Brincando de calcular

Muito mais que um brinquedo, os blocos de Lego são ferramentas de aprendizagem


Desde os anos 1930, os Legos fazem o maior sucesso entre a criançada. São 92 anos de história que carregam junto na bagagem não só as brincadeiras, mas também a aprendizagem. Isso porque os famosos blocos de plástico permitem que os pequenos desenvolvam sua consciência espacial e proporcional de maneira criativa, é o que diz a professora e especialista em educação Alycia Zimmerman.

Os blocos de Lego são usados ​​para construir estruturas coloridas, mas também podem ajudar efetivamente as crianças com suas habilidades matemáticas. Como eles são marcados com elevações arredondadas que são normalmente agrupadas em dois, os estudantes podem facilmente observar as elevações e depois aprender a reconhecer os arranjos sem contá-los todos. Isso não apenas torna os conceitos matemáticos compreensíveis para os jovens alunos, mas também proporciona a eles uma experiência divertida de aprendizado prático.

Mesmo em escolas de Ensino Médio e faculdades, os kits de Lego avançados podem ser utilizados em aulas de robótica e programação de computadores. Para sua classe particular da terceira série, Zimmerman faz os alunos praticarem alguns exemplos simples para transmitir seu ponto de vista.

Para crianças, compor e decompor números é componente chave para construir o senso numérico necessário para operações aritméticas. Alunos começam com números baixos que servem como ponto de referência, como o cinco (dedos de uma mão) ou o seis (faces do dado) e avançam em direção ao dez.

Alycia Zimmerman-Scholastic

As peças de Lego são incríveis para exploração de “parte-parte-todo”. Assim como acontece com dominós ou dados, as peças contêm partes marcadas para estudantes contarem. Os pinos são na maioria das vezes agrupados em dois, o que facilita a contagem dupla ao invés da individual. Com prática, os alunos vão reconhecer os arranjos, e não precisarão nem contá-los. “Os estudantes podem agrupar combinações de duas ou mais peças de Lego e buscar o número total de pinos, ou podem começar com pedaço maior, cobri-lo com uma outra menor e tentar descobrir a quantidade de pinos que continuam visíveis”, ratifica Alycia.

De acordo com o relato no site Scholastic.com, Alycia passa horas e horas desenhando conjuntos, pensando como pular contas com conjuntos, que são construídos e desconstruídos a partir de uma miríade de coisas (passas, moedas, grãos de arroz etc.). “Internalizar por que e como os conjuntos funcionam é a base para a construção do raciocínio de multiplicação”, conta ela. “Ter uma coleção de peças de Lego em mãos durante as aulas de multiplicação é muito útil. Eu pego algumas para reforçar o conceito de área, para demonstrar exponenciação e para lembrar aos meus alunos o papel comutativo da multiplicação, afirma”.

 

Alycia Zimmerman-Scholastic

As frações sempre fazem seus alunos tropeçarem. De acordo com a entrevista, as coisas começam a ficar complicadas quando se fala de tamanhos de diferentes “inteiros” ou quando se muda o assunto de frações de um todo para frações de um conjunto. “A única maneira de combater o caos é proporcionar aos alunos um monte de oportunidades para experimentar frações com objetos tangíveis. Mosaicos são um jeito conhecido de fazer isso, mas eu gosto mais de usar Lego (as peças de mosaicos só podem ser divididas em sextos quando se utiliza o hexágono). O Lego oferece muito mais possibilidades”, enaltece Alycia.

Ao aplicar atividade com Lego, a docente raramente entrega aos estudantes todas as peças. Antes disso, escolhe as que serão necessárias para completar o exercício e as coloca em um saco plástico tipo ziploc, com fecho hermético. “Também me certifico que os alunos entenderam como devem devolver seu saquinho de peças. Ele precisa estar selado e os blocos separados, a não ser que recebam um conjunto de torres. Eu frequentemente uso exercícios com Lego como atividade principal, e todos se mostram bem independentes quando recebem saquinhos etiquetados com peças específicas”, explica.

 

Curiosidade

O Lego foi criado por dinamarqueses no começo dos anos 1930, em plena crise financeira. Quem teve a ideia inicial foi um carpinteiro chamado Ole Kirk Christiansen. No começo, as pecinhas eram feitas em madeira. E por diversos motivos, ele próprio preferiu fabricá-las em plástico, já que esse material, acima de tudo por questões práticas e de segurança, ao contrário da madeira, tem menos chance de pegar fogo. O próprio criador estava um pouco traumatizado, pois ele havia presenciado um incêndio em sua fábrica no final dos anos 1930.

Utilizar o plástico na fabricação do brinquedo, no entanto, não foi decisão fácil. Isso porque esse material é mais difícil para encaixe do que a madeira. Mas, depois de muitos testes, os fabricantes descobriram um tipo especial de plástico, que permitia um encaixe mais fluido. No início, o brinquedo era composto apenas de pequenos tijolinhos (os quadradinhos). Foi só no final dos anos 1970 que os primeiros personagens e outras variações surgiram.

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Por Richard Günter
Fontes: Scholastic | Lego


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