O poder das palavras


Projeto revela que a palavra pode ser ao mesmo tempo uma ferramenta que nos ajuda a sermos compreendidos ou uma arma que fere as pessoas

Você já parou para pensar no poder das palavras? Já parou para analisar o que disse durante aquela discussão? As palavras podem acariciar ou machucar a alma em segundos. Imagine que alguém diz repetidamente a uma criança, ou a você mesmo, que você é incapaz. Essa pessoa pode ser sua mãe, seu pai, um amigo ou um grupo de pessoas ao longo do tempo. A carga pode ser injusta ou exagerada, mas com a repetição o inconsciente acredita nessas palavras. Você acaba se sentindo mesmo uma pessoa sem capacidade, além de poder sentir também raiva, depressão ou resignação.

Para trabalhar esse conceito, uma professora de Curitiba aplicou uma experiência aos seus alunos sobre os poderes positivo e negativo das palavras. Ela produziu um experimento, conhecido como a teoria do arroz, criado pelo japonês Masaru Emoto, que está dando o que falar e tem despertado a curiosidade das pessoas, bem como corroborado as críticas.

O processo se dá através da utilização de dois potes de arroz cozido. Para uns os alunos têm que dizer palavras positivas e para o outro, negativas. O resultado é surpreendente. A experiência da professora de educação física Ana Paula Frezatto Martins resultou na fermentação natural no pote “do amor”, enquanto no “do ódio”, os grãos mofaram.

Sentada na quadra com os alunos, Ana Paula inseriu a quantidade exata de arroz cozido dentro de dois potes e os colocou no meio do círculo formado pela turma. Ela, então, pediu para que as crianças dissessem frases ruins que ouvem no dia a dia. Os estudantes falaram, por exemplo, que o arroz não servia para nada, que era imprestável, burro e que não conseguia fazer nada de bom. O recipiente foi lacrado. Para o segundo vidro, Ana Paula pediu que as crianças falassem palavras que gostariam de ouvir dos professores, da família e da sociedade em geral. “Eles falaram que são especiais, que conseguem fazer qualquer coisa, que têm capacidade e inteligência”, diz a professora.

Os dois potes ficaram fechados por dois meses. “É certo que temos que corrigir certas atitudes de nossas crianças, mas a forma como fazemos interfere em proporção gigante na vida delas. Com apenas uma palavra, é possível estimular e afagar uma pessoa, assim como se pode magoá-la e prejudicá-la”, ratifica. Para Anita Santini Trevisan, de 10 anos, a experiência é de positividade. “Quando fala uma coisa boa, como por exemplo ‘você vai conseguir’, a pessoa sente no seu coração que vai conseguir”, enaltece. Ela afirma que, depois do experimento, a sua rotina mudou bastante e que procura ser positiva todos os dias.

Henrique Durante Kloster, de 10 anos, também fez parte do teste e conseguiu se conscientizar. “Quando a gente fala mal do outro ou da gente, acaba se danificando mais do que o esperado. E acaba não percebendo”, relata. De acordo com ele, há dois caminhos. “O certo, que eu achei diante da aula, é sempre acreditar em você e falar a parte boa dos outros. Não com os olhos que a gente vê, mas com os do coração”, explica.

Teoria de Emoto

De acordo com a teoria de Masaru Emoto, cada pensamento do ser humano gera uma emoção e uma reação bioquímica, que se manifestam no organismo por meio de três sistemas: imunitário, nervoso central e endócrino.

Para testar a teoria, o cientista congelou água em frascos de vidro com palavras escritas voltadas para o líquido. Depois, fotografou os cristais formados sob a influência dos termos negativos e positivos. O resultado demonstrou que os mais belos cristais foram os que receberam palavras de amor e gratidão. O restante, que esteve diante de palavras de ódio e rancor, ficou distorcido.

Sabendo que a água possui uma capacidade para absorver informação na forma de diferentes elementos, Emoto quis investigar se ela também poderia receber informação a partir das palavras. Foi, então, que ele fez o experimento com arroz.

Para atestar que as palavras têm poder e tudo o que dizemos influencia as direções de nossas vidas, o japonês conseguiu provar que o amor, o ódio e o descaso, quando proferidos, fazem toda a diferença.

Mesmo com questionamentos de cientistas e céticos, o experimento de Masaru Emoto consegue abordar de uma forma alusiva, que as palavras, assim como a energia que depositamos em algo ou alguém, fazem tudo ao nosso redor caminhar para o que realmente acreditamos.

Tirando a prova

Após a experiência fazer o maior sucesso pela internet e nas escolas, diversos críticos prontamente colocaram em questão que a atividade não faz parte do projeto curricular, por se tratar de uma atividade ligada a uma “pseudociência”.

O Committee for Skeptical Inquiry de Nova Iorque fez o experimento do arroz e os resultados foram completamente diferentes, já que outras pessoas tentaram atestar o fato e não conseguiram o mesmo resultado que Emoto.

De acordo com Carrie Poppy, do Cimmittee, na primeira tentativa a mensagem que Dr. Emoto passou não deixa de ser válida. Afinal, o que não funciona com alimentos pode muito bem ter efeito com as pessoas. “Falar bom-dia, boa-tarde e boa-noite não faz mal a ninguém, pelo contrário”, revela.

Na segunda tentativa, Hannah Ewens, do site Vice, fez o experimento com as metades de uma mesma maçã. Enquanto uma “ouviu” xingamentos, a outra, só palavras amorosas. O resultado? “As duas ficaram podres quase que por igual. Sem contar que a ‘metade do amor’ conseguiu ficar mais estragada que a do ódio”, sinaliza.

Uma outra experiência simples e prática, que tem o mesmo valor de alusão à temática que Masaru Emoto abordou, pode ser praticada em sala de aula.

Pegue uma folha de papel, amasse bem, aperte, dobre ou faça uma bola. Cada um pode fazer do seu jeito. Em seguida, tente deixá-la como era antes. Mas você pode? É difícil, não é mesmo? É impossível alisar esse papel e deixá-lo no estado em que o encontramos. Ele continua cheio de marcas. O coração das pessoas é como esse papel. Quando o machucamos com nossas ações e palavras, é difícil apagar a impressão deixada sobre ele.


Fonte: G1 | Catraca Livre | A mente é maravilhosa


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