Entendendo algumas formas do sujeito
Por Sandro Gomes*
Pra além de estudar os sujeitos das orações em suas funções mais características, como ser simples, composto, inexistente etc., é importante também entender outras formas mais sutis em que essa função sintática se apresenta. Vamos na nossa coluna de hoje abordar alguns desses aspectos.
Sujeito oracional
Nesse caso o sujeito não é um termo, simples ou composto, formados por vocábulos, mas uma oração. Veja:
Faltava derrubar tudo no chão.
Repare que o autor da ação de “faltar” é toda uma oração. Poderíamos dizer: “Derrubar tudo no chão era o que faltava”, por exemplo. Uma boa maneira de comprovar que uma oração desempenha a tarefa de sujeito é substituí-la pelo pronome “isto”. Observe.
Faltava derrubar tudo no chão à Faltava isto. (Ou “Isto faltava”)
Sujeito como infinitivo
Em alguns casos o sujeito é desempenhado por palavras no infinitivo. O detalhe é que, quando houver mais de um sujeito desse tipo, a concordância ocorrerá no singular.
Estudar e cantar é o meu legado.
Apesar de serem dois sujeitos (estudar e cantar), o fato de estarem no infinitivo conduz a que não se faça a concordância no plural.
Situação diferente ocorreria se os dois sujeitos no infinitivo estivessem precedidos por artigo. Veja.
O estudar e o cantar são o meu legado.
Sujeito Desinencial
O nome é pomposo, mas se trata de algo bastante simples. Ele ocorre quando o sujeito não aparece explicitamente na oração, mas é evidenciado por uma partícula presente no verbo (desinência). Acompanhe.
Voltaremos à questão anterior.
Se fizermos a decomposição da forma verbal acima teríamos o seguinte.
Volt (radical) +
a (vogal temática) +
re (desinência que indica o futuro do indicativo) +
mos (desinência que indica a pessoa que fala)
Nesse caso nós sabemos que o sujeito é o “nós” por causa dessa desinência, já que nem o próprio pronome está explícito na oração.
Sujeito na voz passiva
Uma palavra pode mudar de função sintática quando colocada em frases diferentes, ainda que o contexto de ambas permaneça o mesmo. Repare as orações a seguir.
Casas são vendidas aqui
Aqui vendem-se casas.
O contexto é absolutamente o mesmo, mas note que a palavra casas, que é o sujeito no primeiro exemplo (que está na voz passiva analítica), passa a ser objeto direto e não mais sujeito quando a voz, apesar de permanecer passiva, é expressa na sua forma sintética, como se pode ver no segundo exemplo.
São minúcias da língua que a tornam mais atraente e bela, por isso a necessidade de estudar sempre para conhecer cada vez melhor o nosso idioma. Até a próxima, pessoal!
*Sandro Gomes é graduado em Língua Portuguesa, Literaturas brasileira, portuguesa e africana de língua portuguesa, redator e revisor da Revista Appai Educar, escritor e Mestre em Literatura Brasileira pela Uerj.
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