Relembrando “aqueles” casos de concordância nominal

Por Sandro Gomes*


orações subordinadas

Olá, pessoal! Como ainda são muitas as dúvidas sobre a concordância entre nomes em língua portuguesa, resolvemos dedicar essa coluna a abordar alguns casos específicos que em geral suscitam indecisões na hora da escrita. 

Meio 

O xis da questão aqui é entender a classe gramatical em que a palavra está funcionando numa frase. Isso porque meio pode ser adjetivo ou advérbio. Vamos ver alguns casos. 

Disse um punhado de meias confissões. 

Nesse caso, a palavra indica o caráter das “confissões”, que são apenas meias e não inteiras. Trata-se, portanto, de um adjetivo, e é por isso que na oração acima ela aparece concordando em gênero e número com a palavra que a sucede. O mesmo não ocorreria se fosse o caso de um advérbio, como podemos observar no seguinte exemplo. 

Notei que ficaram meio cansadas com essa confusão. 

Repare que usamos meio, sem concordar com a palavra “cansadas”. Isso ocorreu porque nesse caso estamos diante de um advérbio, que são figuras que sempre são invariáveis. 

É necessário 

Nesse caso temos uma diferença sutil, a presença ou não de artigo, que vai alterar a questão na hora da concordância. Vejamos um exemplo. 

É necessário prudência na hora de decidir. 

Repare que não foi feita a concordância com a palavra prudência. Isso acontece porque não há a presença de um artigo determinando gênero e/ou número. Então é como se estivéssemos dizendo “É necessário (ter) prudência na hora de decidir”, com um verbo subentendido. Diferente seria se houvesse um artigo. Observe. 

São necessárias as muitas ciências para resolver esse caso. 

Note que o substantivo ciências vem precedido de artigo que informa sobre seu gênero e quantidade, o que torna necessária a concordância. 

Observação: Essa mesma lógica se aplica a outras formas, como “É proibido”, “É preciso” etc. 

Anexo 

Esse caso é semelhante ao anterior, já que concordamos com o substantivo envolvido na oração se anexo estiver desempenhando a função de um adjetivo. A dificuldade aparece quando usamos o termo “em anexo”, que tem o mesmo significado, mas desempenha na oração a função de um advérbio, permanecendo assim invariável. Veja nos exemplos abaixo a diferença. 

As certidões estão anexas às pastas. 

(adjetivo, concordando com “certidões”) 

As certidões estão em anexo nas pastas. 

(advérbio, permanecendo invariável) 

Cores 

Nesse caso, a concordância ocorre normalmente quando a cor funcionar como um qualificativo de alguma coisa, ou seja, com função adjetiva. 

As blusas são amarelas. 

A palavra amarelo informa uma qualidade das blusas, por isso a concordância. Quando, porém, o nome da cor for também o de um outro substantivo fica invariável. Veja. 

As blusas laranja caíram no gosto do público. 

Outro fator é quando a cor aparece formada por dois adjetivos. Nesse caso, deixamos invariável o primeiro termo (mas mantendo-o como masculino) e fazemos a concordância apenas com o segundo. Acompanhe a oração. 

As blusas azul-escuras acabaram sobrando. 

A menos que o segundo termo seja também o de um substantivo, quando ficará invariável. Veja. 

As blusas azul-piscina acabaram sobrando. 

Amigos, por ora ficamos por aqui. Em breve retornamos com outros casos de concordância nominal, já que há muitos outros pontos a abordar. Até a próxima, pessoal! 


*Sandro Gomes é graduado em Língua Portuguesa, Literaturas brasileira, portuguesa e africana de língua portuguesa, redator e revisor da Revista Appai Educar, escritor e Mestre em Literatura Brasileira pela Uerj. 


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