Tendências na Educação para 2025

O futuro da educação nas escolas está sendo moldado por transformações tecnológicas que prometem redefinir a forma como os alunos aprendem e os professores ensinam


Em um mundo cada vez mais dinâmico, as necessidades da sociedade estão em constante transformação. Novas tecnologias surgem quase diariamente, os métodos de ensino evoluem e o mercado de trabalho apresenta exigências cada vez mais complexas. Mas, afinal, como as escolas podem preparar os alunos para um futuro moldado pela inteligência artificial e pela economia digital, sem deixar de promover abordagens que estimulem a empatia, autonomia, criatividade e inteligência emocional? Como os educadores podem oferecer um ensino de qualidade, cada vez mais personalizado, respeitando a individualidade dos estudantes? Para responder essas e outras questões, a Revista Appai Educar conversou com especialistas que abordarão as principais tendências da educação para 2025, com muitas dicas e insights para começar o ano com práticas pedagógicas que farão a diferença no aprendizado dos alunos.

 

Uso de tecnologias e rotinas saudáveis

Quando falamos sobre tendências na educação para 2025, a diretora pedagógica do Brazilian International School (BIS), Audrey Taguti, acredita que a principal delas seja a integração da educação digital e midiática ao currículo. “Promovendo o uso consciente e ético das tecnologias e criando estratégias pedagógicas para conscientizar sobre os riscos do uso excessivo de dispositivos digitais, como dependência e exposição inadequada a conteúdos prejudiciais”, explica. Audrey aponta ainda que o vício em telas tem impactado negativamente o desenvolvimento emocional, cognitivo e cerebral de crianças e jovens. E que, além disso, é essencial capacitar toda a comunidade escolar, incluindo professores e colaboradores, para encarar esses desafios de forma integrada.

A especialista ressalta que essa abordagem deve equilibrar o uso da tecnologia com a construção de vínculos emocionais e rotinas saudáveis, favorecendo o bem-estar e o aprendizado significativo em um ambiente preparado e livre de dependências digitais. “A escola deve trabalhar e direcionar os recursos tecnológicos de forma equilibrada, conectando temas favoráveis ao desenvolvimento humano dos alunos e assuntos pertinentes às competências socioemocionais e intelectuais. Tudo isso se torna um elemento favorecedor dentro de um tema gerador que amplie o conhecimento de modo saudável, evitando que os alunos naveguem de forma aleatória sem direcionamento, ficando abertos a informações e conteúdos que não são condizentes com sua faixa etária”, destaca Audrey.

 

A inteligência artificial e a automação na educação

A tecnologia pode ser uma ferramenta facilitadora no dia a dia do professor! A inteligência artificial (IA) e a automação, por exemplo, podem tornar o ensino mais personalizado, eficiente e acessível, adaptando o aprendizado às necessidades individuais de cada aluno, identificando pontos fortes e áreas que precisam de atenção, o que permite um acompanhamento mais detalhado e assertivo. “As tecnologias também podem criar experiências imersivas, como laboratórios virtuais e simulações, que tornam o aprendizado mais dinâmico e conectado à realidade”, exemplifica Audrey. No entanto, a especialista ressalta que, para que essas transformações sejam efetivas, é essencial que a integração com a IA seja feita com responsabilidade ética e pedagogia, garantindo que as tecnologias sirvam para complementar – e não para substituir – o papel indiscutível do professor como mediador e inspirador no processo educativo.

 

Novas metodologias de ensino e aprendizagem personalizada

E por falar em tecnologia em sala de aula, a diretora-geral da Escola Bilíngue Aubrick, Fatima Lopes, acredita que no futuro as metodologias centradas no aluno vão ganhar cada vez mais força. “Como a aprendizagem baseada em projetos (PBL), a sala de aula invertida e o design thinking. Essas abordagens estimulam a autonomia, o pensamento crítico e a colaboração, elementos essenciais para formar alunos preparados para os desafios do mundo contemporâneo. Acredito que a aprendizagem personalizada será potencializada pelas tecnologias como inteligência artificial e big data”, exemplifica.

De acordo com Fatima, essas ferramentas podem analisar o perfil e desempenho de cada aluno, identificando as suas necessidades e preferências, bem como adaptando os conteúdos e o ritmo de ensino de forma individualizada. Além disso, plataformas digitais permitem que estudantes avancem no próprio ritmo, garantindo que ninguém fique para trás ou desmotivado por falta de desafios, oferecendo conteúdos e atividades sob medida para que o aluno avance no seu ritmo, explore suas paixões e receba o apoio específico de que precisa.

A diretora pedagógica do Grupo Salta, o maior no segmento da educação básica do Brasil, Christine Lourenço, reforça que o foco na individualização do ensino, que adapta currículos e métodos ao perfil de cada estudante, continua a ser uma prioridade para 2025. “O objetivo é criar ambientes inclusivos e focados em potencializar o desempenho individual. Nesse cenário, a tecnologia direcionada para análises detalhadas de dados é uma grande aliada, garantindo que as necessidades de cada aluno sejam mapeadas e atendidas de forma assertiva, promovendo um engajamento genuíno”, explica.

Como citado anteriormente, o aprendizado por meio de projetos vem se consolidando como uma das metodologias mais eficazes para engajar os alunos e desenvolver habilidades fundamentais para além dos muros da escola. Para Christine, essa abordagem estará ainda mais presente, conectando teoria e prática em atividades que incentivam os estudantes a resolverem problemas complexos por meio de soluções criativas. “Esse método promove não apenas a retenção de conteúdo, mas também competências como trabalho em equipe, liderança e autonomia”, completa.

 

Educação híbrida: principais desafios e benefícios

E por falar em autonomia, Fatima acredita que a educação híbrida tem um grande potencial devido à flexibilidade, personalização e acesso contínuo a conteúdos que oferece aos alunos, pois permite que os estudantes escolham o formato que melhor se adapta ao seu estilo de aprendizagem, enquanto mantêm o suporte presencial dos professores. “Por outro lado, os desafios estão na necessidade de infraestrutura tecnológica robusta e a formação contínua dos educadores para utilizar as ferramentas digitais de forma eficaz. Outro obstáculo é o engajamento dos alunos, especialmente no ambiente on-line, que exige métodos mais interativos e motivadores”, pontua a diretora.

 

O papel do educador em 2025

Audrey Taguti ressalta que a tecnologia chegou para transformar e potencializar o papel do professor, automatizando tarefas repetitivas, fornecendo dados valiosos sobre o progresso dos alunos e enriquecendo as aulas com experiências imersivas. “Mas as tecnologias e inteligências artificiais jamais substituirão a função do docente, pois não oferecem o que é intrínseco ao humano: empatia, inspiração e a construção de relações humanas significativas”, afirma.

A educadora conta que, na nova realidade da educação, o professor deixa de ser apenas um transmissor de conhecimento para se tornar um facilitador de aprendizagens, um agente que inspira, orienta e promove o desenvolvimento integral dos alunos. “O papel docente, cada vez mais, é o de mediador. A função do docente será formar cidadãos críticos, criativos e adaptáveis, capazes de viver em um mundo cada vez mais complexo, mutável e interconectado”, afirma Audrey.

Ela pontua ainda que o foco do educador hoje em dia não é somente a disciplina e o resultado, e sim o desenvolvimento global do estudante. “No mundo atual, o desenvolvimento socioemocional deve ter prioridade, então o professor precisa trabalhar todas as habilidades dos alunos. A tecnologia e seus recursos vieram para somar e enriquecer e não para substituir o educador. A relação humana nunca será trocada, é no desenvolvimento da socialização que o aprendizado vai acontecendo”, destaca.

 

Mercado de trabalho moldado pela inteligência artificial e pela economia digital

Alguns especialistas dizem que as profissões do futuro ainda nem foram criadas, o que é um grande desafio para os educadores. Porém Audrey acredita que as escolas já devam oferecer disciplinas e ferramentas digitais amplamente utilizadas em diferentes setores da economia, como programação, ciência de dados, robótica e inteligência artificial. “Mas o mais importante é a escola ensinar habilidades que máquinas não conseguem replicar, competências que são cada vez mais valorizadas pelo mercado, como a criatividade, colaboração, liderança, empatia, entre outros”, completa.

Nesse cenário, as escolas devem preparar e desenvolver os alunos para o mundo, trabalhando diferentes habilidades e proporcionando aos jovens conhecer diversos recursos da tecnologia. “Mas principalmente as escolas precisam ensinar os estudantes a terem o equilíbrio emocional suficiente para serem resolvedores de problemas. O ser humano que não saiba conviver no mercado de trabalho, lidando com várias situações e personalidades, não vai se destacar”, afirma Audrey.

 

O papel das soft skills na formação dos estudantes do futuro

Essas habilidades comportamentais, também conhecidas como soft skills, são fundamentais na formação dos estudantes do futuro. Isso porque complementam as habilidades técnicas e preparam os jovens para lidar com os desafios de um mundo em constante transformação. “No mercado de trabalho e na vida cotidiana, competências como comunicação, empatia, adaptabilidade, criatividade e inteligência emocional são tão importantes quanto o conhecimento técnico, especialmente em um contexto de crescente automação e globalização”, aponta Audrey.

A especialista sugere que para desenvolvê-las a escola precisa privilegiar trabalhos em grupo e projetos interdisciplinares que incentivem a colaboração, a comunicação e a liderança, impactando também a formação de cidadãos completos, capazes de contribuir de maneira significativa para a sociedade e de prosperar em um futuro incerto. “A pessoa que tiver as softs skills mais refinadas terá em seu currículo um diferencial. Quando ela for chamada para uma entrevista, essas habilidades a colocarão à frente dos demais candidatos e concorrentes a uma vaga de emprego, por exemplo. São a cereja do bolo da formação do profissional: saber conviver, respeitar e liderar é o que faz a diferença”, explica.

 

Mudanças no currículo e educação mais inclusiva

Não podemos falar de educação sem falar sobre inclusão e planos educacionais individualizados. Christine Lourenço acredita que em 2025 essa questão ganhe ainda mais força com a crescente de diagnósticos de necessidades educacionais não convencionais. “Práticas como planos educacionais individualizados (PEIs) e atividades personalizadas para alunos superdotados ou com altas habilidades mostram um compromisso com a equidade. Além disso, treinamentos contínuos para os professores são algo fundamental para garantir o ensino de excelência em diferentes cenários e a integração de todos os alunos”, destaca.

Para Fatima Lopes, o currículo da educação precisa evoluir para incluir cada vez mais conteúdos que reflitam a diversidade cultural, étnica e social, para que os alunos se reconheçam nos materiais e desenvolvam empatia e respeito pelas diferenças. “É preciso ainda incentivar o aprendizado de idiomas estrangeiros e o entendimento de diferentes culturas, o pensamento crítico, a colaboração e a criatividade. Outros temas que precisam de reforço são: sustentabilidade, direitos humanos, cidadania digital, resolução de conflitos, uso estratégico de tecnologias, integração de metodologias Steam (ciência, tecnologia, engenharia, artes e matemática)”, exemplifica.

A diretora acredita que a educação será cada vez mais acessível e inclusiva, independentemente da localização geográfica e status socioeconômico. “Há um movimento já de algum tempo de valorização da diversidade de pessoas e ideias, tornando a escola um ambiente de empatia e harmonia, adaptando à educação às necessidades diferentes de cada aluno. Muitas escolas, inclusive a nossa, estão implementando práticas pedagógicas que valorizam a diversidade e promovem a equidade, oferecendo suporte individualizado. Além disso, a tecnologia está proporcionando uma transformação significativa, com as ferramentas digitais e plataformas de ensino remoto permitindo o acesso a novos conteúdos e formatos que podem enriquecer o aprendizado do aluno, independentemente de onde estejam”, destaca Fatima.

 

O futuro da educação é logo ali!

São inúmeros os desafios a serem enfrentados, questionamentos a serem respondidos e áreas que necessitam de melhorias para promover um avanço significativo. Para enfrentar os desafios globais do futuro, a diretora acredita que os jovens precisarão assumir uma postura curiosa e questionadora, além de mostrar maior flexibilidade e habilidade na resolução de problemas. “Nesse sentido, é fundamental que as escolas proporcionem aos alunos oportunidades de aprendizagem que ampliem seu repertório acadêmico, pessoal e cultural, contemplando a diversidade e a singularidade de cada indivíduo”, afirma Fatima.

Com tantas mudanças e avanços previstos, o futuro da educação básica caminha para ser mais personalizado, tecnológico, dinâmico e alinhado às necessidades de uma sociedade em constante transformação. “Ao adotar inovações tecnológicas, metodologias personalizadas e um foco crescente no bem-estar e no aprendizado contínuo, as escolas têm a oportunidade de formar cidadãos mais preparados, resilientes e conscientes de seu papel no mundo. A jornada de 2025 promete ser um marco na construção de uma educação mais humanizada e conectada aos desafios do século XXI”, finaliza Christine.


Por Jéssica Almeida

Fatima Lopes é pós-graduada em Gestão Escolar, especialista em bilinguismo, fundadora e diretora-geral da Escola Bilíngue Aubrick, de São Paulo | Audrey Taguti é formada em Magistério e Pedagogia, possui pós-graduações em Psicopedagogia e Bilinguismo e é especialista em Alfabetização. É diretora pedagógica do Brazilian International School – BIS, de São Paulo/SP desde a fundação do colégio, em 2000.

Fotos: Banco de imagens gratuitas do Pexels.


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