Ultrapassando as barreiras da sala de aula

Projeto inspirado em obras de Basquiat faz com que alunos tenham novas experiências fora dos muros da escola


Conhecido por suas obras coloridas e por ser um ícone do grafite, Jean-Michel Basquiat foi o artista escolhido para se falar sobre Consciência Negra no Colégio Estadual Professora Regina Celia dos Reis Oliveira, em São João de Meriti. Para isso, a educadora Tatiana Barradas levou os alunos a uma exposição do artista com direito a muitas descobertas e aprendizado.

Tudo começou quando a professora foi à exposição no CCBB e ficou impactada com a tamanha aproximação que ele tinha com os alunos. “Parecia que aquela exposição se encaixava perfeitamente com eles, me entusiasmei e já vislumbrei todos ali conhecendo também a vida e a obra do artista”, lembra Tatiana. Porém a professora tinha um obstáculo no meio do caminho: o custo para deslocamento dos estudantes.

Isso fez com que ela utilizasse os recursos que tinha a sua disposição: o computador da direção e um data show. Com essas ferramentas, ela apresentou para a turma o artista e mostrou o contexto em que ele viveu, as coisas que se consumiam naquela época, as obras e, a partir daquelas informações, os estudantes criaram uma produção artística inspirada em Basquiat. Trazendo para a realidade deles, respeitando e enaltecendo a individualidade de cada um.

Apesar de iniciar o projeto, a educadora queria mais: que os alunos tivessem a oportunidade de ver de perto as obras do artista. “Foi aí que eu fui buscar apoio no CCBB e descobri um curso sobre transversalidades, que aborda temas voltados para educação e arte, conectando as questões presentes nas exposições e reflexões cotidianas”, explica Tatiana.

Na edição em que ela participou, o CCBB Educativo convidou Rosemeri Maria da Conceição para debater as perspectivas da arte e educação para as relações étnico-raciais, atentando para a importância da presença e visibilidade de artistas negros na construção de processos pedagógicos em diálogo com a arte. “O curso mostrou a vida e obra do artista Jean-Michel Basquiat como fio condutor da discussão”, completa a professora. Ao final do evento foram sorteadas viagens gratuitas nos ônibus do programa educativo do CCBB, e Tatiana foi sorteada.

No dia combinado, o ônibus chegou na porta da escola e durante o trajeto inúmeras perguntas foram feitas. “Eles questionavam se sairíamos do Rio de Janeiro, isso porque muitos nunca haviam se afastado da Baixada Fluminense. Perguntavam que mar era aquele, apontando para a Baía de Guanabara, outros tirando fotos do relógio da Central do Brasil e querendo saber qual era mesmo o nome daquele outro relógio grande que tem no livro de geografia, fazendo referência ao Big Ben. Tudo era questionador, era diferente, parecia que estava sendo mostrado um outro mundo”, conta a professora.

Ao chegar no CCBB, os estudantes ficaram atentos aos detalhes e interagiram com a exposição. A educadora conta que essa experiência fez com que ela refletisse sobre a importância do estímulo. “Espero ter novamente a chance de criar ambientes para que eles se interessem de fato, busquem respostas, façam as perguntas, tenham a chance de ir além do muro da escola e experimentem um sentimento de inquietação, busca e descoberta. É de extrema importância ultrapassar as barreiras físicas da sala de aula”, finaliza.


Por Jéssica Almeida
Colégio Estadual Professora Regina Celia dos Reis Oliveira
Rua Maria José, 22 – Vale da Simpatia – São João de Meriti/RJ
CEP: 25565-440
Tels.: (21) 3755-0168 / 2650-3132
E-mail: cereginacelia@educacao.rj.br
Fotos cedidas pela escola


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