Arte viva


Há cinco anos, os alunos do Ciep Rubem Braga, em Magalhães Bastos, participam de um projeto que lhes proporciona a oportunidade de vivenciar percepções estéticas e sociais através da arte. Tendo à frente a professora de Educação Artística Márcia Costa, a atividade mobiliza alunos do segundo segmento do Ensino Fundamental e do Ensino Médio e a cada edição interage com outra disciplina. Desde o ano passado, essa parceria interdisciplinar vem se estabelecendo com a professora Gleisa dos Santos, de Geografia. Este ano, o projeto teve como fio condutor o tema mangue: arte viva.

Durante as aulas de Geografia, a professora Gleisa iniciou o estudo sobre o manguezal, fazendo os alunos compreenderem que se trata de um ecossistema típico de áreas costeiras alagadas em regiões de clima tropical ou subtropical, desenvolvendo-se nos estuários e na foz dos rios, sendo um berçário para muitas espécies de animais. Aos poucos, as turmas foram descobrindo detalhes da vegetação típica desse bioma e a composição do solo, bastante rico em nutrientes e matéria orgânica, com características lodosas e composto por raízes e material vegetal parcialmente decomposto. À medida que o projeto era desenvolvido, os alunos viram que, por ignorância, até o século passado muitos cientistas consideravam o manguezal uma área insalubre por causa da lama e também um foco de doenças e mosquitos. Com o tempo, esses estudiosos foram descobrindo sua importância para o equilíbrio ecológico. Devido à sua grande biodiversidade, essas áreas são berçários naturais para aves, peixes, moluscos e crustáceos, constituindo um dos ecossistemas mais importantes do planeta.

Simultaneamente, a professora Márcia estimulava os alunos a desenvolver o pensar e o fazer artístico, pondo em prática ferramentas necessárias ao processo de elaboração e produção de desenhos baseados no tema do projeto. “A proposta foi abordar de forma artística e poética todo o ambiente do mangue. À medida que eles ampliavam os conhecimentos sobre o manguezal, os alunos aprimoravam o olhar e a observação, tornando-se aptos a estabelecer relação entre essa vivência e o conteúdo estético”, afirma a professora.

Ainda no primeiro semestre do ano, os alunos participaram de uma aula de campo em Magé. Lá, com o apoio de biólogos do projeto Mangue Vivo, o grupo participou do replantio da vegetação nativa e praticou o trabalho desenvolvido para recuperar regiões de mangue degradadas pela poluição ambiental. Segundo especialistas, essa atividade desenvolvida em Magé é considerada o maior processo de restauração do ecossistema no país. De volta à escola, munidos de uma experiência prática enriquecedora e de um vasto material fotográfico, os alunos iniciaram o processo de produção artística. Com a professora Márcia, utilizando lápis e papel tipo canson, as turmas começaram a transpor para o desenho tudo que haviam registrado no passeio. Ao mesmo tempo, Gleisa estimulou seus alunos a contribuir com a redução da poluição ambiental ao transformar materiais recicláveis em brinquedos e objetos de decoração. “Creio que o papel da escola seja o de contribuir na transformação desses jovens, propondo-lhes um novo olhar”, declara a docente. A diretora-geral Maria da Gloria Hentzy concorda e complementa: “O projeto faz com que o aluno saia da mesmice de sala de aula, fazendo-o relacionar a teoria com a prática”.

Emmanuel Costa cursa o 1º ano do Ensino Médio e diz que aprendeu muito com o projeto. Para a exposição ele fez um desenho reproduzindo a vegetação do mangue. Jonathan Gomes e Wendel Matheus Silva, ambos do 7º ano, confeccionaram aviões, o primeiro utilizando papel e o segundo, caixinha de ovos. O ex-aluno Fernando Luiz Gomes participou da exposição com um desenho retratando as espécies que habitam o mangue. Ele se prepara para cursar Biologia e se sentiu à vontade para retratar o tema. “Aos poucos a sociedade vai descobrindo a importância desse bioma para o equilíbrio ambiental. O mangue tem um solo muito fértil e algumas plantas só nascem lá, sendo responsáveis por um tipo de fotossíntese que nenhuma outra espécie faz”, ensina. Max William Morais é outro ex-aluno que fez questão de estar presente à exposição dos trabalhos produzidos pelas turmas. Atualmente cursando o segundo período de Artes Visuais na Uerj, ele revela que o gosto pela arte veio das aulas com a professora Márcia. “Lembro de ter participado do primeiro projeto de Artes daqui do Ciep, fato que me influenciou a optar por essa área. Sem dúvida, ele fez a diferença na minha vida”, conta.


Por: Tony Carvalho
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Fotos: Marcelo Ávila

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