Nobel da educação de 2019 é Peter Tabichi do Quênia


Peter Tabichi, professor queniano que leciona ciências matemáticas na zona rural do Quênia, e que dá aula para até 50 alunos na mesma sala, é o vencedor do prêmio Nobel da Educação 2019 sendo assim eleito o melhor professor do mundo do Global Teacher Prize. Ele recebeu o prêmio de US$ 1 milhão (R$ 3,9 milhões), numa cerimônia realizada em Dubai.

Promovendo saberes em uma escola sem a menor infraestrutura, Peter doa cerca de 80% do seu salário para apoiar os alunos carentes, através de projetos comunitários que incluem, além da disciplina de ciências, temas transversais como agricultura saudável e construção da paz.

Um gigante na transformação

Na escola secundária Keriko Mixed Day, na aldeia de Pwani onde leciona, o professor Nobel da Educação afirma que cerca de 95% de seus alunos estão abaixo da linha da pobreza e muitos deles são órfãos ou de famílias monoparentais. Além da falta de infraestrutura, algumas questões sociais como gravidez na adolescência, uso de drogas e o casamento precoce também aparecem como grandes impulsionadores da evasão escolar, sendo assim um desafio a mais no cotidiano do docente.

E imerso a tudo isso, sem perder o fôlego, o professor Peter conseguiu se destacar e mudar a rota e o olhar da comunidade escolar daquela região. Filho de pai professor, ele faz a diferença real na vida das pessoas ao fazê-las acreditar em si mesmas, como um dia seus pais o fizeram, dando sempre a noção sólida de que ele era capaz.

Um clube de boas experiências

Essa mudança começou a se aperfeiçoar quando o professor decidiu introduzir no dia a dia escolar das crianças os projetos Clube de Ciências, Promoção da Paz e Segurança Alimentar. Tudo isso, baseado nas necessidades reais dos estudantes e grupos familiares da região.

Com o aprendizado do Clube de Ciências, o professor Nobel da Educação incentivou seus alunos na criação de um dispositivo que permitia que pessoas cegas e surdas pudessem medir objetos, cujo protótipo foi apresentado na instituição Ciência Quênia e Engenharia Fair 2018. Mas não foi só a ciência que trouxe luz ao fim do túnel.

Consciente da fome latente em várias regiões da África, o professor ajudou a combater a insegurança alimentar de forma mais ampla na sua comunidade, o Rift Valley, ensinando as pessoas a cultivar culturas resistentes às intempéries climáticas, através do projeto de agricultura saudável. “A escola está em uma área muito remota. A maioria dos estudantes vem de famílias muito pobres. Até mesmo o café da manhã é difícil. Eles não são capazes de se concentrar, porque não tiveram refeições suficientes em casa”, diz ele reforçando a importância também deste projeto.

Há luz no fim do túnel

O resultado do trabalho do professor começou a florescer também fora da sala de aula. Segundo ele, esse ano a equipe de Ciências Matemáticas se qualificou para a Feira Internacional de Ciências e Engenharia INTEL 2019, no Arizona, EUA. E seus alunos também ganharam um prêmio da Royal Society of Chemistry, depois de desenvolverem um projeto interdisciplinar em que provaram que é possível aproveitar a flora local para gerar eletricidade.

Outro projeto não menos importante é o Construção da Paz, que se tornou ainda mais forte e necessário após a crescente violência protagonizada no Quênia, oriunda de uma grave crise política e social. O resultado das últimas eleições presidenciais, em 2007, foi o estopim para a deflagração da onda de conflitos do país, inclusive no Vale do Rift, uma das sete tribos representadas na escola.

A partir de então, o professor Nobel da Educação começou a introduzir o Clube de Paz, um programa de oração e adoração conduzidas por alunos de religiões diversas, a fim de unir as pessoas dessas diferentes tribos.

Brasileira ficou entre os 10 finalistas do “Nobel da Educação”

A primeira professora brasileira da América do Sul a entrar para o time dos dez finalistas da premiação mundial de Educação, Debora Garofalo, não levou o prêmio de 1 milhão do Global Teacher, recebido pelo Nobel da Educação, mas ganhou para sempre a admiração e ainda mais respeito da comunidade escolar do Brasil.

Débora mudou uma realidade vivida entre muitos jovens de uma escola municipal da Vila Babilônia, em São Paulo, ao ensinar Programação e Robótica para cerca de 2 mil alunos. A iniciativa despertou o interesse dos estudantes, que conseguiram transformar mais de 700 quilos de lixo retirado das ruas em robôs e eletrodomésticos.

Além dessa transformação, a iniciativa da professora Débora trouxe para a escola a diminuição da evasão escolar e a melhoria no desempenho medido pelo IDEB – Índice de Desenvolvimento Escolar.

Foi uma pena realmente que ainda não tenha sido dessa vez que o Prêmio Global de Professores veio para a América do Sul, mas a lição deixada pela professora Débora ficará em nossas vidas para sempre. Parabéns, professores!


 


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