Ano26–152-2023-CIRCULAÇÃO DIRIGIDA – DISTRIBUIÇÃOGRATUITA ESTIMULANDOA NAERA LEITURA DIGITAL Emumaépocaemqueascriançasjánasceminseridasnocontextodigital, etãodistantesdoslivrosfísicos,qualopapeldaescolanaformaçãodeleitores?
Revista Appai Educar Conselho Editorial Julio Cesar da Costa Ednaldo Carvalho Silva Andréa Schoch Jornalista Editora Antônia Lúcia Figueiredo (M.T. RJ 22685JP) Assistente de Editorial Jéssica Almeida Designers Luiz Cláudio de Oliveira Yasmin Gundim Revisão Sandro Gomes Colaboração Luiz André Ferreira Professores, enviemseus projetos para a redação da Revista Appai Educar: End.: Rua Senador Dantas, 117/229 2º andar – Centro – Rio de Janeiro/RJ. CEP: 20031-911 E-mail: jornaleducar@appai.org.br redacao@appai.org.br www.appai.org.br EXPE DIEN TE
Revista Appai Educar LÍNGUA PORTUGUESA POR SANDRO GOMES* NOMES EXÓTICOS DE VERBOS CONHECIDOS Emgeral os estudantes de Língua Portuguesa estão habituados, quando se trata de verbos, a ouvir nomes como transitivo, intransitivo, bitransitivo, irregular, de ligação etc. No entanto, há outras nomenclaturasmenos empregadas e que podemassustar alguns à primeira vista. Porémse trata de nomes atribuídos a tipos verbais que são usados no dia a dia e comos quais estamos bastante familiarizados. Quer ver como você os conhece? Verbos Vicários A palavra latina vicarius significa “fazer a vez de” ou “substituir”. E é exatamente isso o que ele faz nas orações emque aparece: substitui um verbo jámencionado anteriormente, impedindo que haja uma repetição indesejável num texto que se pretenda escrito na norma culta da língua. Veja exemplos. Íamos convidá-lo a participar, mas não convidamos. Íamos convidá-lo a participar, mas não o fizemos.
Revista Appai Educar *Sandro Gomes é graduado em Língua Portuguesa, Literaturas brasileira, portuguesa e africana de língua portuguesa, redator e revisor da Revista Appai Educar, escritor e Mestre emLitera tura Brasileira pela Uerj. No primeiro exemplo repetimos na segunda oração o verbo “convidar”. No segundo, utilizamos o verbo “fazer” com função vicária. Não soa mais agradável? Verbos Tritransitivos Trata-se de uma nomenclatura defendida por alguns autores para expressar formas verbais a partir das quais várias ideias se desenrolamnuma oração. Vamos ver umexemplo? Aquele professor traduziu Aristóteles do grego para o português. Repare que o verbo “traduzir” pede inicialmente um complemento direto (quem traduz, traduz alguma coisa). Mas no contexto dessa oração há alguns desdobramentos. Quem traduz um texto o faz a partir de uma língua e, por consequência, o converte em outra. É como se tivéssemos uma determinada sequência de ideias. Traduzir (o texto), de que idioma? (o grego), para qual outro? (o português) Apesar de do grego para o português exercer a função sintática de adjunto adverbial, essa figura só aparece na oração a partir de umdesdobramento da ideia central sugerida pelo verbo “traduzir”. Daí alguns autores proporema nomenclatura de tritransitivos. Verbos Modais Chamam-semodais os verbos que participam de locuções, atenuando ou enfatizando uma ação verbal. Repare o exemplo. As pessoas de bem querem apoiar a nossa causa. Nessa oração aparece a locução verbal “querem apoiar”. “Apoiar”exercea funçãodeverbo principal e “querer” desempenha a função modal. Repare
Revista Appai Educar na característica de que é ele que se flexiona, enquanto o principal permanece no infinitivo: queriamapoiar, quiseram apoiar, queriam apoiar etc. Verbos Defectivos Os defectivos são aqueles verbos que não são conjugados em algumas formas, sendo, assim, umamodalidadedeverbos irregulares. Interessante notar que os defectivos sempre apresentam todas as formas nos pretéritos e no futuro. Acompanhe alguns exemplos. Abolir – tu aboles, ele abole, nós abolimos, vós abolis, eles abolem. (Nãohá a 1ª pessoa do singular no presente do indicativo) Falir – no presente do indicativo só é conjugado na 1ª e 2ª pessoas do plural: nós falimos, vós falis. Nas demais não há conjugação. Viger – só se conjuga nas formas em que depois do “g” vem a vogal “e”: vigem, viges, vigendo etc. Não existe eu vigo, por exemplo. Verbos Anômalos São também uma modalidade dos verbos irregulares e caracterizam-se por serem conjugados de forma tão irregular que chegam a apresentar mais de um radical, segundo o tempo ou a pessoa. Veja algumas formas dos verbos abaixo. Ir – eu vou, eu fui, tu fostes, vós ireis, ide vós etc. Ser – eu sou, ele é, nós fomos, vós sereis, vós fôreis, sido etc. Apesar de aparentemente exóticos, estamos falando de usos muito comuns da língua, e o estudante, que normalmente se vê às voltas com estas terminologias, pode ter a certeza de que, comumpouco de calma e estudo, vai tirar mais essa de letra. Até a próxima, pessoal!
Revista Appai Educar A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL PODE CONTRIBUIR PARA A MODERNIZAÇÃO DO SISTEMA DE ENSINO, MAS NÃO SUBSTITUI O SER HUMANO OPINIÃO POR MARTIN OYANGUREN* O uso de novas tecnologias, como a inteligência artificial, não é necessariamente uma novidade na educação, mas o avanço do chatGPT e o possível impacto de seu uso se tornaram um dos assuntos mais debatidos e comentados do setor educacional. Se inicialmente muitos especialistas, pesquisadores e docentes se mostraram contrários a essa novidade – sugerindo até a sua proibição –, agora, passado o susto inicial, vivemos um novo cenário. Nele, outras ideias para o emprego dessas ferramentas começam a surgir, e o seu uso apresenta-se como uma realidade mais amigável, que, inclusive, pode contribuir com os sistemas atuais de ensino.
Revista Appai Educar A verdade é que a inteligência artificial está presente na educação há muito tempo. Bem antes das ferramentas que ganharam visibilidade nos últimos meses. Ela faz parte, por exemplo, do dia a dia de diversas edtechs que lançammão dessa tecnologia para personalizar o ensino e o aprendizado. Muitas inovações, como soluções relacionadas a gamificação e realidade aumentada, agregaram facilidades ao ensino e à gestão escolar, trazendo resultados extremamente positivos. Portanto, cabe a nós ponderarmos o medo ou receio em aplicar essas mudanças e buscar os benefícios e funcionalidades que cada solução pode apresentar, sempre levando em conta os prós e os contras. A inteligência artificial deve ser encarada como uma ferramenta para tornar o ensino mais dinâmico. Um recurso com potencial de facilitar a rotina de todos os participantes do sistema educacional, oferecendo aos gestores, por exemplo, auxílio e rapidez em funções administrativas e na coleta e análise de dados sobre o desempenho dos alunos. Isso permite identificar as necessidades individuais de cada estudante e, assim, adaptar o ritmo, o conteúdo e o estilo de ensino em suas instituições. Já aos professores abre portas em atividades de rotina como a correção das avaliações e a construção de planos de aula e atividades, reduzindo o tempo investido nessas tarefas diárias e proporcionando mais qualidade de vida e formas de estimular o interesse e participação colaborativa dos alunos.
Revista Appai Educar Em relação aos estudantes, não podemos nos limitar ao pensamento de que a inteligência artificial será usada apenas para facilitar a redação e criação de textos, pois suas funcionalidades, se bem acompanhadas pelos docentes, podem ser aplicadas de diversas maneiras, com múltiplos benefícios. Alguns exemplos são a criação de tutoriais e de jogos educativos que ofereçam uma forma independente de aprender e que apresentem feedbacks instantâneos sobre desempenho. Ainda há uso para o desenvolvimento de tutorias on-line, aulas personalizadas e apresentação de novas habilidades para uma aprendizagemmais inclusiva e envolvente, proporcionando acesso a recursos para alunos com necessidades especiais ou dificuldades de aprendizado. É importante destacar que a inteligência artificial, assim como qualquer outra nova ferramenta ou solução educacional, não deve ser vista como alternativa única e definitiva, mas como algo complementar ao ensino tradicional. A melhor compreensão das possibilidades de aplicação pode torná-la uma grande aliada e contribuir para a promoção de uma aprendizagemmuito mais colaborativa e moderna, tornando a dinâmica de estudo entre alunos e professores ainda mais interessante. Nesse cenário cada vez mais tecnológico, o professor continua tendo papel de protagonista. Um personagem essencial para a educação e que vai orientar os alunos sobre o direcionamento das disciplinas e o uso dessas inovações. Reforçado por novas soluções, o docente passa a atuar cada vez mais ativamente como motivador e mediador do conhecimento. Ninguém substitui o professor na tarefa de estimular o pensamento crítico dos alunos, seja através do raciocínio lógico, da criatividade ou de tantos outros estímulos que auxiliem o desenvolvimento da autonomia intelectual e da autoconfiança para superar problemas e desenvolver habilidades além da sala de aula.
Revista Appai Educar As mudanças fazem parte de um processo evolutivo, e ainda estamos apenas na etapa inicial de mais uma delas. O papel da inteligência artificial na educação deve ser debatido nas instituições, e essa reflexão irá motivar atualizações entre os professores, gestores e alunos. Uma discussão conjunta que pode contribuir para um entendimento mais concreto sobre o tema e sobre as melhores práticas de uso. Já presente em nosso dia a dia da educação, a inteligência artificial é disruptiva e veio para ficar. Sendo assim, será parte importante no ensino ainda que muitos não gostem. Porém, com a devida orientação, acompanhamento e, principalmente, mediação dos responsáveis pela educação (gestores e professores), essas novas abordagens e ferramentas podem ajudar e contribuir não apenas para atualizações sobre ensino tradicional ou como lidamos com a evolução da educação, mas possibilitar o acompanhamento das mudanças de pensamento, ampliação de repertórios, aprendizagens e comportamentos. Tudo, sempre, como uma ferramenta do ser humano, que continuará sendo o protagonista da transmissão e geração de conhecimento. *Martin Oyanguren, é CEO do Educacional - Ecossistema de Tecnologia e Inovação, área de negócios da Positivo Tecnologia dedicados à educação e VP da Positivo Tecnologia.
Revista Appai Educar LONGEVIDADE POR JÉSSICA ALMEIDA SABIA QUE A SUA VOZ ENVELHECE? Todomundoprecisacuidardavoz, eparaosprofessores o cuidado é redobrado. Saiba a importância de preservá-la e confira algumas dicas!
Revista Appai Educar O processo natural da vida é o envelhecimento e, como tudo em nosso corpo, a voz também tem esse caminho! Por isso é tão importante cuidar da nossa saúde física e mental, para manter tudo funcionando dentro da normalidade e viver com qualidade e autonomia. E por falar em voz, o professor sabe bem sobre a importância de valorizar esse instrumento de trabalho e redobrar os cuidados para preservá-la.
Revista Appai Educar De acordo com a médica otorrinolaringologista, Dra. Roberta Pilla, existe até um nome para esse envelhecimento da voz: presbifonia. “A laringe (órgão onde estão as pregas vocais) é composta por músculos, cartilagens e articulações, que sofrem o efeito do envelhecimento com o passar dos anos como qualquer outra parte do corpo”, explica a especialista. ADra. Carla Falsete, otorrino geral e pediátrica, ressalta que existe uma série de sinais de envelhecimento da voz que podemser acompanhados. Como, por exemplo, ela pode se tornarmais rouca e áspera, aguda ou grave ou ainda parecermais fraca oumais trêmula. Alémdisso, a capacidade de cantar ou falar por longos períodos pode diminuir. Pilla complementa sobre uma perda progressiva da melodia da fala, além de um padrão vocal commenos volume e intensidade. “O resultado é uma modificação da voz que pode ocorrer a partir dos 65 anos. O início e o desenvolvimento desse proces-
Revista Appai Educar so dependemdas condições gerais do indivíduo relacionadas à sua saúde física, além de emocionais e ambientais”, contextualiza amédica. Por isso, as especialistas pontuamuma série de cuidados que se pode ter ao longo da vida para retardar esses sintomas e desfrutar da voz forte por muitomais tempo. Para Pilla, o hábito demanter-se hidratado é uma das melhores dicas para preservar a saúde vocal. Ela recomenda ainda abolir o fumo e a inalação de outras drogas, alémde evitar falar por muito tempo e gritar. “Se houver a necessidade de utilizar a voz por um tempo prolongado, encontre tempo para repousá-la depois da tarefa. Evite também falar durante as atividades físicas, paramanter a respiração livre, pelo nariz. E o ideal é abrir mão do ar-condicionado e do ventilador. Se não for possível, ingerir água durante a exposição”, indica a otorrino.
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Revista Appai Educar Também pensando na melhor forma de cuidar da voz, a Dra. Carla faz uma importante recomendação. “Manter uma postura correta ajuda a respirar mais facilmente e a produzir um som vocal mais saudável e ■ Nãoconsuma caféouchápretoemexcesso, elespodemressecar o tratovocal. ■ Evite alimentos achocolatados ou derivados do leite antes de cantar, atuar, dar aulas ou palestras, pois aumentam a secreção espessa no trato vocal. ■ Evitar falar pormuito tempo ou gritar. ■ Repousar a voz ao falar intensamente. ■ Ter cuidado comambientes de poeira, mofos e cheiros fortes. ■ Evitar falar muito quando em quadros virais, infecciosos e alérgicos. ■ Ter cuidado com a automedicação. Sprays e pastilhas também têm efeito anestésico, mascarando os sintomas e permitindo o abuso vocal. ■ Fazer pausas regulares para prevenir a fadiga vocal. ■ Realizar exercícios de aquecimento vocal antes de falar por períodos prolongados. commelhor ressonância”, explica. Por fim, ela aconselha não usar roupas muito apertadas na região da cintura, “pois isso dificulta a respiração diafragmática e, por consequência, a extensão e força da voz”. VEJA OUTRAS DICAS DAS ESPECIALISTAS PARA PRESERVAR A VOZ: Fonte: Update Comunicação. Fotos: Bancode imagens gratuitas do Pexels e Freepik.
Revista Appai Educar INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NO APRIMORAR DA EDUCAÇÃO ENTREVISTA POR ANTÔNIA LÚCIA
Revista Appai Educar EmentrevistaexclusivaàRevista Appai Educar, ReginaSilva, diretorapedagógicadaEducacional –EcossistemadeTecnologia fala sobreasoportunidadesproporcionadaspela inteligênciaartificial (IA) paraoaprimoramento daeducaçãoedas estratégiasparaosprofessores seprepararemparaa integraçãodessa tecnologiaemsaladeaula. RAE: Comoa inteligênciaartificial pode ser utilizadaparamelhorar aexperiênciadeaprendizagemdos alunos? ReginaSilva: É importante ressaltar queo termo“tecnologia” se refereaumprodutoda ciênciaedaengenhariaqueenvolveumconjuntode instrumentos,métodos e técnicasque buscamresolver problemas e facilitar as ações dodiaadia, e issonãoédiferentequandose tratadeutilizar a IAnaeducação, umavezque essas ferramentas tambémpodemauxiliar e facilitar as açõesdeensinar eaprender. Uma das grandes vantagensda IAnaeducaçãoéa
Revista Appai Educar possibilidadedepersonalização dos caminhosdeaprendizagem, quepermiteentender as necessidades de cada aluno combase em seu perfil e histórico de interação para recomendar conteúdos e conceitos visando uma melhor compreensão dos temas abordados. No Educacional dispomos de diversas soluções que já utilizam IA para aprimorar o processo ensino-aprendizagem por meio de experiências significativas e envolventes. Destacam- -se, entre elas, as plataformas adaptativas, as soluções Steam de programação e prototipagem e as Suítes Educacionais, que integram aplicações pedagógicas e de gestão em um ecossistema digital com login único e inteligência de dados. A inovação está em nosso DNA, buscamos sempre entender as principais necessidades educacionais e encontrar soluções que impulsionem a transformação digital nas escolas. Para isso, usamos recursos de inteligência com base em dados e relatórios integrados que nos permitem identificar tendências e padrões no uso das aplicações tecnológicas utilizadas por alunos, professores e gestores. A partir dos insights gerados, podemos oferecer maior flexibilidade na disponibilização de aplicações que melhor se adequam aos objetivos pedagógicos de cada instituição ou rede de ensino. RAE: Quais são as oportunidades oferecidas pela inteligência artificial para aprimorar a educação?
Revista Appai Educar Regina Silva: Os atuais debates sobre inteligência artificial e ChatGPT abriram o olhar para oportunidades de uso de ferramentas digitais dessa categoria no contexto educacional. Além da personalização, outras funcionalidades podem engajar os estudantes e aprimorar o processo ensino-aprendizagem. Podemos citar como exemplo atividades de pesquisa nas mais diversas áreas; práticas de produção textual, com dicas e correções automatizadas; aprendizagem de idiomas; construção de argumentos para atividades de debate e até mesmo a criação de sistemas de aprendizagem contínua, permitindo que os alunos aprendam e desenvolvam habilidades ao longo da vida. Além disso, é importante ressaltar que essas ferramentas tambémdesempenhamumpapel fundamental na prática docente e na gestão escolar, auxiliando na elaboração de planos de aula, na produção de relatórios e feedbacks personalizados, na análise de dados e na identificação de padrões e tendências em relação ao desempenho dos alunos.
Revista Appai Educar O compartilhamento de experiências sobre o uso desses recursos no ambienteescolar certamenteampliará as potencialidades da tecnologia. Entretanto, é preciso estimular tanto estudantesquantoeducadores ausarema IApara fomentar opensamento crítico e criativo, e não apenas para a execução automática de tarefas. RAE: Como os professores podem se prepararpara lidar coma integraçãoda inteligência artificial em sala de aula? Regina Silva: Sabemos que grande parte dos estudantes é expert em novas tecnologias. Omedo do novo, com o qual os professores muitas vezes se deparam, não deve ser um limitador para explorar novas ferramentas digitais no ambiente escolar. Os docentes podem considerar os estudantes como parceiros no processo ensino-aprendizagem, o que representa uma grande oportunidade para enriquecer suas aulas, aproveitando a familiaridade dessa geração com as novas tecnologias. Dessa forma, podemse sentirmais preparados para integrar a tecnologia emsua prática pedagógica ao trocar experiências comcolegas, pesquisar na internet e redes sociais, participar
Revista Appai Educar tecnologia não substitui a importância do papel do professor e da interação humana na educação, pois acreditamos que a aprendizagemé umprocesso colaborativo que envolve o diálogo e a troca entre pares. RAE: Quais são as preocupações éticas relacionadas ao uso da inteligência artificial na educação? Regina Silva: Sobre essa temática, em 2021 a Unesco publicou um documento chamado “Recomendações sobre a éticada inteligência artificial” Reconhecemos que a tecnologia não substitui a importância do papel do professor e da interação humana na educação de cursos e work-shops sobre o tema e aprender na prática, fazendo uso das ferramentas emsuas tarefas cotidianas. Independentemente dométodo escolhido, é essencial que procurem estar sempre atualizados e dispostos a aprender, a fimde que possamajudar seus alunos a desenvolver habilidades críticas e criativas para lidar comas demandas da era digital. Emtodos os projetos que implementamos, seja emescolas públicas ou privadas, sempre priorizamos a formação docente. Reconhecemos que a
Revista Appai Educar queapresentaumasériedeprincípios paraodesenvolvimento,aimplementaçãoeousodesistemas inteligentes. Esse documento ressalta a importância de se considerar aspectos como a promoção do bem-estar humano e a melhoria da qualidade de vida, o respeitoà autonomia, à individualidade, aos direitos humanos, às liberdades fundamentais, à privacidade e à proteção de dados. Por outro lado, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) destaca que a escola deve levar o aluno a desenvolver a capacidade de avaliar a confiabilidade e a veracidade das informações, identificar preconceitos, estereótipos e manipulações, assim como promover o respeito à diversidade cultural e à ética nas interações midiáticas e suas influências na sociedade. Para promover o uso consciente e ético da IA no contexto educacional, é fundamental fomentar a educação midiática, que visa desenvolver habilidades críticas em relação aos meios de comunicação e às ferramentas digitais, abrangendo tambémdiscussões sobre o avanço das pesquisas e o desenvolvimento de novas ferramentas. RAE: Quais são as habilidades necessárias para os alunos se prepararem para trabalhar com inteligência artificial no futuro?
Revista Appai Educar Regina Silva: Com a crescente transformação digital, que inclui o uso de inteligência artificial nas mais diferentes áreas, é importante que os alunos desenvolvam habilidades específicas para trabalhar com essa e outras tecnologias no futuro. Nessa perspectiva, a escola precisa promover ações que contribuam com a formação integral e plena do estudante. Este conceito refere-se ao desenvolvimento completo de todas as dimensões da pessoa, incluindo aspectos cognitivos, físicos, emocionais e sociais. Assim, o plano de ensino e o planejamento didático, além de promover a aquisição de conhecimentos conceituais, devem abranger atividades que estimulem o desenvolvimento de habilidades técnicas/motoras (hard skills) e habilidades relacionadas ao pensamento crítico, à resolução de problemas, ao raciocínio lógico, ao pensamento computacional, à colaboração, à comunicação e à criatividade (soft skills), entre outras. No Educacional, costumamos dizer que os nossos estudantes precisamdominar as tecnologias ao invés de seremdominados por elas. RAE: Como a inteligência artificial pode ser usada para personalizar a aprendizagem dos alunos?
Revista Appai Educar Regina Silva: A inteligência artificial apresenta um grande potencial para auxiliar a aprendizagem dos alunos de maneira personalizada, adaptando-se às necessidades e aos objetivos educacionais individuais. A personalização é um ponto de destaque das ferramentas inteligentes, pois a partir do histórico de buscas e interações a IA pode, por exemplo, recomendar conteúdos personalizados, indicar trilhas de aprendizagem, analisar desempenho e fornecer feedback individualizado, usar técnicas de machine learning
Revista Appai Educar (aprendizado de máquina) para adaptar o conteúdo e as atividades de acordo com habilidades, conhecimentos, interesses e estilos de aprendizagem individuais, garantindo assim que o aluno esteja sempre desafiado e motivado a aprender. Essa é a premissa do Aprimora, uma plataforma adaptativa de aprendizagem que se utiliza de estratégias de inteligência artificial para identificar as necessidades específicas de cada estudante e conduzi-lo para a construção do conhecimento. Nesse contexto, a IA atua como um tutor virtual, oferecendo suporte e orientação específicos para que cada aluno atinja seus objetivos educacionais. RAE: Como a inteligência artificial pode ajudar a avaliar a qualidade da educação e identificar áreas de melhoria? Regina Silva: A inteligência artificial pode contribuir significativamente para aprimorar a qualidade da educação de diversas formas, pois permite análises rápidas e aprofundadas de uma grande quantidade de dados para a criação de um
Revista Appai Educar grande BI Educacional. Essas análises podem ajudar a identificar lacunas de aprendizagem e a definir ajustes no currículo ou nas estratégias pedagógicas para garantir a aprendizagem de todos e de cada um. Uma vez mais é importante ressaltar o papel ativo e crítico do professor ao usar esses recursos. As ferramentas de IA criam respostas a partir das informações que são disponibilizadas ou já constam na internet. Assim, essas respostas não levam em consideração observações mais sensíveis, subjetivas e humanas. A interação entre professor e aluno é essencial e insubstituível. RAE: Quais sãoas implicações da inteligência artificial para a empregabilidade e futuro dos alunos? ReginaSilva: Vivemos em um mundo em constante transformação, impulsionado pelo avanço das tecnologias. A cada dia novas tecnologias são criadas e aprimoradas, modificandoamaneira comonos relacionamos e executamos as mais distintas tarefas,
Revista Appai Educar *Regina Silva é diretora pedagógica do Educacional – Ecossistema de Tecnologia e Inovação, área da Positivo Tecnologia para negócios de educação. sejam relacionadas ao trabalho ou a ações do dia a dia. E, nesse contexto, é possível dizer que as profissões do futuro são incertas. Vivemos em uma era em que, à medida que a IA se torna cada vez mais presente em diversos setores, surgem novas oportunidadesdeempregos,novasprofissões, novas maneiras de trabalhar, novas formas de operar negócios e empresas, cada vez mais automatizadas e estruturadas emdados. E como a tecnologia não para de evoluir, fica cada vez mais evidente a necessidade de formação continuada e de aprendizagem ao longo da vida. Isso envolve aprender a aprender emdiversos ambientes e situações, incluindo a escola, o trabalho, a comunidade e a vida pessoal.
Revista Appai Educar ESTIMULANDO A LEITURA NA ERA DIGITAL MATÉRIA DE CAPA POR ANTÔNIA FIGUEIREDO E JÉSSICA ALMEIDA Em uma época em que as crianças já nascem inseridas no contexto digital, e tão distantes dos livros físicos, qual o papel da escola na formação de leitores?
Revista Appai Educar Estimular a leitura desde a infância desenvolve habilidades linguísticas, amplia o vocabulário, estimula a imaginação e criatividade, além de promover o aprendizado e o desenvolvimento cognitivo. Mas, numa era em que as crianças já nascem inseridas no contexto digital, e tão distante dos livros físicos, qual o papel da escola na formação de leitores? Como estimular a prática desde a alfabetização? Esse estímulo precisa começar por quem? Essas e outras perguntas serão respondidas ao longo dessa matéria por especialistas convidados pela Revista Appai Educar. Confira! Sabemos que a leitura contribui para a formação de valores, desperta o interesse por diferentes culturas e possibilita a construção de um repertório cultural sólido. Além disso, a prática frequente desde cedo cria o hábito de ler, o que traz benefícios ao longo da vida, tanto no âmbito acadêmico como no pessoal. Portanto, incentivar a leitura na infância é fundamental para o desenvolvimento integral das crianças.
Revista Appai Educar A especialista em Educação Infantil, Judith de Lima Cortez, explica que o prazer pela leitura pode e deve ser estimulado ainda antes da alfabetização e já com os bebês. “Na minha experiência de leitura na Educação Infantil, com crianças a partir de 1 ano de idade, é possível perceber o seu envolvimento quando o educador apresenta a história, seja ela contada, lida ou cantada. Neste sentido ler cotidianamente para as crianças é o caminho! Ao fazê-lo, o adulto se torna uma importante referência de leitor e possibilita que a criança, embora ainda não domine os códigos da escrita, leia através dele”, pontua. A coordenadora da Educação Infantil na SME de Duque de Caxias ressalta que a escolha da literatura infantil deve considerar a faixa etária das crianças, mas principalmente a qualidade do texto escrito, na contramão de uma ideia equivocada de que livros infantis precisam ter frases curtas e de fácil entendimento para os pequenos. “Permitir que as crianças tenham contato com o portador do texto escrito é também fundamental no estímulo à leitura. Elas precisam tocar o livro, percorrer suas páginas, apreciar as suas ilustrações, balbuciar, contar e recontar suas histórias”, explica Judith. Segundo a especialista, o fator imprescindível para estimular a formação de um bom leitor é a oferta da leitura por prazer. “É importante que o adulto compreenda o tempo e espaço da leitura não como um pretexto para ensinar algo para as crianças, mas como ummomento em que podem ser provocadas em seu imaginário, fazendo suas interpretações e relações com suas experiências, através do texto lido”, exemplifica.
Revista Appai Educar A escola teve e tem função primordial na formação de bons leitores. Embora vivamos uma era digital e tecnológica, a literatura ocupa um importante papel no desenvolvimento humano, pois tem o poder de encantar e permitir que o leitor seja transportado e vivencie diferentes experiências a partir dos textos escritos e contados. Para a especialista, o estímulo à leitura é bem-vindo de todas as partes. Família e escola cumprem importante papel no conEscola ou família: esse estímulo começa por quem? tato da criança com o mundo letrado e principalmente com a leitura literária. “Porém, à escola cabe sem sombra de dúvidas um grande peso neste trabalho, principalmente com as crianças das classes populares, cujas famílias têmmenor acesso à cultura em suas diversas expressões. A leitura literária deve ser parte viva do currículo da escola desde a Educação Infantil”, destaca Judith.
Revista Appai Educar Incentivando a leitura A educadora conta que nos diversos papéis que desempenha na rede de ensino em que atua, a literatura infantil está sempre presente. Desde apresentar às crianças histórias escritas por diversos autores ou na utilização destes textos emmomentos de formação com profissionais que atuam nas creches e escolas, com o objetivo de fomentar o prazer pela leitura no cotidiano das crianças. Ela acentua que a rede de ensino em que atua tem como premissa a formação de leitores e que a experiência mais rica que viveu neste contexto foi o trabalho que desenvolveu em uma das creches do município, como dinamizadora de leitura em turmas de um a cinco anos. “Na sala de leitura, no espaço da quadra, no refeitório, à sombra de uma árvore, vivenciei com as crianças experiências maravilhosas com a literatura infantil. Bruxas, fadas, castelos, crianças, bichos, medos, risos, monstros e outras personagens estiveram presentes nas histórias de Ruth Rocha, Eva Furnari, Cecília Meireles, Ana Maria Machado, Ricardo Azevedo, Pedro Bandeira, Roseana Murray e tantos outros autores que com sua arte mexem com nossas emoções e nossa imaginação”, conta Judith.
Revista Appai Educar A leitura na formação dos adolescentes: um desafio coletivo A formação e proficiência de leitores no Brasil há muito é um caminho de muitas letras. Sobretudo numa era em que as crianças já nascem inseridas no contexto digital, distante dos livros físicos, mas paradoxalmente tendo que fazer uso, em sua maioria, dos clássicos e cânones ofertados pelas bibliotecas escolares. Por si, só essa questão já seria uma grande equação a ser resolvida pelas políticas públicas e comunidade escolar. Entretanto, essenãoparece ser o maior dos entravesparaalgunsdocentes. AprofessoraMárciaReginaQuintiliano, que lecionapara turmasdo fundamental II, alerta sobreopapel decisivo daescolano incentivoàprática leitora. “Competeàescolaoferecer subsídiosde incentivoà leitura, apresentaçãode resenhasdigitais, vídeos comentrevistas comnovos autores, Tablet, notebooks cominternet”, a fim, deque, segundo ela, nãoaumentemoempobrecimento devocabulário, a faltadeexpressãoverbal eaproduçãodaescrita. No Brasil, mesmo emmeio a umcenário de proficiência leitora bastante longe do esperado pela sociedade, os professores parecemnão ter dúvida quanto ao papel da escola na formação desses leitores. “Cabe a ela o papel de fomentar o gosto pela leitura, por meio da apresentação de livros de variados gêneros, que abordem temas importantes, tais como o preconceito, a educação antirracista, o bullying. Na escola, o alunado deve aprender que a leitura é ummomento de reflexão, de observação, de prazer, de liberdade, de criatividade. Assim, o gosto pelo livro será exitoso, e a sociedade terá ummaior número de leitores”, afirma a professora Fernanda Lessa, redatora do Ensino Fundamental – Anos Finais (Linguagens) da Matriz Curricular da Prefeitura Municipal de Duque de Caxias/SME.
Revista Appai Educar A tecnologia e os novos caminhos da leitura Mas reconhecemos que dentro desse mosaico de prós e contras, não existe apenas problemas. O advento da tecnologia trouxe com ele novas vias para se percorrer e chegar à compreensão desses textos de forma mais prazerosa para seus leitores. É o caso da Municipal Ministro Orosimbo Nonato, uma das escolas da 3ª CRE, localizada no bairro de Higienópolis, Zona Norte carioca. Na escola Municipal Orosimbo, a professora Fernanda Lessa leciona para turmas de 9º ano e para uma do Projeto Carioca – que atende alunos que cursam concomitantemente o 8º e 9° anos. E ao falar sobre os caminhos e desafios da leitura no Brasil, Lessa revela que no dia a dia escolar seus alunos estão sempre lendo, seja levando seus próprios livros físicos, fazendo empréstimo na escola ou usando o celular para lerem um gênero literário de que gostem. “Eu fui surpreendida ao conversar com uma de minhas alunas de 14 anos, ao saber que o livro que ela está lendo atualmente foi um dos filmes mais visto da minha geração. E mesmo sem nunca tê-lo visto, uma vez que o filme, que já temmais de 45 anos de lançamento, a aluna está adorando o livro ‘Carrie, a estranha’. E isso nos faz repensar até que ponto não temos um pré-conceito com os adolescentes e suas leituras”, pontuou a docente. Professora Fernanda Lessa
Revista Appai Educar Uma escola leitora Bem diferente do que ouvimos falar acerca do gosto pela leitura, sobretudo do público adolescente, os alunos da Orosimbo têm feito a diferença quando o assunto é ler. É o que afirmam os educandos da turma 1.901, que, ao comentarem sobre seus gostos literários, citaram de mangá, passando por histórias em quadrinhos, casos criminais, até o livro mais lido do mundo, a Bíblia. Uma outra turma também do 9º ano disse que entre as leituras que mais curtem está a descrição de jogos da Fifa no videogame. “Quando lemos esse tipo de conteúdo, aprendemos também a conhecer as bandeiras de países, palavras em inglês, a localização do mapa-múndi e até a história da Segunda Guerra Mundial”, ensinam os jovens leitores da Orosimbo.
Revista Appai Educar Mas todo esse amor à leitura também está centrado na liberdade do que se ler na escola e fora dela. Para a turma do Projeto Carioca, que atende os alunos que fazem oitavo e nono anos, as leituras também são as mais heterogêneas, indo desde notícias no Instagram aos tutoriais de maquiagem. “Eu gosto de um pouco de tudo, mas ler sobre os produtos de beleza, pra que servem, como se usa, onde podem ser encontrados, enfim, esse tipo de leitura chama muito a minha atenção e ainda tem a praticidade de ser encontradas pelo Instagram e pelo Youtube”, relata a aluna Fabiane de, 13 anos. Para Caíque, de 14 anos, além das letras, a imagem faz toda a diferença na sua motivação. “A leitura abre a nossa imaginação e nos faz viajar através das imagens, aumentando o nosso interesse”, revela o aluno fã de mangá, que atualmente parece ser o queridinho dos adolescentes. Já a Sara, também de 14 anos, diz que os gêneros de leitura que mais a empolgam é terror e ação. “Eu adoro ler Crepúsculo, Amor Gelado, entre outros títulos dessa categoria”, lista a jovem leitora.
Revista Appai Educar Leitores críticos e reflexivos A construção de um resultado positivo, seja no campo da compreensão da leitura ou de outras disciplinas, não se constrói de uma hora para outra, precisa-se de tempo e muita dedicação coletiva, garantem os diretores Milson França, diretor-geral e professor de História, e Percio Mina, vice-diretor e professor de Língua Portuguesa. “Precisamos estar apoiando e estimulando projetos que visem à formação de um público leitor que seja crítico e reflexivo”, asseguram os docentes da Ministro Orosimbo Nonato. Ao pontuar sobre o incentivo à leitura no Fundamental e Ensino Médio, quando a falta do hábito já vem desde os anos iniciais, a professora Márcia Regina Quintiliano adverte que em alguns casos os projetos de leitura são ineficazes. “Por serem no mesmo horário de aula, não contarem com professores especializados em literatura e a falta de verba para investimento emmateriais e dispositivos de leitura mais dentro da realidade dos estudantes”, lamenta a educadora, lembrando a necessidade e importância de projetos de leitura dinâmicos e criativos. Essa mudança necessária das políticas públicas, a fim de melhorar a formação leitora de crianças, jovens e adolescentes, continua sendo uma questão para a qual ainda não se tem uma resposta exata. Entretanto, fica cada vez mais tangível que é crucial que esse movimento leitor comece por diversas frentes. Na opinião da professora Márcia, a responsabilidade do fomento à leitura está a cargo das secretarias de Educação e das esferas dos governos Municipais, Estaduais e Federais. “Pois em casa, se os pais leem provavelmente os filhos lerão também, haja vista que esse hábito demanda tempo, cuidado, atenção, inferência. Caso contrário, não irão inspirar seus filhos”, observa.
Revista Appai Educar A leitura e as habilidades de comunicação Quando se fala da importância da leitura entre os adolescentes, se está fazendo referência também ao desenvolvimento de habilidades de comunicação, revelam os especialistas. Uma vez que a leitura melhora a capacidade de expressão verbal e escrita desse público, os aproxima de diferentes gêneros literários, expande seus vocabulários e aprimora a habilidade de se comunicar de forma eficaz. Vejamos outras contribuições da leitura. • Desenvolvimento do pensamento crítico: Através da leitura, os adolescentes são expostos a diferentes perspectivas, ideias e valores. Isso os ajuda a desenvolver o pensamento crítico, a questionar suposições e a formar suas próprias opiniões. • Aumento do conhecimento e da compreensão do mundo: Os livros oferecem informações sobre diversos assuntos, expandindo o conhecimento dos adolescentes. Eles podem aprender sobre diferentes culturas, história, ciência, entre outros tópicos, o que contribui para uma compreensão mais ampla do mundo. • Estímulo à imaginação e à criatividade: A leitura de histórias alimenta a imaginação dos adolescentes, permitindo que eles visualizem cenários, personagens e situações. Isso estimula sua criatividade e capacidade de pensamento abstrato. • Redução do estresse e aumento do bem-estar emocional: A leitura é uma forma de terapia e pode ajudar os adolescentes a lidar com o estresse e as pressões diárias. Os livros também podem abordar temas relacionados à saúde mental, oferecendo perspectivas e estratégias para conviver com desafios emocionais.
Revista Appai Educar Todos pela leitura E nesse quadro colaborativo, todos os atores envolvidos – escola, família, professores, órgãos públicos ligados à educação, mídia e outras redes de apoio – podem cooperar para que essas habilidades e competências sejam despertadas entre os discentes. Veja alguns exemplos.
Revista Appai Educar • Família: Os pais e familiares desempenham um papel fundamental no incentivo à leitura. Eles podem criar um ambiente que valorize os livros, oferecer acesso a diferentes gêneros literários e dedicar tempo para ler com os filhos. • Escola: As escolas têm um papel importante na promoção da leitura. Devem disponibilizar uma biblioteca bem abastecida, organizar clubes de leitura, promover atividades literárias e oferecer tempo para a leitura durante o horário escolar. • Professores: Professores engajados podem despertar o interesse dos adolescentes pela leitura por meio de discussões em sala de aula, recomendações de livros relevantes e estímulo à reflexão crítica sobre o que é lido. • Bibliotecas e comunidades: Bibliotecas públicas e organizações comunitárias também podem desempenhar um papel significativo na promoção da leitura. Eles podem oferecer programas de incentivo, clubes de leitura, eventos literários e acesso gratuito a uma variedade de livros e temas atuais. • Mídia e tecnologia: Explorar formas alternativas de leitura, como livros digitais e audiolivros, pode ser atraente para os adolescentes imersos na era digital. A mídia também pode contribuir em parceria com a mediação do professor.
Revista Appai Educar O que percebemos, nesse contexto, é que, diante do cenário digital em que as crianças e adolescentes estão imersos, a promoção da leitura se torna aindamais relevante para o desenvolvimento de habilidades cognitivas e emocionais. Nessa busca por estimular o hábito da leitura entre os jovens, é necessário o envolvimento de diversos atores sociais, desde a família até as escolas, bibliotecas, professores e a comunidade como um todo. A colaboração de todos é essencial para criar um ambiente propício à leitura, oportunizando acesso a livros diversos, fomentando discussões literárias, adotando tecnologias como aliadas nesse processo e despertando nos educandos o prazer de mergulhar nas páginas de um livro. A formação de leitores críticos e reflexivos depende do engajamento coletivo, visando o desenvolvimento integral desse público e a construção de uma sociedade mais letrada e consciente. * Márcia Regina Quintiliano é professora do Ensino Fundamental II. Escola Municipal Ministro Orosimbo Nonato Rua Darke de Matos, 152 – Higienópolis – Rio de Janeiro/RJ CEP: 21051-470 Telefone: (21) 3888-0174 E-mail: emnonato@rioeduca.net Direção: Milson França, diretor-geral / Percio Mina, vice-diretor Fontes: Judith de Lima Cortez émestre emeducação, especialista emEducação Infantil, pedagoga, professora, orientadora pedagógica na Rede Municipal de Ensino de Duque de Caxias, Coordenadora da Educação Infantil na SME de Duque de Caxias emembro do LHELA (Laboratório de História da Latino-Americana). Contato: jdcortez0@gmail.com / Instagram: @profjudithcortez. * Fernanda Lessa é pesquisadora de Pós-Doutorado e Doutora em Estudos de Linguagem pela Universidade Federal Fluminense (UFF), possui título de Mestre em Letras pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Redatora do Ensino Fundamental – Anos Finais (Linguagens) da Matriz Curricular da Prefeitura Municipal de Duque de Caxias/SME.
Revista Appai Educar LUDICIDADE CIENTÍFICA Criatividade como aliada no ensino das Ciências e desenvolvimento do pensamento crítico CIÊNCIAS POR ANTÔNIA LÚCIA
Revista Appai Educar O Colégio Estadual Elvídio Costa, em São Fidélis, é um exemplo de como a criatividade pode ser uma grande aliada para o aprendizado dos educandos, independente da disciplina. Com a implementação do Novo Ensino Médio em 2022, os alunos da 1ª série passaram a contar com a eletiva em Ciências da Natureza “Ludicidade Científica”, em sua grade curricular. Sob a orientação da professora Janaína de Souza Moreira do Amaral, surgia então o projeto Ludicidade Científica, que, de acordo com a docente, tinha por ideia central a criação de jogos com os alunos. Mas, ao longo do ano de 2022, explica Janaína, foram feitas adaptações que se aproximavammais dos interesses dos estudantes. “Além da construção de jogos pelos alunos, fomos trabalhando os conceitos de Química, Física e Biologia através da gamificação on-line com jogos virtuais, com a apresentação de experimentos e práticas criadas por eles”, o que segundo a professora promoveu o protagonismo dos estudantes.
Revista Appai Educar Abrir caminho para que os estudantes tenham a oportunidade de assumir um papel ativo em sua própria aprendizagem, favorecendo o desenvolvimento de habilidades como autonomia, responsabilidade e senso crítico, é consenso entre a equipe pedagógica. “A criatividade e o protagonismo são muito importantes para que os alunos se interessem pelos conhecimentos científicos, para que seja superado o preconceito de que a Ciência é complicada, difícil e distante da vida deles. Ao buscar sempre matérias de fácil acesso, oportunizamos e viabilizamos aprendizagem de conceitos sem a obrigatoriedade de um laboratório. Assim, o pensamento crítico é desenvolvido através de suas próprias construções, discussões em grupo e práticas executadas”, assegura a professora Janaína.
Revista Appai Educar Para garantir o sucesso do projeto com suas quatro turmas do 1º ano do Ensino Médio, que totalizavamentre 30 e 35 alunos cada, Janaína sabia que era crucial chegar a umconsenso sobre os interesses dos estudantes. Para isso, ela optou por utilizar umquestionário diagnóstico distribuído entre os educandos, como objetivo de entender tanto os interesses presentes quanto os futuros de cada turma. Comessa abordagem, conseguiu obter umpanorama completo das prefeA PRÁTICA LEVA À PERFEIÇÃO
Revista Appai Educar rências dos alunos, possibilitando que o projeto fosse planejado de formamais adequada às necessidades e expectativas das turmas. Na prática, a fimde otimizar todo o tempo de aula, a professora seleciona um tema e prepara uma fundamentação teórica rápida, que pode ser impressa ou através de vídeos, de nomáximo 15minutos, e logo em seguida são propostas as atividades lúdicas do dia. “Que podem ser um jogo criado por eles, umdesenvolvido por mime apresentado por eles, um game como por exemplo o Kahoot, umexperimento prático commateriais de fácil acesso ou um modelo científico”, ilustra a docente. Ao falar sobreosprimeiros resultados, aprofessoraJa-
Revista Appai Educar naína fazquestãode lembrar oque já foi construídopelos educandos, que constituem experimentos incríveis, como, por exemplo, Quebra-cabeça da tabelaperiódica; Trilhade grandezas físicas; Bingodequímica;Modelosde células; Quiz dequímicaebiologiacomo Kahoot; Práticasdeatritomecânico; Experimentos sobre LeisdeNewton, sobre tensão superficial daágua;Materiais condutores e isolantes elétricos; Jogosobre corpohumano; Práticas sobredensidadee muitosoutros temas inerentes àQuímica, FísicaeBiologia. AdisciplinaqueuneQuímica, FísicaeBiologia temalcançadoseusobjetivosde principalmentemostrar que a ciênciapode ser divertidae DESPERTAR O DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL queos conhecimentospodem ser adquiridosde formacriativaeprazerosa, destacaJanaína, semesquecer que cabea eles (alunos) se interessarem
Revista Appai Educar dos alunos é evidenciado através da prática com projetos. Além de gerar neles um sentimento de pertencimento junto ao seu grupo e escola”, pontua a diretora que não poupa elogios ao corpo docente do Elvídio Costa, não somente quanto à escolha da eletiva, bem como a aprovação da mesma. “Essa disciplina é muito procurada pelos alunos; soma-se a isso a atuação maravilhosa da professora Janaína Moreira, que é muito dedicada à profissão, resultando em aulas incríveis, cheias de criatividade e lúdicas, que encantam os estudantes”, enaltece a diretora Penha de Fátima. Para a aluna Stephany Aparecida Castro Pacheco Gomes da Costa, a eletiva Ludicidade Científica, através dos experimentos realizados pela professora Janaína, aprimorou seus conhecimentos, sobretudo a forma dinâmica como os conteúdos são aplicados. “E não há nada melhor do que aprender nos divertindo, afinal tudo fica mais leve”, acrescenta a aluna. eaoprofessor orientar paraquea motivaçãosejagarantidaedirecionadaaos conhecimentos empíricos e teóricos. A diretora-geral Penha de Fátima Pereira Zaidan partilha e reforça a mesma visão, destacando que esse projeto é extremamente importante porque leva o estudante a experimentar, vivenciar e construir o conhecimento. “O protagonismo
Revista Appai Educar Contribuição do ensino criativo É patente que o pensamento crítico é umprocesso mental que envolve análise, avaliação e interpretação cuidadosa de informações para chegar a uma conclusão fundamentada e objetiva. É uma habilidade que envolve questionar suposições, identificar argumentos falaciosos, avaliar evidências e considerarmúltiplas perspectivas antes de formar uma opinião ou tomar uma decisão. Larissa Alvarenga Cortes, aluna da turma 1.001, destaca que a eletiva não só a ajudou na aprendizagem de outras matérias, mas também reforçou a integração entre as turmas. Segundo ela, o contato com alunos de outras classes tem gerado uma corrente de ajuda mútua. “Todo mundo em comunhão, uns auxiliando os outros, sempre tentando dar nosso melhor”, afirma. Trata-se de uma habilidade valiosa emmuitas áreas da vida, incluindo educação, negócios, ciência, política e vida pessoal. Não só por poder ajudar a evitar erros de julgamento, tomar decisões melhores e resolver problemas de maneira mais eficaz. Além disso, o pensamento crítico pode ajudar a desenvolver uma compreensão mais profunda de um tópico ou problema e levar a novas ideias e descobertas. E dentro desse arcabouço entra o uso prático desse processo na vivência didático-pedagógica do educando.
Revista Appai Educar ENSINO-APRENDIZAGEM CRIATIVO PROMOVE A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS Segundo especialistas, o encaminhamento da abordagem contínua ao uso do ensino-aprendizagem criativo promove a resolução de problemas, a criatividade, a inovação e a colaboração por meio de projetos e atividades que estimulam o pensamento crítico e a expressão pessoal. Até porque essa metodologia busca engajar os alunos em um processo de aprendizagem significativo, no qual eles possam aplicar conceitos teóricos em situações práticas e desenvolver habilidades socioemocionais, como a empatia, a comunicação e a liderança. Dentro desse contexto, o exemplo do Colégio Estadual Elvídio Costa mostrou na prática como a criatividade e a inovação podem ser grandes aliadas para a melhoria da qualidade do ensino. Ao compartilhar projetos e ações realizadas em suas escolas, os professores podem inspirar e motivar outros colegas a buscar soluções criativas e eficazes para tornar o aprendizado mais interessante e atrativo para os alunos, ajustando as práticas pedagógicas às realidades de suas unidades escolares.
Revista Appai Educar Colégio Estadual ElvídioCosta Rua São Sebastião, nº179 – Bairro Ipuca – São Fidélis/RJ Diretora-geral: Penha de Fátima Pereira Zaidan ProfessoradoProjeto: JanaínadeSouzaMoreiradoAmaral, graduada em Química, especialista em Educação Ambiental eMestra emEnsino de Física. A diretora-geral finaliza afirmando que a ciência transforma omundo, equeaeletivaLudicidadeCientífica é umpasso para o futuro. “Acredito no potencial dos nossos alunos, hajavistaqueos grandes cientistas doamanhã serão formados agora”, frisaPenhadeFátima Pereira Zaidan.
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