Esqueleto humano


Crianças aprendem sobre o funcionamento dos alimentos no corpo e mudam seus hábitos

Emanuel passou a ler todos os rótulos de alimentos em casa e só comia o que tinha cálcio e vitaminas. O que exibia porcentagem de gordura ele dispensava, parou de consumir até Danoninho, que as crianças adoram. Começou a pesquisar mais sobre a comida consumida no cotidiano e foi descobrindo outras opções. E sabe como esse menino mudou seus hábitos alimentares? A partir de tudo que aprendeu no Colégio Átrios, localizado em Nilópolis. A garotada entendeu na prática como o nosso corpo funciona, a função de cada alimento e a partir daí foi sendo criada uma bagagem de informações para auxiliar em produções textuais.

A professora e idealizadora do projeto, Fernanda Augusto, conta que uma das principais motivações foi o interesse da turma por assuntos científicos. “Era comum as crianças reagirem empolgadas, levantando as mãos para fazer perguntas e ir à frente para compartilhar o que sabiam. Perguntas e mais perguntas, respostas e mais respostas não paravam de surgir”, relata. Diante desse entusiasmo, Fernanda desenvolveu o projeto de Língua Portuguesa e Ciências a partir da relação dos próprios alunos com os alimentos, tendo como tema “Ossos fortes”. Para isso, ele foi dividido em 8 etapas:

 

Instigando a curiosidade

Em uma roda de conversa, as crianças do primeiro ano do Ensino Fundamental I foram questionadas sobre o que faz o corpo ficar em pé. Cada uma compartilhou sua hipótese e argumentou sobre ela. Este também foi um momento para o levantamento dos conhecimentos prévios das crianças sobre o tema abordado, com elas sendo estimuladas a comunicar oralmente suas ideias e ouvir as dos colegas. Em seguida, foram listadas as respostas no quadro. Após argumentarem, a turma recebeu uma caixa misteriosa onde os alunos encontrariam uma pista sobre o que procuravam.

 

Quebra-cabeça do esqueleto humano

A pista era um quebra-cabeça gigante do esqueleto humano. Após descobrirem isso, as crianças foram questionadas sobre o que os ossos precisam para se manter fortes. Registrou-se as diferentes respostas e em seguida foi lido para a turma um texto informativo científico sobre a importância do cálcio para os ossos. A partir daí iniciou-se o trabalho com a leitura dos rótulos previamente solicitado às famílias para este momento.

Em uma roda de conversa, as crianças foram questionadas sobre o que faz o corpo ficar em pé. Cada uma compartilhou sua hipótese e argumentou sobre ela

Leitura de rótulos

Alguns rótulos de alimentos foram distribuídos para as crianças, que buscaram informações sobre o cálcio na tabela de valor nutricional. Segundo a professora, foi um momento de muitas surpresas e surgimento de curiosidade sobre novas palavras contidas nos rótulos, tais como: sódio, proteínas, carboidratos. A cada descoberta dos alimentos fontes de cálcio, por exemplo, as crianças realizavam a construção de um cartaz inserindo a embalagem ao lado do quebra-cabeça do esqueleto humano.

Trabalhando com encartes de supermercado

Foi proposto que montassem individualmente o quebra-cabeça do esqueleto humano, em tamanho reduzido no caderno de desenho. No segundo momento, os pequenos foram agrupados em trios para pesquisarem nos encartes alimentos ricos em cálcio. Eles recortaram essas figuras e colaram em torno do esqueleto montado por eles próprios. “Utilizamos também tabletes para acessar a internet, como recurso de ampliação da pesquisa”, explicou a professora.

Os pequenos pesquisaram e recortaram nos encartes de supermercados alimentos ricos em cálcio

 

Visita surpresa

Sérgio Curto, fisioterapeuta e pai da aluna Karine, foi convidado pela escola para conversar com a turma e responder algumas perguntas sobre a função dos ossos e a importância de mantê-los fortes. Segundo a educadora, os alunos ficaram alvoroçados e curiosos com a presença do visitante, que também ensinou os nomes de ossos do corpo. As crianças participaram ativamente realizando perguntas e no final do dia levaram para casa uma pesquisa: Quais alimentos roubam o cálcio dos ossos? A prática da pesquisa teve como um dos objetivos ampliar o repertório de informações dos estudantes sobre o assunto para suas produções textuais.

 

A pesquisa

As crianças compartilharam o resultado de sua pesquisa e descobriram que algumas das coisas que eles mais gostam de comer estão entre os vilões da nossa saúde, como, por exemplo, o chocolate, a batata frita e o refrigerante. Afinal, se esses alimentos são consumidos em excesso, diminuem a capacidade do organismo de absorver o cálcio. “O resultado dessas descobertas teve bastante repercussão no cotidiano das crianças, que desse dia em diante passaram a ser mais seletivas na compra da merenda na cantina da escola e também a tomar conta do que os outros comiam”, relata a professora. Após apresentação da pesquisa, passaram aos textos.

 

Produção de texto escrito

Na sétima etapa do projeto, a prioridade foi a produção escrita em si. As crianças desenvolveram seus textos com autonomia, sem se preocupar, inicialmente, com aspectos gramaticais e ortográficos. Após a produção individual, foram fotografados e projetados pelo data show para correção coletiva. Juntos observaram os trabalhos e em seguida foi proposta a construção de um quadro comparativo com duas colunas de palavras: uma listando aquelas de maior recorrência de erro (S e SS) e outra corrigida. O cartaz foi exposto na sala, tornando-se material permanente de consulta.

Depois disso, os alunos colaram as figuras dos alimentos em torno do esqueleto montado por eles próprios

 

Reescrita

A última etapa do projeto foi marcada pela leitura individual dos textos de cada aluno em voz alta. Em seguida, conversaram sobre a legitimidade de algumas informações neles contidas, como por exemplo a citação do sal e do arroz como fontes de cálcio.

A educadora conta que após o projeto houve um crescente interesse das crianças em saber mais sobre o valor nutricional dos alimentos que consumiam em casa. As famílias relataram que, nas idas aos supermercados, eles retiravam os produtos da prateleira para ler os rótulos e se empolgavam ao descobrir outros alimentos fontes de cálcio. Passaram a ser comuns frases como: “Compra mãe, compra pai, esse alimento é bom para os ossos!”. Fernanda ressalta ainda que percebeu que o projeto proporcionou uma aprendizagem significativa na compreensão sobre o significado que a língua e a grafia têm na sua realidade imediata elevando o nível de interesse das crianças pelas propostas envolvendo a leitura e a escrita.


Por Jéssica Almeida
Colégio Átrios
Estrada General Mena Barreto, nº 330 – Centro
Nilópolis/RJ
CEP: 26535-330
Tel.: (21) 2691-2571
Site: www.colegioatrios.com.br
Fotos cedidas pela professora


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