Inovação: Bebendo na fonte da Filosofia | Forno micro-ondas ou fogão a lenha?


O mundo caminha em busca de novidades. Você percebe que, nas diferentes áreas da vida, o inovar se coloca como uma necessidade, especialmente quando envolve a tecnologia aplicada. Da medicina à engenharia civil, há inúmeros exemplos de inovação. Na primeira, pesquisadores desenvolveram um método de IMPRESSÃO 3D PARA IMPLANTES MÉDICOS feito com silicone macio, o que os torna mais resistentes, mais rápidos, menos dispendiosos, mais flexíveis e mais confortáveis ​​do que os implantes atualmente disponíveis.
Já os SENSORES VESTÍVEIS são exemplos de inovação na engenharia civil. As companhias colocam sensores inteligentes nas roupas dos trabalhadores para obter ganhos em segurança. Por exemplo, os sensores avisam se houve algum impacto. Já relógios de pulso monitoram a temperatura corporal e evitam a exaustão térmica. Tantas outras inovações, nas mais diferentes áreas, nos circundam e abrem novas possibilidades para a evolução constante.
Em educação, essa ideia também está presente, porém por vezes a palavra INOVAÇÃO é fortemente entendida como aquilo que é integralmente inédito, quando na verdade não necessariamente precisa ser. Para compreender com um pouco mais de profundidade esse termo, resolvemos buscar a definição na filosofia, apresentando a etimologia da palavra.
INOVAÇÃO tem como matriz a palavra “INOVAR” que significa “tornar novo; renovar, restaurar”. A origem do verbo vem do latim “INNOVO ARE”, que quer dizer: “introduzir novidade em”. Dessa forma, compreendemos que inovação também nasce da busca do conjugar o que já existe e é pertinente, com um quê de inédito.
Inovar não se resume apenas ao que é inédito ou novo. Precisamos desfazer esse equívoco e compreender que o tradicional e o antigo ainda têm seu lugar ao sol.
Um dia desses, tive o prazer de ouvir o sábio filósofo Cortella fazendo a diferenciação entre as palavras Tradicional x Arcaico e Antigo x Velho.
Conforme ele distinguiu, TRADICIONAL é aquilo que existiu e ainda existe, e que carrega vitalidade e importância, enquanto que ARCAICO é aquilo que não tem mais lugar porque está anacrônico, fora de tempo, não cabe mais, não se aplica.
Como educadora, concordo com Cortella. Muito embora Piaget, Vygotsky, Dewey e tantos outros educadores tenham despontado no século passado, eles são tradicionais, suas ideias não morreram, ainda se aplicam, têm sentido e cabem perfeitamente ainda hoje. A AUTORIDADE de um professor é TRADICIONAL, porém qualquer forma de AUTORITARISMO é ARCAICA.
ANTIGO e VELHO são igualmente dois termos muito confundidos. Você é uma pessoa antiga ou uma pessoa velha? Segundo Cortella, ninguém nasce pronto e vai se gastando ao longo da vida. O que nasce pronto e se gasta ao longo do tempo são roupas, computadores, sapatos e tantos outros objetos. Esses sim ficam velhos. Mas nós, seres humanos, vamos nos fazendo ao longo dos anos, nos desenvolvendo, vamos crescendo, portanto podemos até ser antigos, mas não velhos. E a cada ano que passa temos a melhor versão de nós mesmos, diz ele.
De forma muito descontraída, nosso sábio filósofo dá um exemplo do que é tradicional: Você sai para almoçar e vê um restaurante com o cartaz: “Fornos micro-ondas de última geração”, e logo ao lado um outro restaurante que diz: “Fogão a lenha”. E então, qual deles você escolhe para fazer a sua refeição? Em geral, as pessoas querem a comidinha feita em forno a lenha, em função do sabor superior, da lembrança da casa da vovó ou algo parecido. O fogão a lenha é tradicional, tem vitalidade, cabe, é bom. E se usado em um restaurante nos dias de hoje, associado a outras tecnologias da cozinha moderna, significará uma “INOVAÇÃO”, uma renovação de ares.
Em educação, a inovação também segue essa linha de raciocínio, não é preciso jogar tudo fora, podemos resgatar o tradicional e implementá-lo. Não tem a ver com substituição completa, mas representa sim aplicar aquilo que se mostra importante e pertinente para nossos dias (o tradicional), mesmo que pequenas adaptações sejam necessárias em caráter complementar. O que está em jogo é muito mais uma questão de encaminhamento metodológico, de quebra de modelos engessados, de propor uma forma diferente de estrutura e organização do trabalho pedagógico, do que somente de tecnologias ou estruturas físicas para a escola, embora elas sejam importantes.
Como exemplo prático do tradicional implementado, citamos o case de uma professora de São Paulo que usou a lógica do jogo de tabuleiro para aproximar e engajar alunos antes completamente desinteressados pela leitura. Ela percebeu que eles gostavam de desafios, porém não se interessavam por ler, então criou uma atividade que denominou “xadrez literário”, unindo o tabuleiro, técnicas de jogos e o conteúdo das obras literárias. Os enigmas do jogo de tabuleiro tinham respostas nas obras literárias. Um case e tanto!
Se desejar, acesse o link e leia o artigo completo, que conta detalhes do trabalho com o xadrez literário:
Acesse também o site que detalha as últimas inovações tecnológicas, da medicina à engenharia civil, citadas neste texto:
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Por Andréa Schoch | Mestre em educação, especializada em formação de professores e consultora Appai por meio da EAD.


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