Quando a inclusão faz parte das histórias

Projeto de literatura promove pertencimento e um ambiente acolhedor


Em tempos em que a aprendizagem precisa ir além dos muros da sala de aula, projetos que integram leitura, diversidade e afeto se tornam ainda mais necessários. É nesse contexto que nasce a Feira de Literatura, Inclusão e Conhecimento (Flic), uma iniciativa da Escola Municipal Professora Mariza Azevedo Catarino, que promove o encontro entre turmas regulares e classes especiais por meio da leitura, da criatividade e da troca de experiências. 

Mais do que um evento pontual, a Flic se consolida como uma jornada que começou no início do ano letivo, com a realização de oficinas literárias e também um aquecimento para a grande feira prevista para novembro. A proposta integra diferentes áreas do conhecimento e tem como foco principal a valorização da leitura como ferramenta de recomposição das aprendizagens, além do fortalecimento da convivência entre os alunos de diferentes realidades educacionais. 

 

Literatura como elo entre saberes e afetos

Idealizado pela equipe de orientação pedagógica e educacional da unidade escolar, formada pelos docentes Aline Damian (Orientadora Educacional); Gisele de Oliveira Silva (Orientadora Pedagógica) e Regina Ramalho (Orientadora Educacional), o projeto aposta em livros de literatura infantil como ponto de partida para atividades lúdicas, interativas e reflexivas. Os objetivos são múltiplos e, entre eles, destaque para o estímulo pelo gosto à leitura, desenvolvimento do vocabulário, aprimoramento da interpretação de texto, buscando sempre o incentivo à criatividade e à imaginação e o senso crítico. “Tudo isso em um ambiente que respeita as diferenças e valoriza a inclusão”, destaca Gisele de Oliveira. 

As oficinas literárias contaram com a participação de todas as turmas da escola, desde os anos iniciais do Ensino Fundamental até as classes especiais e turmas da EJA (Educação de Jovens e Adultos). “Cada turma do 1º, 2º e 3º anos escolheu um livro e preparou uma experiência para compartilhar com os colegas das classes especiais, promovendo um verdadeiro intercâmbio de afetos e aprendizados”, comemora Regina Ramalho. 

 

Três dias de encontros transformadores

Durante os dias de prática literária, realizada no segundo trimestre, as salas de aula se transformaram em verdadeiros espaços de encantamento literário. “As turmas da manhã e da tarde acolheram os colegas das classes especiais para atividades que iam muito além da leitura demonstrando o quanto um ambiente inclusivo pode entregar muito mais que integração, mas, sobretudo, aprendizagem com equidade”, destaca Aline Damian.  

E no período da manhã as turmas se dividiram da seguinte maneira para o aquecimento literário: A 11A recebeu as turmas 01, 02 e EJA 13 com a história “Era uma vez um Gato Xadrez”, de Bia Villela. Após a contação, os alunos fizeram dobraduras e personalizaram seus próprios gatinhos. Já a 21A acolheu as classes 03, 08 e EJA 14, com a leitura de “O tupi que você fala”, de Claudio Fragata. A atividade incluiu a brincadeira “Na boca do Tupi”, com palavras de origem indígena e degustação de pipoca e guaraná. 

Enquanto isso, bem pertinho dali a turma 31A apresentava “O menino que não gostava de ir à escola”, de Blandina Franco, com contação interativa, jogo de percurso e produção de xilogravuras e quebra-cabeças. As professoras Erica Barros, Ana Maria Dias e Lilian Moraes também destacaram o valor do encontro entre suas turmas: “Foi uma experiência enriquecedora e inclusiva. As crianças aprenderam umas com as outras em um ambiente acolhedor, onde a aprendizagem aconteceu de forma natural e prazerosa”. 

Na parte da tarde, o movimento literário realizado entre os alunos continuou a transitar pelas salas e a envolver a comunidade escolar. Trabalhando com as classes 04 e 05 a história “João e o pé de feijão”, em releitura de Bia Villela, com jogos de formas geométricas no estilo Twister, a turma 11B proporcionou momentos de aprendizado lúdico e inclusão, despertando o interesse e a participação de todos. Na mesma direção seguiu a 21B, que recebeu as classes 06, 07 e 17 com o livro “O Monstro das Cores”, de Anna Llenas. Através da obra “Bem lá no alto”, de Susane Straber, a turma 31B interagiu com as classes 10, 12 e EJA, com direito a encenação, roda de conversa e um momento doce com minibolos preparados e decorados pelos próprios alunos. 

 

Aprendizados que vão além do conteúdo

Segundo a professora Isabela Ribeiro, o momento foi de alegria e descoberta: “A leitura ao ar livre, com pipoca e guaraná, deixou tudo mais especial. Foi leve, envolvente e mostrou o quanto a literatura aproxima e ensina”. O impacto do projeto foi evidente, conforme comemorou a equipe de Orientação Pedagógica e Educacional, detalhando que houve melhora na expressão oral e escrita dos estudantes, fortalecimento do vínculo entre as turmas, desenvolvimento da criatividade e valorização da escuta, da empatia e da diversidade. “Foi muito divertido ler para os grandões”, contou Anthony, da Turma 21A, descrevendo sua experiência ao apresentar a história para os colegas da EJA. Já Giovanna, da mesma turma, celebrou: “A gente deu aula!”, evidenciando o protagonismo que as crianças sentiram ao liderar a atividade.  

E, por unanimidade, professores, alunos, direção e familiares perceberam que a literatura, nesse contexto, se mostra mais uma vez como uma ponte poderosa entre mundos, saberes e pessoas.  


Por Antônia Figueiredo 

 

Escola Municipal Professora Mariza Azevedo Catarino 

Avenida Mendes de Oliveira, s/nº – Grande Rio – São João de Meriti –  RJ 

CEP: 25540-030 

E-mail: e.m.especial.mariza@gmail.com 

Diretoras: Fernanda Pereira (Geral) e Magda Fernandes (Adjunta) 

Orientadoras: Aline Damian, Gisele de Oliveira Silva e Regina Ramalho 

Fotos cedidas pela escola 


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