MEU DOCE… VIROU LEGUMES

Saiba como se planejar para cumprir as metas estabelecidas pelas secretarias de educação quando o assunto é alimentação saudável


Biscoitos, salgados, chocolates e refrigerantes versus pães integrais, proteína, legumes e sucos naturais. Essa acirrada disputa que gera constantemente muita discussão acerca das causas e efeitos na vida de um estudante caminha ao encontro positivo de interesse coletivo: o bem-estar dos alunos.

A boa alimentação é fundamental para a saúde e o bom desenvolvimento das crianças e adolescentes, pois ela influencia diretamente no aprendizado, concentração, memória, capacidade física e no prazer de estudar. Principalmente na infância, período de formação de hábitos. Por isso é tão importante desenvolver métodos que incentivem práticas alimentares saudáveis no ambiente escolar, através de uma parceria entre as famílias e as escolas.

Nesta edição especial, a Revista Appai Educar vai ajudar o professor e a gestão escolar a se planejarem para cumprir metas estabelecidas pelas secretarias estaduais e municipais de educação, desenvolver projetos de conscientização e incentivo a hábitos alimentares saudáveis e ajudar os pais com dicas de lanches para os pequenos. Confira!

 

A influência da alimentação na aprendizagem escolar

Se alimentar de forma adequada é importante para o desenvolvimento integral de todos os seres humanos. Entre as crianças, não é diferente! Uma alimentação pobre em nutrientes e vitaminas pode causar inúmeros problemas de saúde. Além disso, hábitos alimentares ruins podem influir de maneira incorreta na sua aprendizagem, segundo afirma a nutricionista Daniele Fernandes. Para ela, uma alimentação saudável está diretamente ligada à aprendizagem. “Visto que é na infância que os hábitos alimentares são concretizados. Além do mais, é notório que nessa idade as necessidades calóricas são maiores. Portanto, crianças mal alimentadas apresentam maior dificuldade na realização de determinadas tarefas”, explica.

Do ponto de vista psicológico, a alimentação é um fator importantíssimo para o desenvolvimento do ser humano. Segundo a psicopedagoga Cristiane Guedes, o que define um indivíduo são suas características particularizadas, sua genética e, por conseguinte, aquilo que motiva seu corpo para o processo de aprender, seja qual for a esfera em que se configure essa aprendizagem. “Se analisarmos, dentre os animais, o ser humano é o único que necessita de diversidade de alimentos para compor suas necessidades físicas, biológicas e inevitavelmente as emocionais, que o disponibilizam para o processo de aprender. É fundamental que essa alimentação seja composta de nutrientes suficientes para que seu desenvolvimento físico seja adequado”, garante.

A especialista ressalta ainda que uma criança mal alimentada, seja por exagero das comidas industrializadas sugeridas pela mídia ou por desnutrição, poderá ter uma relação afetiva negativa na interação com o aprendizado. “Poderá se apresentar irritadiça, dispersa, hiperativa, com dor de cabeça ou com fadiga. Sem dúvida, exposta às condições propostas para a aprendizagem, terá uma resposta aquém do que lhe é oferecido”, pondera Cristiane.

 

E por falar em comidas industrializadas…

Um dos maiores problemas relacionados à má alimentação dos pequenos, seja pela praticidade ou influência da mídia, são as comidas industrializadas. O excesso desse tipo de alimento pode acarretar em diversas doenças, entre elas a obesidade infantil. De acordo com uma pesquisa do Ministério da Saúde, trata-se de um problema que pode trazer consequências e riscos para a saúde em fases mais adiantadas da vida. Os dados indicam que 12,9% das crianças brasileiras de 5 a 9 anos são obesas e 18,9% dos adultos estão acima do peso. Além disso, o estudo revelou que crianças além do peso têm 75% mais chances de serem adolescentes obesos, e estes, 89% de probabilidade de se tornarem portadores desse mesmo problema quando chegarem à idade adulta.

O Ministério da Saúde destaca a necessidade de esforços quanto a políticas de estímulo ao hábito saudável com ações de alimentação e atividade física, já que a obesidade se caracteriza como um forte fator de risco para o desenvolvimento das DCNT (Doenças Crônicas Não Transmissíveis), como a HAS (Hipertensão Arterial Sistêmica), Doenças cardiovasculares e DM (Diabetes Melitus), uma das maiores causas de morte no Brasil.

 

A hora do recreio é um perigo alimentar?

É preciso lembrar que já existem várias normas regulamentando o que as cantinas podem vender nas escolas, mas falar da importância da alimentação saudável é papel que deve envolver a gestão escolar.

Todo mundo sabe que comer bem traz benefícios para a saúde, ajuda a nos manter ativos para realizar as tarefas do dia a dia e melhora até o humor. E que uma alimentação saudável é aquela que reúne todos os componentes químicos de que o corpo necessita para funcionar de forma correta. Por isso, trata-se de uma atividade que requer muita diversidade de ingredientes em todas as refeições, com equilíbrio entre carboidratos, proteínas, gorduras, vitaminas e minerais.

No âmbito escolar, um lugar onde há um número muito grande de crianças e adolescentes, isso acaba por se tornar ainda mais relevante, pois é sabido que a oferta de alimentos saudáveis nas cantinas e lanchonetes que funcionam dentro das escolas costuma ficar bem abaixo do desejável.

Salgadinhos e doces, por exemplo, já são questões de saúde pública. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBA) publicou um conjunto de estudos sobre esse tema, que expõe o aumento dos casos de estudantes com excesso de peso, com números que variam de 10,8% a incríveis 33,8% conforme a cidade ou região. Outros problemas, como diabetes, hipertensão arterial, alterações ortopédicas e elevação dos níveis de colesterol e triglicerídeos, têm se tornado frequentes entre os alunos.

 

Como a alimentação é administrada na escola?

Você sabe como funciona o processo administrativo das refeições escolares? Sabe de onde vem o dinheiro, onde é comprado e quem prepara os cardápios e a alimentação? Ainda que tópicos como a variedade no cardápio e a origem dos alimentos influenciem na eficiência de metas na gestão escolar, nenhuma é tão relevante quanto a qualidade da merenda.

E isso reflete diretamente no objetivo de um ensino público satisfatório, que determina a obrigatoriedade de oferecer uma boa merenda escolar. Os nutricionistas desempenham um papel essencial neste processo, pois são eles os protagonistas que estabelecem, dentro das possibilidades da gestão pública, qual será o cardápio mais adequado para preservar e melhorar a saúde dos estudantes.

Informações nutricionais e até mesmo de execução, como a frequência aceitável para o oferecimento de doces ao longo da semana, partem desses profissionais. O atendimento a alunos diabéticos, por exemplo, também depende desse fator.

As normas do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) são extremamente detalhadas neste quesito. Porém, os desafios surgem da própria estrutura de gestão pública. Em uma entrevista exclusiva à Revista Appai Educar, a nutricionista Luana Petrini, que é membro da Coordenação de Alimentação Escolar da Secretaria Estadual de Educação do Rio Grande do Sul, nos explica todo esse percurso, já que o estado é referência nacional neste tipo de gestão.

Revista Appai Educar: O que é o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e qual seu objetivo?
Luana Petrini: O Pnae é um programa de alimentação regulamentado pela Lei nº11.947/2009 e que atende aos alunos matriculados na Educação Infantil, Fundamental e Médio das escolas da rede pública de todo o Brasil. Tem como objetivo contribuir para o crescimento e o desenvolvimento biopsicossocial, a aprendizagem, o rendimento escolar e a formação de práticas alimentares saudáveis dos alunos, por meio de ações de educação alimentar e nutricional e da oferta de refeições que cubram as suas necessidades nutricionais durante o período letivo.

RAE: Em média, quais são os valores repassados pela união por aluno?
LP: O Pnae é coordenado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que repassa o recurso financeiro aos estados e municípios para a execução da alimentação escolar conforme Lei nº 11.947/2009, que estabelece, como critério, o número de alunos registrados no Censo Escolar realizado pelo Inep, tomando como referência o ano letivo anterior. Os valores repassados pelo FNDE são: Creches: R$ 1,07; Pré-escola: R$ 0,53; Escolas indígenas e quilombolas: R$ 0,64; Ensino fundamental e médio: R$ 0,36; Educação de jovens e adultos: R$ 0,32; Ensino integral: R$ 1,07; Programa de Fomento às Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral: R$ 2,00; Alunos que frequentam o Atendimento Educacional Especializado no contraturno: R$ 0,53.

RAE: Quando este valor chega na escola, como é feita a listagem de produtos a serem adquiridos? Quem é o responsável pela compra dos alimentos?
LP: A Alimentação Escolar é gerenciada no estado de forma descentralizada, na qual as equipes diretivas das escolas da rede pública estadual recebem o recurso financeiro por meio da Secretaria de Estado da Educação (Seduc/RS), via caixa escolar. As escolas ficam responsáveis pela aquisição dos gêneros alimentícios com base no cardápio elaborado e carimbado pela equipe de nutricionistas. Mensalmente, as instituições de ensino devem enviar às CREs, através dos Formulários de Controle da Alimentação Escolar, toda a relação do que foi adquirido pela escola.

RAE: Qual o critério alimentar seguido para a construção do cardápio diário? Que tipo de alimentos os alunos consomem, carboidratos, proteínas, vegetais?
LP: Os cardápios são elaborados com utilização de gêneros alimentícios básicos de modo a respeitar as referências nutricionais, os hábitos alimentares, a cultura da localidade, pautando-se na sustentabilidade, na sazonalidade e na diversificação agrícola da região e na alimentação saudável e adequada. São planejados de modo a suprir, no mínimo, 20% das necessidades nutricionais distribuídas quando ofertada uma refeição, estabelecidas conforme disposto na Resolução FNDE nº 26, de 2013. Além disso, são específicos por CRE, organizados a partir de Fichas Técnicas de Preparo e contêm informações sobre o tipo de refeições, ingredientes, micro e macronutrientes.

RAE: Como é a relação dos alunos ao se depararem com vegetais e saladas?
LP: Os hortifrutigranjeiros ofertados no cardápio regionalizado são bem aceitos pelos alunos, principalmente as frutas e os sucos naturais, que são muito solicitados pelos alunos na inclusão da alimentação diária.

RAE: Quais são as orientações básicas para as merendeiras prepararem as refeições?
LP: As agentes educacionais I, merenedeiras, seguem as orientações das boas práticas de manipulação conforme Resolução nº216/2004 e Portaria nº78/2009 vigentes na Vigilância Sanitária. Elas são sempre orientadas para a execução do cardápio e a manipulação de alimentos através das visitas técnicas realizadas e das formações com estes profissionais.

RAE: Além do refeitório escolar, existe alguma restrição para as cantinas que vendem produtos?
LP: Atualmente elas estão seguindo as orientações da Lei nº 15.216, que dispõe sobre a promoção da alimentação saudável e proíbe a comercialização de produtos que colaborem para a obesidade, diabetes, hipertensão, em cantinas e similares instalados em escolas públicas e privadas do Rio Grande do Sul.

RAE: Além da aplicação real, qual a importância dos professores lecionarem sobre alimentação saudável?
LP: A escola é um dos locais de formação de hábitos e por isso a inclusão da educação alimentar e nutricional deve participar do processo de ensino e aprendizagem, sendo o professor um multiplicador de conhecimentos.

RAE: Sabemos que, para muitos alunos, a refeição na escola às vezes é a única do dia. Atualmente, como andam os índices de desnutrição dos estudantes? Tem diminuído gradativamente?
LP: Apesar de ainda haver índices que atestam a presença de desnutrição, o Rio Grande do Sul é um dos estados com maior predominância de sobrepeso e obesidade. Contudo a busca pela redução desse problema é um dos objetivos a serem alcançados, por isso a alimentação na escola deve ser saudável de modo a atingir as necessidades nutricionais de cada aluno.

RAE: Quais os incentivos que fazem a diferença alimentar para o aluno hoje, que há 10 ou mais anos atrás não existiam?
LP: A alimentação dos educandos vem se tornando cada dia mais saudável, de modo a atender a cultura da região, as preferências alimentares dos alunos, o estímulo dos hábitos saudáveis e a melhoria do rendimento escolar. É através das legislações que regem o programa de alimentação que conseguimos ofertar uma comida de qualidade aos alunos e buscar a melhoria na qualidade de vida deles.

RAE: Qual é a recepção dos alunos? Eles gostam da alimentação escolar? Ou a maioria corre para as cantinas com os salgados e refrigerantes?
LP: Atualmente estamos realizando uma pesquisa com os alunos para verificação da aceitabilidade quanto à alimentação na escola. Entretanto a maioria dos educandos se alimenta e gosta do que recebe.

RAE: Existe algum tipo de assistência nutricional quando o aluno é portador de alguma doença que precise de restrição alimentar (Ex.: intolerância a lactose, diabetes, hipertensão)?
LP: Os alunos portadores de necessidade especial são atendidos pela Lei 12.982/2014 e possuem cardápio especializado de acordo com a patologia apresentada mediante laudo médico ou nutricional.

 

Escola e a família: parceria de sucesso!

Diante do cenário atual, é preciso realizar cada vez mais a aliança entre a escola e a família. Para a nutricionista e mestre em Saúde Coletiva, Valéria Christina M. Oliveira, mesmo estabelecido o papel da escola ainda assim a família é o núcleo mais importante dentro do contexto de formação de hábito alimentar saudável. “Cedo ou tarde a criança usará no seu dia a dia os exemplos de seus pais como referência, então não basta falar e prover, mas servir sempre de modelo à criança que está sob seu convívio doméstico”, explica.

Para a especialista, a relação com o alimento se estabelece desde cedo, e o adulto não deve usá-lo como objeto de premiações ou punições. Ele precisa ajudar e pensar desde o início até em frequentar ambientes com bons produtos como feiras e hortifrútis. Dessa forma passam a proporcionar à criança o manuseio dos alimentos como os hortifrutigranjeiros que são de mais difícil aceitação do que os que contém em demasia açúcar, sal e gordura. “Logo, sentir-se protagonista nessas ações ou na ajuda à confecção de uma receita com certeza facilitará sua aceitação”, garante Valéria.

Para ela é preciso conversar mais e incorporar a criança no universo da sua alimentação. Se organizar com um cardápio simples, mas pactuado com ela é o melhor caminho. “Escolher a lancheira térmica se o lanche for após duas horas ou se for levar principalmente proteínas, como iogurtes, queijos, sanduíches de pastas com frango ou ovos ou atum, por exemplo. Vejo uma preocupação grande das pessoas em relação à quantidade, mas deveriam se preocupar na verdade é com a qualidade do que é oferecido à criança. Essa é a importante responsabilidade da família”, explica.

Como estímulo, a especialista sugeriu um cardápio que pode servir de ponto de partida nessa negociação de 15 dias:

CARDÁPIO

1ª semana:

– Segunda-feira: Sanduíche de pão de batata com salada de ovos + limonada e banana-prata.
Terça-feira: Pão de queijo + suco de laranja e pera.
Quarta-feira: Sanduíche de pão de batata com cenoura ralada e requeijão + água de coco e uva.
Quinta-feira: Pipoca sem óleo + iogurte e mamão.
Sexta-feira: Espiga de milho no potinho + Suco de melancia e tangerina.

2ª semana

– Segunda-feira: Frutas secas + iogurte e morango.
– Terça-feira: Sanduíche de pão integral com beterraba ralada e requeijão + suco de goiaba e abacaxi.
Quarta-feira: Sanduíche de pão de batata com cenoura ralada e requeijão + água de coco e uva.
Quinta-feira: Sanduíche de pão integral com guacamole + suco de maracujá e maçã.
Sexta-feira: Torta de milho e couve + suco de laranja com melão e uva.

Já a escola deve fornecer ações e projetos voltados para uma alimentação adequada. A nutricionista Daniele Fernandes sugere um cardápio que atenda as necessidades nutricionais, estimulando uma boa alimentação entre os alunos, a oferta de oficinas com um profissional especializado na área de nutrição, substituição de lanches gordurosos nas cantinas por outros mais saudáveis etc. Além de investir na conscientização dos alunos sobre a importância desses alimentos para a saúde física e mental.

A nutricionista desenvolve um projeto voltado para a alimentação saudável em parceria com o Instituto Educacional Borges Boechat, localizado em São Cristóvão. Uma vez por mês, em dois turnos diferentes, ela organiza oficinas, palestras e orientações com as crianças do Maternal, na parte da manhã, com o pessoal do Ensino Fundamental e do Integral no período da tarde.

A dinâmica ocorre durante 30 minutos e nesse período são realizadas atividades com as crianças voltadas para uma alimentação saudável. No mês da páscoa, por exemplo, eles confeccionaram um bolo de cenoura, participaram de todas as etapas, auxiliando em todo o preparo. Além disso, são abordados alguns jogos, como adivinhação de frutas e legumes através de dicas, atividades que tornam possível saber como está a conscientização deles em relação aos alimentos.

Uma vez por mês, a nutricionista organiza oficinas, palestras e orientações com as crianças do Maternal e do Ensino Fundamental

A especialista conta que o retorno foi percebido logo no segundo encontro. “Eles me param para dizer coisas do tipo: “Ah, nutri, ontem eu comi cenoura em casa!” ou “Nossa, mas pensava que tomate fosse tão ruim e é uma delícia!”. De modo geral, nas oficinas e encontros as crianças estão se mostrando bem participativas e aceitando mais a ideia de uma alimentação saudável. Sei que é um trabalho longo, mas aos pouquinhos conseguimos melhorar o pensamento em relação a essa questão. Meu intuito é realizar projetos assim em outras escolas para disseminar boas práticas alimentares”, garante Daniele.

A escola que tiver interesse em desenvolver esse tipo de trabalho pode entrar em contato com a nutricionista através do e-mail daniifernandesnutricao@gmail.com

A mestre em Saúde Coletiva Valéria Christina também desenvolve um projeto sobre alimentação escolar na Creche Albert Sabin, do Ministério da Saúde. Segundo ela, a atividade tem apoio da direção, equipe técnica, funcionários e pais das crianças, e não se restringe ao fornecimento de refeições. Em formato de oficina de culinária, o projeto pedagógico já desenvolveu pratos interessantes, como uma receita de bolinho de arroz que levava legumes, como uma forma de melhorar a aceitação de vegetais como cenoura, brócolis e repolho. “A parceria com a equipe pedagógica possibilita a realização de oficinas de Educação Alimentar e Nutricional (EAN), o que certamente contribui na formação de hábito alimentar saudável”, explica.

Em formato de oficina de culinária, o projeto já desenvolveu receita de bolinho de arroz que levava legumes, como uma forma de melhorar a aceitação de vegetais

 

Fale de alimentação em sala de aula

Após os diversos exemplos de escolas, bem como especialistas e coordenadores das redes de educação, seguem dicas valiosíssimas para você introduzir a temática nas suas aulas e ações escolares.

Aproveite as disciplinas tradicionais para inserir o tema da alimentação por meio da multidisciplinaridade. Assim, os alunos vão se conscientizar quanto à importância da alimentação saudável associando com outras áreas do conhecimento.

Nas aulas de biologia, relacione a comida com o bom funcionamento do organismo e o processamento dos nutrientes no corpo.

Em história, relate a origem dos alimentos e sua evolução na nossa sociedade.

Nas aulas de idiomas, ensine os termos alimentares nas respectivas línguas, mostrando os hábitos culturais de outros países.

Para os alunos menores, é importante trazer as ações para o concreto, despertando neles a curiosidade, por exemplo, através das aulas de culinária e degustação, para que compreendam e se interessem.

Associe a temática com um projeto que a turma esteja estudando, usando uma linguagem simples, com cores e elementos visuais.

No caso dos estudantes adolescentes, o tema pode ser explanado de forma mais técnica, mostrando teorias científicas.

 

Professora muda hábitos alimentares e leva prática para sala de aula

Seja em casa ou no trabalho, vida de professor é uma correria e nem sempre sobra tempo para se alimentar bem. Mas com um pouco de força de vontade é possível melhorar os hábitos alimentares. A prova disso é a educadora e associada da Appai Lidiane Menezes que perdeu 30 quilos e transformou sua rotina com a prática de atividades físicas regularmente e uma alimentação mais saudável. “Eu e meu marido Carlos Laurindo, que também é professor, nos vimos sedentários, comendo muito fast-food e não praticando nenhuma atividade física. Esta troca inconsciente trouxe prejuízos e consequências, além de problemas de saúde devido à má alimentação”, lembra.

Foi quando os dois resolveram mudar juntos, se alimentando de forma mais saudável e praticando atividades físicas regularmente. “Aprendi com o tempo e com as experiências que precisamos ter zelo pela nossa saúde, cuidar e nutrir nosso corpo, nossa casa. É preciso ousar e mudar!”, garante Lidiane. Segundo ela, a Appai teve um papel fundamental nessa mudança. “O benefício Caminhadas e Corridas, os Polos de Treinamento e o Programa Saúde 10 fazem parte desse processo. Sem eles, não seria possível. Ah, não posso esquecer do convênio que a Appai oferece com a Gympass. Faço pilates, musculação e, eventualmente, natação e cross”, garante.

Desde a mudança, a professora conversa bastante com os alunos mostrando a importância de cuidar de si mesmo e da alimentação. Além disso, ela compartilha dicas e experiências pessoais com os seus mais de 12 mil seguidores no Instagram e no Youtube, com o perfil @ousemudar. E já é um exemplo para muitas pessoas!

Como transformar em lazer a ida ao supermercado com as crianças

Se consumir alimentos saudáveis é fundamental para uma boa saúde e um desenvolvimento físico e mental favorável à aquisição da aprendizagem, saber demonstrar isso na prática com as crianças na hora de comprá-los é essencial. Pensando em melhorar essa dinâmica, a especialista em Metodologia de Ensino e coordenadora do Ensino Fundamental do Colégio Marista Maringá (PR), Cláudia Hara Hashimoto, dá seis dicas que podem transformar aquele momento de exaustão em um passeio prazeroso.

Sabemos que ir ao supermercado fazer as compras, levando crianças como acompanhantes, não é uma tarefa fácil, pois quase sempre gera aquele estresse. Todavia, nem sempre é possível deixar os pequenos em casa com uma babá, parentes ou amigos. Pensando em unir o útil ao agradável, ou seja, melhorar essa dinâmica e ensinar aos pequenos, desde muito cedo, a importância dos alimentos, a coordenadora do Ensino Fundamental do Colégio Marista Maringá (PR), Cláudia Hashimoto, listou algumas dicas que podem ajudar a transformar a ida ao mercado na companhia das crianças menores em um momento de prazer e aprendizagem. Confira:

– Faça a lista de compras junto às crianças. Organize com antecedência, pois quando os pequenos participam da decisão sentem-se mais responsáveis e parte do processo.

– Falar sobre dinheiro é importante. Na hora de escolher itens necessários e supérfluos, é essencial explicar se eles cabem ou não na compra da família e o porquê.

– Consumo consciente desde cedo. Uma boa tática para evitar vontades de última hora é voltar ao “combinado” da lista de compras.

– Atribua tarefas. Os mais novos, que ainda não sabem ler, podem ficar responsáveis por organizar as compras no carrinho, por exemplo. Já os mais velhos podem avaliar os rótulos, data de validade e até a relação de custo-benefício dos produtos.

– O mercado pode abrir o apetite. Ensinar a escolher frutas e legumes (sentir a textura, o cheiro e a firmeza) pode ser uma boa tática para despertar em casa o hábito de uma alimentação de qualidade.

– Guardar as compras também faz parte do processo. Ao chegar em casa, as crianças podem contribuir, ajudando a arrumar os produtos nos locais adequados. São pequenos conceitos que favorecem o desenvolvimento da atenção, da observação, além de demonstrar a importância da organização no seu cotidiano.

Saiba mais: colegiosmaristas.com.br


Por Antônia Lúcia, Jéssica Almeida e Richard Günter
* Cristine Guedes é Mestre em Psicanálise, Saúde e Sociedade, possui especialização em Psicopedagogia Clínica e Institucional e em Dificuldade de Aprendizagem: Prevenção e Reeducação. Professora e coordenadora de pós-graduação em Psicopedagogia Clínica e Institucional.
* Daniele Fernandes é nutricionista, pós-graduada em nutrição esportiva, Personal Dietitian e Fitoterapia.
* Valéria Christina M. Oliveira é nutricionista, mestre em Saúde Coletiva, possui pós-graduação em Oncologia e em Personal Dietitian, em Clínica, Esporte e Fitoterapia. Também é professora de pós-graduação e atua como profissional em alimentação escolar, consultoria de UANs, Nutrição Clínica e Docência.
Colaboração: Luiza Lafuente – Pg1com


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