O Dia Internacional da Mulher


No dia 8 de março, é comemorado o “Dia Internacional da Mulher”. Com o passar do tempo, essa data tornou-se um símbolo de festividades, com muitas flores e caixas de chocolate. Mas, apesar do quão agradável seja ganhar presentes, é importante que cada uma de nós, mulheres, saiba a origem desse dia para comemorar de forma muito consciente.

Como tudo começou…

EVA ALTERMAN BLAY descreve que:

No século XIX e no início do XX, nos países que se industrializavam, o trabalho fabril era realizado por homens, mulheres e crianças, em jornadas de 12 a 14 horas, em semanas de seis dias inteiros e frequentemente incluindo as manhãs de domingo. Os salários eram de fome, havia terríveis condições nos locais da produção e os proprietários tratavam as reivindicações dos trabalhadores como uma afronta, operárias e operários eram considerados as “classes perigosas”.

A autora explica que, nessa época, homens e mulheres reivindicavam juntos melhores condições de trabalho (diminuição da jornada e proibição do trabalho infantil) num mesmo movimento sindical e político, porém, conforme a mentalidade da época, o salário da mulher apenas complementava o do homem, portanto não precisava haver condições de igualdade salarial para homens e mulheres. Dessa forma, não houve nenhum movimento específico a favor da igualdade salarial entre homens e mulheres até 1960. Nesse período de desigualdades gritantes quanto à remuneração de homens e mulheres, a mulher chegou a receber um terço do salário que um homem recebia na mesma função. Absurdo total!

Na metade do século XIX, tanto na Europa quanto nos EUA, o movimento dos trabalhadores estava a todo vapor. E foi nesse contexto, em 1903, que foi estruturada a Women’s Trade Union League, objetivando organizar as trabalhadoras assalariadas. Com as crises industriais de 1907 e 1909, a oferta de mão de obra cresceu muito por conta da chegada de imigrantes europeus, assim os salários dos trabalhadores foram ainda mais reduzidos.

Em fevereiro de 1908, mulheres socialistas se reuniram para se manifestar e exigir o direito ao voto e melhores remunerações. Esse encontro foi chamado, extraoficialmente, de Dia da Mulher.

Em 25 de março de 1911, ocorreu outro fato marcante, um grande incêndio na Triangle Shirtwaist Company, uma fábrica de vestuário que ocupava os três últimos andares do Edifício Asch. Na hora do incidente, algumas portas da fábrica estavam fechadas, como parte de um processo repressivo de trabalho – além de portas trancadas, os relógios também eram cobertos, entre outras injustiças. Nesse incêndio, morreram 146 pessoas, dentre elas 125 mulheres – pois a maioria dos trabalhadores que a indústria empregava eram mulheres. Foi uma situação muito, muito triste, que acabou por fortalecer o reconhecimento dos sindicatos na luta por melhores condições de trabalho. Atualmente, no lugar onde ocorreu o incêndio, está instalada a Universidade de Nova York, e há uma placa descrevendo o fato e suas consequências.

No século XX, as mulheres trabalhadoras continuaram a lutar, fazer greves e reivindicar melhores condições e igualdade salarial. Em 1915, a conferência de Clara Zetkin sobre a mulher se torna um marco importante na história.

Muitas outras lutas foram travadas e manifestações foram feitas por mulheres, em 8 de março, na continuidade dessa história que fez deste o dia comemorativo da mulher. Mas foi apenas na década de 70 que a data foi consagrada. Ao contrário do que possa parecer, é um dia para lembrar dessa origem, da luta de tantas mulheres que viveram numa época de total falta de direitos mínimos, de fortes reivindicações trabalhistas e muitas perseguições que, inclusive, acabaram em tragédias e mortes.

Para mim, essa data simboliza uma luta que continua, pois ainda há mulheres recebendo salários inferiores aos dos homens, exercendo a mesma função; muitas mulheres que lutam por reconhecimento são tidas como objeto de subserviência, não são respeitadas, muito menos valorizadas, pela própria família, pois é comum, após uma jornada árdua de trabalho, enfrentarem sozinhas as tarefas do lar, perfazendo assim um terceiro turno de trabalho. É preciso lutarmos, nos posicionarmos contra a subordinação e a inferiorização da mulher, na busca e conquista plena de igualdade social. E a educação é um desses caminhos!

Deixo como reflexão o poema musicado “Não é de hoje”, da Banda Cardióides, e desejo novas e muitas conquistas às mulheres!

ELA ACORDA CEDO ANTES DO DIA AMANHECER

VER QUANTO DURO A VIDA PODE SER

ELA ESCONDE AS MARCAS DE UMA LUTA DESIGUAL

MAS ACREDITA VENCER NO FINAL

VER TANTA COISA ERRADA

ÀS VEZES PENSA EM DESISTIR

MAS SABE SEU DESTINO É SEGUIR

NÃO É DE HOJE QUE ELA PROCURA SOLUÇÃO

É HOJE, NÃO

ELA CHEGOU TÃO TARDE QUE PERDEU O PÔR DO SOL

HÁ MUITO TEMPO QUE ISSO É NORMAL

ELA INSPIRA FUNDO AO VER O CORAÇÃO SANGRAR

MAS SABE QUE UM DIA VAI PASSAR

NÃO É DE HOJE QUE ELA PROCURA SOLUÇÃO…

 

*Texto completo de EVA ALTERMAN BLAY, acesse AQUI.


Por Andréa Schoch | Mestre em educação, especializada em formação de professores e consultora Appai por meio da EAD.


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