Desenvolvimento socioemocional , a criança não pode esperar, ela se chama agora!


O conteúdo “embarcado” na frase da pensadora e educadora Gabriela Mistral aponta um senso de urgência quanto ao desenvolvimento da criança e nos faz pensar sobre o nosso investimento como pais e professores. Vamos juntos refletir:

“Muitas coisas de que temos necessidade podem esperar. A criança não pode esperar! Agora mesmo ela cresce, consolida seus ossos, cria seu sangue e ensaia seus sentidos. Não se lhe pode responder ‘Amanhã’. Ela se chama ‘Agora’”.

O processo de educação de uma criança não pode ser adiado, muito menos negligenciado. “Agora mesmo ela cresce […] e ensaia seus sentidos”, tudo de forma muito rápida, portanto é preciso pensar em seu desenvolvimento, em seu processo de educação de forma plena, integral. E é exatamente nesse amplo sentido que se enquadra o desenvolvimento socioemocional. Como o próprio nome já evidencia, SOCIOEMOCIONAL tem relação direta com o social e com o emocional. Na prática, significa AUTOCONHECIMENTO, AUTONOMIA, ESTABILIDADE EMOCIONAL, SOCIABILIDADE, CAPACIDADE DE SUPERAR FRACASSOS, CURIOSIDADE, PERSEVERANÇA, entre outros.

Escola e família

Os nossos educandos precisam desabrochar de forma harmoniosa, tanto por meio do desenvolvimento cognitivo quanto do socioemocional. Não basta que a escola trabalhe com foco apenas nos aspectos cognitivos do desenvolvimento (localizar, redigir, interpretar, calcular, generalizar…), é preciso equilibrar o processo e completá-lo por meio do desenvolvimento socioemocional. Para tanto, é vital reconhecer o contexto social e político em que se inserem os educandos atendidos pelas escolas, para dar início às práticas voltadas ao desenvolvimento socioemocional que promovam o engajamento e o trabalho integrado entre escola e família. Sim, é preciso trazer a família para a escola, abrir espaços para orientar e gerar compromisso das partes em prol do desenvolvimento integral do educando.

Afinal, a intenção é que os educandos possam aprender com sentido de pertencimento e encontrar no espaço escolar o prazer de aprender por saber que há ali um clima de liberdade e de realização.

Case

Em minha trajetória profissional, venho trabalhando como educadora tanto dentro da escola com os pequeninos quanto com adultos em ambientes organizacionais.

Atuando como professora da educação infantil, no início da minha carreira, lembro-me de ter contado histórias aos pequenos (1º e 2º anos do fundamental) e de os ter estimulado a dizer como se sentiam e o que fariam se estivessem no lugar do personagem, em diferentes situações de conflitos muito próprias das histórias infantis. E assim os estimulei a se colocarem, a expressarem seus sentimentos quanto ao episódio contado, trabalhando as questões de ordem socioemocional que surgiam, como superação de fracassos, questões de sociabilidade e autoconhecimento.

Todo esse trabalho contou com a orientação e o apoio da psicóloga da escola e foi muito gratificante. Quanto crescimento, quantos bons frutos colhidos no terreno fértil chamado educação. Hoje em dia, quando me encontro, em algum shopping ou supermercado, com alguns desses alunos, já adultos e pais, eles me agradecem a semente plantada e regada. Contam-me do significado e prazer que as histórias lhes trouxeram e do quanto se desenvolveram emocionalmente por meio dessa estratégia.

Ressalva importante: Cabe aos psicólogos e psicopedagogos fornecer orientação aos profissionais de educação quanto ao desenvolvimento socioemocional no processo escolar, mas a prática pedagógica é trabalho do professor; portanto, vamos lembrar no nosso dia a dia que educar significa desenvolver os três hemisférios cerebrais: o pensar, o sentir e o agir, de forma plena, e que você pode e deve realizá-lo para que o processo de aprendizagem seja, de fato, completo.


Por Andréa Schoch | Mestre em educação, especializada em formação de professores e consultora Appai por meio da EAD.


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