Ctrl+C Ctrl+V?


Veja como contornar o problema do plágio e estimular seus alunos a produzir conhecimento de forma original e responsável

A internet disponibiliza inúmeros textos, livros, artigos e publicações acadêmicas das mais variadas temáticas, fazendo com que esta ferramenta seja a maior fonte de pesquisa de fácil acesso, bem como o meio mais rápido de alcance de aprendizagem e informação. Apesar dessa facilidade acessível à grande maioria, existem os riscos que têm dado muita dor de cabeça aos professores: o famoso Ctrl+C / Ctrl+V, ou melhor, o copia e cola, que resulta em plágio.

Hoje em dia existem sites e aplicativos que conseguem distinguir um texto autoral de um copiado, como é o caso do copiaecola.com.br. Bastam poucos cliques para o tal aluno ser pego “no flagra”. Porém, estudos realizados em Harvard mostram que essa dinâmica só tende a prejudicar ainda mais o estudante. Mas então quer dizer que, se alguém copiar o trabalho da internet, não devo tomar atitudes para que ele seja descoberto? Não é nada disso, mas existem outras possibilidades muito mais atraentes à educação do que simplesmente dar uma de Sherlock Holmes.

Conforme apontam alguns especialistas no assunto, os trabalhos de pesquisa plagiados apresentados na escola têm origem em diversos fatores que estão ligados diretamente à atuação docente, dentre os quais se destacam: a falta de planejamento pedagógico do professor; maior clareza dos procedimentos para executar uma pesquisa; e maior disposição dos educadores em orientar os alunos para uma produção analítica e crítica do trabalho acadêmico. Vale ressaltar que a pesquisa escolar é um processo, onde o estudante precisa ser assistido, orientado, apoiado e não apenas avaliado depois de ter o trabalho finalizado.

Alguns professores tentam enfrentar a situação solicitando aos alunos que façam trabalho por escrito, mas escrever à mão numa folha não impede que o plágio seja cometido. De acordo com Andréa Massotti, coordenadora pedagógica da escola Antão de Farias, em Porto Alegre, o professor precisa planejar o trabalho de pesquisa e não somente solicitar a tarefa. “Não se pode largar no escuro os alunos. Quando se propõe uma pesquisa, é preciso oferecer condições para que a atividade seja realizada. Para nortear os estudantes, podem ser indicados sites, livros e também ser solicitada análise entre citações de autores, para que o aluno seja desafiado a pensar e produzir de forma original”, indica a coordenadora.

O fato é que, neste processo, o estudante é o mais prejudicado pelo plágio, pois perde não só o direito de aprender o conteúdo da disciplina, mas também a forma correta de utilização para produzir o conhecimento. A pesquisa, de forma mais ampla, é em sua natureza um resgate de informações que tem por intuito gerar resultados de novos conhecimentos a partir de uma execução analítica, desconstruindo e reconstruindo os mesmos conhecimentos.

A escola, como formadora de opiniões, deve promover valores éticos e morais, conscientizando os estudantes de que Ctrl+C / Ctrl+V não tem valor educacional. E que o melhor é o aluno ser o autor original do texto, escrevendo com suas próprias palavras.

Por isso, professor, desde cedo ensine seus alunos a incluir nos trabalhos citações diretas e indiretas, estudos de casos e conclusões. Pois essa fórmula será muito bem aproveitada em todos os âmbitos acadêmicos, da graduação ao pós-doutorado.

Evite proibir que seus alunos pesquisem na internet, pois essa ferramenta é de extrema importância à educação, quando avaliamos o quesito acessibilidade. Afinal, você pode viajar o mundo todo, acessar livros exclusivos de diversos países e até mesmo conversar por videoconferência com pessoas do outro lado do planeta.

Mas isso não impede de você variar um pouco e solicitar que seus alunos visitem uma biblioteca física, quando o assunto for mais elaborado. Principalmente, porque é quase certo que eles encontrarão informações novas sobre o assunto, já que há muitos livros ainda não digitalizados, que são de grande valia para o aprendizado.


Por Richard Günter
Fontes: Harvard | Google Acadêmico | Globo Educação

Deixar comentário

Podemos ajudar?