O imediatismo e o TDAH

Por Nathália Balduino*


Com o surgimento e aumento de tantos transtornos, nossa sociedade vem se preparando cada vez mais para receber essas novas crianças, sejam os pais ensinando seus filhos sobre inclusão ou os próprios colegas quebrando as barreiras preconceituosas. Mas quando esse assunto chega em sala de aula, observamos o despreparo de professores diante da situação. Esse problema se dá pelo fato da pouca capacitação ou falta de atualização sobre o assunto.

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um transtorno considerado “novo”, sendo muito associado ao uso de telas precocemente. Porém, este problema realmente é causado por esse dado biológico ou tem, como muitos outros, origem neurológica? Até qual ponto afeta em sala de aula a aprendizagem dos alunos com ou sem o transtorno? Qual(is) conduta(s) deve(m) ser tomada(s) pelos educadores diante dessa proposta?

O TDAH é um transtorno neurobiológico, portanto só a justificativa do uso precoce de tecnologias não se encaixa. É coerente dizer que a aprendizagem do aluno com esse problema é afetada, assim como a de seus colegas e a produtividade da regente de turma também.

Segundo um artigo publicado pelo coordenador da Especialização em Neurociências Aplicada à Linguagem e à Aprendizagem da Universidade de Caxias do Sul, Lucas Fürstenau de Oliveira, doutor em Neurociências, a Geração Z evidencia o imediatismo e a necessidade do ritmo acelerado refletido nesse grupo ao longo dos últimos 15 anos. Sobre alguns trechos destacados de relevância para este artigo, posso iniciar por:

“A Geração Z cresceu exposta a estímulos variados ocorrendo simultaneamente – conversas paralelas, vídeo no YouTube, música ao fundo, redes sociais. O termo ‘atenção parcial contínua’ foi cunhado para descrever este hábito. Mas é necessário distingui-lo de ‘executar tarefas simultâneas’. São coisas bem diferentes”, ressalva. Segundo ele, estudos mostram que os Z estão limitados a duas tarefas simultâneas, como quase todas as outras pessoas.

Ou seja, o excesso de estímulos desde a infância fez com que fossem capazes de realizar várias tarefas ao mesmo tempo. Todavia, o que é posto em questão é a qualidade dessas atividades e não a quantidade.

Outro elemento surgido da cultura digital (e que se relaciona à ansiedade verificada na Geração Z) é a expectativa de gratificação instantânea – que abrange adeptos frequentes de ambientes virtuais, independente de idade. Aqui entendemos essa necessidade e, atrelado a isso, vem o sentido de competição não saudável, pois surge a precisão em realizar tarefas mais rápido que o próximo e também a ideia de se sentir produtivo a todo instante, a qualquer custo.

A exposição a jogos eletrônicos e smartphones pode provocar insônia, aumento da sensação de tédio, prejudicar a atenção e outros problemas associados a isso. Explicando, é um hábito visto como consequência e não como causa: apesar de não ser possível afirmar que isso em si cause o distúrbio, há evidências de que pessoas com predisposição genética ao transtorno, expostas aos impulsos digitais constantes, podem acabar, de fato, desenvolvendo a condição.

Concluindo, conforme estudado até aqui, é possível analisar que as causas do TDAH vão além de uma oferta precoce às tecnologias, mas isso não impede de afetarem negativamente a criança.


*Nathália Balduino é formada em Pedagogia e pós-graduada em Psicopedagogia Institucional e Clínica. Está concluindo uma pós-graduação em Alfabetização e Letramento e iniciou uma Especialização em Educação Especial e Inovação Tecnológica. Quando concluir seus estudos, pretende ajudar crianças com necessidades educativas especiais que foram, em algum momento, rotuladas como incapazes de aprender.

Os conceitos e opiniões emitidos em artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores.


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