Uma via de mão dupla – A Formação Continuada

 

Segundo Nóvoa, são “pequenas coisas”, atividades que os professores (ao redor de todo o mundo) já vêm realizando, experimentando, e que precisamos aprender uns com os outros. Ele salienta que um dos pontos é ouvir os nossos alunos, estarmos atentos à maneira como se relacionam com o conhecimento, como se relacionam entre si para então podermos realizar o nosso trabalho docente, que é sempre sobre o conhecimento, sobre a aprendizagem, sobre a possibilidade de abrirmos novos mundos para nossas crianças para que sejam, amanhã, diferentes do que são hoje.
 
Esta mudança do trabalho docente obriga a uma alteração na formação de professores, resumida em três pontos:
 
1) Profissão – Formação inicial do professor
Como se prepara alguém para a profissão de professor?
O desafio inicial é trazer a profissão para dentro da formação inicial.
Como se forma um professor como profissional? Só é possível fazer isso se for através de outros professores. Precisa haver o contato com outros docentes. É necessária uma rotina profissional dentro dos programas de formação inicial. Estudantes de licenciaturas precisam estar desde o primeiro dia dentro das escolas, mantendo contato diretamente com professores e com o ambiente escolar.
Os professores em formação precisam de contato direto com os docentes veteranos.
 
2) A dimensão coletiva da profissão – Indução Profissional
Nenhum professor poderá trabalhar sozinho. Logo que inicia a vida profissional ele precisa de apoio, de colaboração. Muitos dos nossos docentes, hoje, se sentem abandonados, sem apoio dos outros pares, sem saber o que fazer. A solução se dá por meio da acolhida entre professores, daquele que tem um pouco mais de condições e experiências em adotar, ajudar aquele novato, aquele que está iniciando na profissão.
Portanto, nós professores não podemos abandonar aquele que está iniciando, precisamos ajudar, acolher, mostrar o que há porvir, para desta forma baixar o nível de angústia, de desgaste, que muitas vezes é grande demais para quem está começando.
Nós professores, coletivamente, como classe, como profissão, precisamos cuidar uns dos outros, dos novatos, pois caso isso não ocorra estaremos fadados à não renovação do trabalho docente. A renovação implica a ideia do trabalho em conjunto, de sermos professores atuando na dinâmica coletiva. Esse é um fator decisivo na formação do professor, essa adoção, esse acolhimento e ajuda mútua. O professor novato se sentirá acompanhado pelo mais experiente e, ao mesmo tempo, poderá também oxigenar a vida dos mais vividos, havendo uma riqueza de troca e acolhimento, uma rua de mão dupla.
 
3) Reflexão – Formação Continuada, para a qual nasça um conhecimento próprio da profissão
O desafio da formação continuada é o da reflexão. As escolas precisam ser lugares mais ricos, centros de formação, cultura e conhecimento, locais vivos, de pesquisa, na relação com os outros, da reflexão em conjunto, onde o que acontece é permeado pela aprendizagem continuada de professores. Porque, sem reflexão, não se avança.
Analisar a nossa prática, o que fazemos bem, o que não fazemos bem. Como o aluno aprende melhor? Por que ele não está aprendendo? Refletir sobre esses processos, de em conjunto questionarmos e a partir dessas reflexões podermos construir a nossa profissão.
 
Para finalizar a palestra, Nóvoa afirma que a escola tem futuro, mas será necessário abrir um novo ciclo histórico para que a mudança pautada aconteça. E reafirma que essa mudança passa, também e fundamentalmente, pela formação inicial, pela formação indutiva e pela formação continuada de professores!
 
 

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