“POSSO FAZER SOZINHO?”

Se você já ouviu essa pergunta quando solicitou um trabalho em grupo, essa matéria é pra você!


Realizar uma atividade em grupo não é uma tarefa fácil. Quando se fala neste modelo de aprendizagem, muitas dúvidas e preocupações surgem na cabeça dos professores, não é mesmo? Afinal, como fazer com que os estudantes participem e não sejam apenas coadjuvantes? Muitos alunos prevendo fi car sobrecarregados acabam fazendo aquela famosa pergunta: “Posso fazer sozinho?”. Nessas horas é importante salientar que um trabalho em grupo tem uma função socioeducacional importantíssima, que é justamente propiciar uma aprendizagem colaborativa. Nesta matéria, vamos orientar pedagogicamente a melhor forma de trabalhar de maneira coletiva com seus alunos.

Tendo em vista que neste momento os estudantes estão realizando as aulas de forma virtual, o processo pedagógico não muda, porém há limitações entre cada estudante. Alguns alunos podem não se adaptar tão rapidamente aos formatos colocados em prática, de contato e aprendizagem a distância, e não se sentirem incluídos. Por isso, primeiramente, é importante entender qual a situação familiar do estudante, pois há diversos casos em que a família vai cumprindo o isolamento social fora de casa, ou está sem internet ou computador. São quadros que devem ser avaliados como um todo de forma empática para promover a integração unanimemente. Caso o professor perceba que algum aluno esteja menos participativo, é importante conversar com ele de forma individual, para buscar entender o porquê. Muitas vezes, a tarefa fica centrada em um ou dois integrantes do grupo enquanto os demais acabam não aproveitando esse importante momento de aprendizagem. E por ser uma atividade que se refere a uma formação de atitudes, ela precisa ser aprendida na prática. Por isso, é necessário que o docente esteja aberto para desenvolver esse comando nos alunos, independente de qual seja a sua matéria escolar, afinal essa é uma questão interdisciplinar que perpassa por todas as áreas.

Para o próximo passo é preciso escolher uma atividade que seja desafiadora e que proporcione a reflexão e participação de todos os alunos. Muitas vezes, a tarefa a ser desenvolvida não requer que seja realmente executada de forma colaborativa. Um grande equívoco cometido por alguns professores é distribuir uma folha individual de conteúdo e solicitar que os estudantes trabalhem em conjunto.

Se o objetivo é que seja realizado em grupo, a melhor forma para iniciar essa atividade é disponibilizando apenas uma única folha por grupo, pois dessa forma já se obtém a ideia de divisão. E de modo colaborativo, os alunos serão estimulados a ler e compreender juntos, para que posteriormente raciocinem coletivamente sobre a tarefa e decidam como será solucionado. Ao refletirem reunidos, os estudantes aprendem a ouvir, argumentar, defender seus pontos de vista e a chegar num consenso sobre a solução que escolherão.

Mediador: O aluno mediará a conversa dentro do grupo, estimulará a participação de todos e se certificará que todos estejam compreendendo a orientação das atividades.

Relator: O aluno fi cará responsável pelo registro e também será orador da turma, quando necessário.

Monitor de recursos: O aluno garantirá que não falte nada para que o grupo consiga realizar a atividade proposta.

Cuco: O aluno controlará o tempo da atividade, estipulado previamente pelo professor.

Harmonizador: O aluno garantirá que todos estejam se sentindo confortáveis e engajados com suas funções.

Por isso é de extrema importância que a atividade seja de fato desafiadora ou que possibilite pensar sobre a temática e, sempre que possível, que haja a possibilidade de comportar mais de uma forma de ser solucionada.

Estabelecer as funções de cada aluno envolvido no coletivo é uma das chaves para que tudo flua bem. De acordo com Cohen e Lotan, autores do livro “Planejando o Trabalho em Grupo – Estratégias para a Sala de Aula”, os membros de um grupo apresentam perfis que, muitas vezes, dificultam a participação e a integração de todos. Em muitos casos, a opinião de um aluno com menor status social acaba sendo desvalorizada por seus pares. Por outro lado, estudantes com maior facilidade e desempenho acadêmico superior em determinada disciplina tendem a ter sua opinião mais valorizada e se tornar uma referência no grupo.

Dessa forma, para que seja garantida a participação de todos, recomenda-se que seja utilizada uma das estratégias apresentadas neste livro, que sugere a definição de papéis específicos, já que assim se poderá promover a atuação de todos os componentes do grupo, nas diversas áreas. Por exemplo: o mesmo aluno, em um determinado momento, poderá desempenhar a função de líder e depois ser o organizador das ideias e mais pra frente distribuidor dos materiais, podendo desse modo entender o passo a passo do conjunto.

De acordo com o livro, as funções podem ser de:

Para que a organização da atividade coletiva funcione, dois pontos precisam ser analisados:

As funções precisam transitar no grupo. Não se deve permitir que sempre os mesmos alunos sejam o mediador ou o relator, por exemplo. Todos precisam passar pelas diferentes funções para que possam se desenvolver e aproveitar ao máximo o potencial da atividade.

As funções não definem quem será o responsável por resolver o problema da proposta. Todos devem opinar e se sentir responsáveis por solucionar e finalizar a atividade.

 

Evite grupos muito grandes

Deve-se pensar no tamanho do coletivo para atender o objetivo da atividade. Busque duplas, grupos de 3 a 5 pessoas no máximo, para que todos tenham a oportunidade de falar e interagir. Se houver integrantes demais, possivelmente isso vai dificultar as trocas e a participação de todos de maneira aprofundada. De acordo com Masetto, autor do livro “O Professor na Hora da Verdade”, o ideal é que os grupos não ultrapassem o número máximo de 5 participantes para que se mantenha a produtividade e a participação de todos.

Você também pode definir quem serão os integrantes do grupo. Em alguns momentos, eles mesmos podem se organizar por afinidades ou interesses. Mas, em outras ocasiões, você deve planejar também os agrupamentos produtivos, pois eles podem ajudar no direcionamento para o trabalho visando cumprir o objetivo. Algumas vezes, é importante pensar nos saberes dos alunos para agrupá-los.

 

Chegou a hora de compartilhar

Ao término da atividade coletiva, promova uma oportunidade para que os alunos compartilhem suas estratégias e soluções, pois este certamente será um momento recompensador e que ajudará no desenvolvimento das competências de comunicação. Planeje a tarefa para que cada grupo compartilhe seu material produzido, pois, através dos trabalhos demonstrativos, o estudante se torna ativo em seu processo de assimilação de conhecimento e aprende não só com o professor, mas também com seus colegas, formando uma grande comunidade de aprendizagem dentro da sua sala de aula, mesmo que ela seja virtual.


Por Richard Günter
Fontes: MEC | Nova Escola | Geekie
Livros : “Planejando o trabalho em grupo – Estratégias para a Sala de Aula” – Elizabeth Cohen e Rachel A. Lotan | “O Professor na Hora da Verdade” – Marcos T. Masetto


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