Sede da Fazenda Real

A Pérola da Coroa


Foi nessa fazenda que D. Pedro I passou a lua de mel com a princesa Leopoldina. Foi aqui, também, que ele se reuniu com José Bonifácio antes de tomar a decisão de declarar a independência do Brasil, em 1822. Sempre ouvimos falar que o “bairro imperial” do Rio é São Cristóvão, mas é possível afirmar que o coração da realeza ficava na Zona Oeste da cidade, mais precisamente em Santa Cruz.

O bairro teve origem na guerra de fundação da cidade do Rio de Janeiro, período jesuítico em que a Fazenda Real se destacou, a ponto de ser chamada de “Pérola da Coroa”, sendo posteriormente considerada a propriedade mais próspera do Reino de Portugal Brasil e Algarves.

Durante o verão, a Família Real passava a maior parte do tempo neste palácio. A história, pouco conhecida pelos cariocas, está presente em monumentos espalhados por todo o bairro e nos documentos preservados no acervo do Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica de Santa Cruz (NOPH).

A fazenda começou a ser construída no ano de 1570 pelo capitão Cristóvão Monteiro. De lá pra cá, o edifício foi administrado por padres jesuítas, por administradores reais, pela Família Imperial e, agora, pelas Forças Armadas. As terras eram tão vastas que englobavam regiões como Guaratiba, Mangaratiba e iam até Vassouras, no Sul do estado do Rio de Janeiro. Era uma das mais desenvolvidas propriedades rurais das Américas.

A paisagem de Santa Cruz, hoje, é bem diferente da apreciada pelo rei e imperadores. A fazenda se perde entre prédios e torres de telecomunicações. Sinal de que a prosperidade não ficou apenas na agricultura e na pecuária que abasteceram toda a cidade durante séculos, desde a exploração pelos jesuítas.

Vale lembrar que em meados do século XX, depois de experimentar um período de crise, o bairro voltou a crescer com a instalação do polo industrial. A implementação ocasionou um incremento populacional. De acordo com o senso 2010 do IBGE, Santa Cruz é o terceiro bairro mais populoso da cidade, atrás apenas de Campo Grande e Bangu.

A Appai, através do Benefício Passeio Cultural, realiza um roteiro interessantíssimo para a sede da Fazenda Real. O trajeto prestigia a Casa do Conde dos Arcos, o último vice-rei do Brasil, e a Casa de Augusta Candiani, prima-dona da Companhia de Ópera Italiana, e uma das musas de Machado de Assis. O passeio contempla também grande parte do acervo de botânica e biologia, perdido no incêndio do Museu Nacional, que pertencia a Santa Cruz, e o primeiro conservatório de música do país, que deixou legados vivos nos dias de hoje, como a Sociedade Musical 24 de Fevereiro.


Por Richard Günter
Sede da Fazenda Real
Praça Ruão, 35 – Santa Cruz – Rio de Janeiro/RJ
Tel.: 3513-5100
Fotos: Ascom – EB


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