Educação personalizada, 3 verbos que são pilares do século XXI


 

É fato, as gerações atuais pensam e vivem de forma bem diferente das pertencentes às décadas anteriores. A conexão digital traz respostas imediatas às dúvidas, os conteúdos são apresentados de forma qualitativa e diversificada, e, por isso mesmo, a dinâmica da educação se transforma e se renova.

Esse novo contexto traz consigo a demanda por novas ações, e são os grandes especialistas em educação que apontam os pilares/tendências próprios para o século XXI. Para tornar o tema mais aplicável, vamos apresentar essas tendências por meio de três verbos:

CURAR

CONECTAR

PERSONALIZAR

CURAR

O verbo “curar” (cuidar, zelar) carrega consigo algumas preciosas ideias que muito se afinam com o educar. Embora tenha se originado no contexto das artes, o conceito apresenta uma forte e intensa aplicação ao contexto pedagógico. O curador em educação é um guia competente, alguém que tem toda a condição de cuidar, mas não apenas isso. O curador da educação tem um olhar atento e crítico para as necessidades dos alunos e, por isso mesmo, seleciona caminhos e estratégias visando ao seu desenvolvimento. Ao preparar um encaminhamento de aula, o professor-curador sabe o que realmente importa. Assim como o curador da arte, o docente exerce a curadoria escolhendo as rotas de aprendizagem e de informações que disponibilizará aos alunos. Prioriza a interação, a socialização, o desenvolvimento das funções superiores, insere no contexto ações de cidadania, tem a clareza do por que aprender.

 

CONECTAR

“Mudanças de mídia são fenômenos macro-históricos, ocorrem em ciclos seculares ou milenares: a chegada da oralidade há 70 mil anos, da escrita há 8 mil, da prensa há 550 anos e agora do digital.” (Nepomuceno, futurista)

O advento da internet mudou completamente a maneira como nos relacionamos, nos comunicamos, produzimos e até mesmo a forma de exercer nossos direitos e deveres. Portanto, o aprender também precisa passar por uma transformação. Esse é um assunto que precisa ser discutido quando o que está em pauta é o desafio de educar no século XXI.

O famoso Michel Serres, filósofo e professor da Universidade de Stanford, na Califórnia, nomeia os alunos da era digital como “a geração do pequeno polegar”, a nova geração que interage com a mídia e com as novas tecnologias como a própria extensão do corpo. Não é possível ignorar esse fato, então é preciso que o curador da educação seja também um letrado digital. Ele deve conhecer e estimular rotas de aprendizagem e experiências em que o conectar seja uma ação natural, para que os atuais dispositivos digitais móveis e sem fio (smartphones, notes e tablets) sejam integrados e utilizados em produções multimídia dentro e fora da escola.

É fundamental uma educação em que a conectividade por Wi-Fi, 4G ou qualquer outra forma possa gerar novas possibilidades de aprendizado, de sociabilização, na perspectiva da ampliação do conhecimento por meio desses artefatos que, para essa geração “do pequeno polegar”, expandem a comunicação e estimulam o compartilhar e a integração cotidiana.

 

PERSONALIZAR

O atual sistema educacional ainda está permeado pelos ranços de uma educação pertencente à era da Revolução Industrial, a chamada educação em massa, que se inspirava na produção em série. Portanto, como características desse modelo, temos alunos tarefeiros, que realizam quantidades de atividades mecânicas e são obedientes ao comando dado sem questionar, sem compreensão do por que aprender.

Não há um olhar para as diferentes características dos alunos, são todos tratados e ensinados de forma massiva e unificada. Um mesmo livro didático para todos, conteúdo jurássico, a mesma atividade, a mesma avaliação para todos. É fato, essa ideia não cabe mais para o século XXI, pois, já que as pessoas aprendem de formas diferentes, não há razão para o ensino ser igual para todos.

É urgente que a mudança aconteça, que a educação massiva dê lugar a uma educação personalizada. Mas o que é uma educação personalizada? Significa uma educação individualizada? Não, há uma diferença substancial entre individualizado e personalizado. Vamos entender.

A educação individualizada é aquela em que o aluno recebe aulas particulares visando complementar o que não foi possível realizar em sala de aula, ou mesmo sanar alguma dúvida não esclarecida em sala no formato massivo.

Já a educação personalizada é aquela que disponibiliza à turma o acesso aos conteúdos, mas ao mesmo tempo olha para as diferentes características de cada aluno em sala, levando em consideração a forma como cada um aprende melhor, para então orientar rotas, caminhos possíveis de encaminhamento para aprendizagem, sem enquadrar, sem formatar o coletivo.

Na personalização, há uma certa liberdade que implica protagonismo, criatividade e resolução de problemas. O aluno é convidado a participar ativamente, desenvolvendo, ele mesmo, estratégias de estudo. Porém, o processo de aprendizagem é acompanhado a par e passo pelo professor curador, nada ficando ao léu.

Alguns encaminhamentos metodológicos práticos que representam uma educação personalizada:

  • Conhecimento do estilo de aprendizagem de cada aluno, pelo curador;
  • Inserção das novas tecnologias no contexto escolar e extraescolar;
  • Inversão da lógica do encaminhamento pedagógico em sala de aula (sala de aula invertida);
  • Ênfase para o letramento digital;
  • Propor desafios aos alunos conforme a habilidade de cada um;
  • Adaptação do currículo para a realidade dos estudantes;
  • Contextualização e problematização para a vida prática do aluno.

Por Andréa Schoch | Mestre em educação, especializada em formação de professores e consultora Appai por meio da EAD.


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