Por que é tão importante que as edtechs entrem no mundo dos games?

Rodrigo Terron*


Os games vêm conquistando espaço há alguns anos, no entanto foi durante a pandemia, impulsionados pelo isolamento social, que eles ganharam notoriedade. Muitas pessoas embarcaram neste universo buscando entretenimento e, como consequência, a profissionalização. Sim, é isso mesmo, o gamer pode ser considerado uma profissão promissora, prova disso tem sido o investimento de grandes marcas e celebridades nas equipes de eSports. No Brasil, a comunidade envolvendo esses profissionais cresceu 7,1% em 2020 em comparação a 2019, de acordo com o levantamento da Pesquisa Game Brasil.

Dentro desse cenário, até empresas estão revolucionando seus modus operandi e implementando rodadas de jogos com os funcionários como estratégia de descompressão. É o caso, por exemplo, da norueguesa Kahoot, que tem a Disney como uma de suas maiores parceiras para criar outros jogos, ou ainda a Qranio, que tem o sistema todo gamificado e usa ferramentas de modos de jogos para que o aluno se dedique e ganhe prêmios de acordo com seu ranking, e até mesmo a PlayMatch, que quer ser o parceiro estratégico de escolas públicas e privadas utilizando os eSports para revolucionar a aprendizagem.

Com essa realidade, as edtechs não poderiam ficar de fora desse universo, já que grande parte dos desenvolvedores pertence à comunidade gamer. Inclusive, a maioria deles é responsável pela produção desses jogos, de modo que seria estranho se eles não chegassem nem a testar. No entanto, as escolas de tecnologia não se apresentam como competidoras, mas como apoiadoras com patrocínios ou parcerias para que os times dos gamers cresçam ainda mais nos campeonatos brasileiros.

De acordo com o SuperData, os games movimentaram US$ 120 bilhões em 2019. Os jogos mobile somaram a maior fatia do mercado, com US$ 64,4 bilhões. Geralmente, ao construir pontes com as edtechs, os dois lados saem ganhando na construção de seus networks, já que tanto a escola como os jogos adquirem mais adeptos. É uma via de mão dupla onde a tendência é o sucesso e disseminação de público para os dois lados. Muitos jovens veem nos games a oportunidade de fazer negócios, mudar de vida, uma vez que, com os times unidos, a chance de prosperar é ainda maior.

É muito mais fácil alcançar certos tipos de público quando a sinergia entre as duas equipes é bem forte, pois os gamers tendem a se motivar e ver que podem seguir carreiras voltadas para a área de tecnologia. Unir os propósitos e objetivos acontece com muita fluidez e de maneira muito rápida, já que a conexão é quase instantânea.

Com esse propósito, alguns times grandes de jogadores mantêm áreas totalmente voltadas para a parte estudantil, já que os indivíduos dessa população têm em sua maioria de 16 a 22 anos. Por isso, é importante frisar o incentivo ao estudo e à profissionalização na parte de tecnologia, porque, ainda que faltem profissionais na área, pode estar começando uma onda de gamers querendo investir em suas carreiras.


*Rodrigo Terron é COO da Rocketseat, edtech que visa formar desenvolvedores através de metodologia e plataformas próprias.


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