Biologia desenhada

Professores fazem o maior sucesso ensinando a disciplina através dos desenhos autorais


E pensar que em pouco mais de uma década atrás as lousas eram repletas de conteúdo escrito, e os alunos precisavam copiar linha a linha, antes do professor apagar para continuar a disciplina! Hoje não passam de um suporte para a aprendizagem em que se pode acompanhar um texto diretamente no celular, tablet ou computador. Em uma era em que as imagens fazem presença quase que obrigatória na hora de lecionar, alguns professores ainda conseguem fidelizar a atenção do aluno na lousa. Acredita? Eles existem e utilizam de forma muita criativa as ilustrações autorais feitas diretamente no quadro. A pior parte, certamente, é apagar a obra de arte que realizaram. Mas nada que uma fotografia não possa guardar, eternizando essa bela e artística forma de transmitir o conhecimento.

 

Criatividade no sistema nervoso

A professora de biologia Monique Oliveira tem chamado atenção para o seu carinho e dedicação em suas aulas na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Usando canetas específicas de diferentes cores para a lousa, ela coloca a arte em nome do ensino e nos conta que precisa chegar alguns minutos antes para organizar os desenhos, mas quando não é possível ela o faz durante as aulas e garante que a turma fica vidrada só observando ela produzir as artes.

Quando perguntada sobre o porquê de ter esse cuidado em suas aulas, ela diz: “Eu acho muito chato encher o quadro de textos. Queria algo mais atrativo e prazeroso. Os alunos se divertem tentando copiar meus desenhos no caderno e aprendem ao mesmo tempo. Quando faço as ilustrações eles prestam mais atenção e tudo fica mais interessante!”, conta.

 

Projetando a unidade celular

Já o professor Sérgio Ricardo Cerione, da mesma disciplina, dá aula para o Ensino Médio e em cursinhos pré-vestibulares em Jundiaí, interior de São Paulo, onde mostra que a criatividade e o talento para o desenho podem andar lado a lado com o ensino. “Gosto muito de usar diversos recursos em aula para prender a atenção de várias maneiras. Cada aluno ou aluna tem uma “via” através da qual fixa melhor a informação recebida; alguns ouvem, outros escrevem, outros ainda preferem desenhos e animações em vídeo”, relata. Dessa forma, os assuntos de biologia da grade curricular são cuidadosamente desenhados na lousa da sala de aula, com cores diferenciadas e com esquemas que facilitam a compreensão.

 

Ilustração ao vivo

Sabe aquelas ilustrações bem elaboradas que costumam estar nos livros didáticos? Nas aulas do professor Pita, eles vão parar na lousa. Com uma fama de professor “descolado”, ele diz que tudo isso surgiu da sua própria personalidade e que ser assim levou uma série de resultados positivos para a sala de aula. “Isso facilita a comunicação com os mais jovens”, enfatiza.

Ele, que se tornou professor quase sem querer, hoje é apaixonado pela profissão. “São 23 anos dando aulas, mas me tornei educador quase sem querer: foi uma das primeiras oportunidades de trabalho que tive, logo que terminei a faculdade. A partir desta porta aberta me apaixonei pela arte de ensinar e pelo contato com os mais jovens. Me sinto plenamente realizado!”, finaliza.

 

Rabiscos da evolução humana

O professor esboça um desenho na lousa. Quando a ilustração fica pronta, os olhos atentos dos alunos conseguem compreender que a tal planta que tem flores e frutos é nada mais do que um exemplo de angiosperma. A cena retratada é um exemplo de prática nas aulas do professor Philip Ferreira, em Ceilândia, no Distrito Federal. Biólogo e também pedagogo, ele acredita que realizar desenhos durante as aulas facilita o aprendizado dos estudantes.

Ele começou a usar os desenhos depois de fazer várias análises sobre o que era usado em sala de aula. “Percebi que, ao usar somente esse material, faltava a didática prática. Penso que o livro é somente um acessório; ele serve para complementar e não ser o principal mecanismo de ensino”, defende.

Além de desenhar, Philip aplica a metodologia interdisciplinar para tornar as aulas mais atrativas. “Tento sempre ‘fazer um link’ com outras áreas além daquela que é a da minha formação. Às vezes, até combino com professores de outras disciplinas para que eles façam alusão aos meus desenhos e, por consequência, à matéria que passei antes”, explica.


Por Richard Günter
Fontes: Tribuna de Jundiaí | Diário de Biologia | Brasil Escola


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