REVISTA APPAI EDUCAR- EDIÇÃO 157

IANAEDUCAÇÃO EOSDESAFIOS DOAPRENDIZADO SUPERFICIAL Ano26–157-2023-CIRCULAÇÃO DIRIGIDA – DISTRIBUIÇÃOGRATUITA Muitasinformaçõesdisponíveisepoucotempopararealizartantastarefas. Comoconciliartantacoisaaomesmotempo?Ecomoficaasaúdementaldoeducador?

Revista Appai Educar

Revista Appai Educar Conselho Editorial Julio Cesar da Costa Ednaldo Carvalho Silva Andréa Schoch Jornalista Editora Antônia Lúcia Figueiredo (M.T. RJ 22685JP) Assistente de Editorial Jéssica Almeida Designer Yasmin Gundim Revisão Sandro Gomes Colaboração Luiz André Ferreira Professores, enviemseus projetos para a redação da Revista Appai Educar: End.: Rua Senador Dantas, 117/229 2º andar – Centro – Rio de Janeiro/RJ. CEP: 20031-911 E-mail: jornaleducar@appai.org.br redacao@appai.org.br www.appai.org.br EXPE DIEN TE

Revista Appai Educar LÍNGUA PORTUGUESA POR SANDRO GOMES* SE EU FOSSE VOCÊ EVITAVA... N essa edição vamos trazer mais alguns casos de expressões que, apesar de utilizadas de modo geral, contrariam a chamada norma culta da língua. Isso porque são usos que incorrem em redundância, ou seja, fazem referência a algo que já aparece ou que soa muito óbvio, sendo portanto interessante não empregar naquelas ocasiões em que uma versão mais elaborada da língua seja requisitada. Vamos ver? Erário público Derivada do termo latino erarium, que faz referência ao tesouro público, a primeira palavra seria suficiente para expressar a ideia, não sendo necessário empregar o adjetivo “público”. Assim, estamos diante de uma redundância. Vamos ver um exemplo. O acusado responde por danos ao erário público. Bastaria dizer: O acusado responde por danos ao erário. Consensogeral Esse parece bem claro. A palavra “consenso” já faz referência a algo que é de concordância de todos, logo o adjetivo “geral” é dispensável. Veja.

Revista Appai Educar No caso em tela não houve consenso geral. O mais correto seria dizer: No caso em tela não houve consenso. Experiência anterior Essa é bastante usada, mas quem a utiliza provavelmente não reflete sobre ela. Afinal, qualquer experiência que venha a ser exigida será necessariamente anterior ao momento em que se fala. Ou será que é possível ter uma “experiência posterior”? Então, em relação a uma oração como: Oempregonão requer experiênciaanterior. Seria mais lógico optar por: O emprego não requer experiência. Criar novos Agora estamos diante de uma redundância mais sutil, mas de fato tem-se da mesma forma a repetição de ideias. Nesse caso, a questão é que a noção de criar subentende o estabelecimento de algo novo, caso contrário estaríamos diante de uma reedição ou de uma repetição, jamais de uma criação. Observemos um exemplo. Constantemente criam-se novas vagas para estudantes. Estaremos mais próximos do uso culto da língua portuguesa, se dissermos: Constantemente criam-se vagas para estudantes. Amigos, é claro que estamos diante de usos bastante comuns, de forma que não constituem exatamente um emprego errado do idioma. Por isso alguns autores nomeiam essa prática de “pleonasmo vicioso”, por entenderem que se trata mais de um hábito linguístico – embora indesejável – do que propriamente de uma afronta à forma mais aperfeiçoada do português. Mas fica a reflexão, pois em provas, concursos e trabalhos acadêmicos tais questões podem ser solicitadas. Até a próxima, pessoal! *Sandro Gomes é graduado em Língua Portuguesa, Literaturas brasileira, portuguesa e africana de língua portuguesa, redator e revisor da Revista Appai Educar, escritor e Mestre emLiteratura Brasileira pela Uerj.

Revista Appai Educar A IMPORTÂNCIA DO CONTATO COM A NATUREZA NA EDUCAÇÃO INFANTIL OPINIÃO POR JAMIRA ROCHA Nos últimos anos, o contato com a natureza na Educação Infantil tem sido cada vez menos valorizado. Isso porque a ascensão de novas tecnologias e a utilização das telas têm ganhado o foco das crianças e das instituições de ensino. Por outro lado, embora o avanço tecnológico traga diversos benefícios para o processo de aprendizagem, também podem ser observadas adversidades provenientes do distanciamento da natureza. Para se ter uma ideia, de acordo com a última edição do “Relatório Guia Edutec – Diagnóstico do Nível de Adoção de Tecnologia nas Escolas Públicas Brasileiras”, divulgado em dezembro de 2022, mais de 80% dos entrevistados afirmaram que a tecnolo-

Revista Appai Educar gia tem um impacto positivo nos processos de ensino e aprendizagem. Ainda segundo a pesquisa, as inovações tecnológicas estão levando melhorias à qualidade das práticas pedagógicas e contribuindo para a igualdade na educação. Entretanto, o recente relatório divulgado pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) apresenta um contraponto. Segundo a instituição, aproximadamente 14 países ao redor do mundo enfrentam problemas de distração e um impacto negativo na aprendizagem devido à proximidade constante com dispositivos móveis nos colégios. Diante deste cenário, o conceito de “desemparedamento da infância” tem se destacado ao fomentar a conexão das crianças com a natureza. Este vínculo se apresenta como uma ferramenta importante na busca por um processo de aprendizagemmais eficaz e um desenvolvimento saudável durante essa fase da vida. Além disso, quando associado às inovações tecnológicas, o conceito tem o potencial de aprimorar ainda mais o processo de aprendizagem dos estudantes. Explorando a natureza e o mundo exterior Em geral, o desemparedamento da infância permite a criação de memórias confortáveis durante o período de desenvolvimento das crianças, tornando-as mais autoconfiantes e destemidas, além de contribuir para o aprimoramento do convívio, respeito e percepção das diferenças e particularidades do outro. Além disso, explorar a natureza permite que os pequenos levantem hipóteses sobre tudo o que veem. Na brincadeira de investigar,

Revista Appai Educar aprendem, na prática, sobre qualquer assunto que desejam descobrir, sem que haja a necessidade de cumprir um cronograma estabelecido e rígido, e, no dia a dia, participando das experiências propostas tendo como base os seus interesses. A partir deste contato próximo com a natureza, as crianças também sentem e percebem as modificações que ela sofre, como as mudanças das folhas em uma mesma árvore, mas em estações diferentes, as sensações que a grama provoca em variados momentos do ano ou, até mesmo, em quais horários do dia é possível encontrar determinados animais. Nesse sentido, apenas o fato de a criança viver experiências sensoriais sem o uso das telas, algo tão presente e enraizado na rotina, já diminui consideravelmente o estresse e provoca prazer. Como ampliar o contato com a natureza na Educação Infantil Certamente, o ambiente é um fator determinante para o processo de aprendizagem dos pequenos. Ao realizar atividades ao ar livre e explorar a natureza de maneiras variadas, a criança também se sente livre. Nesse sentido, cabe à escola propor iniciativas como desenhos livres e de observação, pinturas, atividades de expressão corporal, brincadeiras no parque, caças ao tesouro com elementos naturais, entre outras ações. Por meio da observação do ambiente, da escuta ativa, das perguntas e dos interesses que surgem durante a jornada, as crianças tecem diversas curiosidades, e os educadores podem aproveitar para explorar, junto a elas, os conceitos que já conhecem. Além disso, as famílias podem pesquisar e auxiliar nesta investigação.

Revista Appai Educar De certa forma, a escola não deve buscar o tempo cronológico, mas a duração da curiosidade e da investigação, propondo a contemplação, o encantamento e a espera, contribuindo para uma formação integral das crianças e tornando-as mais empáticas, solidárias, participativas e expressivas, a fim de instigar um posicionamento diante das situações cotidianas commais autonomia e segurança. Com base no conceito exposto, é possível formar adultos social e ambientalmente responsáveis, com senso de justiça e capazes de acolher as diferenças e individualidades do outro. Em ummundo cada dia mais individualizado, é imprescindível que as pessoas defendam suas opiniões e, ao mesmo tempo, respeitem a visão do outro e compreendam que fazem parte de uma sociedade na qual os diferentes interesses são igualmente importantes. Para isso, é fundamental que a educação seja baseada em um conceito que determine o papel crucial da natureza neste processo. Jamira Rocha Coordenadora Pedagógica da Unidade de Palmas da Rede de Colégios Santa Marcelina, instituição que alia tradição a uma proposta educacional sociointeracionista e alinhada às principais tendências do mercado de educação.

Revista Appai Educar ESCOLA E JIU-JÍTSU: LUTE COM INTELIGÊNCIA Muito além de golpes e técnicas do jiu-jítsu, o projeto ensina valores e conceitos importantes na formação do indivíduo para a sociedade EDUCAÇÃO FÍSICA POR JÉSSICA ALMEIDA

Revista Appai Educar Muito mais do que apenas golpes e posições marciais, aulas de jiu-jítsu ajudam a melhorar a concentração, proporcionam autoestima, disciplina e possibilitam que as crianças atinjam a adolescência com os seus princípios morais já formados. Acreditando que esses valores sejam importantes e que podem contribuir no desenvolvimento socioeducacional dos alunos, o professor de educação física da rede municipal há 20 anos, Osmar de Moares, idealizou o projeto Lute com inteligência. A iniciativa surgiu da necessidade do educador, conhecido no meio esportivo como Mazinho, em levar a sua experiência e vivência no jiu-jítsu para os seus alunos. O Lute com inteligência teve início em 2022 e já atendeu aproximadamente 250 crianças do 3° ao 5° ano. Com o auxílio de livros elaborados especialmente para o ensino da arte marcial para a educação, o projeto segue as orientações da BNCC.

Revista Appai Educar Faixa preta de jiu-jítsu, o professor quis oferecer toda a sua bagagem e conhecimento adquiridos ao longo da vida e a sua vivência no Clube Escolar Rio das Pedras, que oferece atividades esportivas no contraturno visando contribuir para o desenvolvimento dos alunos e de forma adaptada ao contexto escolar. Foi aí que Osmar apresentou o projeto para a coordenadora da 7° CRE, Márcia Arruda. Após analisar, considerou de grande relevância e concordou em implementar na Escola Frederico Eyer, localizada na Cidade de Deus, onde o docente atua desde que ingressou na rede municipal de educação. Muito além de ensinar golpes e técnicas específicas do jiu-jítsu, o projeto ensina a história, a filosofia, valores e conceitos importantes na formação do indivíduo para a sociedade, além de incrementar ideias primordiais para a escola, como desenvolvimento das capacidades cognitivas, socioafetivas e psicomotoras, além da formação do caráter e da moral, do fortalecimento da confiança, espírito de equipe, companheirismo, amizade e hábitos saudáveis.

Revista Appai Educar Fotos cedidas pelo professor e banco de imagens gratuitas do Pexels. O idealizador do projeto conta que as professoras das turmas atendidas, pais, responsáveis e a direção da escola demonstram o quanto a atividade tem feito a diferença na vida das crianças. E que mudanças comportamentais e de rendimento têm sido notadas por todos. “O Lute com inteligência tem sido uma ferramenta de apoio pedagógico fundamental na escola contribuindo significativamente para a aprendizagem dos alunos. Certamente estão sendo formados cidadãos mais conscientes e capazes de contribuir com ummundo melhor”, finaliza.

Revista Appai Educar BRILHO CIENTÍFICO: A EMPATIA E INTELIGÊNCIA DA MULHER NA CIÊNCIA CIÊNCIAS POR ANTÔNIA FIGUEIREDO

Revista Appai Educar Projeto EstroGênias gera mudança positiva na escola e na ciência Animador observar que, nos últimos anos, houve um aumento significativo no foco em criar oportunidades para que as meninas e mulheres participem ativamente da ciência. Isso é resultado de esforços em todo o mundo para promover a igualdade de gênero e aumentar a representação feminina na Emef Vinícius de Moraes, localizada em Lucas do Rio Verde – MT, onde a professora Kátia Cantão Mundim vem realizando um belíssimo trabalho, que não apenas visa a inserção das meninas da instituição, mas sobretudo fazer com que iniciativas como essas contribuam para uma mudança positiva na representação das mulheres na ciência e no mundo. Assim foi criado o projeto EstroGênias, formado apenas por meninas.

Revista Appai Educar A professora Kátia explica como tem sido essa participação das meninas do projeto numa área tão decisiva para a humanidade. Ela conta que, em 2022 participou do edital da Educacional “EstroGênias, meninas na Ciência”, e a partir daí começou a desenvolver trabalhos e projetos com alunas do 4º e 5º ano do Ensino Fundamental. “Neste ano contamos com a participação de 8 meninas, todas do 4º ano, que foram selecionadas pelos professores regentes”, relata Kátia, explicando que o projeto acontece no contraturno escolar e tem várias atividades ligadas à área. Ao falar da importância do encorajamento das meninas às atividades práticas, a professora frisa que a escola se destaca por promover um ambiente de aprendizado enriquecedor, onde práticas inovadoras e inspiradoras fazem parte do cotidiano dos estudantes. Entre essas ações, destacam-se as aulas de robótica, os projetos Aluna Monitora e Lugar de comida é no prato, não no lixo. Xô desperdício! e as aulas de programação com o “micro:- bit”. “Essas iniciativas representam nosso compromisso com uma educação que vai além da sala de aula tradicional, capacitando nossas alunas com habilidades valiosas e uma mentalidade voltada para o futuro”, pontua Mundin.

Revista Appai Educar Meninas campeãs! No ano de 2022, a professora relembra que as alunas do projeto Anahy e Safira conquistaram o título de vice-campeãs da América Latina no desafiador Your:Bit, na categoria “Ideia,” com seu notável projeto intitulado Evitando ruídos. Segundo ela, uma realização excepcional que atestou não apenas a capacidade criativa do grupo, mas também seu compromisso em inovar e fazer a diferença em nossa sociedade. Mas como a verdadeira essência do progresso reside na continuidade, neste ano de 2023, as meninas da equipe “Mega Gênias” se lançaram em uma nova iniciativa inspiradora, que rendeu a segunda colocação. O desafio, ainda mais significativo, envolveu a criação de um projeto diretamente relacionado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). De acordo com a professora, durante o recreio as meninas observaram que uma aluna do 5º ano, com baixa visão, enfrentava desafios consideráveis ao navegar pelos espaços escolares, como a quadra e o refeitório. Foi então que o grupo de meninas decidiu agir e naquele momento materializava-se mais um projeto inclusivo que podia contar diretamente com a ajuda da ciência para sua realização. Para a professora, foi incrível como as meninas trouxeram esse trabalho, tão ligado às necessidades reais da comunidade escolar. “Elas realmente enxergaram um problema e buscaram uma solução inovadora, concreta e significativa para a colega do 5º ano”, lembra Kátia emocionada.

Revista Appai Educar Da teoria à prática Impulsionadas por seu compromisso com a inclusão e empoderadas pelo conhecimento adquirido no Your:Bit, as meninas se lançaram em um caminho de observação, pesquisa e criação. O resultado dessa jornada foi nada menos que notável: a construção de um protótipo de pulseira dotada de tecnologia avançada, composta por ummicro:bit e um sensor ultrassônico, cujo objetivo era detectar obstáculos e, de maneira brilhante, alertar a colega com baixa visão por meio de sinais sonoros. Para a professora, o que aquelas alunas fizeram na escola não foi apenas uma conquista técnica, mas uma lição valiosa sobre empatia, colaboração e a capacidade de usar a tecnologia para melhorar a vida de outras pessoas. “Elas mostraram que, mesmo sendo jovens, têm o poder de criar mudanças reais e positivas”, enaltece Kátia.

Revista Appai Educar Meninas que fazem a diferença As alunas do projeto mais uma vez demonstraram que a paixão pelo conhecimento e a vontade de fazer a diferença são as verdadeiras forças motrizes por trás de conquistas extraordinárias. Sua jornada, ainda em andamento, nos lembra que o futuro pertence àqueles que são capazes de identificar desafios e transformá- -los em oportunidades, de construir soluções que não apenas superem obstáculos, mas também inspirem e iluminem o caminho para ummundo melhor. “Nossas alunas estão iluminando nosso caminho com suas realizações inspiradoras e uma paixão inabalável por tornar o mundo um lugar mais inclusivo e empático”, assegura a professora Kátia lembrando que, com as iniciativas das meninas e o esforço coletivo, a escola conseguiu disponibilizar uma tela de computador maior, fone de ouvido e ummicrofone para a aluna com baixa visão. “E isso permitirá que ela produza seus textos de forma mais independente, promovendo sua autonomia e garantindo que tenha todas as ferramentas necessárias para alcançar seu potencial”, completa a professora. Para a equipe pedagógica, ações como essa só refletem o compromisso com a inclusão e a promoção de igualdade de oportunidades para todos os alunos. Segundo a docente, o projeto da pulseira, desenvolvido pelas meninas envolvidas no EstroGênias, é uma manifestação tangível desse compromisso. “Buscamos não apenas superar obstáculos, mas também iluminar o caminho para ummundo mais inclusivo e acessível”, finaliza Kátia Cantão Mundim. Emef Vinícius de Moraes Rua Cedro, 61, S - Jardim Primaveras - Lucas do Rio Verde/MT CEP: 78455-000 Fone: (65) 3548-2356 E-mail para contato: escolavinicius. lrv@gmail.com Professora: Kátia Cantão Mundim

Revista Appai Educar INTELIGÊNCIAARTIFICIALNA EDUCAÇÃOEOSDESAFIOS DOAPRENDIZADO SUPERFICIAL MATÉRIA DE CAPA POR ANTÔNIA FIGUEIREDO E JÉSSICA ALMEIDA

Revista Appai Educar Muitas informações disponíveis e pouco tempo para realizar tantas tarefas. Como conciliar tanta coisa ao mesmo tempo? E como fica a saúde mental do educador? Cada dia surge uma novidade no campo tecnológico, educacional ou comportamental. Os professores, assim como outras profissões, precisam estar em constante aprendizado e bem atualizados nesse mar de informação disponível na internet. Mas até que ponto é possível acompanhar essas mudanças constantes? Como priorizar o que é urgente e dar conta das outras milhões de tarefas do cotidiano? E como fica a saúde mental do educador no meio disso tudo? Para responder essas e outras questões conversamos com diversos especialistas e ouvimos professores para tentar chegar em uma possível solução ou na melhor maneira de equilibrar todos esses pontos. Confira!

Revista Appai Educar A doutora empsicologia social e professora da UFRRJ Luciene Alves Miguez Naiff acredita que as novas tecnologias emudanças emgeral na sociedade podem ser muito bem-vindas e facilitar a vida do educador e dos alunos. “Pensemos nos tempos emque não conseguíamos fazer uma pesquisa se não houvesse uma boa biblioteca por perto. Ou quando precisávamos de uma enciclopédia para saber mais sobre determinados assuntos. Eramoutros tempos, que tinhamo seu lado bom, pois havia o estímulo à leitura, o acesso a livros etc. Por outro lado, eramexcludentes. Uma parcela imensa da população simplesmente não tinha acesso a bibliotecas ou enciclopédias”, explica. A especialista exemplifica também que o professor, por sua vez, tinha que colocar toda a matéria nos quadros, utilizando giz, e os conhecimentos nas áreas da pedagogia e da psicologia também eram excludentes, como testes de inteligência, turmas separadas por grau de aprendizado e crianças com deficiência fora da escola. “Confesso que gosto das novidades que nos ajudam a ser melhores como professores e que tragammais conhecimento e acessibilidade aos alunos. Mas temos que ponderar que a rapidez e a instantaneidade das informações estão sobrecarregando cognitivamente a todos nós. O grande mal da atualidade é a ansiedade. Precisamos, enquanto sociedade, mediar melhor essa relação”, afirma Luciene.

Revista Appai Educar A doutora em ciências sociais e professora adjunta de Sociologia da Universidade Federal de Alfenas, Sara Esther Dias Zarucki Tabac, também ressalta uma questão importante em relação ao uso de plataformas de aprendizagem on-line. “Todo mundo teve que aprender a utilizar o ensino remoto para oferecer aos nossos alunos um conteúdo durante a pandemia. Sabemos que houve a resistência de vários colegas com as mudanças e que muitos aproveitaram a oportunidade para se aposentar. Quem encarou o desafio percebeu que conseguiu aprender bastante sobre o assunto, e hoje enfrentamos melhor esse ciclo tecnológico”, lembra. De acordo com Sara, é importante dizer que não precisamos passar nosso tempo procurando diariamente essas informações, já que, mais do que quantidade, temos que buscar a qualidade das informações. “Veja em seu dia a dia como docente, coordenador ou diretor o que a sua experiência está te demandando. Aprender uma nova tecnologia? Lidar com algumas mudanças comportamentais dos novos alunos? Enfrente esses desafios como essenciais da profissão. Você se transforma em um educador melhor e consegue se colocar commais segurança diante dos desafios diários postos pela profissão”, aconselha.

Revista Appai Educar Como filtrar esse mar de informações e ainda ter tempo para desempenhar as funções básicas na escola e fora dela? Para Luciene Alves, o professor – como vários outros trabalhadores – hoje está sobrecarregado. “O sofrimento psíquico na classe docente no Brasil é imenso, e a síndrome de Burnout, um distúrbio emocional, é muito presente, atingindo um em cada três profissionais. Não é somente a sobrecarga cognitiva, há também baixos salários, excesso de trabalho e violência nas escolas. Mas percebemos que a fluidez de informações e as narrativas vêm sendo um elemento a mais nesse quadro”, pontua a especialista.

Revista Appai Educar O professor precisa ser cuidado também! Fala-se muito da importância da psicologia para os discentes, mas esquecemos que os docentes também precisam estar bem. “É importante a professora e o professor conseguirem dispor de tempo de qualidade para não pensar somente na escola. Nos acostumamos a ver o educador como alguém que trabalha por amor, por vocação. Não. É uma profissão, tem que ter hora de começar e acabar. Não significa que não posso amar o que faço, mas é necessário ser valorizado como um profissional de importância essencial”, afirma Luciene. Já Sara ressalta que é preciso saber diferenciar onde se encontra entretenimento e onde se adquire conhecimento. As redes sociais são ótimas pra gente se divertir com vídeos, memes e conversas com amigos. “Quando você quiser pesquisar sobre uma aula, utilize espaços mais formais. Cito o Google Acadêmico, por exemplo. Tem inúmeros artigos com referências que podem ser lidos e baixados. Outra sugestão são as associações de pesquisa, um espaço registrado e legal. Sugiro, no campo da educação, a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação, uma entidade sem fins lucrativos que congrega programas de pós-graduação stricto sensu em educação, professores e estudantes vinculados a estes programas e demais pesquisadores da área”, destaca.

Revista Appai Educar Problemas enfrentados no dia a dia: onde buscar amparo mental? Muito se fala em aprimoramento e constante formação, mas como e onde o professor pode ter um amparo mental mediante tantos problemas enfrentados no dia a dia? Para a doutora em psicologia social Luciene, o ideal é sempre que possível buscar atividades de relaxamento e diversão. “E, do ponto de vista da política pública para a educação, pressionando como categoria por ummaior cuidado com a sua saúde mental. O professor da rede pública deve ter acesso a profissionais especializados que conheçam os seus problemas relacionados à prática. No curso de psicologia, quando falamos de escola, sempre nos referimos aos alunos e alunas, a bullying, a transtornos diversos que eles podem ter. E nem sempre focamos nesse importante personagem dessa instituição”, destaca. Sara cita a Appai nessa questão. “Vejo sempre no site a área de educação continuada presencial e a distância. Com a amplitude da Associação no Rio de Janeiro e a qualidade dos profissionais considero essencial que os membros aproveitem para se manter atualizados. Para um aprofundamento maior sobre o assunto, sugiro os cursos de pós-graduação em universidades reconhecidas pelo MEC, além dos de extensão, que também são uma excelente alternativa”, destaca.

Revista Appai Educar Como equilibrar vida pessoal, profissional e ainda conseguir tempo para se aprimorar? Para Luciene amelhor maneira de equilibrar tudo isso é organizando a nossa vida, mesmo sendo algo cada vez mais complexo. “Tão difícil que nemagenda temos mais. Muitos usam aparelhos com inteligência artificial como apoio. Isso é definitivamente sobrecarga cognitiva, faz comque façamos tudomais oumenos. Não conseguimos tempo para aprimorar nada. Por isso é importante aprender a dizer não. Aprender a estar presente emcada coisa que estiver fazendo, a não sofrer tanto coma procrastinação quando ela estiver sendo feita em nome de umprazer, de umdescanso ou de umócio”, explica. Para ela, os professores sãomuito importantes, mas não são apenas professores. O humano por trás desse profissional imprescindível é alguémde carne e osso. Sofre e se cansa. Precisamos cuidar do educador! Já para a doutora em ciências sociais, essa é uma questão muito importante! “Principalmente para nós, professores. Sabemos que o nosso trabalho não se inicia nem se encerra na classe. Temos que preparar aula, participar de reuniões, corrigir provas e muitos outros afazeres. Minha dica é: se planeje. Eu uso uma agenda de papel até hoje! Anoto tudo. Fiz e recomendo cursos sobre planejamento financeiro e pessoal. Aprenda a valorizar o seu final de semana com a família e saber os momentos em que é necessário se dedicar mais ao trabalho”, destaca Sara.

Revista Appai Educar E como fica a usabilidade do aluno? dagógicas com o uso da Inteligência Artificial que motivaram e tiveram um papel importante no desenvolvimento de competências e habilidades curriculares nas nossas escolas da rede estadual de ensino. “Uma das vantagens que já vislumbramos é o fato de a inteligência artificial oferecer a possibilidade de personalizar o aprendizado, favorecer buscas mais eficazes, correção de textos e criação de conteúdos digitais. Entretanto, os limites de seu uso também precisam ser analisados com cautela, pois podem favorecer a famosa ‘cola’, que faz com que os estudantes não desenvolvam o senso crítico e recorram a tais recursos em sua trajetória acadêmica”, alerta Chiossi. Emmeio a tantos fatores a serem considerados, como a saúde mental dos professores, não podemos nos distanciar do protagonista dessa história, o aluno. E como a inteligência artificial pode ser aplicada para melhorar a sua usabilidade e a experiência de aprendizado, especialmente quando enfrenta desafios na compreensão dos conteúdos? De acordo com Renata Chiossi, coordenadora do Núcleo Pedagógico de Inovação e Tecnologias Educacionais, da Subsecretaria de Gestão de Ensino, primeiramente por ser uma área muito recente, ainda não é possível mensurar o impacto positivo do seu uso no processo de ensino-aprendizagem. Entretanto, segundo ela, já se tem conhecimento de muitas práticas pe-

Revista Appai Educar Escola proíbe o uso do ChatGPT As preocupações em relação ao uso das novas tecnologias em sala de aula pelos alunos estão presentes dentro e fora do Brasil. Um exemplo dessa preocupação foi o fato de as escolas em Nova Iorque terem proibido, em janeiro de 2023, o uso do ChatGPT, com o argumento de que ele encoraja os alunos a plagiar, sem desenvolver as principais habilidades de pensamento crítico e resolução de problemas, peças-chave para o desenvolvimento da aprendizagem dos estudantes. “Fato esse”, pontua Renata Chiossi, “que é um caminho sem volta e que precisa ser trabalhado em nossas escolas, de forma crítica e responsável”. Para Chiossi, emmeio a ummundo cada vez mais tecnológico, a inteligência artificial desempenha um papel fundamental na melhoria da qualidade da educação. “São numerosas as formas pelas quais ela pode contribuir para o planejamento de estratégias pedagógicas, o que pode trazer benefícios para uma aprendizagem significativa. Dentre as possibilidades, temos a otimização das pesquisas, a personalização do ensino, a possibilidade de programar chatbots para atendimentos personalizados aos alunos, identificação de dificuldades e potencialidades nos aprendizados dos estudantes”, argumenta a coordenadora do Núcleo Pedagógico de Inovação e Tecnologias Educacionais, da Subsecretaria de Gestão de Ensino. Mas em meio a todo esse cenário multifacetado de possibilidades, professores e gestores são unânimes em frisar que é importante reforçar que tais recursos não substituem o papel primordial e basilar dos docentes, mas permitem que eles atendammelhor as necessidades dos seus alunos.

Revista Appai Educar Usabilidade correta da inteligência artificial por parte dos alunos? É possível? Entretanto quais são as principais oportunidades para promover a usabilidade correta da inteligência artificial na educação, a fim de prevenir possíveis prejuízos na aprendizagem dos alunos? De acordo com Renata Chiossi, para se promover um uso positivo dessas ferramentas, é necessário que os educadores desenvolvam, junto com os estudantes, habilidades e competências relacionadas ao letramento digital. “A fim de que os discentes possam acessar, interagir e compreender de forma crítica a leitura dos diversos tipos de mídia que estão disponíveis a um simples toque ou clique para todos, mas que, se não forem bem utilizados e direcionados, não terão um significado pedagógico. É o que vemos quando nos deparamos com estudantes que são ótimos tiktokers, por exemplo, mas não conseguem acessar um e-mail”, sentencia Renata. “Observe-se que, nesse cenário formado por recursos digitais, o papel do professor ganha uma nova responsabilidade de estar minimamente atualizado para seguir junto com suas turmas, uma vez que diariamente novas funcionalidades tecnológicas são apresentadas ao meio acadêmico e demais áreas do conhecimento”, destaca.

Revista Appai Educar Capacitação: ummovimento infinito Em relação ao ensino, questionada de que forma os educadores podem ser capacitados e apoiados no uso eficaz da inteligência artificial para personalizar o ensino e atender às necessidades individuais dos alunos, Chiossi ressalta que o primeiro passo é que os professores e estudantes visualizem a utilidade e a relevância de entender a inteligência artificial e conhecer suas aplicabilidades. “A partir disso, é crucial desenvolver competências críticas e analíticas em relação ao uso das tecnologias digitais, especificamente com a inteligência artificial. Os professores podem ser formados em serviço para usar essas ferramentas por meio de workshops práticos hands-on (mão na massa) com trocas de experiências entre educadores, pesquisar sobre os usos na educação, cursos de formação em tecnologias voltadas para o fazer pedagógico e assessoramento por meio da colaboração entre pares”, adverte Renata. Mas essa equação não é tão simples de resolver. É preciso também que as universidades, na preparação dos docentes para a regência, façam seu papel, trabalhando tais habilidades e competências na formação dos professores, para que atuem em consonância com as demandas do século XXI. É imperativo que essas instituições tenham essa consciência por uma formação de docentes alinhada às demandas do nosso tempo e assumam a responsabilidade de criar ambientes de aprendizagem que promovam a interconexão entre teoria e prática. Isso implica oferecer oportunidades efetivas e estágios que permitam aos futuros educadores aplicar em contextos reais os conceitos aprendidos. Além disso, a promoção da reflexão crítica sobre as experiências vivenciadas durante a formação inicial é fundamental. Ao integrar teoria, prática e reflexão, as universidades capacitam os professores a enfrentarem os desafios complexos das salas de aula contemporâneas, incentivando a adaptação contínua e a inovação pedagógica. Essa abordagem holística não apenas fortalece a base profissional dos docentes, mas também os prepara para serem agentes transformadores na construção de um ambiente educacional mais inclusivo, dinâmico e alinhado com as exigências da sociedade atual.

Revista Appai Educar Como alinhar a inteligência artificial na educação com os objetivos pedagógicos? Quais são as estratégias e soluções mais eficazes para garantir que a implementação da inteligência artificial na educação seja bem estruturada e alinhada com os objetivos pedagógicos? “Essa é uma pergunta de muitas respostas, mas com um viés de execução ainda bem comcomplexo”, realça Chiossi pontuando que algumas oportunidades já identificadas abrangem a incorporação desses recursos no ensino presencial, remoto e híbrido, como meio para despertar o prazer e a curiosidade dos alunos. “Contudo, o ideal é começar com uma implementação gradual, com diálogo entre os pares para que seja de fato utilizada e adaptada aos diversos contextos escolares. Essa estratégia demanda uma reflexão constante sobre os processos, assemelhando- -se ao cuidado que dedicamos ao inserir qualquer tecnologia em nossa práxis, seja ela digital ou analógica, com erros e acertos ao longo do percurso”, assegura.

Revista Appai Educar Fortalecendo a colaboração entre todos os atores Não existe uma receita pronta para aquilo que ainda se mostra tão novo para a comunidade escolar, todavia é salutar pensar como a inteligência artificial pode ser uma ferramenta para fortalecer a colaboração entre professores, alunos e especialistas, melhorando o processo educacional e superando desafios. Segundo Renata Chiossi, ela tem o potencial de fortalecer a colaboração no ambiente educacional ao facilitar, “por exemplo, a eficiente troca de informações, aliada aos insights personalizados sobre o progresso do aluno, que ela pode proporcionar, além de auxiliar os professores na elaboração de planos de aula, atividades e avaliações, oferecer suporte na resolução de dúvidas e contribuir para o desenvolvimento de projetos pedagógicos envolvendo alunos e educadores”, destaca enfatizando que, embora o uso adequado da inteligência artificial no processo de ensino-aprendizagem seja um tema complexo e controverso, é inegável que se trata de um fenômeno irreversível.

Revista Appai Educar Inteligência artificial, uma revolução em todas as áreas do conhecimento É incontestável que a presença das novas tecnologias não se limita apenas à educação, mas se estende a diversos aspectos da vida em sociedade. Portanto, é contundente que, como educadores, nossos docentes estejam preparados para fornecer ferramentas aos alunos e, sobretudo, se mostrem abertos a aprender com esses nativos, a fim de aproveitar todos esses recursos de maneira crítica, criativa e responsável. Até porque a integração da inteligência artificial em nossa rotina já é uma realidade, desde as smart TVs presentes em nossas casas até os avanços notáveis nas áreas de Machine Learning e Deep Learning, inovações que estão promovendo uma mudança de paradigma em praticamente todos os setores sociais.

Revista Appai Educar “Refletir sobre o trabalho pedagógico sem abordar temas relacionados à inteligência artificial com nossos estudantes, presentes em todas as áreas do conhecimento, é contribuir para a promoção e a perpetuação da exclusão digital. Portanto, é essencial que, como educadores, estejamos conscientes e engajados na preparação dos alunos para enfrenLuciene Alves Miguez Naiff é professora doutora em psicologia social pela Uerj, professora da UFRRJ e orientadora de mestrado e doutorado em psicologia social do PPGPSI/UFRRJ. Trabalha com a teoria das representações sociais, memória social e identidade social com temas sobre racismo, sexismo e exclusão social. Contato: lunaiff@ hotmail.com. Sara Esther Dias Zarucki Tabac é doutora em ciências sociais pela Uerj e professora adjunta de sociologia da Universidade Federal de Alfenas. Contato: sara.tabac@ unifal-mg.edu.br. Renata Chiossi é coordenadora do Núcleo Pedagógico de Inovação e Tecnologias Educacionais, da Subsecretaria de Gestão de Ensino. tar os desafios e aproveitar as oportunidades que essa nova era apresenta, assegurando assimmeios para que a inclusão digital seja uma realidade de todos”, garante Renata Chiossi, coordenadora do Núcleo Pedagógico de Inovação e Tecnologias Educacionais, da Subsecretaria de Gestão de Ensino.

Revista Appai Educar EDUCAÇÃO SEM FRONTEIRAS Projeto Educação além dos muros amplia horizontes e potencializa o aprendizado TEMA TRANSVERSAL POR ANTÔNIA FIGUEIREDO

Revista Appai Educar Quem nunca olhou além dos muros, seja através de sonhos, de passos lentos ou largos, a caminho de novas experiências e realizações? Na Escola Municipal Marcílio Dias, localizada em Nova Iguaçu, esse olhar ultrapassou barreiras e tem rendido muitos frutos na disseminação do conhecimento. Idealizado pela professora, e atualmente diretora adjunta da escola, Luciana Gonçalves Rangel Maneschy, o projeto Educação além dos muros tem o objetivo de ampliar a visão de mundo dos discentes promovendo acesso aos diferentes espaços culturais, permitindo a construção de novas experiências de ensino e aprendizagens. A concretização dessa nova experimentação tem sido possível, graças às parcerias da escola commuseus, centros culturais, parques arqueológicos, bibliotecas públicas e outros espaços como BioParque do Rio, planetários, circos, cinemas e outros ambientes culturais que proporcionam novas aprendizagens. Ao falar sobre o projeto, a professora Luciana explica que essa é uma proposta interdisciplinar que envolve todos os saberes escolares.

Revista Appai Educar A atividade envolveu todos os alunos da municipal Marcílio Dias, um público estimado de 1.200 estudantes distribuídos entre alunos da Educação Infantil (4 e 5 anos), Ensino Fundamental (1° ao 9° ano de escolaridade) e Educação de Jovens e Adultos (15 anos em diante). “Através desse projeto, esperamos ampliar as possibilidades de aprendizagem e reflexão dos alunos a respeito das artes, literatura, linguística, ciência, comunicação e vida profissional através das visitas a instituições culturais. Além de estimular a valorização do patrimônio cultural da cidade e respeito às diferenças com relação a outros povos”, destaca a professora Luciana. Aulas PASSEIO potencializam aprendizagem Ao explicar o projeto, Luciana Gonçalves ressalta que o Educação além dos muros tem como proposta organizar ações para o acesso dos alunos a diferentes centros culturais. Pois, segundo ela, o Estado do Rio de Janeiro, em especial a cidade do Rio, oferece uma infinidade de opções culturais à população. Contudo, grande parte dos alunos não tem acesso a elas e muitas vezes até desconhece sua existência. “Nossa escola está situada em um bairro com características rurais com pouquíssimas

Revista Appai Educar opções de lazer, distante do centro comercial da cidade de Nova Iguaçu, onde estão localizados os centros culturais do município”, justifica a docente reforçando a importância da formação plural do projeto, a fim de que os alunos usufruam dos espaços culturais disponíveis no Estado do Rio de Janeiro. Para os alunos essa também é uma oportunidade ímpar. “Eu acho que os passeios são uma grande chance de visitar lugares novos, tenho acesso a muitas coisas importantes. Os estudantes podem conhecer a cidade e compartilhar com a família o que aprenderam”, revela Adriano Luiz Pereira, da turma 602. Já a colega Michaela da Conceição, da 601, faz questão de destacar que, além de tudo, “os passeios são muito divertidos e maneiros”, enquanto que para Luiz Fernando, da mesma classe, “eles são importantes porque abrem a oportunidade para que se conheça novos lugares, e sempre aprendendo coisas diferentes”, alerta. Dentre as instituições que fazem parte do rol de passeios estão a Fiocruz (Museu da Vida), Museu da Light, Museu de Astronomia (UFRJ), Parque Arqueológico São João Marcos, Museu Imperial de Petrópolis, Museu de Arte Moderna do Rio, Museu do Amanhã, Centro Cultural Banco do Brasil, Centro Cultural da Marinha, BioParque do Rio, Planetário da Gávea, bibliotecas públicas, acervo da Fundação Getulio Vargas, cinema (Kinoplex Nova Iguaçu) e Circo Marcos Frota, na Quinta da Boa Vista.

Revista Appai Educar Resultados alcançados Realizado durante o decorrer do ano letivo, o projeto Educação além dos muros está sempre presente nas discussões e atividades realizadas em sala de aula, adianta a professora. “Os alunos descobrem ummundo além do bairro onde residem, e a magia e o encantamento por esse achado são revelados nos olhares atentos e curiosos durante a aula de campo, a começar pelo trajeto que passa pela Ponte Rio-Niterói, permite ver os aviões decolando dos aeroportos, subir a serra, vislumbrar a Baía de Guanabara e outras oportunidades que o percurso até o local da visita pode oferecer”, pontua. Cada local visitado é uma vivência única, isso porque, de acordo com a equipe pedagógica, a nova experiência de aprendizagem acontece de forma significativa, lúdica e prazerosa. “Já tivemos o caso de um aluno que ao visitar, por exemplo, o Centro Cultural da Marinha do Brasil, decidiu seguir a carreira militar e hoje, alguns anos depois, integra o quadro da corporação”, relembra a professora Luciana. Outros estudantes também fizeram questão de expressar seus sentimentos em relação a essas atividades. “Eu gosto de ir aos passeios da escola, porque conseguimos aprender várias coisas novas e divertidas”, enfatiza a aluna Kayllane Vitória, turma 901, compartilhando opinião com a colega Laura Menezes, da 601, que fala sobre a visita ao Museu da Light. “Foi muito divertido, aprendi muitas coisas interessantes e legais, a experiência foi incrível!”, garante a aluna. Dessa maneira, não há dúvidas a respeito da relevância desse projeto na vida dos estudantes.

Revista Appai Educar Para além do conhecimento Incentivado e apoiado por professores, diretores, coordenadores pedagógicos, orientadores educacionais, equipe administrativa da secretaria da escola, equipe da cozinha e pais de alunos da escola municipal Marcílio Dias, o projeto Educação além dos muros tem proporcionado, além do conhecimento, que seja acesa a chama da esperança entre a comunidade escolar, uma vez que todos esses atores são responsáveis por colaborar com a construção de experiências no âmbito cultural e com outras fontes de conhecimento com as quais os alunos irão interagir em suas visitas. A professora Danielle Pereira de Souza, regente da disciplina de Língua Portuguesa, complementa afirmando que, durante as visitações, pôde observar o quanto essas experiências são únicas na vida de nossos educandos. “Haja vista que, para muitos de nossos alunos, sair da localidade onde vivem é muito difícil, por questões financeiras e familiares. Acrescento ainda que esses episódios são de extremo enriquecimento e crescimento para os jovens, que apreendemGeografia, História, Biologia e apresentam um ganho cultural enorme, ampliando assim o horizonte e as expectativas quanto ao futuro”, argumenta Danielle. Para a Orientadora Educacional Silva Luna, levar os alunos aos passeios escolares vai além do lúdico para eles e para os professores. “É proporcionar momentos de reflexão e despertar na mente e coração o desejo de voos maiores, pois essas oportunidades ampliam seus conhecimentos de mundo. Verdadeiramente é muito restrita a realidade que os cerca, e quantos sonhos já saíram do imaginário e se tornaram reais quando a escola mostra outras possibilidades”, conclui a Orientadora Educacional. Escola Municipal Marcílio Dias Rua Pintassilgo, s/nº – Vila Iguaçuana Nova Iguaçu/RJ CEP: 26051-170 Tel.: (21) 3770-1384 Site: dataescolabrazil.inep.gov.br E-mail: em.marciliodias.ni@gmail.com

Revista Appai Educar FEIRA DE PRÊMIOS Projeto incentiva alunos a cumprirem as tarefas em sala de aula em troca de uma moeda criada por eles, que vale prêmios CIDADANIA POR JÉSSICA ALMEIDA

Revista Appai Educar O desafio de levar conhecimento de forma atrativa e diversificada para alunos se torna prioridade nas escolas. E os educadores cada vez mais procuram criar ações que estimulem a busca autônoma pelo aprendizado. Pensando nisso, o Ciep 075 Jardim Cabuçu, localizado em Nova Iguaçu, criou a Feira de Prêmios. A ideia é valorizar o empenho dos alunos em concluir com êxito as tarefas propostas no dia a dia, reafirmando a importância da responsabilidade e disciplina para a sua futura ascenção social.

Revista Appai Educar O projeto surgiu graças ao empenho e troca de experiências entre os profissionais que atuam nas turmas do programa (Linguagens e Códigos, Ciências Humanas e Ciências Exatas). Cada educador ficou encarregado de promover atividades diversificadas e, ao final de cada ação, entregar ao aluno que concluiu com êxito a recompensa destinada à tarefa, representada por uma moeda criada por eles, a “piratex”. Além disso, os docentes ficaram encarregados de providenciar os prêmios para o dia da feira, apoiar a divulgação, participar ativamente da organização, auxiliar na contagem da bonificação recebida por cada estudante e identificar os três melhores de cada turma, que, além de participar do evento, receberam um troféu e diploma de aluno destaque. A educadora Lilian Aparecida Almeida Garrit dos Santos conta que a primeira Feira de Prêmios aconteceu no final do primeiro bimestre. E contou com a participação das professoras das duas turmas, tanto na organização, como no dia do evento. “Todas trouxeram contribuições para que pudéssemos distribuir pelas classes, e os alunos com seu dinheirinho conquistado puderam escolher os prêmios da feira de acordo com sua quantidade de ‘piratex’. Quanto maior o valor arrecadado durante o bimestre, melhor a posição para a opção. Eles passaram a dar mais atenção às atividades propostas pelas professoras e se empenharammais para conseguir conquistar ummaior número de ‘piratex’. No dia do evento foi muito interessante ver as contas que eles faziam para poder escolher mais prêmios”, explica.

Revista Appai Educar A estudante Ana Vitória de Souza, da turma 401, conta que adorou participar do projeto. “Ao longo de alguns meses, a gente juntava pontos fazendo trabalhos, deveres, tendo bom comportamento, entre outras atividades. E no final conseguimos trocar por prêmios, que eu gostei muito porque havia livros, brinquedos e comidas”, explica. O colega Carlos Gabriel Rosa de Lima, da turma 402, afirma também que gostou bastante de participar das atividades propostas. “Além de ser divertido trocar por prêmios, aprendi como funcionam as contas do comércio e como dar troco”, garante. A professora Tatiana das Graças Correia ressalta que a Feira de Prêmios foi uma atividade que motivou os estudantes a participarem das aulas e realizarem as tarefas propostas ao longo do bimestre commais dedicação e empenho. “Dessa forma, com estudantes mais engajados, a relação de ensino-aprendizagem foi quemmais ganhou, já que os resultados das avaliações foram satisfatórios”, finaliza. Ciep 075 Jardim Cabuçu Rua Sorocaba, s/nº – Cabuçu – Nova Iguaçu/RJ CEP: 26291-431 Tel.: (21) 2768-3072 E-mail: ciep075jc@gmail.com Fotos: Banco de imagens gratuitas do Pexels.

Revista Appai Educar PARQUE DA CATACUMBA Com vista privilegiada, o parque oferece atividades e diversão para todas as idades GUIA HISTÓRICO POR JÉSSICA ALMEIDA

Revista Appai Educar Fonte: Riotur Fotos: Ricardo Zerrener e Alexandre Macieira | Riotur Com quase 27 hectares e uma vasta diversidade de árvores, plantas e flores, o Parque da Catacumba está localizado em uma área que foi reflorestada na década de 1970. Na parte baixa, as esculturas podem ser admiradas ao ar livre. Se você gosta de caminhadas e piqueniques, os caminhos pavimentados e pequenas praças com chão de pedra tornam o lugar perfeito para isso. Já na parte alta, a mata mais densa toma conta do lugar. Uma trilha de 600 metros dá acesso ao mirante do Sacopã, onde é possível ter uma vista privilegiada da Lagoa Rodrigo de Freitas e do Jardim Botânico, além da praia de Ipanema, da Pedra da Gávea e do Morro Dois Irmãos. Os visitantes podem aproveitar as atividades de lazer oferecidas por uma empresa particular que atua no parque, entre elas arvorismo, rapel, tirolesa e muro de escalada. A Appai, através do benefício Passeio Cultural, disponibiliza o roteiro “Lagoa Aventuras, no Parque da Catacumba”, que oferece atividades ao ar livre, commuita aventura e diversão para todas as idades. Um lugar perfeito para as famílias se divertirem e aprenderem, desafiando as suas habilidades, promovendo o desenvolvimento físico e mental, com oportunidade de brincadeiras criativas e interativas. Para mais informações e inscrições, acesse o Portal do Associado.

Revista Appai Educar COLUNA SOCIOAMBIENTAL POR LUIZ ANDRÉ FERREIRA* PONTE VERDE SEGURANÇA E A PRESERVAÇÃO DA FAUNA As estradas são fontes de poluição, barulho e impacto socioambiental. Elas atravessam e dividem florestas, vales, cidades e povoados, colocando em risco as populações locais e os animais. Para reduzir esse problema, a BR-101, uma das mais extensas e mais importantes rodovias do país, recebeu uma série de ações mitigadoras no trecho que corta o norte do estado do Rio de Janeiro. Desde 2020, foram implantadas ações para aumentar a segurança e a preservação da fauna em parte do perímetro fluminense. Nesses três anos, foram registradas as passagens de 4.046 animais, incluindo primatas, marsupiais e roedores. No entorno, foram observadas 48 diferentes espécies. O corredor protegido é composto por 10 estruturas superiores, 26 inferiores e um viaduto vegetado, além de 46 quilômetros de cercas que conduzem os animais para uma travessia segura distribuídos por 72 quilômetros entre os municípios de Casimiro de Abreu e Rio Bonito.

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