O desafio de promover a aprendizagem significativa na sala de aula


As ações do professor em sala de aula são consequência direta de suas crenças sobre como o ser humano aprende. Existem duas crenças básicas a esse respeito, que são (1) a ideia de que se aprende de fora para dentro e (2) a de que se aprende de dentro para fora. A primeira é resultante da ação da escola em que estudamos, e o professor que somos é fruto dessa escola. A forma como cada um de nós age em sala de aula foi aprendida muito mais com a prática dos professores que tivemos ao longo de nossa história escolar do que em nossas aulas de Didática e Fundamentos da Educação. Esse é um processo inconsciente que nos faz repetir o que fizeram conosco.

A crença de que a aprendizagem é um processo que ocorre de dentro para fora exige que quebremos o paradigma que nos foi tão fortemente implantado pela escola em que estudamos. Para que a aprendizagem ocorra é preciso que, primeiramente, o educando construa um sentido pessoal e que isso se transforme em significado social. Logo, a primeira preocupação do professor deve ser a de ajudar o aluno a construir sentido sobre o que irá aprender e não a de apresentar conceitos e procedimentos prontos.

O modelo de aprendizagem que embasa as necessidades de nosso tempo não é mais o modelo tradicional que acredita que o aluno deve receber informações prontas e ter, como única tarefa, repeti-las na íntegra. A promoção da aprendizagem significativa se fundamenta num modelo dinâmico, no qual o estudante é levado em conta, com todos os seus saberes e interconexões mentais. A verdadeira aprendizagem se dá quando ele (re)constrói o conhecimento e forma conceitos sólidos sobre o mundo, o que vai possibilitar que aja e reaja diante da realidade. Cremos, com convicção e com o respaldo do mundo que nos cerca, que não há mais espaço para a repetição automática, para a falta de contextualização e para a aprendizagem que não seja significativa.

Como se superam as barreiras para uma efetiva promoção da aprendizagem significativa? É dispensável dizer que não há fórmulas, mas algumas dicas se mostram necessárias e úteis. Superar algumas crenças limitantes é condição essencial. As principais a serem vencidas são: (1) o aluno não consegue organizar as ideias e por isso tenho que organizar para ele; (2) construir o conhecimento junto com o aluno induz à indisciplina, por isso é melhor apresentá-lo pronto; (3) Os pais esperam que o aluno receba o conhecimento pronto e não posso desapontá-los; (4) A construção coletiva do conhecimento leva muito tempo e preciso cumprir o programa. A partir da mudança dessas crenças, conseguiremos renovar o olhar sobre o caos, de forma que enxerguemos novos caminhos, novas ideias e novas possibilidades. Como última dica aos docentes, é imperioso se autoconhecer. Somente apropriando-se de seus limites e potencialidades é que o professor vai ganhar força para se tornar um verdadeiro agente de mudanças.


Júlio Furtado é Mestre em Educação pela UFRJ, Pós-graduado em Orientação Educacional, Doutor em Ciências da Educação e Diplomado em Psicopedagogia pela Universidade de Havana (Cuba), Graduado em Geografia, Pedagogia e Psicologia, Palestrante e Escritor.


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