Por Sandro Gomes*

Os demonstrativos são pronomes que têm a função de situar no tempo e no espaço seres e coisas que aparecem num discurso, sempre em relação às pessoas que participam da comunicação. Os demonstrativos este e esse (com suas variações de gênero e número) na fala coloquial são muitas vezes empregados indistintamente. Mas, no caso do uso culto da língua, o emprego adequado faz toda diferença. Por isso vamos aqui abordar três casos básicos. 

Demonstrativos indicando situações no tempo  

O pronome este se refere a tempo presente:  

Esta semana (a que está em curso) será decisiva. 

Já os pronomes esse e aquele fazem referência a tempo passado. Observe:  

Viajei a Paris em 2005. Esse ano foi inesquecível. 

Repare que o pronome esse se refere a um passado próximo, algo que aconteceu relativamente há pouco tempo. Se o fato ocorreu num tempo mais remoto, devemos dar preferência ao pronome aquele. Veja:  

Viajei a Paris em 2005. Naquele tempo não apreciava a Europa. 

Demonstrativos indicando situações no espaço   

Os pronomes este, esta, isto são usados quando o objeto está próximo à pessoa que fala. Observe:  

Esta sala é mais arejada.  

Este livro é uma herança familiar.  

Isto é o que lhe confio. 

Obs.: Nesses três exemplos acima os objetos estão próximos da pessoa que fala.  

Já os pronomes esse, essa, isso são usados quando o objeto está próximo da pessoa com quem se está falando. Veja: 

Essa sala é mais arejada. 

(Agora se trata da sala onde está a pessoa a quem se fala). 

Pega essa bolsa, por favor! 

Isso aí é mais adequado para essa tarefa. 

(Nesses dois últimos exemplos o objeto está próximo daquele a quem a frase foi dita). 

Aquele, aquela, aquilo são usados quando o objeto está distante das duas pessoas, quem fala e aquela a quem se fala. Acompanhe: 

Aquele quadro é de muito bom gosto. 

Aquela roupa precisava de ajustes. 

Aquilo foi muito intrigante. 

Obs.: Os objetos citados nos dois exemplos estão distantes de ambas as pessoas envolvidas. 

Demonstrativos expressando situações no próprio texto  

Veja as duas seguintes situações:  

Primeiro usando este, esta, isto.  

O presidente citou este fato: “Nossa economia tem crescido sem atropelos.”. 

Repare que na primeira frase o demonstrativo anuncia algo que virá posteriormente, no caso a fala atribuída ao presidente. Ocorre um anúncio do que será declarado. Veja outro exemplo:  

Em seguida declarou isto: “Temos que tentar com mais veemência.”. 

Agora um caso usando esse, essa, isso. São usados quando a referência é feita posteriormente ao que foi citado. 

“Nossa economia tem crescido sem atropelos.”. Essa foi a frase do presidente. 

“Temos que tentar com mais veemência.”. Declarou isso em seguida. 

É claro que são muitos casos envolvendo demonstrativo, e não dá pra dominar tudo de uma hora para outra. Mas começar caso a caso é uma boa maneira de conhecer bem essa questão e não ter dificuldade para empregar os demonstrativos quando precisar utilizar a norma culta da língua portuguesa. Até a próxima, pessoal! 

*Sandro Gomes é graduado em Língua Portuguesa, Literaturas brasileira, portuguesa e africana de língua portuguesa, redator e revisor da Revista Appai Educar, escritor e Mestre em Literatura Brasileira pela Uerj.