Um conjunto arquitetônico de rara beleza e transformação cultural

Gigante das Corridas por ruas de história na Zona Portuária - parte 2


a zona do Porto do Rio

Como já falamos por aqui, a zona do Porto do Rio é um complexo arquitetônico com diversas construções que podem ser apreciadas durante o percurso do Circuito Rio Antigo. No blog de hoje, listamos alguns dos principais pontos dessa região que narram a história nacional e reafirmam a valorização desse patrimônio histórico.

 

Confira:

Cais do Valongo

No mês da consciência negra, celebrada no dia 20 de novembro, um dos lugares que merece destaque é o Cais do Valongo. O sítio arqueológico foi descoberto em 2011, durante as escavações das obras de revitalização da região.

O Cais do Valongo foi a porta de entrada de mais de um milhão de africanos que foram trazidos para o Brasil entre os anos de 1774 e 1831. Durante 20 anos de operação, entre 500 mil e um milhão de escravizados desembarcaram no cais.

a zona do Porto do Rio, cais do valongo

Em 1843, uma reforma para receber a princesa Teresa Cristina de Bourbon-Duas Sicílias, que viria para se casar com o Imperador Dom Pedro II, transformou o local no Cais da Imperatriz, aterrando toda a história dos africanos. E não parou por aí… Durante as obras do prefeito Pereira Passos, mais terra foi colocada sobre essa história. Somente durante as obras de revitalização da zona portuária, foram descobertos os dois ancoradouros – Valongo e Imperatriz –, um sobre o outro e, junto a eles, uma grande quantidade de amuletos e objetos de culto originários do Congo, de Angola e Moçambique.

O Cais recebeu o título de Patrimônio Histórico da Humanidade pela Unesco em 9 de julho de 2017 por ser o único vestígio material da chegada dos africanos escravizados nas Américas.

 

Museu do Amanhã

Outro local que vale a pena ser contemplado é o Museu do Amanhã. Não há quem passe pela Praça Mauá e não fique encantado com a beleza do lugar. Construído no contexto das obras do Projeto Porto Maravilha, foi inaugurado em dezembro de 2015 e é considerado um museu de ciências de terceira geração.

a zona do Porto do Rio, museu do amanhã

O projeto é do arquiteto espanhol Santiago Calatrava, sendo inspirado em uma bromélia do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Localizado no Píer Mauá, construído para receber navios durante a Copa do Mundo de 1950 mas subutilizado até então, já recebeu mais de 3 milhões de visitantes desde que foi aberto.

 

Museu de Arte do Rio

Bem ao lado do Museu do Amanhã está o primeiro aparelho cultural a ser inaugurado no projeto Porto Maravilha, em 1º de março de 2013, o Museu de Arte do Rio.

 museu de arte do rio

O MAR ocupa dois prédios de estilos arquitetônicos diferentes, mas que se tornaram complementares no processo de reforma realizado. Um deles é o Palacete Dom João, que tem estilo eclético, construído entre 1914 e 1918 para ser a sede da Companhia das Docas do Rio de Janeiro. O outro é um edifício em estilo moderno, construído nos anos 1950 para ser a rodoviária Mariano Procópio.

 

Rua Sacadura Cabral

Um olhar pelas ruas e é fácil se perder nas diversas riquezas históricas que rodeiam a região.

rua sacadura cabral

A Rua Sacadura Cabral, por exemplo, faz homenagem ao aviador português que, junto à Gago Coutinho, fizeram a viagem Rio-Lisboa, o primeiro voo a cruzar o atlântico, tendo paradas para reabastecimento na costa da África e no nordeste brasileiro.

Na via é possível encontrar um conjunto arquitetônico de patrimônio histórico muito bem preservado.

 

Largo de São Francisco da Prainha

O Largo de São Francisco da Prainha é um bom e velho conhecido dos apreciadores da música. Se antigamente o local foi um terminal de bondes, hoje o que para por lá são os grandes eventos de samba e gastronomia que acontecem na região.

Além disso, foi o lugar de nascimento do maior bloco da Zona Portuária, o Escravos da Mauá, fundado nos anos 90 pelos funcionários do Instituto Nacional de Tecnologia.

No meio do Largo também se destaca uma outra figura importante para a dança e para o carnaval carioca, o busto de Mercedes Batista, inaugurado em dezembro de 2016. Ela foi a primeira bailarina negra do Theatro Municipal e a primeira mulher a coreografar uma comissão de frente de escola de samba, a Acadêmicos do Salgueiro, em 1962, no enredo Xica da Silva. Nascida em 1921, ela faleceu em 2014 aos 93 anos.

 largo de são francisco da prainha

 

Pedra do Sal

A Pedra do Sal é mais um dos ícones da região portuária vinculados ao samba. Considerada um dos berços desse ritmo no Rio, teve como frequentadores João da Baiana, Donga, Pixinguinha, Heitor dos Prazeres, entre outros. Hoje, o lugar faz parte do circuito Pequena África e todas as segundas-feiras acontece a tradicional roda de samba que resgata as origens da música mais típica da cidade.

pedra do sal

Além disso, a Pedra é tombada pelo Inepac como bem material e imaterial do estado. Há anos, o local era usado pelos escravizados que desembarcavam o sal que chegava na cidade, o que justifica o nome dado à Pedra.


Por Luiza Morato

Pesquisa: Priscila Monteiro, historiadora e empreendedora
Parceria: HCTUR – História, Cultura e Turismo


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