Era uma vez… a empatia através dos contos de fadas

Cheia de criatividade, uma turma trabalhou habilidades socioemocionais, quesito previsto na BNCC


Atualmente, temos ouvido falar muito sobre a empatia, seu real significado e sua função na sociedade. Ela se resume na capacidade do indivíduo de se colocar no lugar do outro, ou seja, tentar entender os sentimentos deste para compreender as suas atitudes, por exemplo. Mas você é capaz de se colocar no lugar do outro? Consegue perceber a importância disso?

A psicologia moderna considera essa capacidade como primordial para uma vida próspera e feliz. Além de revelar que esse traço atua como algo que une naturalmente uma amizade, laço familiar e até mesmo o amor romântico, aumentando também as oportunidades de sucesso profissional. Isso porque foi constatado que tem sido muito comum ver profissionais serem contratados pelas competências cognitivas, mas demitidos por falta de competências socioemocionais.

A abordagem das habilidades focadas na educação das emoções é fundamental para promover o pensamento autônomo dos estudantes e suas potencialidades, o que, consequentemente, pode reduzir a indisciplina e melhorar os índices de aprendizagem. É por isso que atualmente o recurso socioemocional é quesito previsto no documento da Base Nacional Comum Curricular, a BNCC.

Diante dessa exigência, diversos professores têm trabalhado a temática de forma criativa com os pequenos alunos. E para chamar a atenção deles, nada melhor do que aplicar os contos de fadas como exemplo de como se colocar no lugar dos personagens e promover empatia.

Na turma da professora Mônica de Bem, a história da Branca de Neve e os Sete Anões é a favorita da criançada. A Pré-escolar Mundo Encantado, localizada em Leopoldina/MG, compartilha os exemplares nas rodas de leitura, e o desdobramento dessa contação se torna incrível, tendo em vista que a professora busca ir além da história, aplicando os aspectos da empatia, cooperação e autonomia (as chamadas habilidades socioemocionais). “Neste projeto, os alunos aprendem a resolver conflitos e a se valorizar”, explica a professora. Para abrir o leque das possibilidades de expressão, a educadora leva fantasias para que os estudantes encenem os personagens favoritos e, por meio deles, expressem seus próprios sentimentos. A confecção de um “espelho mágico” em papel ajudou as crianças a exercitarem o autoconhecimento.

Contar e ouvir os contos de fadas é um exercício fundamental para que sejam desenvolvidas a imaginação e a capacidade de expressão. De acordo com a especialista em literatura Elizabeth Cardoso, da PUC de São Paulo, as histórias tradicionais cumprem muito bem esse papel, pois promovem a imaginação, o conhecimento de novas culturas, a exploração das linguagens, além da ampliação da autoestima. “Os pequenos se motivam pelo exemplo de personagens frágeis ou em grandes dificuldades, fazendo com que se sintam mais corajosos e empoderados”, relata a especialista.

Ao professor que deseja trabalhar a empatia com os contos de fadas, é importante ratificar que, durante a leitura, é preciso deixar intervalos para que o aluno comente e tente adivinhar qual será o destino dos personagens no final da história. E, no encerramento, é também necessário recapitular junto com eles quais sentimentos os personagens tinham no começo, no meio e ao final da história. Para Roberta Bento, educadora e fundadora do SOS Educação, a empatia permite que uma pessoa compreenda a situação pelos olhos do outro.

Assim, o que poderia parecer ofensa, pouco caso ou falta de atenção toma um sentido inverso, viabilizando outro olhar sobre as motivações e dores da outra pessoa. “Se a criança desenvolve essa capacidade, se sai melhor no convívio social, seja em casa, no relacionamento com os irmãos e familiares, seja na escola, com os colegas de classe e com a professora. E quando cresce, a magia continua. Você também pode incentivar a leitura de livros de ficção, dramas e romances adequados para cada idade, pois o efeito é parecido com o do conto de fadas para as crianças menores”, comenta.

De acordo com as aulas da professora Mônica, a técnica utilizada neste projeto pedagógico foi a seguinte:

Empatia na roda de leitura: ao ouvir e contar versões diferentes do conto Branca de Neve, as crianças podem conversar, concordar e discordar, possibilitando o desenvolvimento da capacidade de diálogo.

Resolução de conflitos nas discussões: durante a atividade de criação de textos, deixe os alunos opinarem sobre os fatos e negocie o rumo da história buscando um consenso entre todos eles.

Autonomia na montagem das peças: deixe que os pequenos resolvam sozinhos os desentendimentos, ainda que a solução não agrade a todos.


Por Richard Günter
Fontes: Nova Escola | Exame | SOS Educação
Escola Municipal Pré-Escolar Mundo Encantado
Rua Manoel Januário, 0 – Santa Cruz – Leopoldina/MG
CEP: 36700-000
Tel.: (32) 3449-4438
E-mail: empemundoencantado@gmail.com
Fotos da escola: Dayana Valle/Nova Escola


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