A Escola do Futuro

a escola do futuro
a escola do futuro

É possível imaginar a escola do futuro ao pensarmos na que temos nos dias atuais? Essa foi uma das primeiras indagações do palestrante António Nóvoa no 8º Congresso Internacional de Educação de Gramado, realizado recentemente nessa cidade do Rio Grande do Sul: “A escola tem futuro sim, mas não será essa que vemos nos dias de hoje”, afirma o educador, ao explicar que o que nós, hoje, chamamos de escola é uma instituição centenária do ponto de vista dos encaminhamentos e da pedagogia, e que praticamente se manteve inalterada até os dias atuais. E, para contar a história da escola, ele recorre ao objeto que, simbolicamente, melhor a caracteriza: o “quadro-negro” ou, para nós do Brasil, o quadro verde. Pois, segundo o catedrático, com esse elemento surgem também as escolas “Normais”, de formação dos professores, dedicadas a “normalizar” a didática, a sala de aula, as turmas, os horários e a progressão dos estudos.

Ele aponta que as escolas Normais conduziram enormes avanços no século XX, mas para o XXI, para hoje, necessitamos de outro tipo de instituição, nós precisamos é da “Desnormalização”. “Devemos romper com a estrutura excessivamente rígida e normalizada da pedagogia, dos horários, do espaço, das aprendizagens e, por isso, carecemos de um novo tipo de escola”, ressaltou. Para descobri-la, Nóvoa sugere a transição da metáfora do quadro-negro para uma outra, a do “Tablet”. Ele defende que a escolha dessa figura de linguagem não se dá por razões tecnológicas, mas pela maneira como hoje as tecnologias estão mudando a nossa forma de pensar, nesse momento de revolução digital.
 
No lugar em que havia uma estrutura vazia do quadro-negro, temos agora (com o tablet) uma outra cheia de todos os conhecimentos do mundo, sejam bons ou maus, ao alcance de um toque da nossa mão. Onde havia um objeto de estrutura de comunicação vertical, dispomos hoje de materiais que dão suporte a uma comunicação horizontal, com grande capacidade de abrangência. Em sala de aula o aluno pode se comunicar com os pares e pessoas fora daquele ambiente, constituindo uma relação horizontal. Onde havia uma estrutura fixa, temos por definição uma realidade móvel, e esses objetos andam conosco, colados ao corpo, à pele, enfatiza Nóvoa, esclarecendo que, quando se observam essas transposições que vão de uma estrutura de dentro para fora, do individual para o coletivo, conseguimos entender o que são as mudanças estruturais da escola. E são essas transformações que vão trazer uma nova realidade no interior do trabalho dos professores.
 
Segundo António Nóvoa, as variações ocorrerão, terão que acontecer, é um caminho sem volta. “Nas próximas décadas, as estruturas mudarão a escola, a arrumação dos alunos num determinado espaço terá que se alterar substancialmente e é para essa nova realidade que os professores terão que estar preparados”, completa o especialista lembrando que essa mutação já é observada em algumas escolas no Brasil, em Portugal e mundo a fora. Não é, portanto, mero discurso utópico, mas sim uma realidade.
 
Professor, na próxima semana, mostraremos a visão de Nóvoa acerca das mudanças radicais que acontecerão no trabalho docente, em prol da renovação das escolas e da pedagogia. Aguardamos você, até lá!

Por Andréa Shoch
| Mestre em educação, especializada em informação de professores e consultora Appai por meio da EAD.

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