O cuidado na volta às aulas

Psicóloga alerta para preocupação com emocional de alunos e professores durante esse período


A possibilidade da volta às aulas, em meio à pandemia, precisa ser entendida como algo muito além dos cuidados de higienização e protocolos estabelecidos pelas autoridades sanitárias. A consultora educacional e psicóloga Carla Jarlicht ressalta que é preciso dar maior atenção aos aspectos emocionais, tanto de professores quanto de alunos. “Uma nova estratégia que deverá surgir de um debate transparente entre todos os envolvidos: estabelecimentos, pais, alunos, professores, poder público e sociedade”, afirma.

A psicóloga explica que serão muitos os desafios e que eles vão dos aspectos estruturais e organizacionais da escola, que deverá atender aos protocolos, aos aspectos emocionais, que envolvem não só o acolhimento dos alunos como também o das famílias. “Todos estão, em alguma medida, sensíveis a tudo que vem acontecendo e, de certa forma, inseguros, ansiosos e um tanto esperançosos com o que está por vir”, observa.

Para ela, o retorno ao ensino presencial demandará do professor novas estratégias para a reinvenção tanto das relações afetivas quanto do trabalho pedagógico em si, repensando os projetos, de acordo com a avaliação diagnóstica dos alunos, contemplando novos encaminhamentos, além de outros combinados para a rotina, que será inteiramente diferente.

Carla explica que essa nova realidade será um grande desafio para todos na escola, sobretudo para os professores que são o porto seguro dos alunos, suas famílias e coordenação. Portanto, o acolhimento deve também se estender a eles. Gestores e coordenadores precisam estar abertos para ouvir esses profissionais nas suas demandas e trabalhar em parceria.

A especialista lembra que a escola é um lugar de encontro. E que seria fundamental criar um espaço para diálogo transparente com as famílias e a comunidade para que, juntos, possam pensar sobre esse retorno às aulas e em como viabilizar a prática de tais protocolos. “Discutir, ponderar, acalmar as angústias, alinhar as expectativas e planejar soluções possíveis. Mais do que nunca, num contexto como a de uma pandemia, precisamos pensar coletivamente, compartilhando a responsabilidade entre todos os envolvidos”, explica.

A psicóloga destaca, citando o educador português José Pacheco, que “escola não é edifício; escolas são pessoas”. O educador esteve recentemente em uma live exclusiva da Appai, para falar sobre as Novas Construções Sociais de Aprendizagem. Se você perdeu, não se preocupe, a entrevista está disponível no Youtube e Facebook da Appai.

Para concluir Carla garante que, para além de todos os cuidados de higienização – que são importantíssimos -, precisamos focar na saúde emocional de crianças e adultos. “A situação vivida ainda é delicada sob muitos aspectos, sobretudo o emocional. Muitas e diversas foram as perdas, não podemos fechar os olhos para isso, não será possível continuar de onde havíamos parado, como se tudo tivesse sido um feriado prolongado”, finaliza.


Por Jéssica Almeida
Fonte: Dona Comunicação.


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