Correndo por ruas de saúde


Hoje é o Dia Mundial sem Carros, uma iniciativa que teve origem na Europa e hoje criou raízes em vários pontos do planeta, no rastro das preocupações com o meio ambiente global. O objetivo da data é levar as pessoas a refletirem sobre o impacto que os automóveis causam no meio ambiente e a possibilidade de adotarem estilos de vida alternativos que garantam uma vida com mais qualidade. E de fato não dá pra negar o problema representado pelo excesso de automóveis, principalmente nas grandes metrópoles.

Pesquisas revelam que, em cidades grandes, como Rio ou São Paulo, os veículos são responsáveis por quase 90% da emissão de poluentes e 40% dos gases de efeito estufa. As substâncias nocivas que os carros espalham pela atmosfera também atingem a vegetação e podem ser causa inclusive de contaminação de lençóis freáticos. Pra completar, há o problema da impermeabilidade do solo, causado pela asfaltização, própria para receber as frotas de carros, que acabam ocasionando alagamentos e a formação de “ilhas de calor”, que podem chegar a uma diferença de até 8 graus em relação à temperatura média em grandes cidades.

Mas os problemas do uso excessivo de carros não atingem só o meio ambiente. Há também a questão do sedentarismo, que cresce na população na mesma proporção que as frotas de automóveis das cidades. A falta de mobilidade física, tão prejudicial para a saúde, ocorre tanto pelos hábitos que acabam acometendo os usuários de carros, quanto pelas horas que passam em engarrafamentos. Uma situação que no final das contas resulta num grave problema de saúde pública, com o aumento de doenças, como obesidade, diabetes e males cardíacos.

As principais soluções para esse triste quadro passam pelas tentativas das cidades de investir em meios de transporte opcionais aos carros, como os veículos sobre trilhos e, em lugares onde é possível, condução por via marítima e fluvial. Mas infelizmente é um processo bastante complicado reverter a matriz de transporte baseada em automóveis por opções menos agressivas ao meio ambiente, afinal a ascensão dos automóveis em metrópoles mundiais é um processo que teve início nos primeiros anos do século XX, quando ainda não havia nenhum tipo de consciência ambiental, nem se conheciam os males para a saúde provenientes do sedentarismo.

Assim, não dá pra ficar esperando que apenas soluções de grande estrutura levada a cabos por governos resolvam essa preocupante situação. É preciso que individualmente as pessoas invistam em algumas medidas que estão plenamente ao seu alcance para minimizar os danos causados por esse estilo de vida prejudicial. É com essa finalidade que as mais importantes cidades do mundo procuram chamar a atenção das pessoas em iniciativas como a do Dia Mundial sem Carros.

É plenamente possível a adoção de hábitos de deslocamento que não passem pelo uso de automóveis. Por exemplo, pesquisam revelam que mais da metade das viagens de carro ocorrem para percorrer pequenas distâncias, ou seja, uma grande parte das pessoas poderia nessas situações deixar o automóvel e seguir de bicicleta ou mesmo a pé. E por que não fazer isso inclusive em distâncias não tão curtas? Caminhadas, corridas e passeios de bicicleta, além de não causarem nenhum tipo de dano ao meio ambiente, ainda são excelentes exercícios para o corpo e para a mente, já que também funcionam como ocasião de socialização, tão fundamental em tempos de tanta correria e tão pouco tento para cultivar amizades e boas relações.

É de olho nessa mudança que a Appai tem investido muitos esforços em oferecer aos associados opções de atividades que atuem contra esses graves problemas ocasionados pelo uso demasiado de carros e o estilo de vida que normalmente o acompanha. E talvez o maior exemplo desse esforço seja o benefício Caminhadas e Corridas, uma proposta que dá cada vez mais certo, garantindo que os professores do Rio de Janeiro deem mais uma lição, agora nos campos da saúde, meio ambiente e cidadania, ao colorir as ruas da cidade e até de outros municípios em provas de rua que se tornam um hábito cada vez mais adotado por toda a população.

Afinal, pessoas sedentárias que de repente descobrem a alegria de caminhar ou correr e passam a ser assíduos praticantes de atividade física – inclusive decidindo intensificar os treinamentos em um dos vários polos que a Appai oferece aos associados – não terão dificuldade na hora de trocar o automóvel por um passeio, ou mesmo optar por um transporte público não poluente, ainda que tenha que completar o percurso a pé.

Mas outros esforços desenvolvidos pela associação também se juntam ao Caminhadas e Corridas na tarefa de propiciar um estilo de vida mais saudável. É o caso, por exemplo, do benefício Academias, que oferece aos associados a oportunidade de praticar outros esportes, como musculação, natação e pilates, e pra quem não tiver como se deslocar para caminhar ou correr, ainda tem a opção de fazer isso em esteiras. E não podemos esquecer também do benefício Dança, com seus espaços de prática orientados por professores especializados e os bailes anuais que permitem ver de perto os resultados das aulas. Afinal, dançar também mobiliza o corpo e colabora para uma vida de mais bem-estar. Isso sem falar em programas como o Saúde 10 e as Rodas de Saúde, voltados para auxílio e orientação para aqueles que sofrem com problemas de saúde, muitos dos quais ocasionados por anos de prática de um estilo de vida prejudicial.

Assim, nesse Dia Mundial sem Carros espero que você busque refletir sobre os hábitos que cultiva e qual o impacto que podem causar tanto para a sua saúde e bem-estar, quanto para o meio ambiente e a harmonia da sua cidade. Pense em quantos danos o uso excessivo de automóveis tem provocado, colocando em risco não só a sua felicidade e harmonia pessoal, mas também o futuro das próximas gerações.

Este colunista vai ficar muito feliz se souber que, pelo menos no dia de hoje, depois de ler este artigo, você deixou o seu veículo na garagem e resolveu dar uma caminhada, uma corrida, um passeio de bicicleta, um pulinho na academia, um mergulho na praia ou na piscina ou simplesmente colocou pra tocar uma música bacana e dançou ao lado de uma pessoa querida.


Por Sandro Gomes | Professor, escritor, mestre em literatura brasileira e revisor da Revista Appai Educar.


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