Quatro inclinações para a educação de 2018


Estamos dando adeus a 2017, pois 2018 está quase aí. É hora de pensar nos nortes para este novo ano que desponta.

Estudando, pesquisando, participando de muitos congressos e debates, e ouvindo especialistas da área de educação e tecnologia, levantei algumas das principais tendências que vão permear a educação, de forma geral, no próximo ano. Algumas já foram apontadas como tendências nos anos anteriores e vão continuar em 2018 com força total, mas outras são novidades. Vamos a elas:

  1. APLICAÇÃO DO DESENHO UNIVERSAL PARA A APRENDIZAGEM

De forma geral, o primeiro conceito que surgiu foi o de Desenho Universal (DU), e somente depois foi aplicado à aprendizagem, dando origem ao Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA).

O DU – aplicado nas áreas de arquitetura, engenharias de edificações e de produtos – é definido como uma “concepção de espaços, artefatos e produtos que visam atender simultaneamente todas as pessoas, com diferentes características antropométricas e sensoriais, de forma autônoma, segura e confortável, constituindo-se nos elementos ou soluções que compõem a acessibilidade”1. Significa, por exemplo, que, ao planejar a construção de uma casa ou edifício, haverá estudos e projeções que considerem os princípios do Desenho Universal de maneira que a acessibilidade seja plenamente resguardada.

Mas o Desenho Universal trouxe uma proposta de inclusão tão importante que ele foi logo aplicado à área de educação, mais especificamente à prática educacional, sendo denominado de Desenho Universal para Aprendizagem (DUA). O DUA é baseado em pesquisas e estudos das áreas de educação, psicologia do desenvolvimento, psicologia cognitiva, neurociências e ainda considera os princípios do DU, de maneira a permitir ao docente desenvolver um trabalho que considere a diversidade de alunos e suas diferentes formas de aprendizagem.

Conforme explica Nunes, utilizar os princípios do DUA significa: “flexibilizar não só o acesso à escola, à sala de aula e ao currículo, mas também o acesso aos recursos que os alunos necessitam para aprender”.2 Em outras palavras, significa que é fundamental utilizar encaminhamentos pedagógicos personalizados e flexíveis, praticados por meio de estratégias de ensino e de avaliação que atendam as necessidades de todos e não privilegiem apenas alguns.3

  1. UTILIZAÇÃO DE REALIDADE VIRTUAL E DA REALIDADE AUMENTADA

Gosto particularmente de uma explicação sobre realidade virtual que usa o exemplo dos óculos que nos permitem ver imagens criadas a partir do computador. Você coloca os óculos e “mergulha” completamente num mundo que não é o mesmo em que está pisando, é um novo ambiente criado por computador. Mesmo na sala de aula, a projeção a partir dos óculos leva o aluno a um ambiente espacial e lhe permite ver constelações e estrelas das mais diferentes galáxias, ou o coloca em pleno século XIX, totalmente imerso nas ruas da Grécia. Esse tipo de óculos, próprio da realidade virtual, veda completamente qualquer possibilidade de se enxergar pelas laterais. Dessa forma, você imerge inteiramente num mundo virtual, sem interferência da realidade concreta.

A Realidade Aumentada (RA), como o próprio nome sugere, transporta elementos digitais para o mundo real por meio de um dispositivo móvel. Podemos compreender como funciona a RA usando também a ideia dos óculos. Enquanto na realidade virtual você coloca os óculos e mergulha inteiramente num outro ambiente, num outro “mundo”, na realidade aumentada os óculos servem para inserir imagens digitais no mundo concreto, no mundo real. Além dos óculos, também são usados smartphones, como mostra a imagem.

Exemplo de RA: professor e alunos trabalhando com um determinado material em que constam algumas imagens chapadas do planeta Terra (em uma dimensão apenas), mas que se transformam em tridimensionais e animadas ao serem focadas com a lente da câmera do celular, apresentando de forma muito completa os movimentos de rotação e translação do planeta. Espetacular, não?

 

  1. USO DA SALA DE AULA INVERTIDA

De forma comum, o aluno tem acesso ao conteúdo na sala de aula, quando o professor faz uma exposição sobre o tema, e em casa realiza outras atividades e exercícios de fixação da aprendizagem.

Na estratégia da Sala de Aula Invertida, esse processo se inverte, e então a aula começa em casa ou em qualquer outro lugar, e o aluno é orientado a acessar videoaulas, textos, games, aplicativos, canais do YouTube, simulações, animações, tanto por meio de um ambiente virtual de aprendizagem, em que se aprende de forma lúdica, inovadora e divertida, quanto por meio de sites, cujo conteúdo está disponível a qualquer hora e em qualquer lugar. Depois de estudar o conteúdo em casa, o aluno segue para o momento presencial, na escola, em que encontra os amigos e o professor.

Ali, as dúvidas são esclarecidas, exercícios são realizados, especialmente em equipes, para que haja interação e socialização. Pronto, processo completamente invertido. O objetivo maior da sala de aula invertida é fugir das aulas expositivas, dando lugar a aulas mais participativas, que tornem o aluno um protagonista, com postura ativa, aprendendo de forma mais significativa.

  1. DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES SOCIOEMOCIONAIS

Nossos educandos precisam desabrochar de forma harmoniosa, tanto por meio do desenvolvimento cognitivo quanto do socioemocional. Não basta a escola trabalhar com foco apenas nos aspectos cognitivos do desenvolvimento (localizar, redigir, interpretar, calcular, generalizar…). É preciso equilibrar o processo e completá-lo por meio do desenvolvimento socioemocional.

Como o próprio nome já evidencia, SOCIOEMOCIONAL tem relação direta com o social e com o emocional. Na prática, significa incluir nos encaminhamentos pedagógicos atividades que possam proporcionar o desenvolvimento de: AUTOCONHECIMENTO, AUTONOMIA, ESTABILIDADE EMOCIONAL, SOCIABILIDADE, CAPACIDADE DE SUPERAR FRACASSOS, CURIOSIDADE, PERSEVERANÇA, entre outros.

Para tanto, antes é vital reconhecer o contexto social e político em que se inserem os educandos atendidos pelas escolas, para dar início às práticas voltadas ao desenvolvimento socioemocional que promova o engajamento e o trabalho integrado entre escola e família. Sim, é preciso trazer a família para a escola, abrir espaços para orientar e gerar compromisso das partes em prol do desenvolvimento integral do educando.

1 LIMA, N. M. Legislação Federal Básica na área da pessoa portadora de deficiência. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, 2007.

2 NUNES, C.; MADUREIRA, I. Desenho Universal para a aprendizagem: construindo práticas pedagógicas inclusivas. Da Investigação às Práticas, v. 5, n. 2, 2015.

3 Para saber mais detalhes sobre os princípios do Desenho Universal para Aprendizagem, acesse: <http://www.udlcenter.org/sites/udlcenter.org/files/Guidelines_2.0_Portuguese.pdf>.


Por Andréa Schoch | Mestre em educação, especializada em formação de professores e consultora Appai por meio da EAD.


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