Como fazer uma apresentação significativa para alunos


Em determinada época da minha vida como docente, conheci a State of the Art Presentations, a SOAP, uma organização especializada em realizar apresentações de sucesso. Com o time dessa importante organização eu aprendi a utilizar técnicas do cinema e do design, a serviço de uma boa apresentação para alunos, por meio de quatro etapas: Diagnóstico, Roteiro, Elementos Visuais e Apresentador (professor).

Vamos a cada uma delas:

DIAGNÓSTICO – Quem é o meu aluno?

O primeiro passo a ser dado para realizar uma apresentação significativa é conhecer o aluno por meio do diagnóstico. Conhecer a realidade implica conhecer os alunos, as suas necessidades, a comunidade local em que ele está inserido, ter um retrato geral do universo do aluno: social, político, econômico e cultural.

Se você já conhece quem é o seu aluno, o diagnóstico foi realizado, então é hora de fazer escolhas, pensar em como comunicar (como se colocar em comum), como apresentar o objeto de conhecimento para ele, qual linguagem utilizar.

Ao planejar sua ação, o professor precisará lançar mão de estratégias para que o aluno dirija sua atenção, seu pensar, seu sentir e seu fazer, e essa é uma ação intencional a ser delineada via roteiro da aula.

ROTEIRO DA AULA

É fundamental elaborar um roteiro de aula lançando mão de estratégias adequadas à faixa etária com a qual será realizado o trabalho, lembrando que, dentre diferentes encaminhamentos pedagógicos e recursos didáticos, temos a história, que é sem dúvida um recurso universal muito significativo para a aprendizagem de alunos das mais diferentes idades. A história captura o aluno porque: “A narração de histórias está muito ligada à formação das pessoas, à construção do caráter da pessoa. A história não só traz vários ensinamentos, mas também faz com que nos identifiquemos nas personagens” (Carla Passos, atriz e arte-educadora do Instituto Brincante).

Na prática, você deve pensar no roteiro como se fosse uma história a ser contada, com começo, meio e fim, e que pode ser elaborada como se fosse um bate-papo com um enredo cheio de emoção.

Por que a emoção é importante para a aprendizagem?

Quando aprendemos, usamos o intelecto, o cérebro, que é triádico, composto por PENSAR, SENTIR e AGIR. Assim, se eu conduzo os alunos a explicações puramente teóricas ou lógicas, sem nenhuma pitada de emoção ou prática, ou mesmo contextualização, não potencializo o uso pleno do intelecto. É como se o cérebro fosse composto por peças de uma engrenagem que, se usada de forma integrada, pode gerar muito mais resultados efetivos de aprendizagem. Por isso, a forma como você vai estruturar o roteiro faz toda a diferença para a aprendizagem.

Como estruturar o roteiro?

A SOAP¹ indica que essa apresentação seja realizada em três atos:
Ato 1: Despertar a atenção do aluno com uma chamada ou com a apresentação da introdução ao problema, via história.
Ato 2: Desenvolver a história inserindo ideias de sustentação (dados estatísticos, resultados de pesquisas, gráficos, conceitos…)
Ato 3: Caminho para o clímax, isto é, o caminho para a solução do problema.

Na prática…

Recentemente realizei uma apresentação para professores, na Associação Beneficente dos Professores Públicos Ativos e Inativos (Appai), e apliquei as técnicas aqui apresentadas. O tema principal era “Pedagogia Empreendedora”, mas em nenhum momento esse título foi apresentado assim. Eu iniciei abordando o caso da MENINA QUE PENSAVA DIFERENTE, criei a personagem e contei sua história, recheada de emoções, mas também de muito conteúdo, já que a menina que pensava diferente era uma empreendedora, mas esse detalhe só vai ficando claro conforme a narrativa vai sendo apresentada…

A seguir, algumas imagens utilizadas durante essa aula. Você pode pensar que precisei contratar um designer para criar os slides, mas não. Há atualmente várias maneiras de montar por si mesmo os PPTs, como foi o caso desses, com imagens do Snapchat, para criar os personagens, e animação simples, que o próprio PPT disponibiliza, na aba “animações:

 

Trabalhei os três atos da seguinte forma:

Eu situei a menina que pensava diferente, apresentei alguns trechos de sua história de vida e aos poucos fui fazendo introduções do conteúdo próprio da pedagogia empreendedora, bem conectada à história de vida da personagem.

O clímax, o “gran finale”, ficou por conta da mulher empreendedora que a menina se tornou, marcado pelo encontro com o grande amor de sua vida.

ELEMENTOS VISUAIS

Após a escolha de um bom enredo (história), sugerimos atentar para os elementos visuais dos recursos que serão apresentados em sala, que pode ser um cartaz, um PowerPoint, um vídeo, um atlas.

Verifique, minimamente, se a fonte está legível (no PowerPoint, fonte de letra 44, no mínimo, para títulos, e fonte 36 para o corpo do texto); observe, também, se as ilustrações escolhidas estão coerentes com o enredo, com o objetivo da aula, lembrando que uma imagem vale por mil palavras.

O PROFESSOR APRESENTADOR

E, para concluir, sugerimos que o apresentador exercite o que vai expor, pois, como já dizia Tiger Woods, “quanto mais eu treino, mas sorte eu tenho”. A oratória (o dom de falar) funciona assim, é preciso dedicação, treino, preparo. Mas é preciso cuidar também da retórica (dom de argumentar), ter sempre bons links a indicar, para que o aluno possa aprofundar o conteúdo, ampliar as fontes de pesquisa por meio de uma rota bem traçada.

Todos esses quatro elementos: Diagnóstico, Roteiro, Elementos Visuais e Apresentador, bem pensados e conectados, vão conferir muita qualidade à ação educativa.

 

¹ Fonte base: GALVÃO, Joni; ADAS, Eduardo. Superapresentações: como vender ideias e conquistar audiências. São Paulo: Panda Books, 2011.


Por Andréa Schoch | Mestre em educação, especializada em formação de professores e consultora Appai por meio da EAD.


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