desempenhado é o de uma oração adjetiva com finalidade restritiva. Aprender a identificar a oração subordinada adjetiva e diferenciar esses dois tipos aqui descritos e suas variantes é um assunto muito comumente cobrado em provas e concursos, daí a sua relevância. Amigos, sobre esse assunto é isso. Até a próxima edição! *Sandro Gomes é graduado em Língua Portuguesa, Literaturas brasileira, portuguesa e africana de língua portuguesa, redator e revisor da Revista Appai Educar, escritor e Mestre emLiteratura Brasileira pela Uerj. ADJETIVAS COM FORMA REDUZIDA Também é possível encontrarmos casos em que orações adjetivas são compostas utilizando-se formas reduzidas, ou seja, empregando infinitivo, gerúndio ou particípio. Observe mais esse exemplo. Pessoas que aprendem rápido conseguemprogressos. Poderíamos compor esse mesmo conteúdo da seguinte forma. Pessoas rápidas no aprender conseguem progressos.

SAÚDE MENTAL DOS EDUCADORES: A IMPORTÂNCIA DE CUIDAR DE QUEM EDUCA E REDUZIR AFASTAMENTOS E SEUS IMPACTOS NO AMBIENTE ESCOLAR OPINIÃO POR FERNANDO GABAS* Segundo uma pesquisa realizada pela Futuro Docência, que consultou mais de seis mil educadores de todo o país, 75,5% dos entrevistados informaram que o principal motivo para a desistência da carreira de professor são as questões psicológicas. O cenário exige amparo das

instituições de ensino, já que o bem-estar dos profissionais de educação reflete não somente na qualidade da formação, mas também na vida pessoal dos educadores. Segundo a pesquisa, o suporte psicológico na maioria dos casos não é oferecido pelas escolas, cenário que deixa o profissional desamparado quando os primeiros problemas se manifestam. As instituições precisam trabalhar a capacitação dos próprios educadores e desenvolver uma cultura dentro de suas organizações que permite espaço para os colaboradores expressarem suas dores emocionais com uma escuta empática e compassiva. A pressão da vida escolar é muito grande, além do trabalho que vai além da carga horária, já que é comum o envolvimento emocional dos professores com os alunos, que também passam por problemas. Uma pesquisa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) ouviu mais de 100 mil professores de todo o mundo. Dentre os brasileiros, 12,5% afirmaram ser vítimas de agressões verbais ou não verbais ou intimidação por alunos ao menos uma vez na semana.

A Academia Soul oferece programas de educação socioemocional de alunos e tem trabalhado nos últimos anos com a capacitação de professores para a melhor administração da vida profissional e para o desenvolvimento da escola como um todo. O objetivo é a criação de uma nova cultura nas instituições em que valores como empatia, equilíbrio emocional e bem-estar sejam tratados com o mesmo peso que os aspectos acadêmicos. O triste crescimento da violência nas escolas tem preocupado muito o setor educacional. O Brasil é líder nos rankings de agressões contra quem ensina, mas pouco se vê como iniciativa a elaboração de programas que coloquem em pauta a segurança dos profissionais. Dentre os caminhos para o acolhimento dos trabalhadores da educação está o incentivo ao autocuidado e à capacitação para que eles tenham todas as condições de experienciar um grande bem-estar no ambiente de trabalho e em suas vidas pessoais. Os educadores devem ter ao seu alcance um cor-

* Fernando Gabas é CEO da Academia Soul e especialista em programas estruturados de educação socioambiental. po de trabalho acessível que lhes ofereça aconselhamentos psicológicos e opções favoráveis de prestação e serviço. A sociedade também tem papel central no cuidado da saúde emocional dos educadores. Esses profissionais exercem papel fundamental na formação das gerações futuras ao transmitir conhecimentos, habilidades e valores essenciais que irão moldar a sociedade nos próximos anos. Os professores e colaboradores do ambiente escolar merecem o mesmo grau de cuidado e empatia que os alunos, e isso deve ser cobrado das escolas por nós como cidadãos. Dessa maneira, não só o desempenho profissional do educador vai melhorar, mas também a sua vida pessoal. Como resultado, o ambiente escolar se torna um local mais acolhedor para todos.

Revista Appai Educar EXPLORANDO O FUTURO: CRIPTOMOEDAS NA ESCOLA Colégio criamoeda digital para estimular a compreensão dos estudantes sobre economia, tecnologia e finanças EDUCAÇÃO FINANCEIRA POR JÉSSICA ALMEIDA

Revista Appai Educar No ambiente escolar, as criptomoedas têm despertado cada vez mais interesse e curiosidade dos alunos. Essas formas digitais de dinheiro vêm se tornando assunto de debate e discussão em sala de aula, proporcionando uma oportunidade de aprendizado sobre economia, tecnologia e finanças. Com uma abordagem educacional adequada, os estudantes podem desenvolver habilidades de análise crítica e pensamento econômico, preparando-se para um futuro repleto de desafios e oportunidades. Pensando nisso, a unidade do Rio de Janeiro da rede de Colégios Santa Marcelina lançou uma moeda digital, chamada de CriptoSanta. A ideia é fomentar o desenvolvimento da Educação Financeira nos estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental. De acordo com o diretor da instituição, Felipe Perdigão, a abordagem focada nessa questão permite aos jovens um maior domínio e compreensão dessa nova tendência do setor financeiro.

Revista Appai Educar O projeto faz parte da disciplina “trilhas”, que visa desenvolver competências e habilidades necessárias nos itinerários formativos do Ensino Médio, por meio de metodologias ativas e do protagonismo estudantil. A dinâmica propõe essa moeda que pode ser trocada por pontos e experiências no colégio, a partir da participação em atividades de Matemática, Química, Língua Portuguesa e Geografia.

Revista Appai Educar Tarefas e desafios em diversas disciplinas A disciplina “trilhas” é estruturada em três etapas ligadas aos projetos a serem desenvolvidos pelos estudantes, que consistem em iniciação e planejamento, a fim de definir respostas às perguntas básicas sobre o objetivo, motivo e cronograma de um projeto; a ideação e execução, que consiste em um plano de ação, monitoramento e controle; e a última etapa, o encerramento, que engloba a revisão geral do projeto e a devolutiva social.

Revista Appai Educar As três etapas, por sua vez, se dividem em três fases que funcionam de maneira totalmente prática. “Em cada uma delas, os estudantes realizam tarefas e participam de desafios em perguntas das disciplinas parceiras do projeto. A partir desta dinâmica, é possível acumular pontos, representados pela moeda virtual, as quais podem ser trocadas por momentos de lazer, descontos na cantina, eventos na escola, entre outras ações dentro da instituição”, explica Carlos Eduardo. De acordo com o educador Emerson Campos, a ideia é que a moeda também renda juros e haja um câmbio acadêmico. Dessa forma, os estudantes podem se planejar para definir quando e como gastar o que for conquistado, visto que pode ser valorizado. “Quando a escola de-

Revista Appai Educar senvolve muitos projetos temos uma valorização do câmbio. Em contrapartida, se o colégio estiver com poucas atividades em andamento, teremos uma desvalorização, corroborando para que o estudante aprimore o seu senso de finanças, entendendo que este cenário também acontece no mundo real”, explica. Os idealizadores revelam que os estudantes aderiram ao projeto com muita receptividade e curiosidade. “Partindo do princípio de que a virtualização dos processos financeiros já faz parte do nosso cotidiano, acreditamos que esse tipo de conhecimento contribui para a formação dos jovens, tornando- -os mais preparados para dialogar com as novas tendências”, finalizam. Fotos: Banco de imagens gratuitas do Pexels.

A ARTE NA PREVENÇÃO DE CONFLITOS INCLUSÃO POR ANTÔNIA FIGUEIREDO Estadual República Italiana trabalha projeto inspirador no combate ao bullying, visando a construção de ambientes escolares inclusivos

O Colégio Estadual República Italiana, localizado em Porto Real, estado do Rio de Janeiro, tem se tornado um exemplo a ser seguido no combate ao bullying. Com uma abordagem abrangente e engajada, a escola tem demonstrado que é possível criar um ambiente escolar mais saudável e positivo, onde todos os alunos se sintam seguros e respeitados. Um dos pilares desse ambiente favorável, têm sido os projetos desenvolvidos no colégio. Um deles, o projeto Bullyng, elaborado a partir da orientação da coordenação da escola, serve como inspiração para outras unidades, mostrando que a união de esforços pode fazer a diferença na construção de um futuromelhor para as crianças e jovens, em ummomento emque omundo temse deparado comtanta violência dentro das escolas.

mas que não falasse a favor dessa prática, muito pelo contrário”, explica a professora Monica. A ideia, segundo a docente, era na verdade desafiante, pois os estudantes teriam que sair do lugar-comum em que o bullying tem sido vivenciado, sobretudo nas escolas, e criar uma política prática antibullyng, sem ofensas, semmaus-tratos verbais e físicos e sobretudo de respeito à diversidade e às diferenças, usando como base a música e a sonoridade como um todo. Abraçar uma causa é tão bom para quem faz, quanto para quem recebe. Assim, a professora Monica Aparecida Fazolato Vieira iniciou a execução do projeto com as turmas 1.001, 1.003, 2.001 e 2.002, nas quais leciona. Depois de abraçar o tema proposto pela coordenação, a próxima etapa foi pensar numa metodologia que estivesse mais próxima daquilo que os alunos gostam de fazer. “Então comecei a trabalhar com eles uma paródia, onde tinham que desenvolver uma música falando sobre o bullying,

Um sentimento de baixa estima e vergonha Segundo especialistas, uma das consequências ocultas do bullying é gerar no jovema vergonha, omedo de se expor, de ser julgado ou “zoado” pelos colegas. Esse sentimento negativo foi umdosmaiores entraves na execução do projeto, relata a docente. “Na hora deles se apresentarem, ficavamcom vergonha de cantar. Então dei a oportunidade de fazeremumáudio. Eles podiamrealizar dentro de uma sala, só a equipe, não precisavamostrar pra mim lá na sala. Aí, ficaramumpouco mais à vontade, conseguiramentregar”, afirma a professora. Emrelação à resposta na prática, Monica pontua que os resultados do projeto têmsido bastante promissores. Desde a implementação da atividade, o República Italiana registrou uma redução significativa nos casos de bullying. Alémdisso, a comunidade escolar tempercebido umclimamais harmonioso e acolhedor, comalunos mais engajados e dispostos a se ajudarmutuamente. “A gente percebe que, depois da aplicação do projeto, eles ficamumpoucomais carinhosos uns comos outros, mais respeitosos, essa é a palavra”, adverte. Mesmoalcançandoêxitoentreosalunos, naaplicaçãoe resultadodoprojeto, aprofessoraressaltaqueessedeveser umtrabalhoconstante,diário, nãopodeseralgo isolado, efêmero. “Comosão jovens, são adolescentes, eestãona fase debrincar,debrincadeiras, precisamossempre lembrare conversar sobrea importânciadorespeitoaooutro. E isso temfuncionadomuitoaqui, pelomenoseunãotenhovistomuitosproblemascomos meusalunos, nasminhasaulasemrelaçãoa bullying.Pois estousempredialogandocom eles”,destaca.

E o que fazer quando o bullying acontece fora dos muros escolares? Segundo Monica, quando isso ocorre fora das escolas já fica um pouco mais difícil, até pelo fato de receberem alunos com vários tipos de problemas diferentes. “Assim como há os que sofrem bullying dentro de casa também, pelos próprios irmãos, pela própria família, pelos amigos que moram no entorno de casa, enfim, e a gente vai tentando ajudar e orientar da melhor maneira. Dentro das nossas possibilidades, pois nós professores acabamos indiretamente exercendo um pouco de outros papéis, como mãe, amiga, irmã, psicólogo etc. Mas tudo isso sem esquecer que somos educadores. Sabemos que não vamos conseguir ajudar a todos. Todavia, um ou outro que a gente consegue amparar já é uma vitória, nos faz sentir mais confiantes de que vale a pena dividir saberes”, afirma otimista.

Um bate-papo é essencial para tudo na vida Ao ser questionada sobre sua opinião no que diz respeito a reforçar a importância do ambiente escolar na prevenção de conflitos e valorizar a escola como espaço coletivo para aprender a conviver, a docente pontuou que a conversa é ponto de partida para tudo. Sobretudo na gestão dos conflitos! “Pois quando a gente não conversa, não se consegue resolver as coisas. E eu acho que falar, ter e manter um diálogo é a base para reduzir qualquer conflito, seja dentro ou fora das escolas”, argumenta Monica.

Na luta contra o bullying, a arte desempenha um papel fundamental na conscientização e diminuição dessa prática de violência física ou psicológica entre os alunos. “A expressão artística proporciona um canal de comunicação mais acessível para aqueles que sofrem as agressões compartilharem seus sentimentos e experiências”, ressalta A arte de conscientizar a professora de Artes. “Seja por meio de desenhos, encenações ou conversas, a arte tem ajudado os alunos a externalizar suas emoções e se colocar de maneira mais fácil. Essa forma de expressão artística tem sido uma poderosa aliada no combate ao bullying, permitindo que os estudantes encontrem uma maneira segura de se expressar”, afirma.

Mais que promover um ambiente harmonioso e pacífico entre os alunos, de acordo com a equipe pedagógica, o projeto de combate ao bullying desenvolvido na escola tem ensinado os educandos a escolher suas palavras cuidadosamente ao dialogar com seus colegas, deixando para trás brincadeiras ofensivas que poderiam causar danos psicológicos. Segundo os professores, essa mudança de atitude tem contribuído para a criação de um ambiente escolar mais prazeroso e harmonioso, onde os alunos se apoiammutuamente. “Quando identificam algo errado, eles se unem para ajudar um amigo ou até mesmo umprofessor que esteja precisando de suporte. Essa solidariedade tem fortalecido os laços dentro da escola e tem sido fundamental para o sucesso do projeto contra o bullying”, comemora a docente. Colégio Estadual República Italiana Av. D. Pedro II, 753 – Centro – Porto Real/RJ CEP: 27570-000 Fone: (24) 3353-1808 E-mail para contato: cerepublicaitaliana@educacao.rj. gov.br *Monica Aparecida Fazolato Vieira é formada em Artes, leciona em Projeto de Pesquisa, Pipe e artes na Estadual República Italiana.

Através das perspectivas de educadores, vamos conhecer suas experiências e valiosos insights para um caminho promissor do sistema educacional MATÉRIA DE CAPA POR ANTÔNIA FIGUEIREDO E JÉSSICA ALMEIDA FORMAÇÃO DOS PROFESSORES: ESTUDO CONSTANTE É A SOLUÇÃO?

Revista Appai Educar

Aprimorar a formação do professor é uma missão que exige inovação, tempo e determinação. Não basta apenas consolidar o conhecimento teórico, é preciso conectá-lo com a realidade prática por meio de abordagens pedagógicas dinâmicas e atuais. Quando o docente abraça novas metodologias de ensino e tecnologias educacionais, ele se torna um verdadeiro agente de transformação, capaz de valorizar a individualidade dos alunos e construir um futuro em que a inclusão e a empatia prevaleçam. A Revista Appai Educar conversou com diversos professores e gestores de escolas públicas e privadas, buscando compreender o atual cenário educacional sob as suas perspectivas. Foi evidente o consenso em torno da importância crucial da formação constante dos educadores como um fator transformador capaz de impulsionar a mudança na educação em todo o país. As suas visões, experiências e valiosos insights revelaram um caminho promissor para aprimorar o sistema educacional, preparando os estudantes para um futuro educativo inspirador e impactante.

Formação continuada no Brasil ainda é considerada um desafio A especialista emGestão Escolar, Orientação Pedagógica e Educacional, Vilma Soares, ressalta que a formação continuada no Brasil, de uma maneira geral, é ainda tratada como um desafio na visão de municípios e estados. “A escassez de tempo por parte dos professores para a dedicação aos estudos é um dos obstáculos encontrados. Além disso, precisamos ultrapassar a dicotomia entre a teoria e a prática nos processos de formação e que essa articulação seja reconhecida pelos educadores”, explica. Contudo, Vilma garantequeprecisamos avançar noaprofundamentodas políticas públicas no campoda formação continuadanopaís, como condição indispensável para a transformaçãoda escola. “Para aminhaqualificação, atualmente, tenhooptado por cursos no formato on-line para suprir a escassez de tempo, devidoà cargahorária extensadiáriade trabalho, porémissoainda não é opanorama ideal. A formação continuadadeprofessores é fundamental para a melhorianaqualidadede ensinoofertada. Trata-sedeumprocessoque, alémde contínuo, deve ser permanente. E abranger práticas pedagógicas enovasmetodologias”, afirma a especialista.

Educadora há mais de 16 anos e formadora da Academia Soul – empresa especialista em educação socioemocional e que atua com programas estruturados nesse segmento –, Miriam de Paula partilha da mesma visão de seus colegas de profissão, ao ratificar que a formação do educador, que deveria ser contínua e constante, tem se encontrado precária em muitos quesitos, e esse momento pede uma reformulação de currículo, revisão de saberes, acolhimento pessoal, humano e muito estudo. Segundo Miriam, com olhar introspectivo, esse educador está sendo convidado quase diariamente a ressignificar suas metodologias até então eficazes e que venha a se abrir a esse movimento pedido por novos tempos.

“Tarefa aparentemente difícil, não é mesmo? Todavia, afirmo não ser impossível. Mas, para que tenhamos uma melhor compreensão em relação à prática docente, acredito ser importante que reflitamos juntos aqui sobre alguns pontos. Vamos começar pelo conhecimento da disciplina ministrada, algo que de modo geral é comum para esse educador, tanto pela prática do dia a dia escolar, como por conta da apropriação dos conteúdos, uma vez que é fácil encontrar alguém que leciona, por exemplo, na Educação Infantil e que permanece no segmento por anos, ou até se aposentar, sendo válida a mesma realidade para os demais níveis”, adverte a educadora. O professor de Geografia das redes estadual e privada e vencedor do prêmio destaque Iguaçuano na categoria Educação, Leandro Silvio, aponta outro desafio encontrado: a presença tecnológica no ambiente escolar. “Uma enorme distração para os alunos e ao mesmo tempo uma problemática para que os docentes utilizem inovações tecnológicas, seja por falta de estrutura ou de conhecimento. Além disso, a geração atual precisou acessar novas metodologias de ensino, de maneira remota, inseridas de forma radical e sem preparo. Antes da pandemia já era observa-

da a falta de avanço da escola frente às inovações do cotidiano da sociedade. E a ausência de recursos pedagógicos que acompanhem os avanços da sociedade corrobora com a estrutura arcaica da escola, aumentando o desinteresse dos alunos, gerando uma enorme defasagem no aprendizado”, destaca. O educador pontua também que prender a atenção dos alunos já era um desafio. Isso porque, segundo ele, tudo é mais interessante do que aprender sobre relevo e vegetação do país, cálculo, história ou gramática e, atualmente, os professores disputam com smartphones que possuem acesso à internet, centenas de jogos, câmeras para fotos e vídeos e os demais aplicativos. “Acredito que hoje é essencial na prática educacional o aprendizado do professor de como ele pode engajar o seu aluno, incentivando trocas, interatividade nas aulas e com uma maior participação nas atividades”, afirma.

Ele ressalta ainda que a escola também precisa acompanhar essa evolução. “Já que é evidente a falta de estrutura para atender as demandas em relação às transformações da sociedade, o professor precisa aprender a lidar com o aluno do hoje e rever métodos, gestão de sala de aula e muitas outras particularidades do entendimento que não estão presentes na capacitação do educador para a atualidade”, pontua Leandro. De acordo como vice-diretor pedagógico geral do Colégio PH, Vicente Delorme, na educação do século XXI não cabemais esse tipo de professor que apenas dá a aula e vai embora sem interagir coma turma, provo-

car. Segundo ele, o docente precisa se colocar numa posição emque, por vezes, tem que ser omediador de práticas para que os alunos sejam os verdadeiros protagonistas no processo de aprendizagem. “E isso pode ser desafiador por vários aspectos, uma vez emque os educadores precisam renunciar a vícios, repensar suas práticas. Eu posso ter mais casos de indisciplina? Posso. Eu posso ter derrapadas comportamentais na confusão sobre a liberdade que o aluno pode e deve ter nas atividades? Sim. E isso tambémexige formação de professores”, sinaliza Vicente Delorme, enfatizando que no Colégio PH existe umprograma de formação desenvolvido há alguns anos emque são preparados professores para lidar não só comas recentes tecnologias, metodologias e linguagens, mas tambémcomos novos desafios que eles vão ter dentro de sala de aula. “E a partir domomento em que a gente, como escola, se propõe a usar metodologias ativas, temque preparar a

nossa equipe para lidar com os desafios que vão aparecer quando os alunos deixarem de ser parte passiva no processo de aprendizagem e passarem a ser ativos”, endossa o vice-diretor pedagógico geral do Colégio PH. Para Delorme, dando ao aluno mais autonomia e promovendo maior responsabilidade pelos processos de aprendizagem, o professor tem que ser muito mais flexível, mais atencioso, mais sensível às ações dos alunos, às percepções e às dificuldades. E isso demanda ainda mais formação docente. Segundo ele, numa comparação mais fria, é como imaginar um educador que tinha, como prática básica de sala de aula, o hábito de entrar em sala, falar durante uma hora e meia, se despedir e ir embora; e, por outro lado, um professor que dá para os alunos autonomia para participar ativamente do que está sendo pesquisado, discutido e construído.

to no aspecto educacional em sala de aula quanto na assistência aos pais e à comunidade. Já se foi o tempo em que a escola era apenas um espaço para lecionar. O profissional, cada vez mais, O agente cultural emNova Iguaçu, mestre em patrimônio, cultura e sociedade e professor de artes visuais, história e sociologia Eduardo Madeiro afirma que o professor está em constante adaptação aos desafios de grandes demandas, tan-

E como estamos trabalhando a inteligência em nossas escolas? Essa pergunta, segundo Miriam de Paula, formadora da Academia Soul, precisa estar presente no mediar das aprendizagens e saberes do convívio escolar. De acordo com a educadora, as metodologias vistas em sala de aula mais comuns variam entre: sala de aula invertida, práticas socioconstrutivistas, construtivistas, chegando até as conhecidas metodologias de cunho tradicional, em especial em redes escolares de ordem não laica. Miriam exemprecisa se atualizar diante dos fatores que são colocados para os professores. “Algumas capacitações são lançadas sem um acompanhamento adequado ou treinamento real na maioria das vezes, e a responsabilidade é difundida para o professor, mesmo sem o treinamento adequado”, destaca. Para ele é muito subjetivo tentar estabelecer o que pode ser feito para lidar com uma abrangência tão grande. “É importante considerar vários fatores, como um espaço físico adequado, salas com um número de alunos realmente aceitável e uma reflexão mais profunda sobre até que ponto devemos ser especialistas em tudo. Atualmente, o conhecimento está muito fragmentado e sem aprofundamento. E fica o questionamento: estamos conseguindo administrar as nossas disciplinas diante de tantas necessidades?”, indaga Eduardo.

plifica ao falar das escolas da Educação Infantil, que segundo ela é comum se encontrar apenas um professor, sendo ele o responsável por ministrar todas as aulas e também planejar as mesmas, usando de sua criatividade e didática para que possa sanar as dificuldades de aprendizagem desse estudante e também garantir a aquisição de novas e boas práticas que correspondam ao seu ano escolar. “Para o estudante, a vivência e referências de um número maior de educadores acaba geralmente por acontecer quando ele vem a ingressar nos anos finais do Ensino Fundamental e passa a possuir contato com um grupo maior de educadores”, frisa Miriam de Paula.

Uma das inquietações do meio educacional é realmente identificar com clareza e objetividade como a inteligência (ou as inteligências) está sendo trabalhada nas escola? Será que existe uma forma técnica? Para a formadora da Academia Soul sobre os últimos movimentos citados anteriormente, não seria pertinente ignorarmos o desenvolvimento de tais práticas. Segundo ela, com a criação da Base Nacional Comum Curricular, mais conhecida por BNCC, vimos a evidência de um outro tipo de inteligência, surgindo de forma quase que “obrigatória” em nossas escolas.

“Hoje é sabido que não existe educação, sem que antes eduquemos nossas emoções e sentimentos, tanto que no mercado de trabalho as soft skills têm sido cada vez mais o maior e mais considerado critério para contratação e também Como melhorar esse cenário? promoção de cargos dentro das empresas, pois estudos comprovam que as habilidades comportamentais tornam o profissional mais focado, assertivo e motivado, o que pode auxiliar em retorno financeiro para a mesma”, atesta a educadora.

Para Leandro esse cenário pode melhorar através da capacitação dos professores para a prática de ensino na atualidade. “As estratégias arcaicas já não rendem mais frutos como outrora, e é preciso entender o que é necessário de fato e o que podemos jogar fora. As novas estratégias para melhorar o engajamento dos alunos também devem incluir os seus responsáveis e transformar os discentes em protagonistas do seu aprendizado, começando de casa as pesquisas dos temas que serão aplicados em sala de aula”, exemplifica. Ele destaca ainda que, além de treino e capacitação do educador para a realidade que vivemos de fato, é necessário ter emmente que o docente não pode fazer tudo sozinho. “As soluções em novas metodologias podemminimizar os desafios do professor, mas sem apoio e estrutura só teremos mais carga de trabalho e mais profissionais adoecidos. Estrutura física e ferramentas devem ser colocadas à disposição para todos os profissionais da escola, e é muito importante que as instituições também invistam em treinamento, workshop, palestras e cursos para que todos esses colaboradores estejam capacitados”, afirma Leandro.

Já o educador Eduardo Madeiro acredita que esse cenário atual possa melhorar quando a compreensão da educação for além de dados e fatores quantitativos, e se voltar para o crescimento humano dos estudantes. “Devemos enxergar a individualidade de cada um e reconhecer a necessidade de profissionais mais qualificados, capazes de contribuir para o crescimento individual de seus alunos”, sugere Eduardo. A finalista do prêmio Shell de Educação Científica 2020 e professora de matemática com especialização em educação geométrica no autismo, Vanessa Balbina, acredita que ser professor é ser aluno sempre. “Minha experiência proporcionou um novo olhar, que consiste em

aprender, aplicar o conhecimento, crescer com ele e ser o agente de mudança para o mundo”, explica. Com esse pensamento ela criou o projeto BoaMática, cuja ideia é mostrar que a sua disciplina não tem nada de má, além de ensinar de forma afetuosa, trazer a matéria para a realidade dos alunos e mostrar que ela não é um bicho de sete cabeças. Se quiser conhecer mais sobre o projeto, leia a matéria completa que divulgamos na Revista Appai Educar. Vicente Delorme enfatiza que, nos colégios PH, o programa pedagógico é preparado para, intencionalmente, abordar não apenas conteúdos que sempre foram explorados nas salas de aula, mas também falar sobre comportamentos e atitudes. E, para alcançar esse objetivo, a escola precisa abrir espaço para trabalhar a convivência, a interação em sala de aula, novas práticas e novos procedimentos pedagógicos.

Para ampliar essa qualidade formativa, explica Vicente, o PH tem dois tempos semanais na grade do colégio de uma disciplina chamada “convivência ética e projeto de vida”, que é destinada ao respeito à pluralidade, à construção de habilidades socioemocionais, a debates, a reflexões sobre interações sociais. Momento mediado por professores, para aprender, por exemplo, a diferença entre liberdade de expressão e liberdade de ofensa. “Dessa maneira, despertamos, assim, outras capacitações, que são importantes para o convívio na sociedade”, elenca o vice-diretor do PH. Por conta disso, foram criadas avaliações diversificadas, que irão considerar não só o conteúdo, mas também os métodos empregados para desenvolver as atividades, as atitudes e comportamentos dos alunos. “Tivemos que passar por um longo processo de qualificação de educadores e temos formações frequentes para atualizar os profissionais para esse tipo de olhar. Acho que não dá pra pensar em educação sem considerar um processo formativo que englobe aspectos comportamentais, que vão muito além da questão conteudista”, esclarece Vicente Delorme.

Para Miriam essa mudança de rota já vem sendo praticada, e a prova disso é a reformulação do Novo Ensino Médio. “Mostra um esforço por parte dos nossos governantes, buscando atender também a demanda de preparar esse jovem para o mercado de trabalho, dentre as muitas preocupações em torno do tema. Desse modo, todas as escolas, desNovas rotas para melhorar a qualificação do ensino-aprendizagem de a educação básica, precisam trabalhar as temáticas socioemocionais. Nosso desafio enquanto educadores é que a aprendizagem não seja mais vista apenas como um projeto com início, meio e fim, mas que esteja de fato incorporada à parte da grade curricular desse estudante”, enumera a educadora da Academia soul.

Mesmo vislumbrando a nuvemdamudança, professores e formadores da educação são céticos ao afirmaremque não seria prudente, muitomenos adequado, romantizar o cenário atual da educação. Pois, segundo eles, ainda existemquestões, como, por exemplo, da pessoa comdeficiência, que ainda é um tabu emnossas escolas. De acordo compesquisas, boa parte dos educadores afirma não se sentir pronta oumesmo capacitada para receber uma pessoa comdemanda inclusiva, isso emummomento histórico para a educação, sobretudo numcontexto emque quase nunca os diagnósticos e laudos chegam tão cedo nas nossas escolas e creches. Contudo, a educadora traz à luz a esperança transformadora daqueles que fazem do ofício demediar saberes umcombustível paramover omundo. “O nossomaior desejo hoje é que consigamos nos aperfeiçoar emnossas práticas educacionais o mais rápido possível e que sejamos repletos de empatia, commais emelhores habilidades de relacionamento, sabendo lidar comnossos sentimentos e problemas não apenas no ambiente escolar, como emnosso cotidiano. Afinal, nesse grande carrossel da vida, tudo isso faz parte do educar”, garante Miriamde Paula.

Um longo caminho pela frente Com base nas experiências apresentadas, compreendemos que a formação do professor é um processo contínuo e em constante construção. Apesar dos desafios encontrados ao longo dessa jornada, cada indivíduo desempenhando sua função contribui para o enriquecimento da educação e de toda a comunidade escolar. Na Appai, através dos benefícios Educação Continuada e EAD, oferecemos aos associados palestras, oficinas, convênios para cursos de pós-graduação e acesso a um dos maiores portais de cursos on-line da atualidade, commais de 1.000 temas para escolher. E coma Revista Appai Educar, o professor temacesso aos principais assuntos relacionados à educação através de entrevistas, matérias e e-books comdiversos especialistas e projetos quemostramna prática o conteúdo abordado. Para mais informações, acesse o nosso site e junte-se a nós para transformarmos o futuro da educação! Fotos: Banco de imagens gratuitas do Pexels.

Revista Appai Educar SALVANDO VIDAS DENTRO E FORA DA SALA DE AULA TEMA TRANSVERSAL POR ANTÔNIA FIGUEIREDO Projeto de capacitação em primeiros socorros nas escolas Criada para estabelecer diretrizes de mais segurança à comunidade escolar nas instituições de ensino das redes pública e privada de educação infantil e básica, a Lei Lucas (13.722), sancionada em outubro de 2018, estabelece a obrigatoriedade de capacitação em noções de primeiros socorros para professores e funcionários de escolas, visando garantir que a unidade educacional esteja preparada para atendimentos dessa natureza, até que a assistência médica especializada chegue ao local.

Revista Appai Educar Além do cumprimento da lei, é primordial que haja uma ampla disseminação acerca da importância da conscientização sobre medidas de segurança nas escolas, com treinamento em primeiros socorros e técnicas de ressuscitação cardiopulmonar (RCP), bem como a disponibilidade de kits para atendimentos preliminares, que são essenciais para salvar vidas. Conhecimento que salva vidas Com o intuito de disseminar esses e outros conhecimentos, e contribuir para salvar vidas e minimizar lesões e mortes decorrentes de paradas cardiorrespiratórias (PCR) súbitas, a professora Grazyelle Ferreira

de Souza, que é enfermeira emergencista, idealizou, no primeiro semestre de 2022, o projeto Mãos que salvam vidas. Segundo a educadora, a atividade visa capacitar a população em geral, incluindo adultos, idosos, adolescentes e crianças em idade escolar, interessados em aprender sobre suporte básico de vida e primeiros socorros. “Ele tem por objetivo geral realizar atividades educativas para adultos e crianças, com o envolvimento dos discentes dos cursos de saúde do Centro Universitário Newton Paiva, para que a população esteja apta e preparada para realizar ações de primeiros socorros e suporte básico de vida”, afirma a professora Grazyelle, pontuando que as instituições de ensino, como universidades, escolas e demais ambientes educacionais, são os locais onde o projeto vem sendo realizado. O mãos que salvam vidas oferece esse treinamento para diferentes faixas etárias. No Centro Universitário Newton Paiva, localizado em Belo Horizonte, por exemplo, por se tratar de um projeto

multiprofissional e interdisciplinar, alunos de todos os cursos do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde podem estar envolvidos nas ações, desde que aprovados em processo seletivo que ocorre no início de cada semestre. Já nas escolas públicas e privadas, as atividades ocorrem com turmas de alunos a partir de 9 anos até os do Ensino Médio. Escola também é lugar de aprender a salvar vidas No Newton Paiva, já no primeiro ano do Mãos que salvam vidas mais de 500 pessoas, entre estudantes, professores, profissionais da área da engenharia civil e acadêmicos da instituição, foram capacitadas. Segundo a equipe do projeto, os extensionistas levaram o relato de uma das experiências vivenciadas durante as atividades do projeto para o 3º congresso de Inovação, Ensino, PesquisaeExtensão da Newton e foram premiados como 1º lugar dentre os trabalhos da área da saúde. Só no primeiro semestre deste ano, o número de capacitados já passou de 800 pessoas. O premiado trabalho desenvolvido pelos extensionistas do projeto tem sido um divisor de águas na vida de vários estudantes. Ludmila Marques Cerbino, aluna do 8° período do curso de Enfermagem da Newton e extensionista do Mãos que salvam vidas, destaca que através do projeto pôde aprender a fundo sobre vários conteúdos e inclusive descobrir paixões por áreas de atuação de que não imaginava gostar. “Sinto maior facilidade em compreender

informações de várias disciplinas ao associá-las com trabalhos produzidos no projeto, como ações de capacitação, estudos e pesquisas”, garante a aluna. Já Ingrid de Paula Rodrigues, outra aluna participante, ressalta a responsabilidade como replicador do conhecimento e destaca quão maravilhoso é o projeto. “Posso dizer que foi uma das melhores escolhas que poderia fazer durante a minha graduação, pois a maneira como temos que conduzir as atividades aumentou muitomeurepertórioemváriossentidos. Tambémme tornou uma pessoa mais crítica, além de ter me possibilitado aprender o que só seria possível nos períodos mais avançados e principalmente como trabalhar em equipe”, atesta. Como o projeto acontece na prática Segundo a equipe do projeto, inicialmente os participantes são capacitados de forma teórica e prática pela coordenadora, quanto às temáticas de ações de primeiros socorros e Suporte Básico de Vida (SBV). Após alinhamento com os extensionistas, empresas, instituições e escolas de Belo Horizonte e região são contatadas para participar do programa. A equipe explica que também podem surgir demandas espontâneasdesses locais, solicitando as atividades. Depois do primeiro contato, as instituições recebem informações e orientações sobre como funciona a dinâmica do programa, com todos os objetivos e técnicas a serem desenvolvidas, seguido de um levantamento dos locais, bem como o reconhecimento do perfil de cada envolvido para que seja estabelecida a melhor metodologia a ser aplicada. Após a elaboração do plano com as devidas definições de cada ação, os extensionistas colocam em prática as atividades do cronograma buscando a melhor prática, “sempre com muito comprometimento nasmãos que salvam vidas”, finaliza a professora Grazyelle Ferreira de Souza.

Fonte: Professora Grazyelle Ferreira de Souza, idealizadora do projeto, enfermeira graduada pela Universidade Federal deMinas Gerais (UFMG) em 2017; Especialista em urgência e emergência pelo Programa de Residência Multiprofissional do Hospital João XXIII - FHEMIG (2019); Mestre em Cuidar em Saúde e EnfermagempelaUniversidadeFederaldeMinasGerais (UFMG) (2022); docente do curso de enfermagem do Centro Universitário Newton Paiva BH/MG. Membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas de Enfermagem emUrgência e Emergência (Nepeu/ CNPq). Possui experiência na assistência, gestão e ensino em Urgência, Emergência e Terapia Intensiva. Instagram:(@maosquesalvamvidas_) | Instagram.

PRODUÇÃO TEXTUAL POR JÉSSICA ALMEIDA EXPERIÊNCIA IMERSIVA Projeto estimula a análise e a utilização de jornais impressos para a construção de notícias no ambiente digital

Apesar do avanço da tecnologia, o jornal impresso ainda desempenha um importante papel na sociedade. Enquanto o ambiente digital oferece rapidez e acessibilidade, o impresso proporciona uma experiência tátil e imersiva, permitindo que os leitores mergulhem nas notícias de forma mais profunda. Na unidade Maracanã da Escola Firjan Sesi, dois professores desenvolveram o projeto Qual seu público-alvo?. A ideia é que com a utilização de periódicos impressos os alunos aprendam que para cada público existe um perfil de notícias.

Idealizado pelo professor de humanas Leandro Montenegro e pela docente de Linguagens Priscila Aquino, a ideia do projeto émostrar aos alunos do itinerário formativo de humanas do novo Ensino Médio que umamesma notícia será dada emveículos diferentes conforme o público-alvo. E com isso analisar os efeitos de sentido decorrentes da escolha do vocabulário, identificar o objetivo comunicativo, reconhecer o público-alvo e observar a intencionalidade comunicativa. Alémdisso, os estudantes criarampostagens no perfil do itinerário formativo no Instagram sobre diversos assuntos, entre os quais meio ambiente, urbanização, transporte, redes sociais e diversidade de gêneros. Como a publicação é feita pela rede social, os alunos, familiares, professores e amigos seguem a conta e depois vão dando feedbacks sobre o que foi escrito.

Com a utilização dos jornais impressos, o educador separou a turma em grupos com objetivos diferentes e distribuiu os jornais para cada um deles. Com a divisão, os alunos foram organizados em grupo de pesquisa, grupo de editoração e o grupo de publicação. “O que me surpreendeu foi vê- -los fascinados com as notícias de forma impressa. Teve aluno que declarou que nunca haviapegadoum jornal para ler. Conversamos bastante sobre as pesquisas que precisam ser feitas antes de uma publicação e falamos sobre as formas de linguagens aplicadas, com o auxílio da professora Priscila”, pontua Leandro. Para o aluno Raphael Martins, a ideia foi inovadora. “Apesar do jornal sempre existir eu nunca ha-

via feito uma leitura como essa”, explica. Já a estudante Izabel Godinho conta que achou o projeto muito interessante. “Pude analisar que as notícias impressas são enormes, porémme remeteu a uma nostalgia por ser físico e não virtual”, conta. O professor Leandro Montenegro aponta que foi surpreendido com a aceitação do projeto por uma turma de jovens que vivenciam o mundo virtual a todo tempo. “O retorno deles tem sido cada vez mais positivo e o fato de terem tido contato com as notícias de forma impressa parece ter despertado o interesse pelas publicações no Instagram”, explica. Já a educadora Priscila Aquino destaca que os alunos perceberam a importância da escolha lexical na construção das manchetes. “Bem como a intencionalidade comunicativa com esse recurso, indo ao encontro do público-alvo”, finaliza. Escola Firjan Sesi - Unidade Maracanã Rua São Francisco Xavier, 417 – Maracanã Rio de Janeiro/RJ Tel.: (21) 2476-2316 E-mail: mguedes@firjan.com.br Fotos cedidas pelo professor e banco de imagens gratuitas do Pexels/Freepik.

INTERDISCIPLINARIDADE POR JÉSSICA ALMEIDA CRAQUES DA ESCOLA Hábito resgatado da infância estimulou a criatividade, organização, comprometimento e ajudou a reduzir a evasão escolar Os álbuns de figurinhas fizeram parte da infância e até da fase adulta de inúmeras pessoas, e trabalhar com essa temática em sala de aula pode tornar o aprendizado mais lúdico e significativo. Pensando nisso, a professora Andressa da Costa Moraes desenvolveu um projeto na Escola Municipal Almirante Newton Braga de Faria e propôs diversas ações

que envolveram criatividade, organização, atenção, respeito e comprometimento. Uma delas ajudou até no problema de evasão escolar, porque os alunos não queriam deixar de ir às aulas, já que se faltassem não receberiam o pacote de figurinhas para completar o álbum. A educadora conta que todos ficarammuito entusiasmados e envolvidos com o projeto. “Até mesmo as professoras das disciplinas de artes, inglês e educação física participaram. O projeto pode e deve ser replicado, pois os seus impactos consistem em compreender e valorizar todos os sujeitos do processo educacional”, pontua Andressa. A iniciativa, que consistiu sobre as habilidades propostas na BNCC em consonância com o PPP da escola, teve como objetivo principal o aprendizado e trazer os alunos para a atualidade commais entusiasmo, para que aprendam com diversão e regras preestabelecidas. Além de completar o álbum de figurinhas no prazo combinado, os alunos precisavam ter atenção, cuidado e organização no manuseio do material, além de perceberem informações como os dados que cada uma fornece, incluindo o peso, altura, nome, data de nascimento de todos da turma, entre outros elementos. “A iniciativa também foi importante para que os estudantes entendessem que deve haver o respeito entre todos ao negociarem a troca das figurinhas, evitando faltas. Além disso, a importância de cada um se perceber como um ser único e que faz parte de todo o processo”, destaca Andressa.

O projeto também serviu para que os alunos desenvolvessem habilidades. Entre elas: identificar a finalidade de escritos de diferentes gêneros, o assunto de um texto, distinguir um fato de uma opinião, identificar regularidades em sequências de números naturais, medidas de comprimentos e massa, intervalos de tempo em situações cotidianas, resolver e elaborar problemas com significado de juntar, acrescentar, separar, retirar, comparar e completar quantidades, utilizando diferentes estratégias de cálculos. Segundo Andressa, para que cada figurinha fosse confeccionada, os professores e alunos precisaram colocar a mão na massa. “Balança e fita métrica entraram em ação para pesar e medir cada um de nós, e posteriormente houve o registro de cada informação nas figurinhas personalizadas. Alguns aplicativos, como o Pixellab, foram necessários para a confecção e personalização de cada componente e do álbum propriamente dito. Essa tarefa foi realizada em aproximadamente duas semanas”, relembra.

Após a confecção dos mais de 30 álbuns, 130 pacotinhos e mais de 1.500 figurinhas, chegou a hora tão esperada de combinar as regras e distribuí-los semanalmente. “As figuras que se repetiam deveriam ser trocadas com os outros, mas não se podia perder ou rasgar, pois havia o número certo de figurinhas para cada um finalizar o seu álbum. Foi uma grande festa! Todos amaram e evitaram as tenebrosas faltas. Cada um que concluía virava motivo de comemoração. Todos vibravam e tentavam completar o seu também. A escola ficou encantada e outros alunos queriam da mesma forma fazer parte do álbum”, conta Andressa. A responsável Alessandra Tebas, mãe da aluna Ana Cláudia Tebas, escreveu um depoimento na agenda escolar da filha: “O álbum de figurinhas foi uma ideia genial e eu fiquei emocionada ao ver a alegria da Ana Cláudia. Que Deus recompense o seu esforço e dedicação”. A educadora conta que os responsáveis da turma se empenharam bastante em ajudar as crianças em todos os objetivos propostos e que as notas das provas bimestrais foram subindo, assim como a autoestima dos alunos. Escola Municipal Almirante Newton Braga de Faria Av. Monsenhor Félix, 1.059 – Irajá – Rio de Janeiro/RJ E-mail: emnewton@rioeduca.net Tels.: (21) 3372-0063 | 3372-6271 Fotos cedidas pela professora Revista Appai Educar

Mirantes com vista de tirar o fôlego, muita natureza, trilhas e espaços para piquenique são alguns dos atrativos do local PARQUE NATURAL MUNICIPAL PENHASCO DOIS IRMÃOS GUIA HISTÓRICO POR JÉSSICA ALMEIDA

Localizado no Leblon, o parque possui uma área de preservação ambiental com mais de 39 hectares e uma vista privilegiada de diversos cartões-postais da cidade, como Lagoa Rodrigo de Freitas, Jardim Botânico, Corcovado e as praias do Leblon e de Ipanema. Nas trilhas do parque o visitante encontra diversas espéciesbotânicas eanimais. Brinquedos, quadra poliesportiva e jardins, muito utilizados para piqueniques, são outros atrativos do parque. Ovisitantetambémpodeseaventurar na trilha JaneladoCéu, comapenas 1,5 kmdeextensão,quelevaàparteinferior do impressionante Irmão Menor, formando omajestosoMorro Dois Irmãos. É perfeita para iniciantes, com subidas curtas e acessíveis ao longodopercurso.

Em2022,atrilharecebeuumarevitalizaçãocominclusãodesinalização,barras deapoioeaberturademirantes, incentivando,assim,ousopor turistas.Ascaminhadas podem ocorrer ao longo de todo o percurso, porém a utilização de bicicletas fica restrita às vias pavimentadas da unidade.

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